quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Jornalistas comprados?


“Veículos para plantar informações”

Marco Aurélio Weissheimer


No depoimento que Lair Ferst prestou ao Ministério Público Federal, em janeiro deste ano, ele volta a mencionar a existência de um grupo de jornalistas que serviriam de “veículos para plantar informações”. Lair cita os nomes de Fernando Albrecht, do Jornal do Comércio, Rogério Mendelski, do jornal O Sul, Políbio Braga, também de O Sul, e José Barrionuevo.


Segundo o relato que fez ao MPF, José Fernandes, dono da empresa Pensant (acusado de ser um dos pivôs da fraude no Detran) elaborou um dossiê contra ele e mandou para os veículos de comunicação com o objetivo de desgastá-lo junto à então candidata Yeda Crusius e afastá-lo da campanha. Lair Ferst afirmou:


“Esse dossiê caiu no Jornal do Comércio, na Zero Hora, no Correio do Povo e os editores me ligavam pra dizer que tinham recebido. O Jornal do Comércio tomou o cuidado de mandar um funcionário me levar o dossiê lá no comitê. Não foi divulgado. Mas algumas notícias foram plantadas, advertindo para as ‘más companhias’…Foram usadas a coluna do Fernando Albrecht, do Jornal do Comércio, a coluna do Rogério Mendelski, no Sul, do Políbio Braga, também no Sul, e o colunista Barrionuevo…Esses quatro jornalistas eram veículos de plantar informações sempre com a característica bem clara de quem lia, né….”


Não é a primeira vez que Lair Ferst faz referência a uma ligação entre jornalistas e acusados de participar da fraude no Detran. Em uma carta escrita à governadora Yeda Crusius, ele afirmou:


“Este grupo é liderado pelo ex-professor da Universidade Federal de Santa Maria, José Antonio Fernandes, e dos seus sócios Barrionuevo e do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sr. João Luiz Vargas. Conta também com uma série de colunistas de vários jornais que tem remuneração paga pelo Sr. José Fernandes para plantar notícias de seu interesse particular. Usam diversas pessoas para servir aos seus propósitos escusos sem aparecer e ficar impune e livre de qualquer acusação”.


O Ministério Público Federal também fez referência à existência de um braço midiático do esquema na denúncia que encaminhou à Justiça Federal, em 2008:


“Ao lado disso, os denunciados integrantes da quadrilha não descuidavam da imagem dos grupos familiares e empresariais, bem assim da vinculação com a imprensa. O grupo investia não apenas na imagem de seus integrantes, mas também na própria formação de uma opinião pública favorável aos seus interesses, ou seja, aos projetos que objetivavam desenvolver. A busca de proximidade com jornais estaduais, aportes financeiros destinados a controlar jornais de interesse regional, freqüentes contratações de agências de publicidade e mesmo a formação de empresas destinadas à publicidade são comportamentos periféricos adotados pela quadrilha para enuviar a opinião pública, dificultar o controle social e lhes conferir aparente imagem de lisura e idoneidade”.


Ouvidos pela rádio Bandeirantes AM, Albrecht, Mendelski e Políbio Braga rechaçaram as acusações. Barrionuevo preferiu calar, dizendo que não trabalha mais como jornalista e sim no ramo do “marketing da imagem”.