Com forte alarde e sob os holofotes da grande mídia o Governo Dilma anunciou, em tom celebrativo, um complexo eólico na cidade de Santa Vitória do Palmar, localizada no Estado do Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil.
O
empreendimento, que será um dos maiores do ramo na América Latina,
além de mostrar de forma cristalina o real caráter das
privatizações petistas ainda chama atenção pelo fato de
beneficiar uma empresa cujo um dos principais acionistas e fundadores
é um ex-integrante do Governo FHC.
O
Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Rio Bravo, que terá
51% no negócio, tem como principal proprietário Gustavo Franco, que
foi Presidente do Banco Central na gestão tucana. Os outros 49%
serão da Eletrosul, estatal que faz parte do grupo Eletrobras. [1]
Franco
não foi apenas membro do governo tucano mas é filiado ao PSDB. [2]
Frequentemente surge pedindo por cortes nos gastos públicos,
ajuste fiscal e defendendo a competitividade das empresas. [3]
No entanto, nenhum protesto esboçou diante do fato de o Estado
brasileiro, comandado pelos petistas, construir, com dinheiro
público, a infra-estrutura que beneficiará a sua empresa.
"Para escoar a
energia dos complexos eólicos do litoral sul gaúcho, a Eletrosul,
em parceria com a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de
Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, irá construir perto de 490
quilômetros de linhas de transmissão, três novas subestações e
ampliar uma já existente. A previsão é de que as obras das linhas
de transmissão, que devem custar R$ 700 milhões, sejam iniciadas
até dezembro." [idem 1]
A
"parceria", que inclui a estatal gaúcha Companhia Estadual
de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul
(CEEE), mostra o que é o "Estado indutor do desenvolvimento",
jargão repetido ad nauseam pelo governador petista Tarso Genro: é o
Estado brasileiro garantindo da forma mais segura possível os lucros
das grandes empresas.
Tarso
reclama de falta de dinheiro para não pagar o piso salarial dos
professores do Estado que governa, lei que ele próprio assinou
quando ministro do Governo Lula, e ainda insinua que quem critica sua
postura contraditória está fazendo o "jogo da direita".
Porém, entra em uma "parceria" para beneficiar exatamente
a empresa de um tucano!
Antes
de Franco o caso mais conhecido de cruzamento de interesses
comerciais que atravessava conhecidos de membros do PT e do PSDB era
o de Carlos Jereissati, irmão do Senador tucano Tasso Jereissati,
com Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-Presidente Lula.
Jereissati,
então acionista da Telemar, tinha relações comerciais com a
Gamecorp, de Fábio Luís. Coincindência, ou não, em 2008 o Governo
Lula permitiu uma mudança na lei de fusões que beneficou exatamente
Jereissati. O governo petista também disponibilizou fartos recursos
públicos (do BNDES e do Banco do Brasil [4])
para que o empresário adquirisse a Brasil Telecom e reinasse
soberano no mercado. [5]
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[1]
Município do litoral gaúcho terá um dos maiores complexos eólicos
da América Latina (14/09/2012):
[2]
Saudades do PSDB com um projeto político nítido. Gustvo Franco,
novembro de 2010. (30/11/2010):
[3]
Gustavo Franco: O Brasil está correndo sérios riscos com a inflação
(29/ 04/ 2011):
[4]
Entenda o processo de fusão entre a Oi e a Brasil Telecom
(17/12/2008):
[5]
Oi anuncia compra da Brasil Telecom por R$ 5,8 bilhões
(25/04/2008):
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