sábado, 3 de setembro de 2016

PT busca usar as ruas para salvar “legado” de Dilma

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Raphael Tsavkko Garcia - Quinta-feira, 1 de setembro de 2016


O PT jogou bem. Livraram Cunha e ainda contam com apoio da esquerda, até de racha do PSTU. Vão cozinhar até 2018 pra volta do Messias. O PT agora tem sua mártir. Permanece no jogo, segue jogando sujo, mas tem uma legião agora pra empunhar bandeira.

Será que é suficiente pra dar uma volta em 2013? Cooptar todos ou pelo menos parte considerável daqueles que apanharam em Junho enquanto estes mesmos petistas apontavam e riam?

Meu maior medo é esse, que o PT consiga agora não apagar, mas manobrar Junho a seu favor através da conquista da massa que saiu às ruas naquela época. Oras, se até Sininho e outros que foram presos políticos em 2013–14 passaram pro lado do partido nessa história de impeachment/golpe….

A narrativa sendo vendida e, pior, sendo comprada, é a da Dilma que defende a democracia. É cuspir na história e nas vítimas do governo dela. É cuspir em 2013. Isso é loucura ou desonestidade, ou desonestidade tornada loucura.

A quantidade de pessoas que até 2 dias atrás eram críticos ácidos de Dilma e do PT e que hoje só faltam sair às ruas com bandeira da Dilma e colocar avatar da “Coração valente” é assustadora. Parece que deu tilt geral no cérebro das pessoas. Fora as cobranças, quem se exclui da narrativa é tratado como inimigo. Isso sem falar nos que se esconderam em 2013 (ou ativamente criminalizaram as lutas) e que agora saem para protestar como se nada tivesse acontecido, lado a lado com que foi vitimado pela mesma PM que antes apoiavam.

O discurso de muitos é de que a democracia chegou ao fim em 31 de agosto de 2016, e que antes tudo estava lindo. A repressão começou ontem, antes era diferente. Os eventos de Junho de 2013 passam a ser normalizados, tratados como uma vírgula. A violência cotidiana e a total falta de democracia nas favelas (com direito a exército enviado pela “coração valente”) é mero detalhe. Foi a partir do impeachment que a democracia acabou.

Eu não tenho nada contra quem quer achar que foi golpe, mesmo que eu discorde da leitura, mas daí a defender Dilma em si? Defender seu “legado” como se este tivesse alguma coisa positiva além de terra arrasada? O que está acontecendo?


Extraído de:


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