.
Seguindo à risca o modos
operandi dos governos a serviço das classes dominantes no país, que ampliam
os já polpudos privilégios no andar de cima e promovem cortes nos parcos
direitos e recursos do andar de baixo, o governador tucano Beto Richa tentou
impor, sem discussão e às pressas, um pacote de maldades que precarizava ainda
mais a educação e os serviços públicos no Paraná após aumentar o seu próprio
salário e o dos deputados.
O que provavelmente ele não
contava era com a capacidade de organização, mobilização e unidade entre
professores do ensino básico e universitários, servidores da saúde, agentes
penitenciários e estudantes que responderam rapidamente ao “Pacotaço”
indigesto, venceram a repressão policial e promoveram uma ocupação de três dias
da Assembleia Legislativa, evitando a sua votação e obrigando o governo a
retirá-lo da pauta.
O “Pacotaço” de Beto Richa previa
a privatização de parte da previdência pública e até o desvio dos seus recursos
para outros fins, pondo em risco a aposentadoria dos servidores. Desejava ainda
acabar com o quinquênio, com as progressões da carreira e com o auxílio
transporte nas férias e em períodos de afastamento.
Com 100% de adesão da categoria,
professores e funcionários de escola foram os primeiros a se levantar contra
aos ataques do governo tucano, tendo iniciado a sua greve no último dia 9.
Beto Richa vem promovendo um
desmonte brutal da educação pública: cancelamento das eleições de direções de
escola, impedimento de matrículas de alunos, 29 mil professores contratados sem
receber e demitidos, afastamento de 10 mil funcionários de escola, não
pagamento do 1/3 de férias, não pagamento de promoções e progressões de
professores e funcionários de escola durante todo o ano de 2014, atraso dos
pagamentos de convênios com escolas e demais entidades educacionais, atraso nos
repasses de verbas de manutenção das escolas, enturmação e redução de pedagogos
nas escolas. [1]
Pelos motivos elencados é que a
greve dos profissionais da educação continua apesar da derrota parcial do
pacote de maldades e seguem acampados nas imediações do parlamento local. [2]
A luta dos professores,
servidores e estudantes paranaenses é uma lição inspiradora para toda a classe
trabalhadora brasileira pois demonstra que com organização, mobilização e
unidade é possível enfrentar os planos de ajustes dos governos e das classes
dominantes.
Esses lutadores devem ser
cobertos de todo o apoio e solidariedade, assim como os aproximadamente quinze
honrados policiais que se recusaram a reprimí-los e foram presos por
insubordinação. [3]
Por outro lado é preciso seguir
vigilante e atento pois o governo tucano, comprometido com o atual modelo
sócioeconômico, não deverá desistir de atacar os direitos e recursos do andar
de baixo para manter e aprofundar os interesses e privilégios do andar de cima.
___________
[1] GREVE GERAL! BARRAR O
DESMONTE DA ESCOLA PÚBLICA NO PARANÁ. 05/02/2015.
Carta ao
povo do Paraná. 14/02/2015.
[2] Nossa greve continua.
Saiba os motivos. 13/02/2015.
Nosso
carnaval é na luta! Concentração é no Centro Cívico. 13/02/2015.
[3] Vitória: após pressão dos
servidores públicos do Paraná, governo retira da pauta votação de pacotaço de
maldades. 12/02/2015.
Em 2012 Beto
Richa defendeu que os policiais militares não deveriam ter curso superior pois
isso ia torná-los “insubordinados”:
“Outra questão é de
insubordinação também, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita
cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior” (Richa não
quer PMs com estudo porque eles “se insubordinariam”. Gazeta do Povo,
26/04/2012. Disponível em < http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/caixa-zero/richa-nao-quer-pms-com-estudo-porque-eles-se-insubordinariam/
>
.