O PSDB é
aliado histórico do MDB no Rio Grande do Sul em âmbito de governos
estaduais e foi base de sustentação do governo Sartori. Não por
acaso, o tucano Eduardo Leite seria vice-governador na chapa de
reeleição de Sartori até que o seu partido optou por candidatura
própria. Trata-se do costumaz oportunismo da velha polÃtica se
afastar de aliados desgastados e até trocar algumas farpas durante o
processo eleitoral para retomar a aliança após ele.
Leite se
apresentou na eleição tentando se descolar do programa de Sartori.
Embora não conseguisse esconder completamente o programa neoliberal
centrou seu discurso na necessidade de crescimento econômico, sem
detalhar quais medidas seriam tomadas, o que irritava o próprio
Sartori nos debates do segundo turno, pois sabia que eles tinham o
mesmo programa.
Passada a
eleição PSDB e MDB retomaram a aliança e desde o inÃcio de
mandato Leite dá continuidade ao programa de Sartori tentando
aparentar como única diferença um tom de governo que dialoga. Mas
como diálogo não combina com neoliberalismo a farsa não tardou a
ser desmontada pelo próprio governo que acabou com o plebiscito para
as privatizações: “se nós colocarmos isso à decisão do povo
sem haver uma correta análise das consequências dessas decisões,
poderemos levar a uma decisão inconsequente no final das contas.
Então, se a gente lança para decisão de todos, se coloca sob a
responsabilidade de ninguém esses assuntos” [1], assim
justificou Leite a ausência de diálogo para um tema cuja larga
experiência é mais do que suficiente para um posicionamento da
população (só que não lhe agradaria) e não faz o menor sentido
compará-la com pena de morte e maioridade penal, como o tucano fez
para tentar provocar a esquerda.
Assim,
após o fim do plebiscito ficou mais fácil para o governo aprovar as
privatizações da CEEE, Sulgás e CRM na Assembleia Legislativa, não
sem antes nomear 90 CCs de partidos aliados para garantir o apoio
[2]. E tudo isso com qual argumento? Aderir ao tenebroso Regime de
Recuperação Fiscal (RRF), principal bandeira de reeleição de
Sartori!
Na área
da educação o tucano tem um Secretário que assumiu a pasta
defendendo continuar o fechamento de turmas, turnos e escolas;
ausência de reajustes para professores; a revisão do plano de
carreira do magistério; revisão do transporte rural [3]; além do
governo querer retomar projetos privatistas que haviam sido
derrotados no governo anterior como a gestão de escolas por empresas
privadas e a precarização ainda maior dos contratos de professores.
As
perversas demissões de professores contratados em plena licença
saúde [4] e o desvio de R$ 92 milhões de recursos de obras em
escolas para aplicar em rodovias (incluÃndo algumas que serão
privatizadas) [5] mostram não apenas que o neoliberalismo de Leite é
incompatÃvel com diálogo mas que o discurso de ajustar para sobrar
recursos para investir nas áreas essenciais não passa de enganação
para justificar o entreguismo.
“O
governo anterior tinha uma boa linha, eu não discordava dele, tanto
que dei suporte e apoio, e nem nós agora no governo temos a
compreensão de sermos ruptura em relação ao que governo anterior
propunha” (idem 1), foi a resposta de Leite ao Portal Sul21 que
questionou a semelhança das medidas do seu governo com as de
Sartori.
Eduardo
Leite é o Sartori que mergulhou na fonte da juventude!
_____________________________________________________
[1]
Eduardo Leite: População analisar temas complexos pode levar Ã
decisão inconsequente. Sul21, 15/04/2019.
[2] Leite
nomeia quase 90 CCs em três dias às vésperas de votação decisiva
na Assembleia. Rosane de Oliveira, ZH, 02/07/2019.
[3] "A
prioridade é a otimização e a racionalização de custos",
diz Faisal Karam, secretário estadual da Educação. ZH, 07/01/2019.
[4] Norma
que autoriza demissão de professores temporários em atestado médico
surpreende docentes no RS. ZH, 04/06/2019.
[5] Verba
que iria para escolas estaduais será aplicada em quatro rodovias
gaúchas. ZH, 03/05/2019.
.