sábado, 27 de janeiro de 2018

Ei direitista, venha para Magriland!

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Não há dúvidas: Estado protecionista, intervencionista e balofo é coisa de esquerdista, coisa de socialista, e é por isso que o nazismo e o fascismo foram de esquerda, nos denuncia convictamente o exigente direitista.

Vamos então lhe apresentar um país cujo Estado é bem magrinho, anoréxico, cujo aparato estatal se resume à polícia, ao exército e ao judiciário. Conheça Magriland! [*]

Em Magriland a atuação do Estado se restringe a buscar garantir a proteção à vida, à liberdade e à propriedade privada. Tudo o mais é organizado pelos próprios indivíduos livremente.

Todas as escolas são privadas. O Estado se abstém até mesmo de definir o currículo. Apesar disso, em todas elas discute-se a questão de gênero e as diferenças culturais. A população entende que os indivíduos não são iguais e que por isso as diferenças devem ser compreendidas e valorizadas para que se promova a tolerância resultando assim em uma melhor convivência entre as pessoas.

Em Magriland gays e lésbicas trocam carícias em espaços públicos sem serem incomodados, censurados ou agredidos. Nos cartórios privados eles escolhem entre os diferentes contratos e firmam casamentos e uniões estáveis. Eles também podem adotar crianças.

Todo o sistema de saúde é privado. Nas clínicas particulares e nos hospitais privados são realizadas, abertamente, operações de troca de sexo e abortos até o terceiro mês de gestação.

Nos museus privados são expostas livremente pinturas e esculturas com genitálias, cenas de sexo e heresias religiosas. Artistas pelados se apresentam nesses mesmos museus, assim como em teatros privados e outras casas privadas de espetáculo. A entrada de crianças não é proibida.

Ninguém pode se apresentar nos locais de trabalho e estudo embriagado ou “chapado” pois acredita-se que isso afeta negativamente a concentração e a produtividade. Porém, as drogas são lícitas e encontradas facilmente em supermercados, farmácias, bares e cafés. A cannabis e a coca são cultivadas tanto em grandes fazendas para comercialização quanto nas residências para consumo próprio. Os empresários do setor são altamente respeitados e patrocinam os principais clubes de futebol do país, assim como políticos, partidos e eventos culturais. Abundam, na mídia, propagandas com as diferentes marcas de maconha, cocaína, etc.

A liberação das drogas em Magriland parece contraditório com a missão do Estado de “proteção à vida”. Porém, o entendimento geral é de que o indivíduo é livre para dispor de si mesmo como bem entender e de que o consumo de drogas poderá prejudicar a sua própria saúde e não a de terceiros. Por isso até mesmo a eutanásia é permitida e realizada nas clínicas particulares e hospitais privados.

Assim é Magriland: Estado enxuto que não interfere nas relações privadas de seus indivíduos. Uma experiência elogiável para o direitista denunciante do Estado balofo. Ou será que ele vai preferir uma pesada e ineficiente interferência estatal que proíba a “ideologia” de gênero nas escolas, o casamento gay e a adoção de crianças por eles, que criminalize o aborto e as drogas e que interfira na liberdade artística?


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[*] Magriland, obviamente, é um país fictício. Para não cometer generalizações e ser honesto, é necessário reconhecer que nem toda a direita torcerá o nariz para ele: alguns liberais vão se sentir contemplados.




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