domingo, 7 de abril de 2013

Governo Dilma monta operação para espionar trabalhadores


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Na última semana foi publicado no Estado de São Paulo [1] que o Governo Dilma montou uma operação, denominada “Gerenciamento de Risco”, coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da própria Presidência da República e executada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com o objetivo de espionar a movimentação sindical dos trabalhadores do Porto de Suape, em Pernambuco, que lutam contra a MP 595/12 [2], que prevê a privatização dos portos brasileiros.

O GSI não só não desmentiu como ainda justificou a espionagem, afirmando que “acompanha, diuturnamente, em torno de 700 cenários institucionais, inclusas as estruturas estratégicas do País, para prestar assessoria, no momento oportuno, às autoridades governamentais sobre assuntos de interesse nacional.” [3]

Como fica claro a espionagem não se restringe ao Porto de Suape. O próprio governo não esconde que busca se precaver contra uma greve geral, já que a referida MP abarca todo o território nacional. Assim, o partido que nasceu de greves de trabalhadores, hoje as espiona para melhor reprimí-las, e ainda tenta justificar tamanho autoritarismo utilizando o “interesse nacional”, que não protege, e as “áreas estratégicas”, que entrega de mão beijada ao grande capital – estrangeiro inclusive.

Recentemente foi descoberto que os trabalhadores de Belo Monte e o Movimento Xingu Vivo eram espionados pelo consórcio controlado pelo governo federal, que atuava em conjunto com a Abin. [4]

Não se sabe desde quando os governos petistas utilizam os órgãos de inteligência para espionar a organização e mobilização dos trabalhadores. Mas se sabe, desde há um bom tempo, que entre os métodos de repressão constam a utilização das Forças Nacionais, torturas, prisões e até desaparecimentos de grevistas, tidos por dirigentes petistas como Gilberto Carvalho, como “vândalos” e “baderneiros”. [5]


Por que aumenta cada vez mais a repressão?

Como pode um partido que se forjou na ditadura militar com as greves de trabalhadores e que lutou contra as privatizações dos anos 90, utilizar os mesmos métodos ditatoriais dos quais foi vítima para perseguir os movimentos sociais e sindicais para proteger privatizações?

No final do ano passado, abordando a postura de setores da esquerda brasileira diante do petismo, mencionei a mudança social dos dirigentes do PT e como isso impactava na sua política institucional e social:

“Mais do que colaboração de classes

Conforme os "companheiros" foram galgando postos na hierarquia foram não apenas se descolando das bases e se aproximando das classes dominantes como desenvolvendo interesses próprios de outro setor social.

Convertidos em consultores, empresários, gestores de fundos de pensão, etc, passaram a ganhar com a especulação, com a dívida pública e até com as privatizações - onde são sócios das grandes corporações. Isso ajuda a entender porque a direção da CUT tem apoiado contra-reformas na previdência, flexibilização dos direitos trabalhistas e privatizações.

Esses setores já estão do outro lado da trincheira e como tais têm feito - e farão - de tudo para manter e ampliar seus privilégios. Não é por acaso que os governos petistas reprimam as greves de trabalhadores e que os chamem de "vândalos" como fizeram em Jirau. Não é por acaso que tenham aderido e ressuscitado todo o palavreado da ordem que já estava desgastado como a proclamação da eficiência privada, a demonização dos servidores e do serviço público, o mito do déficit da previdência, entre outros.

A mudança material de muitos dos principais quadros do PT e as inevitáveis medidas tomadas para defender suas novas posições sociais, via seus governos, os tornam inimigos de classe e como tais devem ser encarados e combatidos!” [6]

Como nos movimentos sociais e sindicais a atuação dos dirigentes ligados ao governo vem perdendo eficácia, a via da repressão aberta ganha cada vez mais espaço. Em julho do ano passado a Presidente Dilma aprovou o sistema “PROTEGER” que visa cuidar as “áreas estratégicas”, que o governo entrega de bandeja, das lutas dos trabalhadores e de outros movimentos sociais.

O “PROTEGER” abarca mais de 13.300 locais entre hidrelétricas, termelétricas, refinarias, estradas, telecomunicações, portos, aeroportos e o que mais for considerado “estratégico”. O sistema prevê a utilização do Exército contra as lutas do povo. [7]

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[1] Abin monitora movimento sindical no Porto de Suape (04/04/2013):

[2] MEDIDA PROVISÓRIA Nº 595, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012.

[3] Gerenciar crises é obrigação, afirma gabinete (04/04/2013):

[4] Belo Monte: Movimento Xingu Vivo sofre espionagem (25/02/2013):

[5] Como no regime militar: PAC tem mortos, torturados, desaparecidos e presos políticos

[6] Por uma luta consequente! (02/12/2012):

[7] Para o capital, mais benesses; para o povo, o Exército (12/08/2012):

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