domingo, 9 de outubro de 2011

Wikileaks revela a verdadeira imparcialidade da mídia brasileira

RBS TV, Estadão e William Waack entre os amigos do imperialismo


"Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê"
Trecho do comercial institucional da RBS TV, afiliada da Rede Globo no RS [1]



Documentos vazados pelo Wikileaks evidenciaram aquilo que muitos já sabiam: que a mídia brasileira segue sendo submissa aos interesses do imperialismo estadunidense e amiga íntima dele.

Em um dos telegramas, de 2005, Patrick Dennis Duddy, então cônsul em São Paulo, relata uma visita de três dias do embaixador John Danilovich a Porto Alegre, onde reuniu-se com empresários, políticos e "teve um almoço 'off the record' com a direção editorial do grupo RBS, o maior grupo regional de comunicação da América Latina". [2]

"Nós temos tradicionamente tido acesso e relações excelentes com o grupo" [2] diz ainda o relato de Duddy. Tem razão o Grupo RBS quando afirma em seu comercial institucional que "Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê". Poderiam incluir imagens do almoço com o embaixador estadunidense em sua propaganda que aborda os bastidores da empresa.

No mesmo ano de 2005 o mesmo embaixador se reuniu com membros da comunidade judaica em São Paulo. Abraham Goldstein, presidente da B’nai Brith do Brasil, e Henry Sobel, rabino da maior sinagoga paulistana, estavam presentes no encontro.

De acordo com os documentos vazados pelo Wikileaks, Goldstein teria dito ao embaixador Danilovich que "o editor de O Estado de S.Paulo prometeu cobertura 'positiva' " aos interesses de Israel.

Entre os jornalistas que mantiveram encontros com membros da embaixada dos Estados Unidos estão o ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, que segundo os documentos, se reuniu quatro vezes com embaixadores estadunidenses. William Waack, um dos apresentadores do Jornal da Globo, também se reuniu com funcionários do governo estadunidense por pelo menos três vezes. Fernando Rodrigues, repórter de política da Folha, teria tido duas reuniões com funcionários gringos.

Nos encontros os jornalistas teriam colaborado em análises políticas e econômicas do Brasil além de formular matérias favoráveis aos interesses dos Estados Unidos. A presença de "membros da imprensa brasileira" resultou numa "cobertura positiva", celebra o embaixador Clifford Sobel. Ele se refere a visita do almirante Philip Cullom, em 2008, para tratar de manobras militares entre as marinhas dos EUA, Brasil e Argentina.

Os documentos revelados pelo Wikileaks tiraram, de vez, o véu da grande mídia brasileira. A sua autoproclamada "isenção" e "imparcialidade" sempre foi, na verdade, a parcialidade da defesa dos interesses do imperialismo e das classes dominantes.

__________________________________________________

[1] Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê (28/11/2009):
http://www.youtube.com/watch?v=rYvWWyK7Y_I

[2] Wikileaks: Diplomatas dos EUA se encontraram com membros de peso da mídia brasileira (11/07/2011):
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/WIKILEAKS+DIPLOMATAS+DOS+EUA+SE+ENCONTRARAM+COM+MEMBROS+DE+PESO+DA+MIDIA+BRASILEIRA_13419.shtml
.