domingo, 22 de abril de 2012

O amor dos mercados pelo Brasil

Na última semana passou pelo país o economista estadunidense Paul Krugman. Ele participou de um evento promovido pelo Sebrae em São Paulo, quarta-feira, dia 18.

Embora tenha repetido alguns engodos da propaganda governista, como o da "nova classe média", e tenha manifestado apoio a algumas medidas do governo brasileiro, Krugman não deixou de alertar que o Brasil, hoje, é "amado demais" pelos mercados tal qual o foram países atualmente em crise como a Grécia, a Espanha, Portugal e Irlanda. [1] 

A afirmação do economista deve ter deixado muita gente pensativa. Mas não surpreende os que buscam olhar para além das aparências. Em 2010 escrevi um artigo abordando o fato de Lula ser tão badalado e premiado pelas classes dominantes ao redor do mundo a ponto de ser considerado "o cara". [2] Sustentei, na época, que tamanha celebração externa se devia não a uma suposta eficiência da sua gestão mas ao fato de governar em benefício do capital.

Outro apontamento importante de Krugman foi com relação a valorização do Real. Segundo ele, tal processo se deve ao fluxo de capitais vindos do estrangeiro. E isso ocorre:
"(...) Não é porque as coisas se tornaram muito melhores no Brasil, mas é porque pioraram nos países mais avançados". [3]

Por aí se vê, contrariando o discurso corrente, a fragilidade e a dependência externa da economia brasileira.

Mas Paul Krugman, por ser keynesiano, não percebe que as crises do capitalismo têm sua origem no seu próprio modo de produção. Ele acredita que a especulação e a desregulamentação são os responsáveis pela crise em curso. Assim bastaria tirar da especulação e jogar na produção e no consumo. Por isso celebrou a queda dos juros e defendeu o fortalecimento do mercado interno brasileiro.

Ele, que fez uma importante analogia do Brasil com os países em crise outrora "amados" pelos mercados, vacila em reconhecer as consequências nefastas de se estimular o mercado interno com crédito, fórmula utilizada pelo seu próprio país e pela Europa no período pré-crise.


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[1] 'Amor' pelo Brasil contribui para real valorizado, diz economista (19/04/2012): https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/19/amor-pelo-brasil-contribui-para-real-valorizado-diz-economista/


[2] Porque Lula "é o cara"! (02/01/2010): 
http://blogdomonjn.blogspot.com.br/2010/01/porque-lula-e-o-cara.html

[3] Nobel em Economia aconselha investir no mercado interno (19/04/2012): http://www.sp.sebrae.com.br/PortalSebraeSP/Noticias/SalaDeImprensa/Releases/Multisetorial/Paginas/NobelemEconomiaaconselhainvestirnomercadointerno.aspx
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