Rodrigo
Duterte é presidente das Filipinas desde 2016. Com a linha do
“bandido bom é bandido morto” declarou “guerra às drogas” e
deu carta branca para a polícia matar nas periferias. Nessa guerra 5
mil pessoas já morreram, de acordo com as próprias fontes
policiais. Organizações de direitos humanos afirmam que o número é
bem maior. Muitos inocentes foram assassinados, o que já foi
reconhecido pelo próprio presidente [1].
Em
novembro a justiça do país condenou três policiais à prisão
perpétua. Em agosto de 2017 eles assassinaram Kian delos Santos,
jovem de 17 anos. Alegavam que ele era traficante e que havia trocado
tiros com a polícia, argumentos desmentidos pelas câmeras de
segurança. O caso repercutiu no país, gerou mobilizações e ganhou
a grande mídia o que provavelmente deve ter contribuído para a
punição já que se tratou da primeira condenação de agentes do
Estado desde que o presidente filipino iniciou sua “guerra às
drogas”. [2]
Duterte
gosta de dizer que traficante tem que morrer. No ano passado o seu
filho, Paolo Duterte, apareceu em um esquema de tráfico de drogas.
Enquanto tentava manter a coerência perante a opinião pública
chegando a dizer que o filho tinha que morrer “se”
fosse culpado [3] o Senado montava uma comissão que terminou por
desvincular o filho do presidente da acusação [4].
O caso
das Filipinas é emblemático para demonstrar o real caráter dos
“direitos humanos para humanos direitos”. Os ricos e poderosos
sempre serão os “humanos direitos” dignos de desfrutar dos
princípios básicos dos direitos humanos. Veja que Duterte levantou
o “se” para o seu filho, benefício da dúvida que é negado aos
filipinos pobres.
Além da
aplicação seletiva dos princípios básicos dos direitos humanos os
ricos e poderosos apelam às mais vis, baixas e descaradas manobras
para conquistar a impunidade para si, como verifica-se no fato da
comissão do Senado ter retirado o filho do presidente da acusação.
Apesar disso não se intimidam e tampouco se ruborizam de seguir
fazendo o discurso dos “direitos humanos para humanos direitos”.
No Brasil
teremos um governo com essa mesma linha. E com a mesma hipocrisia e
seletividade. Quase a metade dos ministros nomeados por Bolsonaro
estão enrolados com a justiça e a punição dos mesmos será mais
difícil agora com cargo já que ganharão imunidade. Entre os
ministros um confessou o crime (Onyx Lorenzoni) mas o pedido de
desculpas foi aceito e outro foi condenado (Ricardo Salles) mas sua
condenação foi considerada “política”. Além disso pesam
suspeitas contra o próprio clã dos Bolsonaros, vide o caso do
assessor de Flávio. E apesar de tudo isso não se constrangem de
seguir caluniando os direitos humanos como mero “defensor de
bandido”.
__________________________________________
[1] 'Meu
pecado são as execuções extrajudiciais', afirma Duterte.
28/09/2018.
[2]
Justiça filipina tem 1ª condenação de policiais pela 'guerra às
drogas'. 29/11/2018.
[3]
Duterte promete mandar matar filho se acusação de tráfico for
verdade. 21/09/2017.
[4] Filho
de Duterte é desvinculado de caso de narcotráfico na Filipinas.
02/05/2018.
.