Raphael Tsavkko Garcia
- Quinta-feira, 1 de setembro de 2016
O PT jogou bem. Livraram
Cunha e ainda contam com apoio da esquerda, até de racha do PSTU.
Vão cozinhar até 2018 pra volta do Messias. O PT agora tem sua
mártir. Permanece no jogo, segue jogando sujo, mas tem uma legião
agora pra empunhar bandeira.
Será que é suficiente
pra dar uma volta em 2013? Cooptar todos ou pelo menos parte
considerável daqueles que apanharam em Junho enquanto estes mesmos
petistas apontavam e riam?
Meu maior medo é esse,
que o PT consiga agora não apagar, mas manobrar Junho a seu favor
através da conquista da massa que saiu às ruas naquela época.
Oras, se até Sininho e outros que foram presos políticos em 2013–14
passaram pro lado do partido nessa história de impeachment/golpe….
A narrativa sendo vendida
e, pior, sendo comprada, é a da Dilma que defende a democracia. É
cuspir na história e nas vítimas do governo dela. É cuspir em
2013. Isso é loucura ou desonestidade, ou desonestidade tornada
loucura.
A quantidade de pessoas
que até 2 dias atrás eram críticos ácidos de Dilma e do PT e que
hoje só faltam sair às ruas com bandeira da Dilma e colocar avatar
da “Coração valente” é assustadora. Parece que deu tilt geral
no cérebro das pessoas. Fora as cobranças, quem se exclui da
narrativa é tratado como inimigo. Isso sem falar nos que se
esconderam em 2013 (ou ativamente criminalizaram as lutas) e que
agora saem para protestar como se nada tivesse acontecido, lado a
lado com que foi vitimado pela mesma PM que antes apoiavam.
O discurso de muitos é
de que a democracia chegou ao fim em 31 de agosto de 2016, e que
antes tudo estava lindo. A repressão começou ontem, antes era
diferente. Os eventos de Junho de 2013 passam a ser normalizados,
tratados como uma vírgula. A violência cotidiana e a total falta de
democracia nas favelas (com direito a exército enviado pela “coração
valente”) é mero detalhe. Foi a partir do impeachment que a
democracia acabou.
Eu não tenho nada contra
quem quer achar que foi golpe, mesmo que eu discorde da leitura, mas
daí a defender Dilma em si? Defender seu “legado” como se este
tivesse alguma coisa positiva além de terra arrasada? O que está
acontecendo?
Extraído de:
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