Não há dúvidas: Estado protecionista, intervencionista e balofo é
coisa de esquerdista, coisa de socialista, e é por isso que o
nazismo e o fascismo foram de esquerda, nos denuncia convictamente o
exigente direitista.
Vamos então lhe apresentar um país cujo Estado é bem magrinho,
anoréxico, cujo aparato estatal se resume à polícia, ao exército
e ao judiciário. Conheça Magriland! [*]
Em Magriland a atuação do Estado se restringe a buscar
garantir a proteção à vida, à liberdade e à propriedade privada.
Tudo o mais é organizado pelos próprios indivíduos livremente.
Todas as escolas são privadas. O Estado se abstém até mesmo de
definir o currículo. Apesar disso, em todas elas discute-se a
questão de gênero e as diferenças culturais. A população entende
que os indivíduos não são iguais e que por isso as diferenças
devem ser compreendidas e valorizadas para que se promova a
tolerância resultando assim em uma melhor convivência entre as
pessoas.
Em Magriland gays e lésbicas trocam carícias em espaços
públicos sem serem incomodados, censurados ou agredidos. Nos
cartórios privados eles escolhem entre os diferentes contratos e
firmam casamentos e uniões estáveis. Eles também podem adotar
crianças.
Todo o sistema de saúde é privado. Nas clínicas particulares e nos
hospitais privados são realizadas, abertamente, operações de troca
de sexo e abortos até o terceiro mês de gestação.
Nos museus privados são expostas livremente pinturas e esculturas
com genitálias, cenas de sexo e heresias religiosas. Artistas
pelados se apresentam nesses mesmos museus, assim como em teatros
privados e outras casas privadas de espetáculo. A entrada de
crianças não é proibida.
Ninguém pode se apresentar nos locais de trabalho e estudo
embriagado ou “chapado” pois acredita-se que isso afeta
negativamente a concentração e a produtividade. Porém, as drogas
são lícitas e encontradas facilmente em supermercados, farmácias,
bares e cafés. A cannabis e a coca são cultivadas tanto em grandes
fazendas para comercialização quanto nas residências para consumo
próprio. Os empresários do setor são altamente respeitados e
patrocinam os principais clubes de futebol do país, assim como
políticos, partidos e eventos culturais. Abundam, na mídia,
propagandas com as diferentes marcas de maconha, cocaína, etc.
A liberação das drogas em Magriland parece contraditório
com a missão do Estado de “proteção à vida”. Porém, o
entendimento geral é de que o indivíduo é livre para dispor de si
mesmo como bem entender e de que o consumo de drogas poderá
prejudicar a sua própria saúde e não a de terceiros. Por isso até
mesmo a eutanásia é permitida e realizada nas clínicas
particulares e hospitais privados.
Assim é Magriland: Estado enxuto que não interfere nas
relações privadas de seus indivíduos. Uma experiência elogiável
para o direitista denunciante do Estado balofo. Ou será que ele vai
preferir uma pesada e ineficiente interferência estatal que proíba
a “ideologia” de gênero nas escolas, o casamento gay e a adoção
de crianças por eles, que criminalize o aborto e as drogas e que
interfira na liberdade artística?
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[*] Magriland, obviamente, é um país fictício. Para não cometer
generalizações e ser honesto, é necessário reconhecer que nem
toda a direita torcerá o nariz para ele: alguns liberais vão se
sentir contemplados.
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