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Na última
sexta-feira (22/06), em uma ação de tempo recorde, o Senado do
Paraguai destituiu o Presidente constitucionalmente eleito, Fernando
Lugo e empossou o vice Federico Franco.
Embora
seus agentes tentem tingir de "democrática" a ação, a
realidade mostra claramente tratar-se de um golpe de Estado!
O
processo de "impeachment" aberto pelos golpistas deu um
prazo de pouco mais de 24 horas para Lugo apresentar a sua defesa. E
a rapidez da destituição foi justificada pelos próprios golpistas
como forma de evitar que o povo se mobilizasse a tempo.
Não pode
haver dúvidas da posição a se tomar no Paraguai: rejeição total
ao golpe e empreender todas as forças para derrotá-lo!
E para
derrotar o golpe no Paraguai não se deve esperar pelas negociatas
dos governos em gabinetes. Documentos do Wikileaks mostraram que o
Brasil, ao contrário da visão dominante apresentada na época, teve
uma atuação não apenas vacilante mas traidora no golpe em
Honduras, tendo negociado por baixo dos panos com os golpistas. [1]
O Governo
Lugo
Para
rejeitar o golpe asqueroso da direita paraguaia não é preciso
distorcer os fatos criando uma irreal visão de lentes cor-de-rosa do
Governo Lugo.
Eleito
com o apoio da esquerda e de movimentos sociais, Lugo foi
decepcionante não tendo enfrentado os graves problemas sociais de
seu país, se aliou à direita e colocou seus membros para dentro do
governo - os mesmos que agora o derrubaram.
A direita
paraguaia esperou o momento para dar o bote e utilizaram contra Lugo
o efeito da sua própria traição: a morte de 17 pessoas (sem-terras
e policiais) em um conflito agrário em Curuguaty. [2]
Lugo tem
sim responsabilidade pelos conflitos agrários por não ter atacado a
concentração de terras e ter agido para reprimir sem-terras. Mas a
direita golpista sempre atuou dessa forma. São, portanto, cínicos
ao utilizar tal argumento para o impeachment de Lugo. Não têm
nenhuma legitimidade para destituir o presidente. Aliás somente o
povo é legítimo para derrubar governos!
Embora a
História já tenha mostrado inúmeras vezes o final trágico da
política de conciliação de classes, o caso deveria servir de lição
aos que hoje, em nome de uma governabilidade que serve aos poderosos
de sempre, defendem alianças e gestão em comum com a direita.
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[1]
Wikileaks revela papel do Brasil em Honduras (18/12/2012):
http://blogdomonjn.blogspot.com.br/2010/12/wikileaks-revela-papel-do-brasil-em.html
[2]
Confronto entre polícia e sem-terra mata 17 no Paraguai, diz jornal
(15/06/2012):
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/confronto-entre-policia-e-sem-terra-mata-17-no-paraguai-diz-jornal.html
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