Não
costumo escrever análises futebolísticas, embora acompanhe o
esporte mais popular dos brasileiros, mas dada a derrota do
Internacional na final da Copa do Brasil e algumas justificativas que
vem sendo repetidas pela diretoria do clube e até por parte da
torcida creio ser necessário fazer os seguintes lembretes:
1. Em
2016 o Inter não caiu por quebra financeira, mas por pura
incompetência administrativa, tanto que teve folha salarial de Série
A na Série B.
2. Tendo
em vista a sua grandeza, a diferença salarial, o plantel e a
estrutura superior em relação aos outros clubes era obrigação
retornar a Série A com folga e na primeira colocação, o que não
ocorreu pelo motivo que abordarei a seguir.
3. O
Inter não tem tradição de revelar treinadores! Sei que esse tipo
de afirmação soa determinista e possui até ares de superstição,
e eu mesmo tenho ressalvas a ela, mas não se pode brigar com os
fatos. Nos últimos cinco anos emergentes e iniciantes desfilaram
pela casamata. O último treinador consagrado que passou pelo clube
foi Abel Braga, em 2014. É muito tempo abusando de experiência em
um cargo de vital importância. Não se fica impune diante de tamanha
inconsequência. Não é por acaso que o clube foi vice na Série B
mesmo com folha de Série A e que nem mesmo o Gauchão tem conseguido
ganhar nos últimos anos.
4. O
Inter tem como tradição mudar a sorte de treinadores rodados (como
Abel, que chegou com fama de “pé frio” em 2006) ou ressuscitar
alguns queimados (como Tite em 2008). É mais fácil o clube
ressuscitar um Vanderlei Luxemburgo do que consagrar um Odair
Hellmann.
5. Odair
não tirou o Inter da Série B. Assumiu nas últimas três rodadas
quando Guto Ferreira já havia chegado no seu limite e perdido a
primeira colocação. E mesmo que tivesse “tirado o Inter da Série
B” não há nenhuma façanha nisso, afinal tirar um time grande da
Série B é obrigação.
6. Odair
não tirou leite de pedra. O elenco, salve algumas carências, não é
ruim e tem condições de render mais e disputar títulos. Pelo
contrário, é o elenco que vem tirando leite da casamata, no caso,
tirando leite de “Maionese”.
7.
Ninguém deve agradecimentos a Odair por vaga em Libertadores ou
campanhas de quase. Time grande não vive de campanhas, nem de vagas,
mas de títulos. Não é por acaso que o Flamengo vem sendo zuado nos
últimos anos por ficar no “cheirinho”.
8. Assim
como Argel, Lisca, Zago, Guto Ferreira, etc, Odair Hellmann também
não serve para o Internacional. O time é um amontoado em campo, uma
correria insana, sem esquema, sem jogada ensaiada, sem padrão de
jogo. Ele escala errado e desagrega completamente o time com as
substituições, além de faltar coragem nos jogos fora de casa.
9. Que
mesmo sem ganhar nada Odair tenha se tornado o cara com mais tempo na
casamata do Inter desde Rubens Minelli (bicampeão brasileiro nos
anos de 1970) mostra a falta de ambição daqueles que dirigem o
clube atualmente em uma nova zona de conforto amparada nos fracassos
dos últimos anos, uma zona de conforto que considera vagas e
campanhas de quase suficientes.
10. A
torcida precisa reagir, e não aderir, a essa zona de conforto de
mediocridade que tomou conta do Beira Rio sob pena de quebrarmos o
recorde de jejum de títulos do coirmão ou ocorrer até coisa pior,
como nos igualarmos a eles nos fiascos históricos (leia-se: um novo
rebaixamento).
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