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Paulo Schueler
No Brasil sob comando
petista, a farra viaja de supersônico e o capital navega "em
velocidade de cruzeiro". Após o governo anunciar a mega
operação de entrega de nossa logística ao capital privado, com
subsídios do BNDES e a redução de direitos trabalhistas, a
novidade é que a Infraero iniciou nova etapa de obras no Aeroporto
do Galeão, ao custo estimado de R$ 153 milhões, para torná-lo mais
"atraente" em sua próxima privatização.
Portanto, teremos a
derrama dessa milionária quantia para que os futuros donos das
instalações não precisem fazer tal investimento. Agindo como um
Robbin Wood às avessas, o PT mais uma vez retira recursos de um
Estado que não oferece condições dignas de educação e saúde
para fazer mimos absurdos à grande burguesia. Surpreende ainda mais
que tal operação seja feita em um momento de greve generalizada do
funcionalismo público, em mais uma prova de que o governo está, no
bom português, "pouco se lixando" para os trabalhadores.
Esses R$ 153 milhões,
entretanto, não dão a dimensão integral da derrama generosa de
dinheiro público ao capital: desde 2008, quando as melhorias
começaram a ser feitas no aeroporto; até 2014, o total de recursos
públicos gastos com obras no Galeão será da ordem de R$ 650
milhões - oriundos tanto do orçamento da Infraero quanto
diretamente dos cofres da União.
O futuro controlador
privado agradece, com a alegria nas nuvens, até porque, ao final das
obras, a capacidade de passageiros do aeroporto vai saltar dos atuais
17,4 milhões por ano para 44 milhões. Se antes o Galeão operava
com ociosidade, hoje é o segundo maior aeroporto brasileiro (1,6
milhão de passageiros por mês, atrás apenas de Guarulhos e à
frente de Brasília e Congonhas, ambos com 1,3 milhão).
Já o terminal de cargas,
uma de suas principais fontes de receita, está sendo remodelado e
receberá equipamentos mais modernos, para transporte automatizado de
produtos. Em 2011, por lá passaram 41,1 mil toneladas de produtos
para exportação e 46,7 mil toneladas em importação. Por fim, a
pista de pouso e decolagem será alargada para receber aviões do
modelo A380, a maior aeronave de passageiros existente no mundo.
Mais gente circulando,
mais cargas transportadas, capacidade para receber todo e qualquer
avião comercial. Enfim, aumento da receita - que será entregue à
iniciativa privada com R$ 650 milhões de "presente" do PT.
Em tempos de crise
econômica mundial, com os "mercados" numa "fria",
é inevitável pensar que muito burguês deve estar esfregando as
mãos de ansiedade, ao som de Chico Buarque:
"Vai meu irmão
Pegue esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão...'
Extraído de:
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