sábado, 7 de maio de 2011

Rádio comunitária é fechada no Rio

No dia da liberdade de imprensa, Rádio Santa Marta é fechada no Rio de Janeiro. A grande mídia "livre" não deu um pio.

O Governo Lula fechou mais rádios comunitárias do que Fernando Henrique Cardoso. Dilma, por sua vez, parece disposta a seguir quebrando esse recorde. No último dia 3, a Rádio Santa Marta, mídia alternativa e comunitária que operava na zona sul do Rio, foi fechada pela Polícia Federal a mando da Anatel. Para piorar, seus comunicadores foram detidos. A grande mídia privada "livre" não deu um único pio. Liberdade na ótica dos tubarões da grande mídia, que demitem seus subordinados por delito de opinião, só vale para eles mesmos!


Rádio Santa Marta é fechada e comunicadores populares são detidos

Na manhã desta terça-feira (3/5), a rádio comunitária Santa Marta, localizada na comunidade de mesmo nome, em Botafogo, zona Sul do Rio, foi fechada em uma ação da Polícia Federal e da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Os agentes lacraram todos os equipamentos e levaram o transmissor. Rapper Fiell (Emerson Claudio Nascimento) e Antonio Carlos Peixe, os diretores da emissora, foram levados pelos agentes para as dependências da Polícia Federal, na Praça Mauá, Rio. Parece ironia, mas a ação repressora que fechou a rádio comunitária do morro carioca ocorreu no Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, decretado pela ONU em 1993.

A rádio comunitária Santa Marta foi construída de forma coletiva por moradores de diversas comunidades. Por ser uma conquista dos trabalhadores, recebeu as doações de equipamentos para o seu funcionamento: computadores, móveis e cursos de capacitação para os locutores e colaboradores da rádio - todos moradores da favela Santa Marta. (Leia aqui http://migre.me/4qzzu). Os participantes da emissora estavam preparando toda a documentação para entrar com o pedido de autorização de funcionamento ao Ministério das Comunicações.

Rapper Fiell, um dos detidos na operação, é um atuante ativista do movimento social. Já lançou dois CDs e produziu um curta-metragem sobre o morro carioca: o 788. Este último foi ganhador de dois prêmios, um nacional e outro na Holanda. Faz rádio livre e comunicação popular há pouco mais de um ano. Ele é conhecido dos movimentos sociais por sua militância em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos moradores de favelas. Em reconhecimento a seu trabalho, no dia 19 de abril ministrou aula para alunos do curso de Ciências Sociais da UFRJ, a convite do sociólogo Luiz Antonio Machado da Silva. Cultura da favela, hip hop e comunicação comunitária foram os temas da aula.

Essa não é a primeira vez que o militante é vítima da criminalização por parte do Estado. Em maio do ano passado, ele foi preso e espancado por policiais que invadiram o bar de seu sogro no morro Santa Marta e obrigaram os presentes a encerrar o tradicional pagode que ocorre no local. Na ocasião, Fiell pegou o microfone e começou a ler a lei do silêncio. Ao invés de pedirem para abaixar o som, os policiais saíram desligando tudo. "Depois disso, me deram voz de prisão, me arrastaram de cima do palco e começaram a me espancar", contou na época.

Foi para evitar esse e outros abusos de poder dos agentes das chamadas Unidades de Polícia "Pacificadora" (UPPs) que Fiell elaborou uma cartilha sobre abordagem policial. À época, o rapper e outros moradores já denunciavam a truculência da polícia no trato cotidiano com os moradores. Entidades de defesa dos direitos humanos e organizações populares se manifestam nesse momento contra a ação repressora da Polícia Federal e da Anatel, que vem se repetindo pelo Brasil inteiro e agora chega até o morro carioca, calando o espaço que ajudaram a construir para erguer sua voz.

Para baixar a cartilha: http://www.4shared.com/file/246779657/283a0d20/Cartilha_Popular__do_Santa_Mar.html

URL:: http://www.renajorp.net/radio-santa-marta-e-fechada-e-comunicadores-populares-sao-detidos/

Extraído do Centro de Mídia Independente:
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2011/05/490444.shtml


No dia da liberdade de imprensa, Rádio Santa Marta é fechada pela Polícia.

No dia mundial da liberdade de imprensa, Rádio Santa Marta é fechada pela Polícia Federal do Rio; Rapper Fiell e outra liderança são detidos

Segundo as primeiras informações, o Rapper Fiell (Emerson Claudio) e Antonio Carlos Peixe, que integram a Rádio Santa Marta Comunitária, estão sendo levados para a Polícia Federal na Praça Mauá, centro do Rio de Janeiro. A ação é de responsabilidade da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel).

As informações dão conta de que o transmissor foi apreendido na manhã desta terça (3), mas não lacraram a Rádio, que é comunitária e tem amplo apoio do movimento social e da comunidade local.

Os que quiserem apoiar juridicamente Rapper Fiell devem ligar para o número de telefone (21) 7704-0912. Fiell e outro integrante, o 'Peixe', foram convocados a prestar depoimento na Polícia Federal, levados no camburão da PF.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado (ALERJ) já foi acionada, por meio do presidente da Comissão, o deputado Marcelo Freixo. O vereador Eliomar Coelho também já foi contactado.

A ação da Polícia Federal contra uma rádio livre ocorre em pleno "Dia Mundial da Liberdade de Imprensa".

URL:: http://www.consciencia.net

Extraído do Centro de Mídia Independente:
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2011/05/490443.shtml


Rádio Santa Marta é Fechada!

Rio de Janeiro, 04/05/2011

Informamos aos ouvintes que, na manhã do dia 3 de maio de 2011, a Rádio Comunitária Santa Marta foi fechada por agentes da Polícia Federal e da Anatel.

Como é de conhecimento geral, a rádio é comunitária e não tem fins lucrativos. Não vende programas e nem espaço para a propaganda. É mantida através de doações de amigos e dos próprios locutores, que trabalham de forma voluntária.

A Rádio Santa Marta não é pirata; é RÁDIO COMUNITÁRIA.

Apesar disso, o transmissor da rádio foi apreendido. Dois diretores foram levados para depor.

A liberdade de imprensa é um direito nosso. E como todo direito deve ser conquistado. No Brasil, para se ter uma rádio, é necessária uma concessão, que os trabalhadores nunca vão conseguir comprar.

Por isso, lutar pela legalização da Rádio Santa Marta é lutar pelos direitos dos trabalhadores da favela. O direito de produzir suas notícias e seu entretenimento sem depender da grande mídia.

Agradecemos as inúmeras manifestações de apoio que recebemos, e pedimos que continuem nos apoiando.

A rádio segue normalmente pela internet - www.radiosantamarta.com.br

Acompanhem a programação. Desejamos um feliz dia Mundial pela Liberdade de Imprensa.

Rádio Santa Marta - ouça aqui | No dia da liberdade de imprensa, Rádio Santa Marta é fechada pela Polícia | Rádio Santa Marta é fechada e comunicadores populares são detidos | "A voz do morro Santa Marta não deve ser calada"

Extraído do Centro de Mídia Independente:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/05/490469.shtml


"A voz do morro Santa Marta não deve ser calada"

Na primeira comunidade do Rio de Janeiro a ser atendida pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o morro Santa Marta, na zona sul carioca, uma rádio comunitária teve seu transmissor apreendido na tarde de ontem (03) pela Polícia Federal, sob o comando da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Impedida de transmitir sua programação na 103.3 FM, a Rádio Santa Marta instalou na manhã desta quarta-feira seu equipamento na entrada da comunidade e realizou sua programação na rua como ato de repúdio à ação que sofreu. Em entrevista ao Fazendo Media, Emerson Claudio Nascimento, mais conhecido como Rapper Fiell, locutor da rádio, diz que o projeto está incomodando ao organizar e passar informações ao povo. Segundo ele, houve uma censura por questões políticas e não técnicas.

De onde surgiu a necessidade da rádio comunitária?

A necessidade é óbvia né: o povo precisa da sua voz, precisa discutir os seus assuntos. E só uma rádio comunitária feita pela população local que vai possibilitar a esses debates e assuntos serem publicizados e discutidos. Em uma rádio comercial, infelizmente, os assuntos da favela não são discutidos. Quando são, é de forma vertical.

Como é a programação da Rádio Santa Marta?

É uma programação eclética, com mais de 20 programas aonde toda a diversidade cultural e política do morro está. É uma rádio comunitária plural, na qual o morador tem voz. A nossa ética da rádio sempre foi essa: de dentro para fora. Então montamos a grade e hoje a rádio é referência para o Brasil em termos de rádio comunitária.

E como é o tratamento em termos de serviços e informes?

Temos os programas específicos, como o matutino "Fala Zé", que é o informativo da Associação de Moradores, e no final de semana tem o programa "Olhares do Mundo", apresentado por mim e que discute vários assuntos do Santa Marta, do Rio, do Brasil e do mundo. Durante a programação os informes vão chegando e todos os programas vão publicizando, então a parte jornalística da rádio vai sendo alimentada conforme vai chegando no nosso e-mail.

Como você vê essa ação de ontem? É uma questão mais técnica ou política?

É política, a censura é moldar a voz do povo. Imagina o povo com voz. Hoje o Santa Marta há 8 meses fala dos seus problemas locais, do seu povo, divulga a música do artista local, e nesse tempo conseguimos unir toda uma diversidade de gerações. Hoje a população liga para a rádio, participa, fala do seu aniversário, da sua festa, enfim. Isso incomoda a imprensa hegemônica, que realmente não gosta quando o povo se organiza e tenta também ter direito à comunicação.

Fiell tocando o programa Conexão Periferia, da Rádio Santa Marta, com o melhor do rap nacional. Foto: Dorlene Meireles/Grupo ECO.

Você pode fazer um relato do que aconteceu ontem? Qual foi o argumento apresentado?

Não teve argumento, o argumento era vir para fechar a rádio comunitária. Não teve mandato, nenhum documento formal com o nosso endereço, então foi irregular a ação. Só que a Anatel vem junto da Polícia Federal, então imagina qualquer morador de favela se for falar o contrário da polícia: vai ser autuado como desacato à autoridade.

Infelizmente prenderam o nosso transmissor, e me levaram junto com o outro locutor. O transmissor custa perto de R$ 6mil, só que o nosso foi doado, teve a participação do Marcelo Yuka e da ONG Promundo. A rádio vive de solidariedade, para quitar os débitos fazemos festas e contamos com a ajuda do povo. Não só dos moradores, mas de qualquer outro morador da cidade que tem solidariedade a esse projeto. Todos os locutores também contribuem com o que podem, então a rádio sobrevive dos amigos da rádio e da população do Santa Marta.

Depois do ocorrido, o que ficou determinado a partir de hoje?

A gente tem que ter uma outorga. Eles falaram que temos que correr atrás de uma liminar para poder botar a rádio no ar de novo na 103.3 FM. Desde ontem o povo já sentiu a falta, procurou a sintonia e encontrou um vazio. Hoje estamos aqui na primeira estação do bondinho (plano inclinado no Santa Marta), e a rádio está ao vivo na rua em repúdio a essa ação da Anatel junto com a Polícia Federal, que foi ilegal. Infelizmente a gente fica triste, numa favela que está com a UPP e poderia dar realmente voz aos moradores você se depara com essa ação.

Como está a formalização da rádio, vocês têm caminhado nesse sentido?

A burocracia para a rádio comunitária é vasta, então é preciso uma diretoria, uma fundação de uma associação de radiodifusão, cinco entidades dentro da favela para poder montar o conselho fiscal, então tudo isso é para você não ter uma rádio. Já conseguimos tudo isso, agora a gente está encaminhando a documentação para Brasília, mas ainda não deu tempo. O processo é lento, e precisa de muita coisa para um rádio comunitária que não tem fins lucrativos. Nenhum pastor é dono da rádio Santa Marta, não tem ninguém partidário, enfim, a rádio é do povo e pelo povo.

Como foi a conversa ontem?

Só prenderam o transmissor na Polícia Federal e a gente foi prestar depoimento do que estamos fazendo na rádio, quem somos nós, e etc. Só quem se prejudica foi a população do Santa Marta, porque não vai ficar sabendo dos seus assuntos que estão acontecendo agora como a falta de água e o esgoto a céu aberto jorrando com um fedor danado. Enfim, só a rádio pode falar isso de forma que atinja todo mundo nas suas casas.

O transmissor só vai sair de lá com uma liminar. Estamos juntos com uns advogados e os movimentos sociais para entendermos como funciona isso e buscarmos uma solução. Não vamos parar, estamos fazendo a rádio na rua e vamos rodar o morro inteiro em forma de protesto contra a Anatel. Faremos toda a semana, vai ser direto. A rádio funciona normalmente na internet, está sendo transmitido agora no www.radiosantamarta.com.br . A galera pode mandar alguma vinheta para a gente se solidarizando, no e-mail radiosmarta@gmail.com , que a gente vai tocar. E agradecemos todo o apoio da mídia alternativa, dos movimentos sociais e do povo do Santa Marta, que está assinando um abaixo assinado, e de todos os colaboradores.

URL:: http://www.fazendomedia.com

Extraído do Centro de Mídia Independente:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/05/490447.shtml
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