sábado, 7 de abril de 2018

Sobre os processos e a prisão de Lula

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Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST/PSOL)


abr 06, 2018 by CST-PSOL 


1 – O STF negou Habeas Corpus ao ex-presidente Lula no dia 04/05. Hoje o juiz Sergio Moro decretou a prisão do ex-presidente Lula e determinou que ele deve se apresentar voluntariamente até o fim da tarde da sexta-feira (6/4) à sede da Polícia Federal em Curitiba. Diferente do que diz o PT, PCdoB e os lulistas de modo geral, não estamos num “estado de exceção”, sob “golpe da direita” ou ofensiva fascista. Lula foi condenado por corrupção, dentro das instituições da democracia burguesa que ele tanto defendeu. Perdeu a votação no STF, cuja composição é formada por uma maioria de ministros indicados pelos governos ditos “democráticos e populares”.

2 – Nos últimos anos, nas palavras do próprio Lula, o PT chegou ao “volume morto”. E isso ocorreu ao governar com os mesmos esquemas corruptos de Sarney, FHC, Collor e PSDB, a serviço dos banqueiros, industriais e do agronegócio. Ao se aliar estrategicamente ao PMDB, PR, PP, a oligarquias como a de Renan Calheiros e a outras siglas da direta conservadora, o PT se atolou no pântano da corrupção. No Congresso Nacional o PT apostou no balcão de negócios dos picaretas, gestando o mensalão para aprovar medidas contra os trabalhadores, a exemplo da reforma da previdência. Por meio da governabilidade fisiológica, favoreceu empreiteiras e ampliou esquemas ilícitos que já existiam desde a ditadura militar e durante os governos Collor e FHC, o que é evidente na Petrobras. Nas eleições embarcou no financiamento empresarial de campanhas eleitorais, a maioria milionárias. Assim, o PT mudou de lado e vários de seus dirigentes enriqueceram por meio da corrupção, o que antes só ocorria com a velha direita (nos anos 90 o PT se afirmava como o partido da “ética na política”). Recentemente vários dirigentes do PT foram julgados e condenados, pois comandaram esquemas corruptos. A falência do PT é tamanha que Lula defendeu Temer, que retribuiu o gesto defendendo Lula, numa mutua proteção contra as denúncias de corrupção que afetam ambos. Lula defendeu ainda Delfim Neto (ex-ministro da ditadura) e Sérgio Cabral (ex-governador do Rio com quem o PT governou). Por isso entendemos como um erro que setores da esquerda, como o PSOL e MTST, com o pretexto de “defender a democracia”, participem de atos de cunho político-eleitoral para a defesa de Lula. Atos que a CST não convoca e nem comparticipa.

3 – Combatemos o caráter seletivo da operação Lava Jato e do juiz Sergio Moro pois Michel Temer segue governando o país. Aécio, Juca e os amigos/comparsas do presidente continuam livres e seus ministros mafiosos impunes. Seletividade que alivia a barra de Maluf, Gerdau, Picciani, Eduardo Azeredo, entre muitos outros. Repudiamos que o STF queira derrubar as prisões em segunda instância somente com a finalidade de liberar os políticos e empresários corruptos, tentando camuflar essa estratégia utilizando nos argumentos a dramática situação dos jovens negros e pobres que estão trancafiados nas masmorras brasileiras. Somos contra que empresas e empresários mafiosos sejam beneficiados com abrandamento de penas e acordos de leniência.

4 – Denunciamos a hipocrisia de Bolsonaro, do MBL, do Vem Pra Rua, do general do exército, de Dória e do Estadão. Estes setores patronais não tem moral para falar em impunidade, já que a raiz da corrupção são os negócios capitalistas que eles defendem. São apoiadores do governo corrupto de Michel Temer, blindam a corrupção do PSDB, defendem máfias como a de Aécio Neves. Repudiamos que os militares falem de “defesa da constituição” e “impunidade”. Durante o golpe de 1964 e o regime militar nenhum dos militares corruptos ou torturadores foram responsabilizados por seus crimes, com a impunidade garantida pela lei da anistia.

5 – Só haverá justiça com a punição de todos os corruptos, políticos e empresários, sejam eles do PMDB, PSDB, DEM, PP ou PT. Isso não ocorrerá com os atuais governantes, parlamentares ou juízes. Só ocorrerá se milhões voltarem às ruas, como em junho de 2013 ou na greve geral de 2017, exigindo prisão e confisco de bens dos políticos e empresários corruptos, a estatização das empresas envolvidas em esquemas mafiosos, se existir mobilização efetiva pelo Fora Temer e todos os corruptos. Uma luta que deve ser combinada com a mobilização por melhores salários, condições de trabalho, educação, saúde, o apoio as greves e campanhas salariais. Precisamos retomar a luta unificada nas ruas por Marielle e Anderson, para exigir investigação profunda, julgamento e condenação dos assassinos. Entendemos que esse deveria ser o papel dos partidos de esquerda, como o PSOL, dos sindicatos e centrais sindicais, do movimento estudantil e popular.


05/04/18

CST/PSOL


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