domingo, 13 de setembro de 2015

RS: burocracia sindical desmonta greve em momento decisivo

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Apesar da manutenção do parcelamento dos salários e há poucos dias da Assembleia Legislativa apreciar uma série de projetos do governo Sartori (PMDB) que atacam os serviços públicos, os servidores estaduais e o conjunto da população, a burocracia sindical encerrou, na última sexta-feira (11/08), a greve das 44 categorias de servidores que já durava duas semanas – e que só levou esse tempo por pressão da base, em especial dos trabalhadores em educação.

A reunião do chamado “Movimento Unificado dos Servidores Estaduais” que decidiu pelo fim da greve contou apenas com as burocracias sindicais, como atesta a foto abaixo, extraída do site da Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do RS (Fessergs) [1]:




Para mascarar a desmobilização convocaram paralisações para as próximas duas terças-feiras (15 e 22), dias de possíveis votações no parlamento gaúcho, e mais alguns dias de paralisações em mesmo número de parcelas de salários anunciadas pelo governo, caso sigam ocorrendo. Assim se Sartori anunciar pagar em duas parcelas, serão dois dias de paralisações, se for três parcelas, três dias de paralisações, e assim sucessivamente. Simplesmente ridículo!

O ponto alto, da baixeza das direções burocráticas, se deu na assembleia do sindicato dos trabalhadores em educação (CPERS), na sexta-feira (11). Nela, a direção petista do sindicato - que já havia declarado na imprensa a disposição de acabar com a greve dias antes da assembleia – roubou o resultado da votação no ponto da continuidade ou não da greve, se recusou a fazer a contagem dos votos e diante da revolta da oposição e da base encerrou a assembleia declarando as suas demais propostas aprovadas.

Ao desmontar a greve dos servidores a burocracia sindical deu o sinal verde que o governo Sartori necessitava para implementar o seu duro ajuste. A declaração na imprensa do Secretário da Educação, Vieira da Cunha, falando do final da greve dos trabalhadores em educação e da recuperação dos dias parados antes do resultado da assembleia da categoria e a reunião do governador com deputados do PT para tratar do ajuste reforçam a desconfiança de jogada ensaiada entre o governo estadual e dirigentes sindicais burocráticos. [2]


O ajuste de Dilma passa pelo ajuste dos governadores

Muitos têm se perguntado como é possível que dirigentes sindicais ligados ao PT atuem de forma pelega diante de um governo do PMDB (concorrente histórico dos petistas no Estado) e mais ainda: de um governo muito similar ao de Antônio Britto. Para compreender essa aparente anomalia é preciso verificar quais são os compromissos políticos que norteiam esses dirigentes.

Como petistas eles estão comprometidos com o governo Dilma. A estabilidade, pelo menos do ponto de vista do andar de cima, da gestão da presidente passa por sua capacidade em implementar o ajuste fiscal. E o sucesso dessa empreitada passa pelo sucesso do ajuste fiscal aplicado pelos governadores nos Estados, uma vez que boa parte dos recursos que cortam da população em nível local são drenados para o pagamento da dívida pública com a União que, por sua vez, os repassa para os banqueiros e especuladores.

No dia 30 de julho a presidente Dilma reuniu-se com os 26 governadores para pactuar o ajuste fiscal, no que ficou acordado uma “ajuda mútua” entre as partes. A sintonia dessa ajuda evidencia a similaridade daqueles que no plano eleitoral e de discursos tentam se apresentar como distintos. Governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo não vacilou em declarar-se favorável ao que firmaram os governadores presentes: “apoio ao Estado democrático de direito, à estabilidade política e econômica e o apoio ao ajuste fiscal”. [3]

Não é casual a falta de empenho do governador Sartori e de sua base de deputados, seja no Rio Grande do Sul, seja em Brasília, quando a União tranca as contas do Estado pelo atraso do pagamento da dívida estadual. Se durante o governo Britto Sartori apoiou o acordo da dívida que permite trancar as contas dos estados, nem Lula e nem Dilma reviram esse acordo que prejudica as populações locais para garantir os lucros dos banqueiros e especuladores.

Mas como garantir o cenário acordado no andar de cima se o ajuste fiscal ataca o nível de vida da população aumentando os conflitos sociais? É aí que entram os dirigentes sociais e sindicais burocráticos e comprometidos com o governo Dilma: a sua tarefa é amortecer, estancar e derrotar as revoltas populares e das bases das categorias de trabalhadores em greve.

No Paraná a rejeição popular ao governo do tucano Beto Richa ganhou as ruas, estádio, teatro, praça de alimentação de shopping, evento esportivo juvenil, ou seja, se alastrou de tal modo que se dirigida corretamente teria ocasionado a queda do governador odiado. Mas a burocracia sindical comprometida com o “Fica Dilma” e o seu ajuste fiscal não poderia ir até as últimas consequências, e não o foi.

É óbvio que se seus compromissos políticos não o permitem ir até o fim contra um concorrente direto do PT em nível nacional tampouco irão contra um aliado nacional, cuja harmonia foi selada no Congresso do próprio PT. Logo, Sartori não será devidamente enfrentado por essas direções.

Será a manutenção do levante da base organizada e mobilizada que romperá o dique de contenção das lutas construído por essas direções que atuam como agentes dos governos nos movimentos sociais e sindicais. Foi por pressão da base que tivemos dias de greves no Estado. Foi a insatisfação da base que desfiliou o CPERS da CUT em plena gestão de uma direção cutista.

Aquecem as chamas de junho de 2013, no terreno sindical, e estas começam a fazer arder os pés pelegos das burocracias sindicais. Assustadas e olhando para os seus compromissos políticos estranhos aos interesses das categorias de trabalhadores que deveriam representar, as burocracias tentam apagar essas chamas de qualquer jeito e já começam a se queimar gravemente. A direção do CPERS, com a sua atuação vil na última assembleia, que o diga.

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[1] Movimento Unificado permanece em "Estado de Greve". 10/09/2015.

[2] Sartori chama deputados do PT para discutir projetos enviados à Assembleia. 11/09/2015.

[3] Após reunião com Dilma, governadores prometem combater ameaças ao ajuste. 30/07/2015.


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