domingo, 31 de outubro de 2010

Artigo sobre o aborto (quem escreveu?)

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Artigo sobre o aborto. No final descubra quem é o autor.


Contra fatos não há argumentos, já diz o jargão popular. E quando o assunto é aborto, os fatos são comprovados por estatísticas, como a do Instituto Guttmacher, divulgada recentemente, de que cerca de 70 mil mulheres morrem por ano no mundo, vítimas de abortos clandestinos.

Estupro, pedofilia, gravidez precoce, violência doméstica, entre outros, são alguns dos fatores que têm levado mulheres e adolescentes a buscar clínicas clandestinas para porem fim a uma gravidez indesejada, submetendo-se a procedimentos arriscados, devido à falta de condições hospitalares adequadas para atendê-las, principalmente caso aconteça alguma complicação.

Eu sempre digo que sou a favor do aborto, não indiscriminadamente, mas em determinadas circunstâncias. Não faço isso para declarar guerra a nenhuma religião ou à parcela da sociedade que é contra o procedimento. Tenho esta opinião principalmente porque a fé que eu professo me impede de exaltar a hipocrisia. O aborto não é a causa do problema, é o efeito. O problema começa antes, na falta de informação, principalmente às camadas financeiramente menos favorecidas; na falta de ações preventivas; nas inúmeras questões sociais que têm levado à destruição de lares e à banalização da família.

Diversas manifestações sociais, políticas e religiosas condenam a legalização do aborto, em nome da “defesa da vida”, mas parecem ignorar ou não dar o mesmo valor à vida de crianças que nasceram indesejadas ou em famílias sem a menor condição de criá-las, e que andam por aí, revirando lixo para se alimentar, expostas a todo tipo de doença e violência nas ruas. Também não parecem se importar com a vida de meninas e mulheres que morrem diariamente em clínicas de aborto clandestino.

As bandeiras e cartazes que estas pessoas e instituições levantam contra o aborto lhes encobrem a visão e as impede de enxergar a verdade dos fatos. As mulheres não vão sair por aí aumentando o número de abortos praticados, caso a legislação aprove o procedimento e deixe de considerá-las criminosas. Ninguém deixa de fazer um aborto porque ele é proibido por lei. O que pode sim acontecer é uma expressiva diminuição dos índices de mortalidade feminina e do número de crianças pobres, desnutridas e vítimas de todo tipo de abuso por serem pobres e abandonadas.

Para os que acreditam não haver embasamento bíblico no que eu digo, cito o momento em que o Senhor Jesus sentou-se à mesa com Seus discípulos para celebrar a última ceia, antes de ser torturado e morto. Ele anunciou que ali estava presente quem O trairia, e sentenciou: “O Filho do homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” Mateus 26-24

No meu entendimento, essa última frase pode ser interpretada como: seria melhor que Judas tivesse sido abortado. Melhor do que o futuro de sua alma.


O autor do artigo acima foi o bispo da Universal, Edir Macedo. Por aí se vê a que ponto vergonhoso de capitulação chegou a candidata Dilma Rousseff que se posicionou contra o aborto.

O original encontra-se em:
http://bispomacedo.com.br/2010/09/03/jesus-fala-sobre-o-aborto/
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sábado, 23 de outubro de 2010

Serra estatista e nacionalista? Quem acredita?

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E eis que o circo eleitoral não pára mais de produzir piadas - sem a mínima graça, é claro!

Uma das últimas tem sido o Serra "estatista" e "nacionalista". Sim! As últimas propagandas do tucano têm denunciado o entreguismo do pré-sal pelo Governo Lula às multinacionais estrangeiras.


http://www.youtube.com/watch?v=GvL7A7MWqsE



http://www.youtube.com/watch?v=312vIeyQrSE


É uma denúncia que há muito vem sendo feita por setores de esquerda, mas que saindo da boca de um candidato o qual o assessor manifestou a defesa da privatização do pré-sal e cujo governo que defende (FHC) entregou muita riqueza nacional aos estrangeiros, se torna incoerente.

Ficam, então, algumas questões: como pode ser anti-privatista um candidato cujo o assessor o é; e por outro lado, como pode a candidata do governo que entregou aos estrangeiros parte do pré-sal querer agora posar de a campeã da anti-privatização e do nacionalismo?

As posições escorregadias e incoerentes de Dilma e Serra são piadas de mal gosto que dissimulam a verdade e debocham do eleitor.
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Quociente eleitoral e castração do sufrágio

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No artigo "O desgaste da democracia representativa moderna" [*] abordei a construção do atual modelo político dominante dentro dos seus contextos históricos e sociais, e mostrei os mecanismos implantados para castrar o "perigo" que representava o sufrágio nas mãos das classes subalternas que, por ser maioria, poderia conquistar direitos e reduzir os privilégios e até ameaçar a dominação das classes dominantes.

Em termos de Brasil, o quociente eleitoral é um desses mecanismos de castração. Ele exerce a pressão eleitoreira, joga as candidaturas para a aceitação das regras sujas do jogo, a fazer alianças espúrias para se eleger, e no final das contas manter as coisas como elas estão. À maioria daqueles que rejeitam entrar neste rio imundo resta a marginalidade política. E a maioria dos que adentram nele saem contaminados com o vírus do comprometimento com a manutenção do estado de coisas.

A notícia veiculada abaixo apenas corrobora o anteriormente esposto.



22/10/2010 - 12h44
Apenas 35 dos 513 deputados foram eleitos com seus próprios votos

Da Agência Câmara

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) indica que, segundo o resultado preliminar das eleições, apenas 35 dos 513 deputados federais eleitos alcançaram individualmente o quociente eleitoral nos seus Estados.

Os demais foram eleitos com ajuda de "puxadores" de votos, deputados que recebem votos em massa e carregam alguns colegas de seus partidos. Isso ocorre pelo cálculo do quociente eleitoral.

Em 2006, 32 foram eleitos ou reeleitos com os seus próprios votos, sem precisar dos votos das suas coligações.

Bahia, Pernambuco e Minas Gerais elegeram cinco parlamentares cada nessa situação. Ceará, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo têm dois eleitos cada. Acre, Distrito Federal, Piauí, Paraná, Rondônia e Roraima contam com um representante cada.

Considerando os partidos, PT e PMDB elegeram sete cada; PSB, cinco; PR, quatro; PSDB, DEM e PP, dois; e PTB, PPS, PDT, PSC, PSOL e PCdoB, um.

O humorista Tiririca, que conquistou 1,3 milhão de votos pelo Partido da República em São Paulo, teve votos suficientes para ajudar a eleger mais 3,5 deputados de sua coligação.

Por outro lado, deputados com votação expressiva não foram eleitos. No Rio Grande do Sul, a deputada Luciana Genro (PSOL) não conseguiu ser reeleita, apesar de ter recebido 129 mil votos - a deputada não eleita mais votada do Brasil.

Para o líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), o sistema atual cria distorções “monstruosas” quando se trata de coligações partidárias, porque nem sempre o candidato “puxado” segue a mesma ideologia do mais votado.


- Disponível em:

UOL - Últimas notícias
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/10/22/apenas-35-dos-513-deputados-foram-eleitos-com-seus-proprios-votos.jhtm

Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/apenas+35+dos+513+deputados+foram+eleitos+com+os+proprios+votos/n1237810290734.html
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[*] O desgaste da democracia representativa moderna (09/09/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/09/o-desgaste-da-democracia-representativa.html
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dilma, Serra e as privatizações

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Como no segundo turno da eleição presidencial de 2006, foi colocado novamente no debate a importante questão das privatizações. E como em 2006, a candidatura petista aponta corretamente o caráter privatista dos tucanos mas dissimula ao apresentar-se como os campeões da anti-privatização.

Ainda no primeiro mandato, Lula privatizou os bancos federalizados do Maranhão e do Ceará, deu sequência às privatizações das bacias petrolíferas, privatizou terras na Amazônia com a Lei de Gestão das Florestas Públicas e criou as privatizantes "Parcerias-Público-Privadas".

Apesar de tudo isso, Lula não se acanhou em atacar as privatizações tucanas e, sem ficar nem um pouquinho ruborizado, se apresentar como o candidato anti-privatista.


http://www.youtube.com/watch?v=P_JD5HG9hSs&feature=related

Passada a eleição e reempossado para o novo mandato, Lula anunciou a privatização de 3260 quilômetros de rodovias federais - quase quatro vezes mais rodovias do que privatizou Fernando Henrique. A principal beneficiada nesse processo foi a espanhola OHL. [1]
Além das rodovias o Governo Lula privatizou também ferrovias, hidrelétricas e já deixou engatilhado para 2011 a privatização dos aeroportos. [2]

Embora um dos principais argumentos para a privatização seja a limitação da capacidade de investimento do Estado [3], o Governo Lula repete o seu antecessor na entrega de vultuosos recursos do BNDES para os empresários investirem. A OHL, que arrematou a maioria das rodovias, já recebeu mais de 1,2 bilhões [4]; o consórcio que ficou com a Hidrelétrica Jirau contou com 7,2 bilhões; Odebrecht e Furnas, que ficaram com a Hidrelétrica Santo Antônio, receberam R$ 6,1 bilhões [5]. Isso só para ficar com alguns exemplos, pois empresas como a Oi e a Vale, entre outras, têm recebido muitos recursos do BNDES para ampliar seus investimentos.

Se tudo isso já não fosse o suficiente, tem-se a própria Dilma defendendo, desde 2007 [6], a privatização da Infraero. Defesa que ela tem mantido na campanha eleitoral.


http://www.youtube.com/watch?v=9pKHOqd7FBA


http://www.youtube.com/watch?v=LtmETXcS9xc

Logo, se o voto anti-privatização não pode ser dado a Serra, tampouco pode ser dado a Dilma.

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[1] Porque Lula "é o cara"! (01/01/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/porque-lula-e-o-cara.html

[2] Anac aprova regras para concessão de aeroporto (25/08/2010):
http://www.agenciat1.com.br/2566-anac-aprova-regras-para-concessao-de-aeroporto/

Sinal verde para privatizar aeroporto:
http://www.federasul.com.br/noticias/noticiaDetalhe.asp?idNoticia=12240&CategoriaNome=Economico

[3] Lula & FHC: até as justificativas para privatizar são iguais! (07/01/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/lula-fhc-ate-as-justificativas-para.html

[4] Veja quanto receberam os grupos mais favorecidos pelo BNDES (08/08/2010):
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/779517-veja-quanto-receberam-os-grupos-mais-favorecidos-pelo-bndes.shtml

[5] BNDES aprova maior financiamento de sua história para a usina Jirau (18/02/2009):
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u506028.shtml

[6] Abertura de capital da Infraero é prioridade, diz Dilma (22/10/2007):
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2007/10/22/abertura_de_capital_da_infraero_233_prioridade_diz_dilma_1054236.html
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O voto do segundo turno

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O voto do segundo turno tem que ser contra as privatizações.

O voto do segundo turno tem que ser contra o modelo econômico neoliberal.

O voto do segundo turno tem que ser contra os conchavos políticos.

O voto do segundo turno tem que ser contra a impunidade dos corruptos.

O voto do segundo turno tem que ser contra os privilégios dos políticos.

O voto do segundo turno tem que ser contra a demagogia eleitoreira.

O voto do segundo turno tem que ser contra a criminalização dos movimentos sociais. [1]

O voto do segundo turno tem que ser contra os ataques aos direitos dos trabalhadores.

O voto do segundo turno tem que ser contra os ataques aos aposentados.

O voto do segundo turno tem que ser contra os privilégios dos banqueiros.

O voto do segundo turno tem que ser contra a doação de dinheiro público às grandes corporações.

O voto do segundo turno tem que ser contra o apoio às sanções do imperialismo aos povos que quer subjugar. [2]

O voto do segundo turno tem que ser contra o apoio às aventuras bélicas do imperialismo. [3]

O voto do segundo turno tem que ser contra a concentração da riqueza.

O voto do segundo turno tem que ser contra a grilagem de terras.

O voto do segundo turno tem que ser contra o latifúndio.

O voto do segundo turno tem que ser contra o agronegócio.

O voto do segundo turno tem que ser pela reforma agrária.

O voto do segundo turno tem que ser pelo meio ambiente.

O voto do segundo turno tem que ser em favor do povo pobre.

O voto do segundo turno tem que ser pela justiça social.

O voto do segundo turno tem que ser pela liberdade da mídia alternativa. [4]

O voto do segundo turno tem que ser pelo respeito a diversidade.

O voto do segundo turno tem que ser por um relação fraterna e sincera com os povos dos outros países. [5]


Por tudo isso o voto do segundo turno não pode ser dado à José Serra.

Por tudo isso o voto do segundo turno não pode ser dado à Dilma Rousseff também.


A mobilização social é a arma mais poderosa que o povo deve usar para mudar a realidade presente.


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Observações:

[1] Lula chamou os sem-terras de vândalos e ironizou a luta pela redução da jornada de trabalho empreendida pelos trabalhadores do INSS:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091010/not_imp448774,0.php

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/791700-lula-critica-greve-de-peritos-do-inss-e-diz-que-reducao-de-jornada-virou-mania.shtml

[2] Lula assinou as sanções ao Irã impostas pela ONU e desejadas pelos EUA:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI162047-15223,00.html

[3] Depois de invadir o Haiti e depor o seu presidente eleito, em 2004, os EUA pediram para o Brasil dar sequência ao seu serviço sujo, trabalho que o país governado por Lula realiza até os dias de hoje:
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/como-o-brasil-foi-parar-no-haiti.html

[4] O Governo Lula fechou mais rádios comunitárias do que Fernando Henrique Cardoso.

[5] A relação de Lula com os outros países tem sido marcada pela ampliação dos negócios das classes dominantes brasileiras, que têm conseguido bons negócios no exterior, e ao imperialismo, que encontrou no Brasil um bombeiro eficiente que atua na tentativa de apagar a chama dos processos latinos mais radicalizados buscando domesticá-los e conciliá-los com o imperialismo.
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/porque-lula-e-o-cara.html
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mídia "livre": Rage Against censurado?

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O Multishow, canal fechado da Rede Globo, teria censurado um trecho do show da banda Rage Against The Machine, no Festival SWU, ocorrido neste final de semana na cidade de Itu, em São Paulo. A transmissão foi interrompida, misteriosamente, quando o guitarrista Tom Morello colocou o boné do MST e o vocalista Zack de la Rocha anunciou que dedicaria a música "People Of The Sun" aos integrantes do movimento camponês brasileiro.

Mais tarde, em mensagem no Twitter, Morello afirmou que o som foi cortado:
"this is how it ended. I understand the network cut away when I put on the MST hat. That means we're winning".

A banda anticapitalista americana já foi censurada várias vezes dentro do seu próprio país tendo sido proibida de realizar shows em vários Estados da "terra da liberdade".

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Rage Against the Machine dedica música ao MST em show em São Paulo (10/10/2010):
http://www.mst.org.br/Rage-against-the-Machine-dedica-musica-ao-MST

Fotos RATM (10/10/2010):
http://www.mst.org.br/node/10738
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sábado, 9 de outubro de 2010

Mídia "livre": Estadão demite jornalista por opinião

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A grande mídia privada tem se apresentado como o paraíso da liberdade e atacado qualquer proposta de democratização da mídia como ditatorial. No entanto, no interior das redações dos seus jornais o livre pensar não só é proibido como tem sido vigiado e punido!

Jornalistas têm sido demitidos até por expressar opiniões fora das dependências da mídia "livre". Octavia Nasr, da CNN, foi demitida por seus comentários no Twitter; Helen Thomas, da Hearst, por suas opiniões em um programa de entrevista; no Brasil, Felipe Milanez foi demitido da Abril também por comentários expressados no Twitter. [1]

Esta semana Maria Rita Kehl representou mais uma "baixa" da mídia "livre". Ela foi demitida do Estado de São Paulo após escrever um artigo que desagradou o editorial. É verdade que o artigo dela puxava a brasa para o assado do Governo Lula e que o Estadão já havia declarado apoio à Serra. [2] Mas a sua demissão é mais uma prova de que a mídia privada como o terreno da liberdade é uma grande falácia.

A liberdade que os barões da grande mídia querem é a de fazer o que bem entendem com algo que é de interesse público: a informação.
Querem liberdade para ocultá-la, deformá-la, manipulá-la de acordo com os seus interesses, como deixou bem claro Paulo Uebel, defensor desses barões. [3]

Discordo da postura governista de Maria Rita Kehl, mas repudio, e todos devem repudiar, a repressão da mídia "livre" à liberdade de expressão. Abaixo segue a entrevista que ela concedeu ao Terra:


Quinta, 7 de outubro de 2010, 11h25 Atualizada às 15h25
Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião"

Bob Fernandes

A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.

Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo:
- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (...) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl - E provocou, sim...

- Quais?
- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.

- Quando?
- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).

- E por qual motivo?
- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.

- Você chegou a argumentar algo?
- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...

- Que sentimento fica para você?
- É tudo tão absurdo... A imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo...

- Você concorda com essa tese?
- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado...

- ...Por outro lado...?
- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas. [4]

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[1] Mídia "livre": demitida por delito de opinião (10/06/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/07/midia-livre-demitida-por-delito-de.html

[2] Editorial: O mal a evitar (25/09/2010):
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,editorial-o-mal-a-evitar,615255,0.htm

[3] A liberdade na mídia privada é a que o patrão permite (05/03/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/03/liberdade-na-midia-privada-e-que-o.html

[4] Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião" (07/10/2010):
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4722228-EI6578,00-Maria+Rita+Kehl+Fui+demitida+por+um+delito+de+opiniao.html
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O circo eleitoral pariu um palhaço

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http://www.youtube.com/watch?v=HK4p35wYgXI&feature=related

E eis que o circo eleitoral pariu um palhaço. Um palhaço de verdade. Em São Paulo, Tiririca se elegeu deputado federal com uma votação recorde e histórica: mais de 1,3 milhões de votos, mais do que o dobro do segundo colocado. [1]

Com o slogan "Pior do que tá não fica" Tiririca se apresentou de forma irreverente, debochando do sistema político e dos seus futuros colegas de parlamento. Uma espécie de "anti-candidatura" que se mantém nos marcos do regime, mas que acabou canalizando muitos votos de protesto.


http://www.youtube.com/watch?v=EHxmslZ_VcU&feature=related

Apesar de não propor nenhuma medida para além do regime a eleição de Tiririca incomoda os carreiristas políticos e setores da classe dominante brasileira. Estes esbravejam contra uma suposta "ignorância do povo" que "não sabe escolher representantes". Do quadro eleitoral extremamente despolitizado, da montagem de um sistema eleitoral que visa atenuar o poder de decisão do povo, assim como das manipulações políticas e ideológicas para manter tudo como está, eles não falam. [2]

Talvez aproveitem o fato para fechar ainda mais o regime. O Ministério Público, por exemplo, busca cassar a candidatura de Tiririca com o argumento de que ele seria analfabeto. Uma reforma política, que inclua uma cláusula de barreira, não está descartada para o próximo período.

A eleição de Tiririca é o sintoma, não a doença. O câncer é o sistema eleitoral representativo, montado pelas classes dominantes brasileiras para manter e reproduzir a sua hegemonia de classe.


http://www.youtube.com/watch?v=BomKjEVHrzI&feature=related


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[1] Terra - Eleições 2010 - Apuração 1º turno - São Paulo - Deputado Federal:
http://eleicoes.terra.com.br/apuracao/2010/1turno/sao-paulo/#/deputado-federal/

[2] O desgaste da democracia representativa moderna (09/09/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/09/o-desgaste-da-democracia-representativa.html
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sábado, 2 de outubro de 2010

Nota da CONAIE sobre o Equador

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Segue nota da respeitada Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), maior movimento social do país, sobre a atual situação política do mesmo.

Embora a grande mídia privada apresente o seu governo como o arauto do esquerdismo, a verdade é que Correa tem se direitizado cada vez mais. Não foi por acaso que a CONAIE rompeu com seu governo em 2008. [*]

Sendo assim vale a pena conferir a declaração da CONAIE que ao mesmo tempo em que rechaça qualquer tentativa golpista da velha direita, não deixa de colocar o dedo na ferida da gestão de Correa.



Llamamos a la unidad de las organizaciones sociales por una democracia plurinacional de los pueblos

Jueves 30 de Septiembre de 2010 20:12

Un proceso de cambio, por más débil que sea, corre el riesgo de ser derrotado o juntarse a la derecha, nueva o vieja, sino establece alianzas con los sectores sociales populares organizados y se profundiza progresivamente.

La insubordinación de la Policía, más allá de sus demandas inmediatas, desnuda por lo menos cuatro cosas sustanciales:

1. Mientras el gobierno se ha dedicado exclusivamente a atacar y deslegitimar a los sectores organizados como el movimiento indígena, los sindicatos de trabajadores, etc., no ha debilitado en lo más mínimo las estructuras de poder de la derecha, ni siquiera dentro de los aparatos del Estado, lo que se ha hecho evidente por la rapidez con que reaccionó la fuerza pública.

2. La crisis social desatada hoy día también es provocada por el carácter autoritario y la no apertura al dialogo en la elaboración de las leyes. Hemos visto como las leyes consensuadas fueron vetadas por el Presidente de la República, cerrando cualquier posibilidad de acuerdos.
3. Frente a la crítica y movilización de las comunidades en contra de las transnacionales mineras, petroleras y agro-comerciales, el gobierno, en lugar de propiciar el dialogo responde con violenta represión, como lo ocurrido en Zamora Chinchipe.
4. Este escenario alimenta a los sectores conservadores. Ya varios sectores y personajes de la vieja derecha pedirán el derrocamiento del gobierno y la instauración de una dictadura civil o militar; pero la nueva derecha, dentro y fuera del gobierno, utilizará esta coyuntura para justificar su total alianza con los sectores más reaccionarios y a los empresariales emergentes.

El movimiento indígena ecuatoriano, la CONAIE, con sus Confederaciones regionales y sus organizaciones de base manifiesta ante la sociedad ecuatoriana y la comunidad internacional su rechazo a la política económica y social del gobierno, y con la misma energía rechazamos también las acciones de la derecha que encubierta forma parte de un intento de golpe de estado, y por el contrario seguiremos luchando por la construcción del Estado Plurinacional con una verdadera democracia.

Consecuentes con el Mandato de las comunas, pueblos y nacionalidades y fiel a nuestra historia de lucha y resistencia contra el colonialismo, la discriminación y la explotación de los de abajo, de los empobrecidos, defenderemos la democracia y los derechos de los pueblos: ninguna concesión a la derecha.

En estos momentos críticos nuestra posición es:

1. Convocamos a nuestras bases a mantenerse en alerta de movilización en defensa de la verdadera democracia Plurinacional frente a las acciones de la derecha.

2. Profundizamos nuestra movilización contra el modelo extractivista y la implantación de la minería a gran escala; la privatización y concentración del agua, la expiación de la frontera petrolera.

3. Convocamos y nos sumamos a los diversos sectores organizados a defender de los derechos de los trabajadores, afectados por la arbitrariedad con que se ha conducido el proceso legislativo, conociendo que son reclamos legítimos.

4. Demandamos del gobierno nacional a deponer toda actitud de concesiones a la derecha. Exigimos que abandone su actitud autoritaria contra los sectores populares, a no criminalizar la protesta social y la persecución a los dirigentes; ese tipo de políticas lo único que provoca es abrir espacios a la Derecha y crea escenarios de desestabilización.

La mejor forma de defender la democracia es impulsar una verdadera revolución que resuelva las cuestiones más urgentes y estructurales en beneficio de las mayorías. En este camino la construcción efectiva de la Plurinacionalidad y el inmediato inicio de un proceso de revolución agraria y desprivatización del agua.

Esta es nuestra posición en esta coyuntura y en este periodo histórico.


Marlon Santi
PRESIDENTE CONAIE

Delfín Tenesaca
PRESIDENTE ECUARUNARI

Tito Puanchir
PRESIDENTE CONFENIAE

Olindo Nastacuaz
PRESIDENTE CONAICE

http://www.conaie.org/component/content/article/21-noticas-portal/249-llamamos-a-la-unidad-de-las-organizaciones-sociales-por-una-democracia-plurinacional-de-los-pueblos

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[*] CONAIE rompe relaciones con Correa (13/05/2008):
http://www.peripecias.com/ciudadania/535EcuadorConaieDeclaracion.html

Conaie amenaza con marchas y la Feine pide diálogo (13/05/2008):
http://www.eluniverso.com/2008/05/13/0001/8/CC595DD757844FABB26EB1974BE4337D.html
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