Coletivo JUNTOS! - 13/02/2014 • 17h36min
1 – Como é do
conhecimento de todos, o advogado que caluniou Marcelo Freixo –
tentando ligá-lo aos rapazes que jogaram o rojão que matou o
cinegrafista da Band – foi advogado de Natalino Guimarães,
ex-deputado estadual no Rio de Janeiro e miliciano cuja prisão foi
fruto da CPI das Milícias, comanda por Freixo. Hoje (13/02), o
advogado novamente partiu para o ataque afirmando que partidos
políticos pagam 150 reais para pessoas participarem de
manifestações. Uma clara insinuação para comprometer partidos
como o PSOL e, por consequência, o próprio Marcelo Freixo. A
atuação desse advogado até o momento é muito suspeita.
2 – No sábado se
apresentou na polícia Fábio Raposo, suspeito de ter repassado o
rojão para a pessoa que o explodiu durante o protesto. Em depoimento
ele afirmou que quem acendeu o explosivo foi Caio Souza. Ou seja, no
linguajar popular, caguetou para aliviar a sua barra.
3 – Estranhamente o
Jonas Tadeu, advogado do Fábio, assumiu também a defesa do Caio.
Isso é algo completamente absurdo. É absurdo porque não existe na
história do direito um sujeito dedurado contratar o mesmo defensor
do sujeito que o dedurou. E isso ocorre não por razões pessoais,
mas sim porque as teses de defesa são conflitantes. Um acusado, para
reduzir a sua pena ou até para ser absolvido, vai tentar comprovar
que a responsabilidade pelo ato criminoso é do outro. Por isso é
absurdo que ambos sejam defendidos pelo mesmo profissional, pois,
sendo a tarefa do advogado a de usar todos os meios para defender os
interesses de seus clientes, isso se torna impossível se o interesse
de um conflita com o interesse do outro.
4 – Hoje, durante
entrevista para a Globo News, o Jonas Tadeu diz que o Caio estava
planejando ir para o exterior e que ele o demoveu dessa ideia. Isso é
outro ABSURDO. Um dos motivos que embasam as prisões preventivas é
justamente o receio de que o acusado fuja. A função de um advogado
que esteja realmente interessado em defender o seu cliente é tentar
soltá-lo o mais rápido possível. Ao afirmar que o Caio pretendia
fugir ele liquida com a possibilidade de um eventual habeas corpus
ser concedido.
5 – O cúmulo do
absurdos foi a forma como o Caio foi preso, o que mais uma vez joga
suspeitas sobre o verdadeiro interesse do advogado. Os dois delegados
afirmaram na coletiva de imprensa, e o próprio Jonas confirmou na
Globo News, que foi ele quem avisou à polícia o local em que o Caio
estava foragido. Palavras do delegado Fernando Veloso, “a
intervenção do advogado, fazendo contato direto com o Caio, com o
apoio da namorada dele, possibilitou que a equipe que era conduzida
pelo Dr. Maurício chegasse ao local do paradeiro dele antes das
equipes de busca”. O Dr. Maurício é o outro delegado que
investiga o caso.
Perceberam o escândalo?
É comum que um advogado oriente seu cliente, o qual possui mandado
de prisão expedido contra si, a se entregar. Mas isso JAMAIS se faz
dizendo para a polícia o endereço no qual ele está escondido. Isso
se faz indo com ele, de tarde, até uma delegacia. Vocês devem ter
visto o vídeo da prisão do Caio. Foi humilhante. Ocorreu de
madrugada, enquanto ele dormia em uma pousada. Além do advogado,
estava presente no momento da prisão, a polícia e uma repórter da
Globo. Vejam o que disse o delegado Maurício Luciano na coletiva
hoje, “o Caio, quando nós encontramos ele, estava extremamente
acuado, assustado, com muita fome, disse que estava a dois dias sem
se alimentar, também não dormiu, estava em um cômodo muito
pequeno, em uma pensão no município de Feira de Santana (…)”.
Não precisa ter conhecimento jurídico para saber que se a função
do advogado é zelar pelo interesse do seu cliente, ele deveria
primeiro ter ido ao encontro do Caio antes da polícia. Devria ter
levado alimentos para ele, depois ter conversado e o orientado o que
dizer e o que não dizer e enfim acompanhá-lo até a delegacia.
Jamais ter ajudado a investigação e muito menos não fazer nada
para impedir que a repórter tentasse entrevistá-lo no momento da
prisão. Sequer houve pedido para que ele não fosse algemado. Todo
advogado criminalista sério requer a polícia que não algeme o seu
constituinte. Com um “defensor” desses ninguém precisa de
inimigos!
6 – A afirmação de
que o Caio recebia 150 reais para participar de manifestações é um
desastre para a defesa. Pode ser bom para a luta política contra o
Freixo, contra as manifestações, etc. Mas para o acusado, e é
dever do defensor defender o acusado, essa informação é
catastrófica. Gera uma qualificadora caso ele venha a ser condenado.
Homicídio já dá uma pena alta. Homicídio por motivo fútil
(receber 150 reais) dá uma pena ainda maior.
7 – O advogado mora no
Rio de Janeiro. O Caio estava foragido em Feira de Santana, na Bahia.
O Caio é extremamente pobre. Questionado pela apresentadora da Globo
News, o Jonas disse que estava advogando de graça e que estava
bancando do seu bolso a passagem de ida e volta para a Bahia. Muitos
advogados já defenderam pessoas sem lhes cobrar nada. Mas mesmo
aqueles que são simpáticos a causas políticas e que têm relação
com os militantes dos movimentos sociais, no mínimo iriam pedir para
serem ressarcidos por seus gastos com passagens aéreas, por exemplo.
Por que ele, que já deixou claro que não apoia as manifestações
de rua, faria todo esse sacrifício para atuar no caso? Ele
justificou que o Fábio Raposo é amigo dos estagiários do seu
escritório. Mas e o Caio? De onde ele tem relação para que se
sinta obrigado a atuar de forma tão abnegada?
Extraído de:
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