REJANE
DE OLIVEIRA - 09/01/2014
Ao ser
questionado sobre situações vivenciadas no Colégio Julio de
Castilhos, carinhosamente chamado de Julinho, o secretário de
Educação, Jose Clovis de Azevedo, mais uma vez reagiu de forma
autoritária e arrogante. Negou existirem problemas na educação e
afirmou tratar-se de um caso isolado. Atacou a direção do Julinho,
desconsiderando as experiências pedagógicas dessa instituição que
tem servido de exemplo no RS e, imediatamente, decretou uma
sindicância, com clara postura de perseguição política. Já o
governador Tarso Genro, prontamente, alegou ser uma disputa política
e ideológica contra os projetos de seu governo.
Essas
atitudes não surpreendem a quem tem acompanhado de perto a política
educacional do atual governo. Além de não cumprir nem com sua
palavra, nem com suas promessas eleitorais, o governo tem agido
sistematicamente contra os direitos dos educadores e investido contra
a gestão democrática nas escolas. A ameaça de intervenção
política no Julinho configura mais um grave ataque à democracia na
educação.
A Lei da
Gestão Democrática é uma das principais conquistas para a educação
do Rio Grande do Sul. A eleição direta das direções é um
critério fundamental para a participação dos pais, dos estudantes,
dos professores, dos funcionários e especialistas, na vida das
escolas. Durante anos, a comunidade escolar gaúcha lutou para
conquistar esse direito e evitar que as escolas ficassem reféns dos
desmandos desse ou daquele governo.
Mas tem
sido dura a defesa da democracia nas escolas. Sucessivos governos têm
tentado investir contra a Lei de Gestão Democrática ou, de forma
autoritária, retirar a autonomia político-pedagógica. Os projetos
neoliberais significam uma violência a essa democracia. Além de
atacar as condições de vida dos educadores e de piorar as
estruturas escolares, buscam impor a centralização curricular, a
meritocracia e anular os mecanismos que permitem a participação
efetiva da comunidade nas decisões.
A reforma
do Ensino Médio do governo Tarso, indevidamente chamada de “Ensino
Politécnico”, aprofundou esses ataques. O atual governo impôs a
volta de um regimento-padrão para todas as escolas, desconsiderando
a opinião dos educadores e dos estudantes. Implementa a aprovação
automática sem ouvir a comunidade escolar e ignora o processo
pedagógico existente.
Qual o objetivo dessa sindicância? Fazer uma intervenção no Julinho? Torná-lo politicamente submisso? Destituir a direção da escola para colocar os seus? Será que já não vimos isso antes?
O
resultado dessa política não podia ser outro: há uma revolta
generalizada contra a postura da Secretaria de Educação. As
manifestações de solidariedade ao Julinho multiplicaram-se nos
últimos dias. A postura autoritária do secretário Jose Clovis tem
sido repudiada pelos trabalhadores em educação.
Nenhum
governo tem o direito de ameaçar os educadores por discordarem de
seus desmandos. Por isso,
a atual ameaça de intervenção no Julinho deve ser rejeitada pelo
povo gaúcho. É hora de exigirmos respeito à autonomia das escolas.
Uma
educação emancipatória e de qualidade só é possível com
democracia. A repressão está na contramão desse processo.
Rejane
de Oliveira é Presidente do Cpers/Sindicato
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