Por Helena Chagas -
agosto 3, 2017, 15:09
Ainda está mal contada a
história da oposição na votação que enterrou a denúncia contra
Michel Temer no plenário da Câmara. A derrota está explicada pela
razão mais básica de todas: os oposicionistas não tinham mesmo os
342 votos para afastar o presidente. Mas, para muita gente, o PT e
seus aliados entregaram o jogo fácil e cedo demais.
Ontem, ao final da
sessão, o deputado Silvio Costa (PTdoB-Pe), ex-líder de Dilma
Rousseff, apontava o placar de 263 votos governistas para acusar seus
colegas de oposição. Segundo ele, o PT precipitou-se ao dar quórum
de 342 para a votação, o que o Planalto não teria conseguido
sozinho. Para uma parte dos oposicionistas, que incluía o Psol e a
Rede, a melhor estratégia, para quem ia perder, era adiar a votação
e o desgaste do governo.
Também não ficou bem
explicado por que o PT, a CUT e os movimentos sociais a eles ligados
não moveram uma palha para encher as ruas de manifestantes. Mesmo
abatidos, eles ainda têm poder de fogo para fazer mais barulho do
que se ouviu nesta quarta-feira Brasil afora.
Por que, então? – é a
pergunta que não quer calar. O argumento de que, para a candidatura
Lula ou de outro petista em 2018, é bom manter o desgastado e
impopular Temer no ar faz algum sentido. Mas não explica tudo.
Afinal, derrubar Temer, que derrubou Dilma e é apontado como
golpista pelo PT, seria também um jeito de dar a volta por cima.
O que se comenta nos
bastidores, hoje, é que a explicação de tudo estaria numa
subterrânea e impronunciável aliança entre Lula e Temer. Não em
torno de reformas nem de eleições, mas da sobrevivência.
Como? Em torno da
aprovação de projetos para atenuar os efeitos da Lava Jato sobre
seus acusados. No caso dos dois, por exemplo, aprovando um
dispositivo estendendo o foro privilegiado do STF aos ex-presidentes.
É bem provável que essa
história seja melhor contada nas próximas semanas.
Helena Chagas é
Jornalista, formada na Universidade de Brasília em 1982. De lá para
cá, trabalhou como repórter, colunista, comentarista, coordenadora,
chefe de redação ou diretora de sucursal em diversos veículos,
como O Globo, Estado de S.Paulo, SBT e TV Brasil (EBC). Foi ministra
chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República de
janeiro de 2011 a janeiro de 2014.
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