terça-feira, 13 de abril de 2010

O acordo militar Brasil-Estados Unidos

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A relação do Brasil com os governos progressistas da região permitia aos governistas propalarem a ideia de que a política externa de Lula era progressista, soberana e independente. Claro que a aparência era enganodora: tais relações buscam domesticar os processos rebeldes que se chocam com os interesses do imperialismo americano e, sempre que possível, obter bons contratos para as classes dominantes brasileiras.[1]

Além de atuar como uma espécie de gerente dos interesses do imperialismo na região, Lula já vinha colaborando com o mesmo como quando aceitou liderar a ocupação do Haiti - iniciada pelos Estados Unidos que em 2004 invadiu e depos o seu presidente legítimo.
A ida das tropas brasileiras para o país caribenho permitiu o deslocamento para o Iraque do contingente militar americano que estava estacionado ali.
Mesmo assim a aparência pintada era a de que o Brasil estava em "Missão de Paz" ajudando um povo sofrido (tsc!).

A partir da última segunda-feira (12/04) nem as aparências enganam mais. O Governo Lula selou a sua colaboração com o imperialismo americano, assinando em Washington, através de seu Ministro da Defesa, Nelson Jobim, um acordo de cooperação militar com os Estados Unidos.

Mesmo assim tenta-se criar a aparência de que o acordo é inofensivo. Não existe acordo militar com o imperialismo americano que seja inofensivo. Ainda mais em um momento em que ele tem como política externa a expansão de bases e acordos militares pelo mundo, além de ameaçar constantemente nações soberanas.

O próprio documento do acordo "inofensivo" prevê a realização de "exercícios militares conjuntos", "operações internacionais de manutenção de paz", "participação em cursos teóricos e práticos de treinamento, orientações, seminários, conferências, mesas-redondas e simpósios organizados em entidades militares e civis com interesse na Defesa" (outra Escola das Américas?) e uma intrigante "cooperação em quaisquer outras áreas militares".[2]

Não foi à toa que o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert M. Gates, comemorou nos seguintes termos o acordo:
"Esse acordo será o início para aprofundar a cooperação de defesa entre os Estados Unidos e o Brasil em todos os níveis (...)"[3]

Não se pode perder de vista que o Brasil é um país com vastos e cobiçados recursos naturais e débil militarmente para defender suas riquezas. Fazer um acordo de cooperação militar com um país fortemente equipado, agressor e que alveja as riquezas alheias é colocar em risco a soberania nacional.

Até Geisel duvidou da inofensividade dos acordos militares com os Estados Unidos.[4]
Por aí se vê o tamanho de mais esse entreguismo realizado pelo Governo Lula. Por essas, e outras, que ele é "o cara" para o imperialismo.

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[1] Porque Lula "é o cara"!
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/porque-lula-e-o-cara.html

[2] Acordo entre Brasil e Estados Unidos sobre cooperação em matéria de Defesa (12/04/2010):

http://www.defesanet.com.br/md1/br-usa.htm

[3] Secretário Gates e Ministro da Defesa do Brasil assinam Pacto de Segurança (12/04/2010):
http://www.defesanet.com.br/md1/br-usa_1.htm

[4] O General Ernesto Geisel anulou, em 1977, durante o regime militar, o acordo militar que o Brasil havia assinado com os Estados Unidos em 1952.
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