sexta-feira, 22 de abril de 2022

Por que Cury ficou e Arthur saiu?

 

Por que o deputado Fernando Cury, que apalpou a deputada Isa Penna no plenário da Alesp na frente de todo mundo, foi mantido e Arthur do Val, o Mamãe Falei, seria cassado?

A pergunta, que tem sido feita em tom de chorume pelo próprio MBL, é pertinente e a resposta bastante reveladora.

E a resposta, em sua essência, é bem simples: Isa Penna não é revolucionária, chegou a confraternizar com o MBL, mas mesmo assim é vista como uma pessoa de esquerda pelos reacionários. E a violação dos corpos das pessoas de esquerda é permitida. Mais do que permitida ela é desejada.

O próprio MBL avaliza e incentiva a violação dos corpos das pessoas de esquerda. Foi assim quando espalharam fake news contra Marielle Franco. Foi assim quando zombaram de professores agredidos pela PM. Foi assim quando apoiaram classificar, na lei, o MST e o MTST como terroristas.

Mas não são apenas as pessoas de esquerda que podem ter seus corpos violados. Alguns povos também. Se a fala de Arthur tivesse sido dirigida a mulheres pobres palestinas, africanas, iraquianas ou de qualquer outro povo atacado pelo imperialismo americano e seus aliados nada teria acontecido com ele. Mas sua fala atingiu um país aliado do Ocidente na atual guerra de pilhagem interburguesa. E que não se cause confusão conosco: essa constatação óbvia não deve ser interpretada como defesa da invasão de Putin, a qual repudiamos veementemente.

Um último, e importante, elemento a destacar são as eleições de 2022. Há uma disputa entre reacionários em busca de votos e eles concorrem no mesmo nicho eleitoral. Por isso todo o deslize será denunciado, nenhuma oportunidade de desmoralizar o outro será desperdiçada e não haverá hesitação em um derrubar o outro.

Nessa briga abunda a hipocrisia, a incoerência e a falta de moral. Um corrupto denuncia a roubalheira do outro, machistas se fingem de defensores das mulheres, apoiadores dos ricos se fingem de preocupados com os pobres, etc. Um reacionário busca “cancelar” o outro reacionário para tomar-lhe os votos.

De nossa parte torcemos pela briga. Mas não só. Seguiremos buscando politizar, organizar e mobilizar a nossa classe para se livrar não só de todos os reacionários (os assumidos e os camuflados) mas principalmente da decadente e putrefata ordem do capital que os produz e a qual eles representam.

 

 

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