sábado, 2 de janeiro de 2021

No RS você pode ficar sem salário se discordar do governo

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No final de 2019 o governo Leite-Lemann enviou ao parlamento gaúcho uma contrarreforma administrativa e outra previdenciária que atacou os servidores, os aposentados e os serviços públicos. Com o protagonismo dos profissionais da educação o funcionalismo realizou uma das maiores greves da história do Rio Grande do Sul.

O governo tucano-rentista retaliou os grevistas com o desconto dos dias parados. Chamou a atenção o argumento central utilizado para justificar o corte do ponto: “medida pedagógica”!

A questão não era que os grevistas haviam interrompido a prestação do serviço – até houve menção a isso mas de forma secundária – mas que ousaram contrariar o governo. A pedagogia do confisco ensinava que estava aberta a temporada de perseguição política.

O sindicato do magistério entrou na justiça pois havia decisão do STF que não permitia descontar de quem não recebe em dia (caso do funcionalismo do RS) além de que os grevistas recuperaram os dias parados. Mesmo assim o Tribunal de Justiça decidiu a favor do confisco. E quem recuperou os dias de greve terminou trabalhando de graça.

No último mês do ano a “medida pedagógica” recaiu sobre as direções escolares que se organizaram com as comunidades para evitar a reabertura das escolas em meio ao aumento dos casos de Covid-19. Desde setembro Leite-Lemann queriam reabrir as escolas a qualquer custo, sem disponibilizar as condições mínimas e jogando a responsabilidade das contaminações e das mortes nas costas de pais, mães, responsáveis e dos profissionais da educação.

Os contracheques de 40 direções de escolas vieram quase zerados no mês de dezembro. Segundo o governo essas direções não realizaram os plantões para receber a entrega do álcool. Mentira deslavada!

Apesar de tal operação ter sido realizada em forma de emboscada contra os profissionais da educação – pois o governo se negava a informar a escala das entregas e por semanas escolas foram abertas diariamente apenas para esperar por algo que não chegava enquanto os casos de Covid-19 aumentavam nas escolas – eles estiveram lá.

A gestão Leite-Lemann faz do RS um laboratório que visa terminar no Palácio do Planalto e isso é admitido tanto pelo jovem tucano ambicioso quanto pelo rentista mais rico do país. Por isso a denúncia e a solidariedade de classe precisam ser fortes e em âmbito nacional e até internacional. Porém, o fortalecimento dessa luta não combina com a formação de “frentes amplas pela democracia” com os tucanos, como desejam alguns.

 

 

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