sábado, 5 de agosto de 2017

A impronunciável aliança Lula-Temer pela sobrevivência

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Por Helena Chagas - agosto 3, 2017, 15:09





Ainda está mal contada a história da oposição na votação que enterrou a denúncia contra Michel Temer no plenário da Câmara. A derrota está explicada pela razão mais básica de todas: os oposicionistas não tinham mesmo os 342 votos para afastar o presidente. Mas, para muita gente, o PT e seus aliados entregaram o jogo fácil e cedo demais.

Ontem, ao final da sessão, o deputado Silvio Costa (PTdoB-Pe), ex-líder de Dilma Rousseff, apontava o placar de 263 votos governistas para acusar seus colegas de oposição. Segundo ele, o PT precipitou-se ao dar quórum de 342 para a votação, o que o Planalto não teria conseguido sozinho. Para uma parte dos oposicionistas, que incluía o Psol e a Rede, a melhor estratégia, para quem ia perder, era adiar a votação e o desgaste do governo.

Também não ficou bem explicado por que o PT, a CUT e os movimentos sociais a eles ligados não moveram uma palha para encher as ruas de manifestantes. Mesmo abatidos, eles ainda têm poder de fogo para fazer mais barulho do que se ouviu nesta quarta-feira Brasil afora.

Por que, então? – é a pergunta que não quer calar. O argumento de que, para a candidatura Lula ou de outro petista em 2018, é bom manter o desgastado e impopular Temer no ar faz algum sentido. Mas não explica tudo. Afinal, derrubar Temer, que derrubou Dilma e é apontado como golpista pelo PT, seria também um jeito de dar a volta por cima.

O que se comenta nos bastidores, hoje, é que a explicação de tudo estaria numa subterrânea e impronunciável aliança entre Lula e Temer. Não em torno de reformas nem de eleições, mas da sobrevivência.

Como? Em torno da aprovação de projetos para atenuar os efeitos da Lava Jato sobre seus acusados. No caso dos dois, por exemplo, aprovando um dispositivo estendendo o foro privilegiado do STF aos ex-presidentes.

É bem provável que essa história seja melhor contada nas próximas semanas.


Helena Chagas é Jornalista, formada na Universidade de Brasília em 1982. De lá para cá, trabalhou como repórter, colunista, comentarista, coordenadora, chefe de redação ou diretora de sucursal em diversos veículos, como O Globo, Estado de S.Paulo, SBT e TV Brasil (EBC). Foi ministra chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República de janeiro de 2011 a janeiro de 2014.


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