.
Em todo o mundo, e também no Brasil, assiste-se a partidos com origem e base nas classes subalternas governar para as classes dominantes.
Por terem a confiança das classes subalternas, tais partidos conseguem desferir ataques à direitos históricos e aprofundar os privilégios das classes dominantes de uma forma que os partidos tradicionais já não conseguiam, oxigenando à ordem.
O filósofo húngaro, István Mészáros, consegue, na frase abaixo, além de resumir, ainda apontar a única saída possível para as classes dominadas diante de tal situação:
“Considerando a situação atual, o trabalho, como antagonista do capital, é obrigado a defender os seus interesses não com uma, mas com as duas mãos atadas às costas. Uma delas presa pelas forças abertamente hostis ao trabalho e a outra, pelo seu próprio partido reformista e sua liderança sindical, que cumprem a função especial das personificações do capital no interior do próprio movimento do trabalho a serviço da acomodação total, e de fato da capitulação, aos imperativos materiais “realistas” do sistema. (…) Sob tais condições, cabe ao movimento dos trabalhadores decidir entre resignar-se a tais limites ou dar os passos necessários para desatar as próprias mãos, por mais difícil que seja esta última linha de ação." (p.178-179)
"A questão é saber se a classe trabalhadora vai aceitar ser tratada como “o bobo” do 1º de abril e por quanto tempo a estratégia de capitulação ao grande empresariado poderá ser seguida depois da próxima vitória eleitoral de Pirro." (p.180)
- MÉSZÁROS, István. Atualidade histórica da ofensiva socialista: uma alternativa radical ao sistema parlamentar. São Paulo: Boitempo, 2010.
Na Europa, vários trabalhadores, em especial na Espanha, não estão mais aceitando ser os "bobos do 1° de abril" e estão buscando "desatar as mãos das costas" organizando-se politicamente de forma distinta.
.