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Na última semana foi
publicado no Estado de São Paulo [1]
que o Governo Dilma montou uma operação, denominada “Gerenciamento
de Risco”, coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional
(GSI) da própria Presidência da República e executada pela Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), com o objetivo de espionar a
movimentação sindical dos trabalhadores do Porto de Suape, em
Pernambuco, que lutam contra a MP 595/12 [2],
que prevê a privatização dos portos brasileiros.
O GSI não só não
desmentiu como ainda justificou a espionagem, afirmando que
“acompanha, diuturnamente, em torno de 700 cenários
institucionais, inclusas as estruturas estratégicas do País, para
prestar assessoria, no momento oportuno, às autoridades
governamentais sobre assuntos de interesse nacional.” [3]
Como fica claro a
espionagem não se restringe ao Porto de Suape. O próprio governo
não esconde que busca se precaver contra uma greve geral, já que a
referida MP abarca todo o território nacional. Assim, o partido que
nasceu de greves de trabalhadores, hoje as espiona para melhor
reprimí-las, e ainda tenta justificar tamanho autoritarismo
utilizando o “interesse nacional”, que não protege, e as “áreas
estratégicas”, que entrega de mão beijada ao grande capital –
estrangeiro inclusive.
Recentemente foi
descoberto que os trabalhadores de Belo Monte e o Movimento Xingu
Vivo eram espionados pelo consórcio controlado pelo governo federal,
que atuava em conjunto com a Abin. [4]
Não se sabe desde quando
os governos petistas utilizam os órgãos de inteligência para
espionar a organização e mobilização dos trabalhadores. Mas se
sabe, desde há um bom tempo, que entre os métodos de repressão
constam a utilização das Forças Nacionais, torturas, prisões e
até desaparecimentos de grevistas, tidos por dirigentes petistas
como Gilberto Carvalho, como “vândalos” e “baderneiros”. [5]
Por que aumenta cada
vez mais a repressão?
Como pode um partido que
se forjou na ditadura militar com as greves de trabalhadores e que
lutou contra as privatizações dos anos 90, utilizar os mesmos
métodos ditatoriais dos quais foi vítima para perseguir os
movimentos sociais e sindicais para proteger privatizações?
No final do ano passado,
abordando a postura de setores da esquerda brasileira diante do
petismo, mencionei a mudança social dos dirigentes do PT e como isso
impactava na sua política institucional e social:
“Mais
do que colaboração de classes
Conforme
os "companheiros" foram galgando postos na hierarquia foram
não apenas se descolando das bases e se aproximando das classes
dominantes como desenvolvendo interesses próprios de outro setor
social.
Convertidos
em consultores, empresários, gestores de fundos de pensão, etc,
passaram a ganhar com a especulação, com a dívida pública e até
com as privatizações - onde são sócios das grandes corporações.
Isso ajuda a entender porque a direção da CUT tem apoiado
contra-reformas na previdência, flexibilização dos direitos
trabalhistas e privatizações.
Esses
setores já estão do outro lado da trincheira e como tais têm feito
- e farão - de tudo para manter e ampliar seus privilégios. Não é
por acaso que os governos petistas reprimam as greves de
trabalhadores e que os chamem de "vândalos" como fizeram
em Jirau. Não é por acaso que tenham aderido e ressuscitado todo o
palavreado da ordem que já estava desgastado como a proclamação da
eficiência privada, a demonização dos servidores e do serviço
público, o mito do déficit da previdência, entre outros.
A
mudança material de muitos dos principais quadros do PT e as
inevitáveis medidas tomadas para defender suas novas posições
sociais, via seus governos, os tornam inimigos de classe e como tais
devem ser encarados e combatidos!” [6]
Como nos movimentos
sociais e sindicais a atuação dos dirigentes ligados ao governo vem
perdendo eficácia, a via da repressão aberta ganha cada vez mais
espaço. Em julho do ano passado a Presidente Dilma aprovou o sistema
“PROTEGER” que visa cuidar as “áreas estratégicas”, que o
governo entrega de bandeja, das lutas dos trabalhadores e de outros
movimentos sociais.
O “PROTEGER” abarca
mais de 13.300 locais entre hidrelétricas, termelétricas,
refinarias, estradas, telecomunicações, portos, aeroportos e o que
mais for considerado “estratégico”. O sistema prevê a
utilização do Exército contra as lutas do povo. [7]
____________________________________________
[1]
Abin monitora movimento sindical no Porto de Suape (04/04/2013):
[2]
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 595, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012.
[3]
Gerenciar crises é obrigação, afirma gabinete (04/04/2013):
[4]
Belo Monte: Movimento Xingu Vivo sofre espionagem
(25/02/2013):
[5]
Como no regime militar: PAC tem mortos, torturados,
desaparecidos e presos políticos
[6]
Por uma luta consequente! (02/12/2012):
[7]
Para o capital, mais benesses; para o povo, o Exército
(12/08/2012):
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