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Em
2018, a Casa Grande queria um casamento com Geraldo Alckmin, homem
insosso mas cuidadoso com as palavras e os gestos, só que ele não
conseguiu o dote necessário. Sobrou um ex-capitão do exército,
cafajeste rude.
Apesar
de ser "ogro" o ex-capitão tinha um generoso cartão de
crédito disponível: um plano de ajustes neoliberais administrado
por Paulo Guedes. As interesseiras não resistiram - é
"interesseiras" no plural mesmo pois trata-se de um
casamento poligâmico já que a burguesia possui várias frações.
Ocorre
que desde o início o cafajeste destrata boa parte das interesseiras.
As insulta, as agride, as humilha, tudo publicamente. Elas reclamam
das agressões mas no final aceitam por causa do cartão de crédito.
Foi ele a causa do matrimônio.
O
cartão de crédito é tão poderoso que até mesmo as interesseiras
que saíram de casa seguem brilhando os olhos diante dele: o
cafajeste é mal mas o cartão é legal! Isso explica porque algumas
delas entraram com o pedido de divórcio (impeachment) mas não
conseguem, e no fundo nem desejam, dar sequência a ele. Ainda mais
agora na pandemia que o cartão ficou sem limites.
Mas
nem todas as interesseiras são maltratadas. Algumas encontraram no
ex-capitão a sua cara-metade. São rudes e com ele sentem-se
confortáveis e protegidas para desfilar sua escrotidão. São
paparicadas. Estão, sem dúvidas, realizadas.
Há,
porém, um grupo de interesseiras que é paparica pois temida. São
as mais importantes porque são as que decidem a continuidade, ou
não, do matrimônio: as interesseiras da bolsa. Elas que mandam e a
única coisa que lhes importa são os seus próprios ganhos mesmo que
para isso o mundo tenha que explodir. Não por acaso são as que
ganham os maiores mimos do cafajeste.
Nesse
casamento de gente escrota quem sofre os abusos é a classe
trabalhadora. Nisso o cafajeste e todas as interesseiras se entendem.
O velho jardineiro da Casa Grande morreu de covid? Ótimo, menos um
para pagar aposentadoria. Chofer com carteira assinada? Flexibiliza
todos os direitos ou manda ele para o Uber. A empregada quer descanso
para ficar com a família? Folgada! Dá descanso definitivo pra ela e
que vá empreender fazendo quentinha em casa com a família que tanto
ama.
A
classe abusada não tem a quem recorrer na institucionalidade: se
disca 190 leva pé no pescoço, cadeia ou tiro; se entra na justiça
perde e tem que pagar as custas.
Para
sair dessa situação abusiva a classe trabalhadora precisa firmar um
matrimônio consigo mesma. Assim será capaz de acabar com o
casamento do cafajeste com as interesseiras e principalmente: fazer
picadinho do maldito cartão de crédito cuja fatura paga.
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