domingo, 22 de setembro de 2019

Algumas considerações sobre a situação do Internacional

.




Não costumo escrever análises futebolísticas, embora acompanhe o esporte mais popular dos brasileiros, mas dada a derrota do Internacional na final da Copa do Brasil e algumas justificativas que vem sendo repetidas pela diretoria do clube e até por parte da torcida creio ser necessário fazer os seguintes lembretes:

1. Em 2016 o Inter não caiu por quebra financeira, mas por pura incompetência administrativa, tanto que teve folha salarial de Série A na Série B.

2. Tendo em vista a sua grandeza, a diferença salarial, o plantel e a estrutura superior em relação aos outros clubes era obrigação retornar a Série A com folga e na primeira colocação, o que não ocorreu pelo motivo que abordarei a seguir.

3. O Inter não tem tradição de revelar treinadores! Sei que esse tipo de afirmação soa determinista e possui até ares de superstição, e eu mesmo tenho ressalvas a ela, mas não se pode brigar com os fatos. Nos últimos cinco anos emergentes e iniciantes desfilaram pela casamata. O último treinador consagrado que passou pelo clube foi Abel Braga, em 2014. É muito tempo abusando de experiência em um cargo de vital importância. Não se fica impune diante de tamanha inconsequência. Não é por acaso que o clube foi vice na Série B mesmo com folha de Série A e que nem mesmo o Gauchão tem conseguido ganhar nos últimos anos.

4. O Inter tem como tradição mudar a sorte de treinadores rodados (como Abel, que chegou com fama de “pé frio” em 2006) ou ressuscitar alguns queimados (como Tite em 2008). É mais fácil o clube ressuscitar um Vanderlei Luxemburgo do que consagrar um Odair Hellmann.

5. Odair não tirou o Inter da Série B. Assumiu nas últimas três rodadas quando Guto Ferreira já havia chegado no seu limite e perdido a primeira colocação. E mesmo que tivesse “tirado o Inter da Série B” não há nenhuma façanha nisso, afinal tirar um time grande da Série B é obrigação.

6. Odair não tirou leite de pedra. O elenco, salve algumas carências, não é ruim e tem condições de render mais e disputar títulos. Pelo contrário, é o elenco que vem tirando leite da casamata, no caso, tirando leite de “Maionese”.

7. Ninguém deve agradecimentos a Odair por vaga em Libertadores ou campanhas de quase. Time grande não vive de campanhas, nem de vagas, mas de títulos. Não é por acaso que o Flamengo vem sendo zuado nos últimos anos por ficar no “cheirinho”.

8. Assim como Argel, Lisca, Zago, Guto Ferreira, etc, Odair Hellmann também não serve para o Internacional. O time é um amontoado em campo, uma correria insana, sem esquema, sem jogada ensaiada, sem padrão de jogo. Ele escala errado e desagrega completamente o time com as substituições, além de faltar coragem nos jogos fora de casa.

9. Que mesmo sem ganhar nada Odair tenha se tornado o cara com mais tempo na casamata do Inter desde Rubens Minelli (bicampeão brasileiro nos anos de 1970) mostra a falta de ambição daqueles que dirigem o clube atualmente em uma nova zona de conforto amparada nos fracassos dos últimos anos, uma zona de conforto que considera vagas e campanhas de quase suficientes.

10. A torcida precisa reagir, e não aderir, a essa zona de conforto de mediocridade que tomou conta do Beira Rio sob pena de quebrarmos o recorde de jejum de títulos do coirmão ou ocorrer até coisa pior, como nos igualarmos a eles nos fiascos históricos (leia-se: um novo rebaixamento).



.