segunda-feira, 23 de novembro de 2009

DCE da Ufrgs: a esquerda vai aprender?

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A irresponsável cisão da esquerda nas eleições para o DCE da Ufrgs obteve como resultado a histórica eleição da direita para a gestão do próximo ano. Nunca na História da Universidade uma chapa de direita havia sido eleita. E não venceria caso a esquerda não tivesse se dividido.

A Chapa 3, denominada MEL (Movimento Estudantil Liberdade), que apresentou-se cinicamente com o slogan "Um DCE para os estudantes e não para os militantes", como se eles não fossem militantes e alguns até membros de partidos de direita, venceu com uma diferença de 35 votos (1.559 votos) contra os 1.524 votos da Chapa 1 (MES e Enlace, ambas correntes do PSOL).
Em terceiro lugar ficou a Chapa 2 (CST e AS/PSOL, PSTU, ESEF/independentes) com 1.057 e por último a Chapa 4 (PT, PCdoB) com apenas 337 votos.

A cisão da esquerda

A divisão da esquerda aconteceu na reunião que definiria o programa que a chapa de esquerda apresentaria nas eleições.
As correntes que integraram a Chapa 1 (MES e Enlace), percebendo que suas forças políticas eram minoritárias e sabendo que teriam que ceder espaços às outras forças, colocaram como condição discutir em primeiro lugar a distribuição dos cargos ao invés do programa, o que é um absurdo. Fizeram disso questão de princípio e acabaram se retirando da reunião acabando com qualquer possibilidade de unidade da esquerda.

Assim a CST e AS/PSOL e os estudantes da Educação Física (ESEF), que também integravam a atual gestão, tiveram de montar uma outra Chapa junto com o PSTU.
Apesar da cisão ter sido realizada pelo MES e o Enlace, eles ainda acabaram por se apropriar do número 1 na Chapa como se fossem os únicos situacionistas.

A existência de duas chapas de esquerda, ambas com membros da atual gestão, confundiu os estudantes e facilitou o caminho para a Chapa da direita.

Inconsequência política

A derrota da esquerda acontece em um momento em que o Governo Yeda consegue se articular para jogar a sujeira para debaixo do tapete, busca colocar no banco dos réus os seus investigadores (parecido com o que ocorreu com o delegado Protógenes) e volta à ofensiva contra o serviço público e o entreguismo à iniciativa privada.

Os estudantes da Ufrgs tiveram um papel importante nas lutas contra a corrupção e o sucateamento dos serviços públicos (em especial a educação) promovidos pelo Governo Yeda.
Por isso, se a entrega do DCE para a direita já seria trágica em qualquer momento, nesse então se transforma em inconsequência política.

Espero que o fato sirva de reflexão àqueles que promoveram a cisão da esquerda na Ufrgs, até porque a sua política além de ter entregue o DCE da Ufrgs para a direita, entregou também, recentemente, o DCE da FAPA para o governismo lulista.