quinta-feira, 6 de maio de 2010

A luta de classes na Grécia

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O conceito marxista de luta de classes foi - e em muitos casos ainda é - muito criticado pelos revisionistas de todo o tipo e pelos pós-modernos. Para o azar deles a roda da História seguiu girando e mostrou quem estava com a razão.

A crise financeira atingiu em cheio a Grécia. O Governo disponibilizou 28 bilhões para salvar os banqueiros em apuros. Agora quer cortar 30 bilhões da população. Esta resiste! O que é isso senão uma luta dos ricos contra os pobres? Ou seja, uma luta de classes?!

As mobilizações na Grécia se tornaram massivas e têm deixado apreensivas as classes dominantes no mundo inteiro, e em especial na Europa, onde outros países passam por dificuldades semelhantes. Temem que esse "contágio grego" se alastre pelo continente.

A situação também mostra que as classes dominantes não têm outro modelo de capitalismo para apresentar. Diante da crise do neoliberalismo só conseguem oferecer mais neoliberalismo! É o ajuste que pretendem impor ao povo grego: corte de salários, ataques à previdência, às leis trabalhistas, etc.
Isso mostra que, diferente do que alguns chegaram a acreditar quando estourou a crise financeira, o neoliberalismo não morrerá sozinho! Há uma incapacidade estrutural das classes dominantes, advinda do atual estágio de desenvolvimento e funcionamento das forças produtivas e alcance global do modo de produção capitalista, em oferecer outro modelo de capitalismo. Essa incapacidade se expande para praticamente todos aqueles que encontram-se comprometidos com o sistema. É o caso da social-democracia, que apesar de ter sido eleita pelo desgaste do governo neoliberal de Karamanlís, busca a todo o custo impor um ajuste que é... neoliberal!

A luta que se trava nas ruas da Grécia é para saber quem vai pagar pela crise capitalista. As classes dominantes querem jogar a conta nas costas das classes subalternas. Estas últimas negam-se a pagar a conta de uma crise que não criaram. Ainda não se sabe quem sairá vitorioso dessa queda de braço. Mas não se pode negar que estamos diante de uma luta de classes. Marx, mais uma vez, manda lembranças!
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Flagra na Grécia!

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Policiais quebram vidraças de pequenas lojas e tentam intimidar a população.



http://www.youtube.com/watch?v=hkQ4YsRlFxI&feature=player_embedded
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sábado, 1 de maio de 2010

1º de Maio: para não apagar a faísca de Chicago

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O Dia 1º de Maio consta na maioria dos calendários como sendo o Dia do Trabalho e não como o Dia do Trabalhador. Essa troca, aparentemente inocente, muda o sentido e maliciosamente visa apagar a faísca de Chicago.

Sim! A origem do 1º de Maio está em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1886. Naquele ano os trabalhadores daquela cidade se mobilizaram pela redução da estafante jornada de trabalho e conquista de direitos trabalhistas.

As classes dominantes, como de costume, buscaram através de seus órgãos de imprensa criminalizar o movimento dos trabalhadores, preparando a justificativa para a dura repressão que iriam imprimir. Assim a passeata pacífica ocorrida no dia 1º de maio encontrou a repressão policial.

Já era 3 de maio e as mobilizações continuavam. Nesse dia a revolta dos trabalhadores se intensificou quando seis operários foram assassinados e outros 50 ficaram feridos em operação policial realizada na fábrica McCormick Harvester. August Spies e outras lideranças convocaram um ato para o dia seguinte. No final do mesmo mais repressão policial com várias mortes.

Foi declarado Estado de Sítio. Sedes de sindicatos foram incendiadas, trabalhadores tiveram suas casas invadidas e seus pertences destruídos. Muitos acabaram presos. Foi o caso de August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel.
Foram condenados a pesadas penas pela Justiça: Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies foram condenados à forca; Fieldem e Schwab à prisão perpétua e Neeb a 15 anos de prisão.

Diante da condenação, Spies fez uma intervenção que entrou para a História:
"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!" [*]

Parsons, Engel, Spies e Fischer foram enforcados, no pátio da prisão, em 11 de novembro. Lingg não foi executado porque suicidou-se na prisão.
Os três sobreviventes terminaram libertados pelo governo de Illinois, seis anos mais tarde, após protestos que repudiavam o processo fraudulento.


Em 1889, o primeiro Congresso da Segunda Internacional Socialista realizado em Paris estabeleceu o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores, como homenagem a greve geral liderada pelos mártires de Chicago.

Como previu Spies a chama cresceu e inúmeros governos das classes dominantes tiveram que ceder o feriado do 1º de maio aos trabalhadores. No Brasil isso ocorreu em 1925. Nos Estados Unidos as classes dominantes, para tentar abafar o seu crime, criaram um "Dia do Trabalho" que se celebra em setembro e não em 1º de maio.

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[*] 1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho:
http://www.culturabrasil.pro.br/diadotrabalho.htm

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