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“Controlamos o jogo todo. Tivemos chances. Não sei o que acontece. Nos Gre-Nais, a gente chega na cara do gol e não consegue fazer os gols. Tem medo de chutar, medo de ser feliz.”
Rodrigo Dourado
Para além das merecidas cornetas a entrevista de Rodrigo Dourado no final do Grenal na Arena não mereceu a devida seriedade por parte dos analistas esportivos e nem dos integrantes do clube.
Miguel Angel Ramírez colocou-a no contexto lógico da partida: “quem não faz leva”. Mas é muito mais profundo do que isso. A fala de Dourado é a chave para compreender os insucessos do Inter nos últimos anos. E por isso deveria merecer toda a atenção da diretoria.
O grupo atual foi sendo formado ao longo dos 4 anos da recém finalizada gestão de Marcelo Medeiros. Ele assumiu o clube na Série B com discurso de “reconstrução”. Essa linha, que fazia sentido no começo, foi reproduzida até a entrega do cargo para a nova direção. Sim, Medeiros encerra o seu segundo mandato falando em “reconstrução”.
Parece mero detalhe mas não é. A “reconstrução” significava o retorno à Série A e à competitividade da equipe. Uma perspectiva modesta onde os atletas não foram contratados para serem campeões mas para fazer campanha.
O “medo de ser feliz” foi o projeto da gestão Marcelo Medeiros. Por isso o time treme nos jogos grandes e decisivos. Para ficar em um exemplo recente, após a derrota no Beira Rio para o Sport pelo Campeonato Brasileiro o vice de futebol, João Patrício Herrmann, admitiu que o Inter entrou “pilhado” no jogo. O líder, em casa, “pilhado” contra um time que jogava para não cair quando o normal é o contrário.
A perspectiva modesta parece ter se transformado em mentalidade perdedora. O atual grupo de jogadores não comemorou nem turno de Gauchão. E se os atletas assimilaram a mentalidade da derrota vai ser difícil reverter tal situação. Os mais “traumatizados” provavelmente terão que ser dispensados mesmo que possuindo qualidade técnica, afinal, quando a cabeça não ajuda o corpo padece – no caso as pernas tremem.
Esse problema precisa ser enfrentado pela atual diretoria, do contrário não haverá Guardiola e Messi que resolvam. E é urgente, até porque a paciência esgotada da torcida só fará aumentar o “medo de ser feliz” do grupo.
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