A
nomeação de professores, que sempre é positiva e que deveria ser
celebrada pela comunidade escolar e a sociedade, transformou-se em um
caos que está perturbando o final de ano letivo nas escolas
estaduais do Rio Grande do Sul.
Em pleno
mês de novembro o Governo Tarso resolveu substituir os professores
contratados pelos concursados. Os primeiros vêm sendo sumariamente
demitidos de um dia para o outro, enquanto os segundos adentram nas
escolas sem conhecer o planejamento pedagógico que vinha sendo
desenvolvido e em alguns casos enfrentam a hostilidade dos próprios
alunos que, além de se sentir corretamente prejudicados, muitas
vezes têm dificuldades de compreender que a culpa não é dos
nomeados concursados.
Contraditoriamente
o mesmo governo que agora demite os contratados é o mesmo que está
encaminhando à Assembléia Legislativa um Projeto de Lei para
contratar professores em caráter emergencial!
Mas não
é apenas o momento das nomeações que é problemático: o próprio
preenchimento das vagas não vem respeitando o critério que o
próprio governo diz ter estabelecido. Vagas surgem e desaparecem em
um passe de mágica. Uma escola que hoje não tinha vaga amanhã
passa a ter e é rapidamente preenchida. Por isso alguns concursados
nomeados fizeram reclamações na justiça.
Dividir
para conquistar?
O Governo
Tarso está enviando ao parlamento gaúcho mais de 30 projetos em
regime de urgência com a expectativa de que sejam aprovados até o
final do ano. Entre eles consta um calendário de reajustes para o
Magistério até o final de 2014 onde mais uma vez o piso nacional da
categoria não será alcançado. [1]
Na última
vez que a Assembléia Legislativa votou proposta similar os
professores lotaram as galerias e criaram constrangimentos para os
deputados da base governista, em especial os petistas, que foram
chamados de traidores. [2]
Não é
possível saber com certeza se estamos diante de uma incompetência
olímpica ou de uma maldade planejada. O próprio Secretário da
Educação, José Clóvis, veio a público defender a forma como vem
sendo feitas as nomeações e substituições de professores,
enfraquecendo um pouco a primeira hipótese. Além do mais, se em
janeiro haverá um curso de formação para os novos professores, por
que não disponibilizá-lo agora? Por que jogá-los dentro da sala de
aula interrompendo o planejamento pedagógico que vinha sendo
desenvolvido? Por que demitir os contratados se há vagas não
preenchidas?
Sobre a
segunda hipótese, talvez a mais plausível, não seria a primeira
vez que o Governo Tarso busca jogar trabalhadores contra
trabalhadores. Foi assim quando privatizou parte da previdência
pública e elevou a alíquota de contribuição dos servidores
públicos.
Seja como
for, o tumulto nas escolas divide a comunidade escolar, colocando
contratados, concursados e alunos em uma briga intestina, o que é
muito conveniente para o governo poder aprovar de forma mais
tranquila o calote no piso dos professores.
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[1]
Governo gaúcho apresenta mais de 30 projetos à AL no final do ano
(06/11/12):
[2] Sob
vaias, Assembleia aprova reajuste do magistério em longa sessão
(20/03/2012):
.