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Menos de um ano após a revolta do ano passado [1] os trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, voltaram a paralisar, essa semana, pelos mesmos motivos: baixos salários e condições degradantes de trabalho.
As ditas instituições "democráticas" do regime não tardaram a demonstrar para quem trabalham. A Justiça do Trabalho, através do Desembargador Ilson Alves Pequeno Júnior, emitiu, na quinta-feira, uma liminar declarando a greve ilegal e determinando o retorno dos trabalhadores ao serviço. [2]
Na audiência em que proferiu sua decisão o Desembargador se voltou à Bíblia para falar de "reconciliação". Na sequência, mostrando a real "reconciliação" que defende, responsabilizou os trabalhadores pela greve, os quais teriam agido de um "modo reprovável" que causaria "insegurança e medo na classe trabalhadora".
Ainda, como fundamento para a sua decisão, o Desembargador evocou o "interesse público" (tsc!) e instituiu multas que caso aplicadas serão revertidas para entidades filantrópicas de Porto Velho e Jaci-Paraná.
O consórcio que administra a Usina Hidrelétrica de Jirau é controlado por uma empresa francesa, a GDF Suez, que possui 50% das ações da ESBR (Energia Sustentável do Brasil), além da Camargo Corrêa, que possui quase 10% das ações. A obra é financiada com dinheiro público, através do BNDES.
Mas não apenas a Justiça, os governos também agem contra os trabalhadores e em defesa dos poderosos. E a exemplo do ano passado o Governo Dilma atendeu o pedido do governador Confúcio Moura (PMDB) e enviou a Força Nacional para reprimir os trabalhadores. [3]
Os operários, por sua vez, não têm se deixado intimidar e na última sexta-feira decidiram, em assembléia, manter a greve. [4] Sua determinação e coragem inspiradoras merecem a admiração de todos os que lutam contra as injustiças sociais e a solidariedade torna-se imperiosa em um momento de recrudescimento do status quo contra os movimentos sociais e de trabalhadores.
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[1] As rebeliões nas obras do PAC (27/03/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com.br/2011/03/as-rebelioes-nas-obras-do-pac.html
[2] JT declara a ilegalidade da greve dos trabalhadores de Jirau com multa diária de R$ 200 mil (15/03/2012):
http://tubarao.trt14.jus.br:3755/noticias/?p=10901
[3] Governo envia Força Nacional para conter violência em usina de Jirau (17/03/2012):
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/03/governo-envia-forca-nacional-para-conter-violencia-em-usina-de-jirau.html
[4] Trabalhadores decidem manter greve na Usina de Jirau, diz sindicato (16/03/2012):
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/03/trabalhadores-decidem-manter-greve-na-usina-de-jirau-diz-sindicato.html
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