domingo, 28 de outubro de 2012

Olívio diz que PT está virando um partido como os outros

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Olívio Dutra, atual Presidente de Honra do PT gaúcho, fez declarações incômodas para seus correligionários em entrevista concedida ao portal Sul21. De acordo com um dos quadros mais antigos e respeitados do PT a sua sigla estaria "virando um partido de barganha como todos os outros".

Os fatores materiais, históricos e ideológicos que levaram a esse processo não chegam a ser explorados profundamente por Olívio que, como já abordei em outro artigo, não passou ileso pela transformação do seu partido [*]. E ao não aprofundar a análise desses fatores e por não ser marxista, Olívio acaba agitando a falsa ilusão de que o PT poderia voltar a ser o que era antes.

Limitações e contradições à parte vale a pena conferir as palavras do "bigodudo" na referida entrevista.



Política

26/10/2012 | 11:42


Olívio Dutra: “o PT está virando um partido de barganha como todos os outros”




Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Rachel Duarte
Se a direção nacional e gaúcha do PT tem uma avaliação de que as eleições municipais de 2012 foram apenas positivas pelo aumento do número de prefeituras em relação ao último pleito, um quadro de força política relevante do partido discorda. O ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra disse em entrevista ao Sul21 que o processo eleitoral deve servir como lição sobre os rumos da identidade do PT.
“O PT tem mais se modificado do que modificado a sociedade. Este é um grande problema nosso. Estamos ficando iguais aos partidos tradicionais. Nós não nascemos para nos confirmarmos na institucionalidade e viver da barganha política”, critica. Para Olívio, a sigla que nasceu da luta dos trabalhadores e acumula tradição em formação política e diálogo com os movimentos sociais está se afastando de sua origem. “Não podemos ser o partido da conciliação de interesses. Temos que ser o partido da transformação social. Evidente que não sozinho, mas com alguns em que possamos apresentar projetos de campos populares democráticos”, diz.
A política de colaboração de classes adotada pela direção do Partido dos Trabalhadores a partir da eleição do Lula, em 2002, conduz o PT, na visão de Olívio Dutra ao distanciamento dos ideias petistas que constituíram o partido. “A esquerda do PT, PSTU e PCO devem ao país. Temos que nos unir e não ficar disputando dentro do próprio PT. As correntes internas que antes discutiam ideias agora discutem como se fortalecer e buscar cargos e eleições de seus quadros. Isso é preocupante”, afirma.
Ainda que as considerações do ex-ministro de Lula apontem para um cenário crítico internamente, ele acredita que o PT ainda tem raízes de sustentação que o permitem fazer uma boa reflexão sobre esta transformação política. “Aprendemos mais com as vitórias do que as derrotas. Representamos uma enorme transformação para o povo brasileiro, mas há que se perguntar se conseguimos mudar substancialmente as estruturas do estado que promovem as desigualdades e injustiças no nosso país. Elas estão intactas, apesar de termos tido a oportunidade de estar no governo. O PT tem que ser parte de uma luta social e cultural agora, e não se dispor a ficar na luta por espaços e no afastamento dos movimentos sociais”, salienta.

Extraído de:
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