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6% dos brasileiros têm concentrado em suas mãos os meios de produção no país. Foi o que constatou o trabalho do economista e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann.
O resultado do trabalho pode ser conferido no livro "Proprietários: Concentração e continuidade" que foi lançado no ano passado em evento realizado no Conselho Regional de Economia (Corecon) de São Paulo.
A situação da concentração da propriedade no Brasil é a pior dentre os países latino-americanos. Segundo Pochmann essa situação vem desde os tempos da colonização:
"Nós nunca vivemos uma experiência de democratização do acesso às propriedades no nosso país. (...) nossa distribuição fundiária é pior do que a de 50 anos atrás; nossa carga tributária onera os mais pobres (...)"[*] , conclui.
Olhando para a pesquisa não há como não lembrar das palavras de Marx e Engels, no Manifesto Comunista, sobre a concentração dos meios de produção nos marcos do capitalismo:
"Horrorizais-vos por querermos suprimir a propriedade privada. Mas na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros; ela existe precisamente pelo fato de não existir para nove décimos. Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da sociedade não possua propriedade.
Numa palavra, censurais-nos por querermos suprimir a vossa propriedade. Certamente, é isso mesmo que queremos."
Como, de acordo com a citação de Hilaire Belloc, celebrada por Hayek (que defende o capitalismo e a propriedade privada dos meios de produção), "O controle da produção da riqueza é o controle da própria existência humana", temos que no Brasil 6% detém o poder sobre a existência dos outros 94%.
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[*] O Estado do Maranhão (MA): Meios de produção no Brasil pertencem a 6% da população (03/04/2009):
http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=8774
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