"Sobre previdência estadual, tenho uma concordância profunda com as propostas da Agenda 2020."[1]
Tarso Genro
Os gaúchos impuseram, nas urnas, uma derrota avassaladora ao desastroso Governo Yeda Crusius. No entanto, o grupo político vitorioso parece ignorar o resultado das urnas e pretende aprofundar pontos do programa neoliberal da ex-governadora.
Nos últimos dias, logo após a posse, Tarso Genro tem dado uma série de declarações, verbais e escritas, deixando cristalinas as intenções de seu governo de atacar os servidores e o serviço público. O que muda, no comparativo com a tucana, é a forma de implementação: se Yeda criminalizava os movimentos sociais e as greves dos servidores, Tarso buscará a cooptação de lideranças sociais e sindicais e um falso diálogo com os mesmos. É o que consta na sua "Carta aos Servidores" divulgada na semana passada:
"É fundamental, portanto, aprofundar o diálogo respeitoso entre governo e servidores públicos, para que possamos tratar de temas essenciais como os planos de carreira das diversas categorias, os salários, as melhorias de condições de trabalho, as questões de previdência, e o estabelecimento de metas conjuntas, de maneira transparente e horizontal."[2]
Inspirado no Governo Lula, será criado um Conselhão regional:
"Nosso programa de governo foi construído com a participação de uma ampla composição de forças políticas progressistas. Traz o exemplo dos excelentes resultados adquiridos na experiência de governo do presidente Lula, como o estabelecimento de espaços de diálogo e concertação, a exemplo do CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Além do CDES, será constituída uma Comissão Permanente de diálogo com servidores, para aprofundar as questões pertinentes a cada categoria. Paralelamente, o processo de modernização do setor público terá como ferramenta de implementação a Escola de Gestão Pública." [idem 2]
Orgulha-se de fazer parte desse Conselhão o empresariado da Agenda 2020[3] cuja proposta de Reforma da Previdência é avalizada pelo governador Tarso Genro. Mas se tal decisão já está tomada que tipo de diálogo pode ser estabelecido com os servidores? Por mais que a "Carta aos Servidores" busque suavizar as contradições, estas só se avolumam:
"A modernização da gestão pública tem como principal eixo a valorização dos servidores públicos. Assim teremos a garantia de eficiência do serviço prestado à população. Este é nosso referencial para a construção de um estado forte, transparente e indutor de políticas e programas com capacidade de produzir mudanças na vida dos gaúchos." [idem 2]
Como conciliar "valorização dos servidores" com a redução dos seus direitos e "eficiência do serviço público" com a redução do mesmo? Tais afirmações não passam de palavras vazias para enganar os mais distraídos.
Por outro lado, Tarso convocou a Assembléia Legislativa para sessão extraordinária, visando aumentar os cargos (de assessores) e os salários dos apadrinhados políticos[4] em uma postura que lembra o desastroso governo passado que promovia ajustes e cortes de investimentos que prejudicavam a população com uma mão e aumentava os proventos de seus compadres com a outra.
________________________________________
[1] Tarso reafirma prioridade para a previdência (05/01/2011):
http://www.agenda2020.org.br/integra-noticia.php?id=2269
[2] Carta aos Servidores e Servidoras (Tarso Genro e Stela Farias):
http://www.asstbm.com.br/site/archives/3909
[3] Tarso formaliza estrutura do governo (07/01/2011):
http://www.agenda2020.org.br/integra-noticia.php?id=2273
[4] Oposição estuda emendas para beneficiar microemprensas gaúchas (10/01/2011):
http://www.radioguaiba.com.br/Noticias/?Noticia=244064
.