sexta-feira, 25 de junho de 2010

Europa aprova perseguição política

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A União Européia aprovou, recentemente, uma lei que expande o conceito de terrorismo e autoriza a perseguição política e de consciência.

Nas propaladas "terras das liberdades" do Velho Continente os que discordarem e mobilizarem contra os planos de cortes de direitos sociais, demissões, rebaixamento de salários e planos de salvamento para os bancos e grandes empresas em curso, poderão ser considerados "radicais perigosos" e assim suas lideranças serão passíveis de vigilância, enquadramento e até encarceramento.



Mais um passo na UE do Big Brother

Centro de Mídia Independente / Portugal, 23/06/2010

A vigilância intensiva sobre a “radicalização violenta” será extendida de forma a incluir “radicais” suspeitos de todo o espectro político. Os alvos incluem “extrema direita/esquerda, islamistas, nacionalistas, anti-globalização, etc.”

Um plano para colocar “radicais” suspeitos sob vigilância passou sem notícia, no fim de Abril, no Conselho da União Europeia. No dia 26 desse mês, o Conselho dos Assuntos Gerais do Conselho da União Europeia fez passar sem debate algumas Conclusões do Conselho “sobre a utilização dum instrumento estandardizado, multidimensional e semi-estruturado de recolha de dados e informações sobre o processo de radicalização na União Europeia (UE).

Note-se que as “Conclusões do Conselho” não são mais do que decisões políticas. As Conclusões (e, já agora, as Recomendações) editadas pelo Conselho são conhecidas como “soft law” (lei suave, numa tradução à pressa) e não são obrigatórias para os Estados membros. No entanto, sendo políticas acordadas formalmente, são utilizadas (e legitimadas) como base para a cooperação e para as novas práticas nos Estados membros. São, assim, adoptadas sem qualquer tipo de contribuição dos parlamentos nacionais ou europeu.

O tal instrumento “estandardizado, multidimensional e semi-estruturado” será posto em prática alegadamente para evitar que algumas pessoas se virem para o terrorismo através da “radicalização”. Em primeiro lugar, analisando os “vários ambientes2 em que decorre essa “radicalização”. Depois, introduzindo “formas sistemáticas” de partilha de informações sobre indivíduos ou grupos que utilizam discursos de ódio ou incentivam ao terrorismo.

Deve-se partilhar informação sobre líderes radicais que promovem o terrorismo e os seus movimentos devem ser seguidos, de forma a “interromper os processos de radicalização em andamento ou a anunciar alertas em relação a eles” (lembremos que “alertas” são uma figura de estilo que pode levar a acções tais como detenção, interrogatório, colocação sob vigilância, etc.). À Europol pede-se que “crie listas de pessoas envolvidas em actividades de radicalização/recrutamento ou que transmitam mensagens de radicalização e que tome as medidas apropriadas”.

Pode-se considerar que este seja um passo lógico na luta da UE contra o terrorismo. Mas isso é só até se analisar o documento que está na base das Conclusões. Esse documento chama-se “Instrumento para compilar dados e informações sobre os processos de radicalização violenta” (EU doc nr. 7984/10 ADD 1). Para instrumento que pretende atacar o terrorismo, é estranho que se encontre apenas uma referência a esse terrorismo. Também parece pouco normal que a terminologia utilizada varie entre “radicalização violenta” e “radicalização”, como se fossem a mesma coisa.

Para alem disso, os alvos deste novo “instrumento” não são, claramente, os indivíduos ou grupos que tenham cometido ou estejam a preparar actos de terrorismo, nem sequer os que incitem ao terrorismo, porque ambos podem ser atacados de acordo com as leis criminais normais (detenção, acusação, prisão, etc.)

Qual é, então, a abrangência deste novo intrumento?

O Anexo 1 (p6) abre com:
“Descrição da ideologia que apoia directamente a violência
1.Espectro no qual a ideologia se situa”

A abrangência/alvos são descritos na nota de rodapé nr. 1, como sendo:
“Extrema direita/esquerda, islamistas, nacionalistas, anti-globalização, etc.”

Assim, o “instrumento” não é, em primeira instância, orientado para indivíduos ou grupos que pratiquem o terrorismo. Antes, é direccionado para pessoas e grupos com visões radicais, descritos como aqueles que propagam “MR” (mensagens radicais). Esta definição pode incluir, por exemplo, gente que apoia lutas de libertação noutros países.

Quem está na “extrema esquerda”? Será que “extrema esquerda” será um conceito definido pela polícia, pelas forças de segurança e pelas serviço secretos?

“Islamistas”? Este termo poderá cobrir islamistas sem qualquer intenção de levarem a cabo actos violentos, assim como outros que podem tentar encorajar outras pessoas a efectuarem actos de terrorismo (caso em que caem sob a alçada da lei criminal comum). Mais uma vez, deverão ser as forças policiais a tratarem da sua própria definição.

“Nacionalista”? Há uma enorme variedade de grupos “nacionalistas”, dentros dos quais convivem, muitas vezes, visões moderadas e “radicais” na sua procura pelo estabelecimento de direitos para a sua nação. Por outro lado, há muitas lutas de libertação que podem ser consideradas “nacionalistas”.

“Anti-globalização, etc.” parece ser uma rede de pesca muito fina e orienta-se para qualquer grupo ou indivíduo que se oponha ao staus quo.

Ora, quem irá utilizar este “instrumento” que coloca um enorme espectro de gente e colectivos sob vigilância? Pois muito bem, serão as forças policiais da UE, forças de segurança e serviços secretos e outras “agências e instituições da UE (menciona-se o SITCEN – a CIA da UE – e a EUROPOL - o seu FBI).

E como irá esta gente compilar e utilizar a informação recolhida? O objectivo é partilhar informação e aumentar a quantidade “obtida por outro não especificado meio ou instrumento”. Para além de fornecer análises (chamadas “issues”), a informação que se recolher irá resultar em avaliações que serão “automaticamente transformadas em tomadas de decisão táctica operacional (tactical operation decision making), tomando as medidas e os passos considerados apropriados”.

As informações recolhidas terão como base a resposta a 70 questões, que cobrem ideologia, canais de disseminação, factores que influenciem o comportamento e o impacto das mensagens radicais. De acordo com a “abordagem semi-estruturada de compilação de dados”, cada corpo policial pode acrescentar as suas próprias categorias ou definições.

As 70 questões serão, presumivelmente, baseadas em recolha secreta de dados pessoais (a partir de fontes estatais e comerciais) e vigilãncia (por exemplo, analisandoo conteúdo dos emails), interpretadas e respondidas por forças policiais e de segurança de cada país da UE, que não de deverão inibir de, às certezas, acrescentarem suspeitas e suposições, para além de informações de fontes duvidosas. Para além de que a interpretação das informações recolhidas irá variar muito de país para país, de acordo com o entendimento de cada estado sobre quais os alvos a privilegiar.

Algumas dessas 70 questões são bizarras. Outras demonstram o nível de intrusão na vida privada dos que caiam na rede de suspeição do Estado. No capítulo daas ideologias, por exemplo, pergunta-se se há “uma relação anterior entre os agentes... colegas de escola, vizinhos, amigos, parentes, tempo conjunto na prisão, etc”, ou se a pessoa em causa fez “comentários orais sobre outros assuntos, principalmente de natureza política, utilizando argumentos baseados em mensagens radicais?”

Outros exemplos:
“Posição administrativa? Nacionalidade de origem, nacionalidade adquirida, residente legal, temporário, licença de trabalho, licença de estudo, etc”
“Situação Económica? Desempregado, deterioração da sua situação económica, perda de apoios financeiros, etc.”
“Traços psicológicos relevantes? Desordens psicológicas, personalidade carismática, personalidade fraca, etc.”
“Nível de apoios pessoais directos? Família, estado civil, filhos, amigos.”
“Relação com as várias instituições estatais? Serviços Sociais, estabelecimentos de ensino, serviços de segurança, outros”
“Ambiente social em que ocorre a radicalização violenta? Casa da família, amigos, internet, centro educacional, centro religiosoou de orações, prisão, local de trabalho, tempos livres, etc.”

Cada corpo policial de cada país poderá trabalhar de acordo com as suas próprias definições e assunções sobre os indivíduos ou grupos e partilhar livremente as suas informações por toda a UE. O plano é um sistema de perfis de risco automático e de larga escala para agir sobre os chamados “agentes” da “radicalização”.

Há milhões de pessoas na UE com ideias “radicais”, pelo menos aos olhos dos Estados, que podem utilizar terminologia também utilizada pelas chamadas “mensagens radicais” sem qualquer intenção de usar ou promover a violência. Para além disso,esta iniciativa vem no seguimento do Programa de Estocolmo para criar uma base de dados europeia de activistas.

O direito à discussão política parece ser a próxima vítima da “guerra ao terror”.


Extraído de:
http://pt.indymedia.org/conteudo/destacada/1771

Outros links que dão suporte ao artigo:
Council Of The European Union - Bruxelas, 30/03/2010

http://www.statewatch.org/news/2010/apr/eu-council-rad-instrument-7984-add1-10.pdf

The "Stockholm Programme" - "The Shape of Things to Come"
http://www.statewatch.org/stockholm-programme.htm

Statewatch
Protests in the EU: “Troublemakers” and “travelling violent offenders [undefined] to be recorded on database and targeted

http://www.statewatch.org/analyses/no-93-troublemakers-apr-10.pdf

SitCen - EU´s CIA - to Read Your Mind and Arrest You Before You Become Criminal
http://euro-med.dk/?p=10930%E2%80%9D
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Carga pesada: BNDES financia lucro estrangeiro

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Em 2009, dos 137,3 bilhões desembolsados pelo BNDES apenas 16,52 bilhões, ou 12,03%, foram destinados às pequenas e micros empresas. Isso nos dá uma ideia de que setor da sociedade tem sido mais beneficiado pela política do banco.

De fato o BNDES e a política externa de Lula estão fazendo a alegria das grandes corporações nacionais e estrangeiras. Através de empréstimos e acordos externos os capitalistas têm podido expandir os seus negócios e lucros. O último exemplo disso foi o financiamento de US$ 40 milhões do BNDES para a Scania e a Marcopolo exportarem 143 ônibus para Johannesburgo na África Sul.[1]

Além disso, como o financiamento faz parte de um programa chamado BNDES Exim, quem pagará a conta será o comprador e não o produtor financiado. Ou seja, em última instância, serão as empresas de transporte público sul-africanas quem pagarão a conta.[2]

A Scania, principal beneficiada da operação, é uma empresa sueca. No primeiro semestre deste ano ela se consolidou na liderança do mercado nacional. O segredo da "eficiência"? São as "medidas de incentivo do governo, principalmente a redução do IPI e a manutenção dos juros baixos em linhas de crédito como o BNDES-PSI e Procaminhoneiro."[3]

No ano passado a empresa já afirmava que mais de 80% do seu faturamento até o início do segundo semestre seria resultante das medidas do BNDES.[4]

A dobradinha Scania-BNDES vai de vento em pompa. Em setembro de 2008 foi anunciado uma parceria entre ambos para oferecer cartão de crédito para os clientes adquirirem peças nas concessionárias da própria Scania.[5] Mas já em 2003 o banco deu um aporte de US$ 50 milhões para a empresa sueca exportar.[6]

Não fica difícil imaginar porque a Scania afirmou que o Brasil é "o principal responsável pelo bom desempenho da montadora em todo o mundo, com resultado operacional mundial de 2,13 bilhões de coroas suecas (algo em torno de R$ 518 milhões) no primeiro trimestre (resultado 4 vezes maior que o mesmo período do ano passado)." [idem 3]

No primeiro semestre a Scania vendeu 11.947 caminhões em todo o mundo. 3.682 unidades no Brasil (resultado 85% maior que o mesmo período de 2009). [idem 3]
A política do BNDES na gestão de Lula é a principal responsável por esse resultado. Financia, de mãe pra filho, o lucro das grandes empresas. Estrangeiras inclusive!

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[1] BNDES financia exportação de ônibus para a Copa do Mundo (16/06/2010):
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/06/16/bndes-financia-exportacao-de-onibus-para-copa-do-mundo-916895565.asp

BNDES financia exportação de ônibus para a Copa do Mundo (16/06/2010):
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_Imprensa/Destaques_Primeira_Pagina/20100616_onibus_exportacao.html

[2] BNDES aprova financiamento a exportação de 140 ônibus para a Copa da África do Sul:
http://colunistas.ig.com.br/guilhermebarros/2010/02/20/bndes-aprova-financiamento-a-exportacao-de-140-onibus-para-a-copa-da-africa-do-sul/

[3] Scania consolida liderança no mercado de pesados no trimestre (16/04/2010):
http://www.brasilcaminhoneiro.com.br/scania-consolida-lideranca-no-mercado-de-pesados-no-trimestre/

[4] Novas regras do BNDES já apresentam resultados positivos para a Scania (28/07/2009):
http://www.scania.com.br/a-scania/imprensa/press-releases/press-release-40-09.aspx

[5] Scania e BNDES oferecem cartão de crédito inédito para a compra financiada de peças (28/01/2010):
http://www.scania.com.br/a-scania/imprensa/press-releases/press-release-02-09.aspx

[6] BNDES apóia com US$ 50 milhões aumento das exportações da Scania (17/07/2003):
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1&noticia=5228
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quinta-feira, 17 de junho de 2010

A face ocultada do futebol

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Bom artigo sobre o que o futebol se transformou. Critica o caráter mercantilizador do sistema e não o futebol em si.

A face ocultada do futebol

Laurindo Lalo Leal Filho[*]

Está no ar o maior espetáculo de televisão. Em audiência nada bate a Copa do Mundo. Na Alemanha, em 2006, os 64 jogos foram vistos por 26 bilhões de telespectadores, número que neste ano pode alcançar os 30 bilhões.

São 60 bilhões de olhos vendidos pela FIFA para as emissoras de TV comercializarem com os seus anunciantes. As cifras envolvidas em dinheiro são estratosféricas. Ganham a Federação internacional, as empresas de televisão e os anunciantes reforçando marcas e alavancando a venda de produtos e serviços.

Um ciclo perfeito, onde nada pode ser criticado. Normalmente, a TV no Brasil não critica os jogos transmitidos já que, dentro da lógica empresarial, seria um contrasenso mostrar defeitos do próprio produto. E o futebol, para a TV, nada mais é do que um dos seus produtos, assim como as novelas e os programas de auditório.

Dessa forma se todos ganham e não há criticas, o grande espetáculo do futebol, em sua dimensão máxima que é a Copa do Mundo, chegaria as raias da perfeição. Pelo menos é que mostra a TV.

Mas, e ainda bem que há um mas nessa história, a TV Brasil e a TV Câmara mostraram no programa VerTV alguns aspectos da face do futebol que é ocultada pela TV comercial. Sócrates, o capitão da seleção brasileira de 1982 e o jornalista José Cruz, levantaram algumas pontas do véu que cobre, não apenas o futebol, mas grande parte de toda a estrutura esportiva existente no Brasil.

Para começar não é verdade que todos ganham. Há quem perda, e são muitos. Por exemplo, os jovens que por força da TV associam desde cedo o sucesso esportivo com o consumo de cerveja. Ou desprezam o estudo, uma vez que seus ídolos não precisaram dele para alcançar a glória e a fama.

No programa, Sócrates foi enfático: “A TV vende o sonho do consumo. Vende atitude, aparência, comportamento, moda. Mas, é incapaz de vender educação. E vender esporte sem educação é um crime. Mostram ídolos do futebol que não estudam e são um péssimo exemplo para a sociedade. E não por culpa deles apenas. O sistema estimula que saiam da escola”.

Afirmação que desperta uma curiosidade. A mídia revela diariamente minúcias da vida dos jogadores. Onde vivem, que carros possuem, como são suas casas e suas famílias. Só não dizem até que ano estudaram, em quais escolas, como eram enquanto alunos. Por que será? Sócrates responde: “a ignorância dos jogadores é estimulada pelo sistema. A ele não interessam profissionais com possibilidade de critica”.

O jornalista José Cruz mostra outras perdas. De toda a sociedade. Por exemplo, com a irresponsabilidade dos dirigentes esportivos nos clubes, federações e confederações. Embora privadas, essas entidades recebem dinheiro público e, por isso, deveriam prestar contas publicamente. “As loterias esportivas repassam dinheiro para o futebol. A Timemania está hoje tapando o buraco das dívidas fiscais dos clubes produzidas por dirigentes irresponsáveis”.

E mostra outras perdas sociais. A do dinheiro público desperdiçado, por exemplo, nos Jogos Panamericanos do Rio, em 2007. Dá dois exemplos retirados do relatório do Tribunal de Contas da União: “a compra de 5 mil tochas para serem acesas no evento, das quais só chegaram 500 e, ainda assim apenas 380 foram aproveitadas e a descoberta, depois dos Jogos, pelos auditores do TCU, de 880 caixas contendo aparelhos de ar condicionado que sequer foram abertas. E tudo isso segue impune”.

Tanto Sócrates, como José Cruz, alertam para o fato da seleção nacional e dos seus jogos serem eventos públicos que, no entanto, estão totalmente privatizados. “A seleção brasileira – que usa as cores, o hino e a bandeira do nosso pais – deveria ter parte de suas receitas revertidas para o futebol brasileiro, muito pobre em várias regiões do Brasil”, diz o jornalista.

Sócrates lamenta o volume de recursos jogados fora pela falta de uma política esportiva de Estado. Para ele “o esporte deveria ser um braço da saúde e da educação. Se não ele fica solto” e aponta a deficiência dos cursos de Educação Física: “não há um que trate o esporte com viés comunitário. É tudo individualista”.

E há mais. Quem quiser saber basta entrar no site da TV Câmara, clicar em “conhecer os programas” e depois no VerTV. Lá revela-se um pouco do que a TV comercial teima em ocultar.


[*] Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=15218&cod_canal=42
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sábado, 12 de junho de 2010

Deputado do PCdoB faz a alegria dos latifundiários


A burguesia rural brasileira festejou muito nos últimos dias. Primeiro com o plano safra 2010/2011 do Governo Lula que destinará 100 bilhões ao agronegócio. Agora com o projeto de relatoria do deputado federal do PCdoB, Aldo Rebelo, que ataca o Código Florestal Brasileiro.

A proposta de Rebelo, elaborada em conjunto com a consultoria jurídica da bancada ruralista, permite ao agronegócio aprofundar o desmatamento e deixa impune os atuais infratores ambientais. A proposta pode ser votada na Câmara dos Deputados ainda antes das eleições.

O artigo do deputado, que dentre tantos absurdos afirma que o agronegício no Brasil é "acossado pelos falsos ecologistas", foi publicado até no site da CNA.[*]

Aldo Rebelo recebeu, na campanha de 2006, recursos da Caemi ((R$ 300 mil), da Bolsa de Mercadorias e Futuros (R$ 50 mil), da Votorantim (R$ 50 mil) e até da Vale (R$ 300 mil).

Esta é a turma que apelará para que todos os inclinados à esquerda votem neles para derrotar a velha direita!

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[*] A agricultura e o Código Florestal, Aldo Rebelo (08/06/2010):
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/artigos/agricultura-e-o-codigo-florestal

Novo Código permite ao agronegócio desmatar ainda mais (10/06/2010):
http://www.mst.org.br/node/10075

Saiba os impactos da aprovação das mudanças (11/06/2010):
http://www.mst.org.br/node/10076
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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Plano agrícola de Lula atende ao agronegócio

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Na última segunda-feira, Wagner Rossi, Ministro da Agricultura do Governo Lula, anunciou um plano agrícola que destinará 100 bilhões ao agronegócio. Apenas 16 bilhões serão concedidos à agricultura familiar e outros 5,65 bilhões aos médios produtores. No total os recursos poderão chegar a até 120 bilhões, um recorde histórico.

Os números do chamado plano safra 2010/2011 não deixam dúvidas sobre quem serão os grandes beneficiados pelo governo do "operário". E eles têm comemorado. A nota da Farsul aponta que o plano de Lula "é mais moderno e vem ao encontro dos anseios da categoria", além de contemplar "uma bandeira defendida pela Farsul há muitos anos que é a armazenagem na propriedade."[1]

A opção de Lula pelos latifundiários agro-exportadores, a omissão na reforma agrária e o descaso com a agricultura familiar (que é quem produz a maior parte dos alimentos consumidos no país) terão seus efeitos. De acordo com o IBGE a produção de soja crescerá 19% este ano ao passo que a de arroz encolherá em 9,7%.[2]

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Próxima safra terá R$ 100 bilhões em financiamento (07/06/2010):
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/746568-proxima-safra-tera-r-100-bilhoes-em-financiamento.shtml

[1] Farsul avalia Plano Agrícola e Pecuário para a safra 2010-2011 (07/06/2010):
http://www.farsul.org.br/pg_informes.php?id_noticia=1099

[2] Governo disponibiliza 100 bi ao agronegócio e 20 bi à agricultura familiar (07/05/2010):
http://www.mst.org.br/node/9816
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Argumentos oscilantes

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É incrível como a linha de argumentação da turma pró-mercado oscila de uma forma similar a da cotação das bolsas de valores. Em outro artigo demonstrei como, em pouco tempo, o liberal almofadinha do capital financeiro Rodrigo Constantino passou da veneração do sistema financeiro americano, apontado como modelo a ser seguido, aos ataques mais bizarros. Bizarros porque, o mesmo padrão de Banco Central independente apontado como referência, deixou de sê-la em questão de pouco mais de um ano.[1]

Agora o mais novo aspirante a ídolo da direita brasileira se superou em suas caracterizações contraditórias. Em apenas 21 dias Rodrigo Constantino escorregou feio na casca de banana retórica.

Em 17 de maio analisando a atual crise financeira que assola a Europa, Constantino descascava a Grécia, a Itália, Portugal e Espanha e poupava a Alemanha da seguinte maneira:
"Os alemães, que foram mais responsáveis e fizeram parte do dever de casa, são chamados para pagar a conta dos excessos dos gregos, portugueses, espanhóis e italianos."[2]

Pois da mesma forma que no caso do sistema financeiro americano, bastou a crise bater na porta do país louvado, para que Constantino mudasse o tom:
"É chegada a hora de apertar os cintos, cortar a fartura dos parasitas, reduzir privilégios. O welfare state irresponsável finalmente encontra a realidade. Ainda é muito pouco, muito tarde. Os governos quebraram as nações. É tempo de ajustes dolorosos. Será que os atuais líderes mundiais serão capazes de enfrentar os desafios da falência do modelo atual? Eis que a ilusão do paternalismo estatal encontra a realidade das leis econômicas..."[3]

Tal comentário se deu no dia 7 de junho, ou seja, em apenas 21 dias os alemães passaram de "mais responsáveis" que os outros à "irresponsáveis quebradores de nações" como seus vizinhos continentais.
É nessa linha que, avançando mais um dia no calendário, Constantino vai colocar de vez os alemães no saco outrora diferenciado:
"O governo de Angela Merkel anunciou cortes de quase US$ 100 bilhões nos gastos, além da demissão de 15 mil funcionários públicos. A gravidade da situação na Europa não permite mais a farra das cigarras. É chegada a hora de ajustes dolorosos, porém necessários."[4]

Coerente não?

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[1] A crise na Irlanda e o silêncio neoliberal (09/02/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/02/crise-na-irlanda-e-o-silencio.html

[2] Dançando no Vulcão (17/05/2010):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/05/dancando-no-vulcao.html

[3] Encontro entre ilusão e realidade (07/06/2010):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/06/encontro-entre-ilusao-e-realidade.html

[4] Ajustes Necessários (08/06/2010):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/06/ajustes-necessarios.html
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Europa: Israel é a maior ameaça à paz

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Apesar do apoio da mídia ocidental e dos inúmeros "poréns" que levantam para tentar justificar os horrendos crimes praticados pelo Estado de Israel, 60% dos europeus consideram, hoje, o país como a maior ameaça à paz mundial. Foi o que revelou uma pesquisa realizada pela União Européia com 7500 pessoas de 15 países do seu bloco.[1]

Os dados mostram o claro desgaste perante à opinião pública mundial causado pela política belicista do Estado de Israel.
Mostra que apesar de todo o acobertamento do Ocidente a essa política nefasta, à população mundial já percebeu parte do que se passa naquela região e rejeita veementemente a política terrorista do Estado israelense.

Juíz de si

Apesar da pressão por um processo internacional[2] Israel declarou que ele mesmo é quem irá investigar o ataque que desferiu contra o comboio de seis navios da Gaza Freedom que era liderado pelo navio turco "Marvi Marmara" e onde morreram pelo menos nove pessoas.[3]
Os Estados Unidos apóiam a ideia:
"Apoiamos nos mais fortes termos o pedido do Conselho de Segurança (da ONU) por uma investigação imediata, imparcial, de credibilidade e transparente" (...) "Apoiamos uma investigação israelense que cumpra estes critérios. Estamos abertos a formas diferentes para garantir que a investigação tenha credibilidade, incluindo a participação internacional", disse a secretária de Estado, Hillary Clinton.[4]

No último dia 6, Israel interceptou mais um navio que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza: o cargueiro irlandês Rachel Corrie, que entre os seus tripulantes contava com a Prêmio Nobel da Paz norte-irlandesa Mairead Maguire.[5]

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[1] Centro de Mídia Independente:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/06/472875.shtml

[2] Israel rejeita ideia de inquérito internacional sobre ataque (03/06/2010):
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,israel-rejeita-ideia-de-inquerito-internacional-sobre-ataque,561196,0.htm

[3] Israel diz que investigações sobre ataque serão feitas pelo próprio país (08/06/2010):
http://www.abril.com.br/noticias/mundo/israel-diz-investigacoes-ataque-serao-feitas-pelo-proprio-pais-567562.shtml

[4] EUA: Israel deve liderar investigação sobre ataque (01/06/2010):
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/eua+israel+deve+liderar+investigacao+sobre+ataque/n1237650551550.html

[5] Israel expulsa passageiros e tripulantes de navio com destino a Gaza
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5giZV6PGgI51S6PEkD1bIVWL6w8Ag

Sete ocupantes de navio interceptado por Israel chegam à Jordânia (06/06/2010):
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/06/sete-ocupantes-de-navio-interceptado-por-israel-chegam-jordania.html
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Aposentou-se ou foi aposentada?

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Helen Thomas, 89 anos, a mais antiga jornalista a cobrir assuntos da Casa Branca, teria pedido aposentadoria à empresa Hearst, da qual ela era colunista.

O fato ocorreu após ela ter declarado, há aproximadamente 10 dias, em um programa de entrevista, que Israel deveria abandonar a Palestina. Suas declarações pararam no YouTuBe e tiveram mais de 1 milhão de acessos.

Helen foi duramente criticada pelo governo americano. Ela acabou pedindo desculpas públicas mas mesmo assim, na última segunda-feira a empresa em que trabalhava emitiu um comunicado em que afirmava que ela havia se aposentado "com efeito imediato" devido aos "comentários polêmicos sobre Israel e os palestinos terem sido capturados em vídeo e amplamente divulgados na internet"[*]

Pede desculpas e se aposenta? Ou será que foi aposentada?
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[*] Veterana repórter da Casa Branca se aposenta após comentários sobre Israel (07/06/2010):
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,veterana-reporter-da-casa-branca-se-aposenta-apos-comentarios-sobre-israel,562968,0.htm
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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Israel e o terrorismo de Estado


Nos últimos dias muito se falou do programa nuclear do Irã, país que segundo os Estados Unidos e seus aliados representa a maior ameaça para o Oriente Médio, e que por isso deve sofrer sanções internacionais.
Mas quem demonstrou, mais uma vez, ser a real ameaça à paz na região é um país querido e protegido das potências ocidentais: o Estado de Israel.

O país atacou, em águas internacionais, um comboio com seis embarcações de civis que levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza, matando pelo menos 9 pessoas (o número pode ser maior), ferindo outras e prendendo o restante.

O ato terrorista do Estado israelense revoltou a opinião pública internacional. Atos em solidariedade aos ativistas ocorreram em várias partes do mundo.

Nos últimos anos têm ficado cada vez mais evidente o caráter reacionário da política do Estado de Israel.
Em 2009 o covarde bombardeio israelense à Gaza gerou indignação em grande parte da população mundial.
Também cruzou o mundo a notícia dos jovens israelenses que foram presos por se recusar a ser agentes da política terrorista do seu Estado.

Apesar de todos os descalabros as potências e a mídia ocidental difundem que Israel é a única "terra da liberdade" do Oriente Médio. Ah, claro: e não pedem sanções pelo fato do país possuir armas nucleares.
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