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O terremoto que devastou o pobre Haiti e fez uma série de vítimas acabou colocando o país caribenho em evidência. Como o Brasil lidera as tropas da ONU no país e, entre as vítimas há brasileiros (como a médica Zilda Arns), a mídia tem dado ampla cobertura da tragédia.
Porém saltam aos olhos algumas omissões na cobertura midiática. Não se diz como e porque o Brasil foi parar no país caribenho. O que é meramente transmitido a opinião pública é de que estaríamos em uma "missão de paz" ajudando uma nação pauperizada.
Não se diz que tudo começou em 2004 quando tropas americanas e francesas invadiram o Haiti e depuseram à força o seu presidente, Jean Bertrand Aristide.
Não se diz que os EUA pediram ajuda à ONU para poder deslocar o seu contingente militar para o Iraque, onde estavam atolados na época.
Em resumo não se diz que o Brasil, ao aceitar chefiar a "terceirização" da invasão do Haiti, está a dar sequência à um golpe de Estado.
Quanto ao suposto pacifismo da missão da ONU no país não passa de um rótulo falacioso. As tropas brasileiras têm colaborado com a polícia local na repressão das manifestações populares.
Foi assim em 22 de dezembro de 2006 quando várias pessoas foram assassinadas pelos capacetes azuis em protesto que pedia a volta do presidente Aristide.
Foi assim em 2008 quando pelo menos 5 pessoas foram assassinadas pelas tropas de "pacificação" em protesto contra a alta dos alimentos.
Foi assim no mesmo ano quando estudantes e sindicalistas, que iniciaram um protesto em defesa do aumento do parco salário mínimo local, foram duramente reprimidos pela Minustah. Pelo menos uma pessoa morreu.
Foi assim em 18 de junho de 2009 quando no enterro de um dirigente político as tropas da ONU dispararam covardemente contra a multidão que acompanhava o velório. Várias pessoas ficaram feridas e pelo menos uma morreu.
Não é por acaso que vários haitianos têm pedido a saída das tropas da ONU do seu país.
A mídia tem ocultado tudo isso dos brasileiros e busca nos fazer crer de que a presença de nossas tropas lá é benéfica para o país caribenho pois estamos reconstruindo o mesmo (tsc!). Outra falácia!
Dos 1.310 integrantes da delegação brasileira apenas 50 são civis. O resto são militares, que como exposto anteriormente, têm servido para reprimir o povo.
Com a tragédia a mídia busca fortalecer o discurso do papel humanitário das tropas brasileiras no país. De novo a realidade dos fatos aponta em outra direção.
Tão atuante para reprimir o povo as tropas da ONU sumiram das ruas após a tragédia, como denunciam estudantes brasileiros da Unicamp que encontram-se no país:
"A situação está se complicando: saindo às ruas em busca de água, o pessoal viu muitas pessoas feridas na rua, mortas, casas desabadas e pessoas retirando os escombros, além de briga por comida, saques, um tiroteio, e o pior, aparentemente, tudo isso sem a presença de nenhum tanque, carro ou oficial da ONU nesses primeiros momentos de pavor a população. Apenas soubemos que as tropas estavam removendo os escombros do Hotel Montana, um dos hotéis da alta classe, onde deveria estar personalidades da ONU." (http://lacitadelle.wordpress.com/)
No Jornal da Globo de 14/01/2010 o relato da jornalista Lília Teles mostrou que o General brasileiro está mais preocupado com a crescente hostilidade dos haitianos às tropas de ocupação do que em socorrer a população.
Os brasileiros devem tomar conhecimento do que está de fato a ocorrer no Haiti. Devem exigir do Governo Lula que traga de volta os soldados brasileiros e que converta os recursos gastos nas tropas de ocupação em reais recursos de ajuda humanitária.