quarta-feira, 9 de setembro de 2009

40 anos da internet: cresce o controle!

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Na semana passada a grande mídia destacou o aniversário de 40 anos da internet. Embora massificado nos últimos anos o acesso à mesma, muita gente segue excluída. No Brasil, por exemplo, 61% da população nunca teve contato com a rede, conforme constatou o Comitê Gestor da Internet. [1]

Apesar disso tem crescido as tentativas de controle sobre o uso dessa tecnologia. No Brasil há o famigerado projeto do Senador tucano Eduardo Azeredo que chegou a ser apelidado de AI-5 Digital.

Se o projeto do Senador brasileiro já é um AI-5 Digital como então qualificar o controle a que têm sido submetidos cidadãos de vários países pelo mundo, inclusive os que moram nas propaladas "terras das liberdades"?

Em 2008 a Suécia aprovou um projeto de lei que dispensa a autorização do judiciário para monitar e-mails e até ligações telefônicas de qualquer cidadão. [2]

No mesmo ano, o parlamento da Alemanha aprovou um projeto que permite além da investigação de computadores particulares, o grampo telefônico e até a utilização de câmeras para vigiar residências. [3] O projeto legalizou a espionagem que já ocorria desde 2005. [4]

O jornal britânico "The Sunday Times" informou, em maio desse ano, que o governo do seu país desenvolveu um programa que visa controlar todas as mensagens eletrônicas enviadas pela internet (e-mails, acessos, atividades na rede) e até ligações telefônicas.
De acordo com a matéria o próprio governo confessa que quer "saber com quem se comunicam determinados indivíduos, quais sites ou redes sociais visitam habitualmente". [5]

Não por acaso, se por um lado criticaram incoerentemente o controle da internet praticado pelo governo do Irã (com tecnologia ocidental); por outro Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Austrália manifestaram interesse em adquirir a mesma tecnologia utilizada pelo regime iraniano. [6]

Um levantamento realizado pela OpenNet Initiative (parceria entre as Universidades de Toronto, Harvard, Cambridge e Oxford) e divulgado em maio do ano passado, constatou que até aquele momento 24 países realizavam algum tipo de filtragem na rede contra apenas 2 países em 2002. [7]
O caráter aberto e democrático seria o principal motivo para o crescente controle governamental da internet, afirma a própria OpenNet Initiative.

De fato as novas tecnologias de comunicação têm permitido novas formas de organização política. É possível compartilhar com milhões, em poucos minutos, um protesto; divulgar um excesso policial, etc.
Também pode-se obter informações fora dos círculos da grande mídia privada, às vezes até desmascarando suas manipulações grosseiras como no caso do golpe de Estado na Venezuela em 2002.

As classes dominantes dos países capitalistas já perceberam tudo isso. Mas como não podem proibir, pois a internet lhes proporciona bons lucros, buscam espionar os cidadãos com o intuito de tomar medidas preventivas contra àqueles que se organizam contra a sua dominação.


[1] http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=economia&newsID=a2647490.xml

[2] http://www.estadao.com.br/noticias/geral,suecia-aprova-lei-para-monitorar-ligacoes-e-emails,192324,0.htm

[3] http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3787802,00.html

[4] http://www.dw-world.de/dw/article/0,,2459147,00.html

[5] http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u560237.shtml

[6] http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2009/06/23/ira-possui-teia-de-espionagem-com-suporte-de-tecnologia-ocidental-756478940.asp

[7] http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080524/not_imp177251,0.php