quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

No Paraná uma lição inspiradora de luta contra o ajuste

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Seguindo à risca o modos operandi dos governos a serviço das classes dominantes no país, que ampliam os já polpudos privilégios no andar de cima e promovem cortes nos parcos direitos e recursos do andar de baixo, o governador tucano Beto Richa tentou impor, sem discussão e às pressas, um pacote de maldades que precarizava ainda mais a educação e os serviços públicos no Paraná após aumentar o seu próprio salário e o dos deputados.

O que provavelmente ele não contava era com a capacidade de organização, mobilização e unidade entre professores do ensino básico e universitários, servidores da saúde, agentes penitenciários e estudantes que responderam rapidamente ao “Pacotaço” indigesto, venceram a repressão policial e promoveram uma ocupação de três dias da Assembleia Legislativa, evitando a sua votação e obrigando o governo a retirá-lo da pauta.





O “Pacotaço” de Beto Richa previa a privatização de parte da previdência pública e até o desvio dos seus recursos para outros fins, pondo em risco a aposentadoria dos servidores. Desejava ainda acabar com o quinquênio, com as progressões da carreira e com o auxílio transporte nas férias e em períodos de afastamento.

Com 100% de adesão da categoria, professores e funcionários de escola foram os primeiros a se levantar contra aos ataques do governo tucano, tendo iniciado a sua greve no último dia 9.

Beto Richa vem promovendo um desmonte brutal da educação pública: cancelamento das eleições de direções de escola, impedimento de matrículas de alunos, 29 mil professores contratados sem receber e demitidos, afastamento de 10 mil funcionários de escola, não pagamento do 1/3 de férias, não pagamento de promoções e progressões de professores e funcionários de escola durante todo o ano de 2014, atraso dos pagamentos de convênios com escolas e demais entidades educacionais, atraso nos repasses de verbas de manutenção das escolas, enturmação e redução de pedagogos nas escolas. [1]

Pelos motivos elencados é que a greve dos profissionais da educação continua apesar da derrota parcial do pacote de maldades e seguem acampados nas imediações do parlamento local. [2]






A luta dos professores, servidores e estudantes paranaenses é uma lição inspiradora para toda a classe trabalhadora brasileira pois demonstra que com organização, mobilização e unidade é possível enfrentar os planos de ajustes dos governos e das classes dominantes.

Esses lutadores devem ser cobertos de todo o apoio e solidariedade, assim como os aproximadamente quinze honrados policiais que se recusaram a reprimí-los e foram presos por insubordinação. [3]

Por outro lado é preciso seguir vigilante e atento pois o governo tucano, comprometido com o atual modelo sócioeconômico, não deverá desistir de atacar os direitos e recursos do andar de baixo para manter e aprofundar os interesses e privilégios do andar de cima.


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[1] GREVE GERAL! BARRAR O DESMONTE DA ESCOLA PÚBLICA NO PARANÁ. 05/02/2015.

Carta ao povo do Paraná. 14/02/2015.

[2] Nossa greve continua. Saiba os motivos. 13/02/2015.

Nosso carnaval é na luta! Concentração é no Centro Cívico. 13/02/2015.

[3] Vitória: após pressão dos servidores públicos do Paraná, governo retira da pauta votação de pacotaço de maldades. 12/02/2015.

Em 2012 Beto Richa defendeu que os policiais militares não deveriam ter curso superior pois isso ia torná-los “insubordinados”:

“Outra questão é de insubordinação também, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior” (Richa não quer PMs com estudo porque eles “se insubordinariam”. Gazeta do Povo, 26/04/2012. Disponível em < http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/caixa-zero/richa-nao-quer-pms-com-estudo-porque-eles-se-insubordinariam/ >



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