Sul21 - 07/01/2013 | 15:53
Da Redação
Em entrevista nesta segunda-feira (07) ao programa Esfera Pública da Rádio Guaíba,
o ex-governador Olívio Dutra não poupou palavras ao avaliar o desgaste
para o Partido dos Trabalhadores (PT) com a Ação Penal 470, o chamado
mensalão. Ele disse que alertou o ex-presidente Lula sobre o preço que o
partido iria pagar “por estar cercado de maus companheiros” e que o
Ministério das Cidades na gestão lulista foi usado como partilha pela
maioria no Congresso.
Para Olívio Dutra, o mensalão foi um erro das pessoas que o
cometeram, mas o partido tem sua parcela de responsabilidade em admitir
que outras figuras utilizassem dinheiro público para interesses
individuais. “Nem (José) Genoíno nem (José) Dirceu
tiraram dinheiro pra si, mas possibilitaram que outras figuras usassem o
dinheiro público para negociatas e outras práticas que mancham a
atividade política. O PT está tendo que se explicar sobre práticas que
os inimigos costumavam se explicar”, considerou.
Sem saber que seria colocado ao vivo junto com o deputado federal
recém condenado e empossado na Câmara Federal, Olívio Dutra teve que
enfrentar a saia justa de repetir declaração dada por ele sobre a
necessidade de renúncia do mandato por parte de Genoíno. “Eu acho que
tu deverias pensar na sua biografia, na trajetória que tem dentro do
partido. Eu acho que tu deverias renunciar. Mas é a minha opinião
pessoal, a decisão é tua. Não tenho porque furungar nisso”, falou.
Genoíno respeitou a tradição do ex-governador gaúcho no PT e na
política do país, mas respondeu que está com a consciência limpa sobre
sua inocência. “Não contrariei norma sobre a conceituação do que é
crime. Fiz escolhas políticas. Não podemos misturar isso com crime. Não
fiz prática criminosa enquanto fui presidente do PT. Os dois empréstimos
que avalizei estavam registrados no TRE e foram respondidos
judicialmente pelo partido. Em relação ao julgamento do STF eu respeito,
mas não tem nada definitivo. Quando elas forem, eu as cumprirei, mesmo
que eu discorde. Isto faz parte da democracia”, falou.
Olívio disse que o programa foi uma oportunidade dele reiterar suas
opiniões sobre o PT e a necessidade de uma profunda reflexão sobre os
impactos de longo prazo que acredita ter na vida do partido este
julgamento. “Ficar criticando a extrema corte não vai mudar a ética da
política e o respeito pela coisa pública. O PT não inventou o mensalão,
que é uma prática de muitos anos no país. Mas as instâncias partidárias
não estavam suficientemente azeitadas e foram atropeladas por estas
pessoas que, mesmo ocupando importantes instâncias e tendo biografias
constituídas fizeram práticas do toma-lá-dá-cá para garantir
governabilidade”, considerou.
Extraído de:
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/01/olivio-diz-ao-vivo-para-genoino-que-ele-deveria-renunciar-a-mandato-parlamentar/
.