quarta-feira, 15 de julho de 2020

O cafajeste e as interesseiras

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Em 2018, a Casa Grande queria um casamento com Geraldo Alckmin, homem insosso mas cuidadoso com as palavras e os gestos, só que ele não conseguiu o dote necessário. Sobrou um ex-capitão do exército, cafajeste rude.

Apesar de ser "ogro" o ex-capitão tinha um generoso cartão de crédito disponível: um plano de ajustes neoliberais administrado por Paulo Guedes. As interesseiras não resistiram - é "interesseiras" no plural mesmo pois trata-se de um casamento poligâmico já que a burguesia possui várias frações.

Ocorre que desde o início o cafajeste destrata boa parte das interesseiras. As insulta, as agride, as humilha, tudo publicamente. Elas reclamam das agressões mas no final aceitam por causa do cartão de crédito. Foi ele a causa do matrimônio.

O cartão de crédito é tão poderoso que até mesmo as interesseiras que saíram de casa seguem brilhando os olhos diante dele: o cafajeste é mal mas o cartão é legal! Isso explica porque algumas delas entraram com o pedido de divórcio (impeachment) mas não conseguem, e no fundo nem desejam, dar sequência a ele. Ainda mais agora na pandemia que o cartão ficou sem limites.

Mas nem todas as interesseiras são maltratadas. Algumas encontraram no ex-capitão a sua cara-metade. São rudes e com ele sentem-se confortáveis e protegidas para desfilar sua escrotidão. São paparicadas. Estão, sem dúvidas, realizadas.

Há, porém, um grupo de interesseiras que é paparica pois temida. São as mais importantes porque são as que decidem a continuidade, ou não, do matrimônio: as interesseiras da bolsa. Elas que mandam e a única coisa que lhes importa são os seus próprios ganhos mesmo que para isso o mundo tenha que explodir. Não por acaso são as que ganham os maiores mimos do cafajeste.

Nesse casamento de gente escrota quem sofre os abusos é a classe trabalhadora. Nisso o cafajeste e todas as interesseiras se entendem. O velho jardineiro da Casa Grande morreu de covid? Ótimo, menos um para pagar aposentadoria. Chofer com carteira assinada? Flexibiliza todos os direitos ou manda ele para o Uber. A empregada quer descanso para ficar com a família? Folgada! Dá descanso definitivo pra ela e que vá empreender fazendo quentinha em casa com a família que tanto ama.

A classe abusada não tem a quem recorrer na institucionalidade: se disca 190 leva pé no pescoço, cadeia ou tiro; se entra na justiça perde e tem que pagar as custas.

Para sair dessa situação abusiva a classe trabalhadora precisa firmar um matrimônio consigo mesma. Assim será capaz de acabar com o casamento do cafajeste com as interesseiras e principalmente: fazer picadinho do maldito cartão de crédito cuja fatura paga.






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