domingo, 24 de maio de 2015

Dilma defende Levy e ajuste fiscal

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Diante do aprofundamento do desgaste do Governo Dilma devido ao ajuste fiscal não faltam aqueles que, dentro e fora do PT, tentam blindar a presidente com a linha de separar os ministros burgueses do seu governo burguês.

Essa semana coube à própria Dilma desmontar essa linha ao defender a permanência do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cuja cabeça pediam alguns petistas, como o senador Lindberg Farias:


Este é um país democrático, as pessoas podem pensar diferente. Dentro de todos os partidos, você vê pessoas pensando diferente. Eu não tenho a mesma posição do senador em relação ao Joaquim Levy. O Joaquim Levy é da minha confiança, fica no governo”


E para não deixar dúvidas de que o governo é burguês de conjunto e que seus ministros burgueses atuam em consonância com a sua administração, a presidente defendeu o ajuste fiscal:


Se você falar o seguinte, 'presidenta, o que que você quer? Eu quero a aprovação (das medidas), eu espero a aprovação... Porque para o Brasil virar esta página é fundamental que nós façamos um ajuste”


As medidas de ajuste fiscal têm sido defendidas apaixonadamente como panacéia desde o final das eleições de 2014, ganharam até o curioso slogan “Ajustar para Avançar” na propaganda do governo federal e têm sido defendidas publicamente por Dilma em inúmeras ocasiões, como no Foro Empresarial das Américas, ocorrido na VII Cúpula das Américas, no Panamá, em abril:

Nós estamos, no Brasil, fazendo um grande esforço de ajuste fiscal. Adotamos medidas anticíclicas nesses últimos anos para evitar que houvesse uma queda muito forte tanto emprego como na renda. Nós esgotamos a nossa capacidade dessas medidas e agora temos de fazer tudo o que for possível para continuar crescendo”


Não restam dúvidas de que para derrotar o ajuste fiscal é preciso enfrentar o governo Dilma de conjunto e não apenas os ministros nomeados e avalizados pela própria presidente.


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DILMA RESPONDE LINDBERG: LEVY FICA. 21/05/2015.

Dilma diz que contingenciamento não vai parar o governo. 21/05/2015.

Dilma defende ajuste fiscal do governo durante cúpula internacional. 10/04/2015.


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domingo, 17 de maio de 2015

Beto Richa tentou deter a “Primavera” e antecipou-a

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Considerado por seu companheiro de partido, Aécio Neves, “o mais bem preparado homem público” [1], o tucano Beto Richa se reelegeu gabando-se de ter colocado em dia as contas públicas do Paraná e anunciando que o “melhor ainda está por vir”. [2]

Porém, poucas semanas após a eleição, o governador paranaense, alegando o contrário, inicia um plano de ajuste fiscal [3] que adentra o ano de 2015. Em fevereiro, com os professores na linha de frente, os servidores públicos travam uma luta que se tornaria referência para os trabalhadores de todo o país, conseguem evitar a votação do pacote de ajustes e obtêm alguns benefícios. [4]

Mas, como todo o governo que se encontra comprometido com o modo de produção capitalista e, tendo em vista a crise econômica que se aprofunda, Beto Richa não podia abandonar seus planos de ajustes - única forma de tentar manter o processo de acumulação e reprodução do capital em crise - e retoma o projeto de ataque à previdência pública dos servidores estaduais.

Para aprovar o seu projeto um obstáculo teria de ser vencido: a luta dos servidores com os professores à frente. Assim, um terço das forças policiais do Estado foram deslocadas para o Centro Cívico para promover uma repressão que teria de ser exemplar, já que a luta de fevereiro se tornou referência nacional. A repressão teve início ainda na madrugada com tentativas de intimidação dos professores e servidores que já se encontravam acampados nas imediações da Assembleia Legislativa.






As cenas da ofensiva da polícia contra os professores, dos mais de duzentos feridos, dos colaboradores próximos do governo comemorando a repressão e as tentativas de justificação por parte do próprio Beto Richa, percorreram o país e até o mundo, gerando comoção, indignação e uma onda de solidariedade.






O “Fora Beto Richa” se espalhou, a crise política do governo se aprofundou, na linha do “entregar os anéis para não perder os dedos” o próprio presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, emitiu uma nota sugerindo a saída dos Secretários da Educação e da Segurança [5], o que acabou ocorrendo na sequência, tendo saído também o Comandante da Polícia. [6]








Beto Richa acreditou que matando as flores conteria a primavera. Terminou por antecipá-la. O “mais bem preparado homem público” emudeceu Aécio Neves e prejudicou os planos do senador mineiro e do PSDB de capitalizar o crescente desgaste do PT.

Por sua vez, a luta dos professores e servidores paranaenses, embora duramente reprimida, não foi desmoralizada. Segue sendo referência nacional, inspirando a classe trabalhadora e intimidando governadores e prefeitos que adiam momentaneamente seus planos de ajustes.

A onda de solidariedade à luta dos professores e servidores do Paraná desmente uma certa “onda conservadora” que estaria se espalhando pela sociedade brasileira alardeada pelo petismo e até por alguns setores da esquerda. Fosse este o caso teríamos a opinião pública aplaudindo a repressão e não rechaçando-a e pedindo a saída do governador Beto Richa.

Enquanto difunde a tese da “onda conservadora” o petismo vai atuando da mesma maneira que os demotucanos. Em Goiânia, na mesma semana em que ocorreu a repressão no Paraná, os professores foram agredidos pela Guarda Municipal do Prefeito Paulo Garcia (PT), que ainda sugeriu que o ato dos professores foi vandalismo. [7]


Professores em greve são agredidos por guardas municipais em Goiânia




Não se pode confundir polarização social com onda conservadora. As forças políticas e sociais no país estão em disputa e é por isso que a direita mostra-se abertamente - fenômeno típico de situações de crises.

A tese da “onda conservadora” além de não se encaixar na realidade concreta pois ignora as contradições sociais ainda serve para dissimular a polarização social entre capital e trabalho fortalecendo o petismo e suas medidas em benefício do capital, além de ocultar suas ações repressivas como a citada agressão aos professores de Goiânia, praticamente esquecida.

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[1] Aécio Neves faz o elogio de Beto Richa, “o mais bem preparado homem público”. 05/05/2015:

[2] BETO RICHA REFORÇA PROMESSAS APOS VENCER NO PARANÁ. 06/10/2014:

O melhor ainda está por vir” ou “Ensinamentos de um Estelionato Eleitoral Tucano”, por Beto Richa. 21/02/2015.

[3] Em 9 de dezembro de 2014 o Governo de Beto Richa aprova um pacotaço na Assembleia Legislativa com as seguintes medidas:

“Taxação de 11% aos/às aposentados/as com salários acima de R$ 4.390,00; aumento de impostos de 12% á 25% para 18% ou 25% a alíquota do ICMS sobre até 95 mil itens de consumo popular, em 40% a alíquota do IPVA e em um ponto porcentual a do ICMS do álcool e da gasolina; fim da autonomia financeira da Defensoria Pública e modificação da escolha do defensor-geral, de voto direto dos defensores para lista tríplice; autorização ao governo de se endividar ainda mais com o fechamento de um empréstimo de U$ 300 milhões ao BID; desregulamentação para o estabelecimento de Parceria Público Privadas (PPP), entre outros projetos tratorados aprovados no dia de ontem em Comissão Geral, um excrecência regimental da Alep.” ((DES)Governo Beto Richa e o Natal de Maldades. Nota da Direção Estadual da APP-Sindicato, 10/12/2014. < http://www.appsindicato.org.br/Include/Paginas/noticia.aspx?id=10864 > )

[4] No Paraná uma lição inspiradora de luta contra o ajuste. 19/02/2015.

[5] Presidente do PSDB do Paraná quer queda de secretários de Segurança e Educação. 03/05/2015.

[6] Secretário de Educação do Paraná pede demissão do cargo, diz governo. 06/05/2015.

Em meio a crise, comandante da PM do Paraná pede demissão. 07/05/2015.

Secretário de Segurança Pública do Paraná pede demissão. 08/05/2015.

[7] Professores em greve são agredidos por guardas municipais em Goiânia. 23/04/2015.


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