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Da New Scientist - 22/10/2011
Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
Barclays plc
Capital Group Companies Inc
FMR Corporation
AXA
State Street Corporation
JP Morgan Chase & Co
Legal & General Group plc
Vanguard Group Inc
UBS AG
Merrill Lynch & Co Inc
Wellington Management Co LLP
Deutsche Bank AG
Franklin Resources Inc
Credit Suisse Group
Walton Enterprises LLC
Bank of New York Mellon Corp
Natixis
Goldman Sachs Group Inc
T Rowe Price Group Inc
Legg Mason Inc
Morgan Stanley
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
Northern Trust Corporation
Société Générale
Bank of America Corporation
Lloyds TSB Group plc
Invesco plc
Allianz SE 29. TIAA
Old Mutual Public Limited Company
Aviva plc
Schroders plc
Dodge & Cox
Lehman Brothers Holdings Inc*
Sun Life Financial Inc
Standard Life plc
CNCE
Nomura Holdings Inc
The Depository Trust Company
Massachusetts Mutual Life Insurance
ING Groep NV
Brandes Investment Partners LP
Unicredito Italiano SPA
Deposit Insurance Corporation of Japan
Vereniging Aegon
BNP Paribas
Affiliated Managers Group Inc
Resona Holdings Inc
Capital Group International Inc
China Petrochemical Group Company
Bibliografia:
The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728
Extraído de:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022
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domingo, 30 de outubro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
A farra da privatização dos aeroportos
Aeroportos rentáveis e muito dinheiro público serão entregues para o lucro privado pelo Governo Dilma que agora chama os opositores da privatização de "ideológicos".
Durante o segundo turno da campanha eleitoral a então candidata Dilma Rousseff acusava, corretamente, o seu concorrente, José Serra, de ter intenções privatizantes. Tal estratégia, igualmente utilizava por Lula em 2006, dissimulava o caráter privatista do próprio governo do PT, que a frente da gestão federal privatizou desde o primeiro mandato. [1]
A estratégia funcionou, Dilma se elegeu, mas nem bem havia esquentado a faixa presidencial em seus ombros, e no terceiro dia após a posse ela anunciou a privatização dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, no que foi rapidamente apoiada pelo governador tucano Geraldo Alckmin. [2]
Mas não é só o ato em si de privatizar que o PT tem em comum com o PSDB. A forma e os métodos também são os mesmos. E com a privatização dos aeroportos não será diferente.
Após sucatear os aeroportos [idem 2], o governo petista, assim como fazia Fernando Henrique, vai entregar não apenas as estatais rentáveis mas também muito dinheiro público para o lucro privado. Uma farra vergonhosa que é confirmada, sem nenhum constrangimento, pelos próprios membros do governo, como o Ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Esta semana Coutinho declarou, após participar de um seminário promovido pela prefeitura de São Bernardo do Campo, que o "BNDES está pronto para financiar aeroportos" em percentuais que oscilarão, em média, entre 50% e 70% do investimento, como já é realizado nas privatizações da infra-estutura. Mas, informa o presidente do banco, os percentuais ainda não estão definidos:
"Não tem um número para dar porque isso dependerá de caso a caso nas negociações, porque às vezes uns grupos preferem se alavancar menos e outros, mais, dependendo das suas estratégias. Portanto não podemos fixar um porcentual". [3]
Em casos "excepcionais" o BNDES financia até 90% dos investimentos. É uma ajuda e tanto.
Vale lembrar que um dos argumentos utilizados pelo governo para a privatização é a carência de recursos. [4] Curiosamente, esses abundam quando passam às mãos dos empresários. Wagner Bittencourt, que foi diretor de infra-estrutura do BNDES antes do ocupar o atual cargo de Ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), disse o seguinte, essa semana, sobre os aportes do BNDES:
"Não precisa de aporte específico para essas operações. Os valores não são muita coisa para o banco". [5]
O que antes era "muita coisa" passa a ser "pouca coisa". O descaramento do governo fica evidente quando analisamos a realidade concreta. Segundo a consultoria McKinsey, financiada pelo próprio BNDES, a Infraero tem investido, em média, R$ 600 milhões por ano nos aeroportos brasileiros. [idem 2] Somente o aeroporto de São Gonçalo Amarante, no Rio Grande do Norte, que foi privatizado, deverá receber investimentos na ordem de R$ 650 milhões. 70% poderá vir do BNDES. Além do mais a "União concluirá as pistas de pouso e decolagem, o pátio das aeronaves e as torres de controle". [6]
Os consórcios tenderão a ter que investir pelo menos 30%. Porém, a Infraero fará parte dos mesmos com 49% de participação. Isso aumenta ainda mais o investimento público para o lucro privado. O Ministro Bittencourt detalha o processo:
"Funciona assim: de cada R$ 100 investidos, R$ 70 virão do BNDES e de outras fontes de financiamento e R$ 30 dos sócios. Dos R$ 30, R$ 14,7 virão da Infraero, muito menos que os R$ 100 gastos hoje, mas ela vai ter metade do retorno do negócio, quase 50% dos dividendos" (...) "É o melhor negócio do mundo." [idem 5]
Em última instância: os sócios privados desembolsarão R$ 15,3 em cada R$ 100 para ficar com a maior parte do lucro e controlar os aeroportos, que são, como admitiu o próprio ministro "rentáveis". [idem 6] Realmente "é o melhor negócio do mundo"... para os empresários!
A Infraero, que o Ministro tenta apresentar como a grande beneficiada do entreguismo, atuará na verdade como ponta de lança dos interesses privados, afinal, após ajudar os parceiros privados a investir, será privatizada como o próprio Bittencourt admitiu:
"Estamos reestruturando e modernizando a Infraero para ela ter capacidade de fazer isso no futuro [abertura de capital]." [idem 5]
Opositores da privatização reduzidos a "ideológicos"
Não bastasse a farra privatista entreguista vergonhosa que evidencia a incoerência do discurso de campanha da então candidata Dilma, agora o governismo, entregue à "realidade" neoliberal, chama os opositores da privatização de "ideológicos".
"Bittencourt, que deu entrevista ao programa "3 a 1", da TV Brasil, (...), disse que a motivação da greve dos funcionários da Infraero é ideológica. "Não faz o menor sentido", criticou. [idem 5]
Lembramos aos neo-neoliberais da estrelinha vermelha, que o "realismo neoliberal" não tem nada de natural e biológico. Ele também é "ideólogico". E quem confirma isso é um grande intelectual do liberalismo, o economista austríaco, Ludwig von Mises:
"O liberalismo não é religião, nem uma visão de mundo, nem um partido de interesses especiais. Não é religião, porque não exige fé nem devoção, porque não há nada místico nele e porque não professa dogmas. Não é visão de mundo, porque não tenta explicar o cosmo e porque não diz coisa alguma, e não procura dizer coisa alguma sobre o significado e o propósito da existência humana. Não é partido de interesses especial, porque não fornece, nem busca fornecer qualquer vantagem especial a quem quer que seja, indivíduo ou grupo. É algo totalmente diferente! É uma ideologia, uma doutrina da relação mútua entre os membros da sociedade e, ao mesmo tempo, aplicação desta doutrina à conduta dos homens numa sociedade real." [7]
_________________________________
[1] Lula: ruptura ou continuidade de FHC? (27/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/lula-ruptura-ou-continuidade-de-fhc.html
[2] Dilma anuncia privatização de aeroportos e da Infraero (03/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/01/dilma-anuncia-privatizacao-de.html
[3] Coutinho: BNDES está pronto para financiar aeroportos (20/10/2011):
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2011/10/20/coutinho-bndes-esta-pronto-para-financiar-aeroportos-19571.php
[4] Lula & FHC: até as justificativas para privatizar são iguais! (07/01/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/lula-fhc-ate-as-justificativas-para.html
[5] BNDES vai financiar investimentos em aeroportos licitados - Valor Econômico (20/10/2011):
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/20/bndes-financiara-aeroportos-concedidos
[6] BNDES deve financiar 70% dos R$ 650 mi a serem investidos no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (22/08/2011):
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/08/22/bndes-deve-financiar-70-dos-r-650-mi-a-serem-invstidos-no-aeroporto-de-sao-goncalo-do-amarante
[idem 6] "Esses aeroportos são distintos, este [São Gonçalo do Amarante] é novo e os outros já tem participação da Infraero. Todos têm potencial de crescimento e são rentáveis", disse Bittencourt.
[7] O liberalismo é uma ideologia (26/07/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/07/o-liberalismo-e-uma-ideologia.html
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"É o melhor negócio do mundo"
Wagner Bittencourt, Ministro da Secretaria de Aviação Civil
Wagner Bittencourt, Ministro da Secretaria de Aviação Civil
Durante o segundo turno da campanha eleitoral a então candidata Dilma Rousseff acusava, corretamente, o seu concorrente, José Serra, de ter intenções privatizantes. Tal estratégia, igualmente utilizava por Lula em 2006, dissimulava o caráter privatista do próprio governo do PT, que a frente da gestão federal privatizou desde o primeiro mandato. [1]
A estratégia funcionou, Dilma se elegeu, mas nem bem havia esquentado a faixa presidencial em seus ombros, e no terceiro dia após a posse ela anunciou a privatização dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, no que foi rapidamente apoiada pelo governador tucano Geraldo Alckmin. [2]
Mas não é só o ato em si de privatizar que o PT tem em comum com o PSDB. A forma e os métodos também são os mesmos. E com a privatização dos aeroportos não será diferente.
Após sucatear os aeroportos [idem 2], o governo petista, assim como fazia Fernando Henrique, vai entregar não apenas as estatais rentáveis mas também muito dinheiro público para o lucro privado. Uma farra vergonhosa que é confirmada, sem nenhum constrangimento, pelos próprios membros do governo, como o Ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Esta semana Coutinho declarou, após participar de um seminário promovido pela prefeitura de São Bernardo do Campo, que o "BNDES está pronto para financiar aeroportos" em percentuais que oscilarão, em média, entre 50% e 70% do investimento, como já é realizado nas privatizações da infra-estutura. Mas, informa o presidente do banco, os percentuais ainda não estão definidos:
"Não tem um número para dar porque isso dependerá de caso a caso nas negociações, porque às vezes uns grupos preferem se alavancar menos e outros, mais, dependendo das suas estratégias. Portanto não podemos fixar um porcentual". [3]
Em casos "excepcionais" o BNDES financia até 90% dos investimentos. É uma ajuda e tanto.
Vale lembrar que um dos argumentos utilizados pelo governo para a privatização é a carência de recursos. [4] Curiosamente, esses abundam quando passam às mãos dos empresários. Wagner Bittencourt, que foi diretor de infra-estrutura do BNDES antes do ocupar o atual cargo de Ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), disse o seguinte, essa semana, sobre os aportes do BNDES:
"Não precisa de aporte específico para essas operações. Os valores não são muita coisa para o banco". [5]
O que antes era "muita coisa" passa a ser "pouca coisa". O descaramento do governo fica evidente quando analisamos a realidade concreta. Segundo a consultoria McKinsey, financiada pelo próprio BNDES, a Infraero tem investido, em média, R$ 600 milhões por ano nos aeroportos brasileiros. [idem 2] Somente o aeroporto de São Gonçalo Amarante, no Rio Grande do Norte, que foi privatizado, deverá receber investimentos na ordem de R$ 650 milhões. 70% poderá vir do BNDES. Além do mais a "União concluirá as pistas de pouso e decolagem, o pátio das aeronaves e as torres de controle". [6]
Os consórcios tenderão a ter que investir pelo menos 30%. Porém, a Infraero fará parte dos mesmos com 49% de participação. Isso aumenta ainda mais o investimento público para o lucro privado. O Ministro Bittencourt detalha o processo:
"Funciona assim: de cada R$ 100 investidos, R$ 70 virão do BNDES e de outras fontes de financiamento e R$ 30 dos sócios. Dos R$ 30, R$ 14,7 virão da Infraero, muito menos que os R$ 100 gastos hoje, mas ela vai ter metade do retorno do negócio, quase 50% dos dividendos" (...) "É o melhor negócio do mundo." [idem 5]
Em última instância: os sócios privados desembolsarão R$ 15,3 em cada R$ 100 para ficar com a maior parte do lucro e controlar os aeroportos, que são, como admitiu o próprio ministro "rentáveis". [idem 6] Realmente "é o melhor negócio do mundo"... para os empresários!
A Infraero, que o Ministro tenta apresentar como a grande beneficiada do entreguismo, atuará na verdade como ponta de lança dos interesses privados, afinal, após ajudar os parceiros privados a investir, será privatizada como o próprio Bittencourt admitiu:
"Estamos reestruturando e modernizando a Infraero para ela ter capacidade de fazer isso no futuro [abertura de capital]." [idem 5]
Opositores da privatização reduzidos a "ideológicos"
Não bastasse a farra privatista entreguista vergonhosa que evidencia a incoerência do discurso de campanha da então candidata Dilma, agora o governismo, entregue à "realidade" neoliberal, chama os opositores da privatização de "ideológicos".
"Bittencourt, que deu entrevista ao programa "3 a 1", da TV Brasil, (...), disse que a motivação da greve dos funcionários da Infraero é ideológica. "Não faz o menor sentido", criticou. [idem 5]
Lembramos aos neo-neoliberais da estrelinha vermelha, que o "realismo neoliberal" não tem nada de natural e biológico. Ele também é "ideólogico". E quem confirma isso é um grande intelectual do liberalismo, o economista austríaco, Ludwig von Mises:
"O liberalismo não é religião, nem uma visão de mundo, nem um partido de interesses especiais. Não é religião, porque não exige fé nem devoção, porque não há nada místico nele e porque não professa dogmas. Não é visão de mundo, porque não tenta explicar o cosmo e porque não diz coisa alguma, e não procura dizer coisa alguma sobre o significado e o propósito da existência humana. Não é partido de interesses especial, porque não fornece, nem busca fornecer qualquer vantagem especial a quem quer que seja, indivíduo ou grupo. É algo totalmente diferente! É uma ideologia, uma doutrina da relação mútua entre os membros da sociedade e, ao mesmo tempo, aplicação desta doutrina à conduta dos homens numa sociedade real." [7]
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[1] Lula: ruptura ou continuidade de FHC? (27/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/lula-ruptura-ou-continuidade-de-fhc.html
[2] Dilma anuncia privatização de aeroportos e da Infraero (03/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/01/dilma-anuncia-privatizacao-de.html
[3] Coutinho: BNDES está pronto para financiar aeroportos (20/10/2011):
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2011/10/20/coutinho-bndes-esta-pronto-para-financiar-aeroportos-19571.php
[4] Lula & FHC: até as justificativas para privatizar são iguais! (07/01/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/lula-fhc-ate-as-justificativas-para.html
[5] BNDES vai financiar investimentos em aeroportos licitados - Valor Econômico (20/10/2011):
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/20/bndes-financiara-aeroportos-concedidos
[6] BNDES deve financiar 70% dos R$ 650 mi a serem investidos no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (22/08/2011):
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/08/22/bndes-deve-financiar-70-dos-r-650-mi-a-serem-invstidos-no-aeroporto-de-sao-goncalo-do-amarante
[idem 6] "Esses aeroportos são distintos, este [São Gonçalo do Amarante] é novo e os outros já tem participação da Infraero. Todos têm potencial de crescimento e são rentáveis", disse Bittencourt.
[7] O liberalismo é uma ideologia (26/07/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/07/o-liberalismo-e-uma-ideologia.html
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sábado, 22 de outubro de 2011
Democracia e mobilização social
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No discurso dominante paira a ideia segundo a qual as mobilizações sociais são uma característica natural do regime democrático. No site da embaixada estadunidense, por exemplo, encontramos o seguinte:
"Os protestos servem para testar qualquer democracia — assim o direito a reunião pacífica é essencial e desempenha um papel fundamental na facilitação do uso da liberdade de expressão. Uma sociedade civil permite o debate vigoroso entre os que estão em profundo desacordo." [1]
Esse mesmo discurso sustenta que em tal regime o povo exerce o poder através de representantes que governam em seu favor.
A imagem abaixo mostra uma multidão em frente ao parlamento grego. Era um protesto contra as medidas extremamente impopulares (demissões de trabalhadores, cortes de salários e aposentadorias, etc) que os "representantes do povo" estavam na iminência de aprovar.
Apresentada como "inevitável" para receber os recursos para o "resgate" da Grécia, as medidas, que acabaram sendo aprovadas sem debate, resgatam na verdade os bancos privados alemães e franceses.
Sabe-se que o caso grego não é um fato isolado. Pelo mundo todo os governos autoproclamados "representantes do povo" têm aprovado e implementado medidas que prejudicam esse próprio povo e que beneficiam uma minoria ínfima da sociedade. Portanto, longe de representar um "sintoma" da democracia, as mobilizações sociais evidenciam exatamente o contrário: a sua ausência.
Diante de tais protestos, que muitas vezes se radicalizam, o discurso dominante afirma o seguinte:
"A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, e não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. A maioria das democracias também proíbe a expressão que incita ao ódio racial ou étnico." [idem 1]
Esse trecho foi igualmente retirado do site da embaixada estadunidense. Por lá, como atesta o vídeo abaixo, mesmo os protestos pacíficos têm sido duramente reprimidos.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=gCia4TvG9l0 [2]
Conforme mostram as imagens, as mobilizações não representavam, do ponto de vista da ação dos indivíduos, qualquer "ameaça" que justificasse a sua brutal repressão. Daí a justa indignação do jornalista Lawrence O’Donnell, nascido em Boston.
Já do ponto de vista intelectual e social as reivindicações levantadas pelos jovens estadunidenses, que questionam o sistema político e financeiro, podem se tornar extremamente "ameaçadoras" para os interesses das classes dominantes que controlam os "representantes do povo".
Michael Bloomberg, por exemplo, grande empresário e prefeito de Nova York, foi o principal mandante da repressão aos jovens. Ele já avisou que deve-se endurecer ainda mais: "Vamos começar a fazer com que cumpram as leis". (Bloomberg anuncia que será mais rígido com movimento "Occupy Wall Street", BOL, 21/10/2011) [3]
E que leis seriam essas? Para o prefeito "os nova-iorquinos precisam pedir permissão às autoridades para se manifestarem publicamente e realizar assembléias". Quanto contraste com o que diz a embaixada do seu país para os estrangeiros:
"A proteção da liberdade de expressão é um direito chamado negativo, exigindo simplesmente que o governo se abstenha de limitar a expressão, contrariamente à ação direta necessária para os chamados direitos afirmativos. Na sua maioria, as autoridades em uma democracia não se envolvem no conteúdo do discurso escrito ou falado na sociedade." [idem 1]
As "democracia consolidadas" são formadas por governos cujos eleitos só representam o povo no discurso e no papel. Na prática, como estamos vendo, representam as classes dominantes. E quando surgem as "naturais" mobilizações sociais que questionam essa estrutura, estas se sentem ameaçadas e não vacilam em imprimir uma pesada repressão.
______________________________________
[1] Princípios da Democracia: Liberdade de Expressão
http://www.embaixadaamericana.org.br/democracia/speech.htm
[2] Cenas de protesto em uma grande democracia (13/10/2011):
http://mariomarcos.wordpress.com/2011/10/13/cenas-de-uma-grande-democracia/
[3] Bloomberg anuncia que será mais rígido com movimento "Occupy Wall Street" (21/10/2011):
http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2011/10/21/bloomberg-anuncia-que-sera-mais-rigido-com-movimento-occupy-wall-street.jhtm
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No discurso dominante paira a ideia segundo a qual as mobilizações sociais são uma característica natural do regime democrático. No site da embaixada estadunidense, por exemplo, encontramos o seguinte:
"Os protestos servem para testar qualquer democracia — assim o direito a reunião pacífica é essencial e desempenha um papel fundamental na facilitação do uso da liberdade de expressão. Uma sociedade civil permite o debate vigoroso entre os que estão em profundo desacordo." [1]
Esse mesmo discurso sustenta que em tal regime o povo exerce o poder através de representantes que governam em seu favor.
A imagem abaixo mostra uma multidão em frente ao parlamento grego. Era um protesto contra as medidas extremamente impopulares (demissões de trabalhadores, cortes de salários e aposentadorias, etc) que os "representantes do povo" estavam na iminência de aprovar.
Apresentada como "inevitável" para receber os recursos para o "resgate" da Grécia, as medidas, que acabaram sendo aprovadas sem debate, resgatam na verdade os bancos privados alemães e franceses.
Sabe-se que o caso grego não é um fato isolado. Pelo mundo todo os governos autoproclamados "representantes do povo" têm aprovado e implementado medidas que prejudicam esse próprio povo e que beneficiam uma minoria ínfima da sociedade. Portanto, longe de representar um "sintoma" da democracia, as mobilizações sociais evidenciam exatamente o contrário: a sua ausência.
Diante de tais protestos, que muitas vezes se radicalizam, o discurso dominante afirma o seguinte:
"A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, e não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. A maioria das democracias também proíbe a expressão que incita ao ódio racial ou étnico." [idem 1]
Esse trecho foi igualmente retirado do site da embaixada estadunidense. Por lá, como atesta o vídeo abaixo, mesmo os protestos pacíficos têm sido duramente reprimidos.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=gCia4TvG9l0 [2]
Conforme mostram as imagens, as mobilizações não representavam, do ponto de vista da ação dos indivíduos, qualquer "ameaça" que justificasse a sua brutal repressão. Daí a justa indignação do jornalista Lawrence O’Donnell, nascido em Boston.
Já do ponto de vista intelectual e social as reivindicações levantadas pelos jovens estadunidenses, que questionam o sistema político e financeiro, podem se tornar extremamente "ameaçadoras" para os interesses das classes dominantes que controlam os "representantes do povo".
Michael Bloomberg, por exemplo, grande empresário e prefeito de Nova York, foi o principal mandante da repressão aos jovens. Ele já avisou que deve-se endurecer ainda mais: "Vamos começar a fazer com que cumpram as leis". (Bloomberg anuncia que será mais rígido com movimento "Occupy Wall Street", BOL, 21/10/2011) [3]
E que leis seriam essas? Para o prefeito "os nova-iorquinos precisam pedir permissão às autoridades para se manifestarem publicamente e realizar assembléias". Quanto contraste com o que diz a embaixada do seu país para os estrangeiros:
"A proteção da liberdade de expressão é um direito chamado negativo, exigindo simplesmente que o governo se abstenha de limitar a expressão, contrariamente à ação direta necessária para os chamados direitos afirmativos. Na sua maioria, as autoridades em uma democracia não se envolvem no conteúdo do discurso escrito ou falado na sociedade." [idem 1]
As "democracia consolidadas" são formadas por governos cujos eleitos só representam o povo no discurso e no papel. Na prática, como estamos vendo, representam as classes dominantes. E quando surgem as "naturais" mobilizações sociais que questionam essa estrutura, estas se sentem ameaçadas e não vacilam em imprimir uma pesada repressão.
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[1] Princípios da Democracia: Liberdade de Expressão
http://www.embaixadaamericana.org.br/democracia/speech.htm
[2] Cenas de protesto em uma grande democracia (13/10/2011):
http://mariomarcos.wordpress.com/2011/10/13/cenas-de-uma-grande-democracia/
[3] Bloomberg anuncia que será mais rígido com movimento "Occupy Wall Street" (21/10/2011):
http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2011/10/21/bloomberg-anuncia-que-sera-mais-rigido-com-movimento-occupy-wall-street.jhtm
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Wall Street como inimigo público nº 1
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Em círculos veteranos de esquerda há conversas acerca da necessidade de "educar" politicamente aqueles teimosamente sem liderança, principalmente brancos jovens, que desde 17 de Setembro fizeram do Parque Zuccotti, distrito financeiro em Manhattan, o centro da esquerda estado-unidense.
Embora haja uma grande porção de tolos estilo hippie na composição de Zuccotti – a espécie de activismo que parece mais aroma do que substância – o núcleo é constituído claramente por pessoas sérias e determinadas a acabar com o domínio do "Um Por Cento". A fórmula 99% versus 1% é bastante poderosa, dirigindo a ira do povo contra a classe que conduz seus negócios opressivos na Wall Street: os capitalistas financeiros.
A equipe do Occupy Wall Street (OWS) identificou a besta no seu covil – o que é um grande feito nos Estados Unidos, país que é o mais politicamente atrasado e confuso no mundo industrial devido ao racismo endémico desde o seu nascimento – o que sempre prejudicou o crescimento de uma esquerda forte.
Os que acampam no Zuccotti Park estão anos-luz à frente dos falsos radicais e "progressistas" que, aterrorizados pelo Tea Party e os bufões republicanos candidatos à presidência, em breve retornarão ao aprisco obamista na sua eterna busca do mal menor.
Uma vez que tantas das "velhas cabeças" da esquerda há apenas uns poucos anos atrás colocaram-se ao serviço do candidato presidencial da Wall Street – um talentoso e atraente homem negro que se tornaria de longe o mal mais efectivo ao facilitar o desmantelamento do New Deal – pode ser melhor que mantenham as suas classes de educação política para si próprios.
Ao identificar o capital financeiro como o inimigo comum, os supostamente "apolíticos" ocupantes do parque estão sob certos aspectos mais avançados do que um bocado de sujeitos que se auto-denominam socialistas científicos mas não chegaram a enfrentar plenamente o que isso significa quando o capital financeiro alcança hegemonia política absoluta – uma realidade que é central para determinar como o imperialismo estado-unidense finalmente entrará em colapso.
COMO PIRANHAS
É uma classe [a do capital financeiro] que nada produz; que existe unicamente através do ludíbrio, da coerção de mercados e da destruição de tudo o que não possa ser monetizado; que activamente suprime e faz guerra contra o potencial produtivo humano, à escala mundial; e que se voltou agora, como piranhas, contra as estruturas de estado que ela própria ajudou a construir na Europa e na América do Norte.
O domínio político do capital financeiro é o jogo final. Nas etapas iniciais da Grande Depressão, o barão da banca Andrew Mellow pressionou o presidente Herbert Hoover a "liquidar o trabalho, liquidar as acções, liquidar os agricultores, liquidar o imobiliário" a fim de resolver a crise. Mellon não conseguiu que os seus desejos fossem atendidos porque a classe capitalista financeira ainda não exercia poder hegemónico na sociedade estado-unidense. Ela agora o exerce.
Com todos os outros sectores capitalistas totalmente subservientes à Wall Street – incluindo os meios de comunicação de massa – eles estão a financiarizar o Estado, procurando converter muitos dos seus componentes (Segurança Social, cuidados de saúde, educação pública e muito mais) em centros de lucro e descartando grande parte do resto. Isto é necessário, porque o capital financeiro já não pode preservar-se de qualquer outro modo.
No sector capitalista nada é deixado de pé para lhe resistir. Por essa razão, não há Hoover, muito menos um Roosevelt, para articular uma visão capitalista alternativa, um novo pacto, uma "reforma" acomodatícia. O capital financeiro precipita-se em frente, criando condições nas quais a sua própria destruição iminente pode ser apenas temporariamente impedida pela predação frenética da economia real e do próprio Estado.
Os democratas de Obama e os seus sósias republicanos, cativos da hegemonia, facilitam a pilhagem.
Viver na era da hegemonia capitalista financeira é diferente do tempo em que Vladimir Lenine disse "os capitalistas lhe venderão a corda para os enforcarem". Wall Street diariamente inventa e brinca com fogo com a sua própria forma de dinheiro: derivativos que são nocionalmente valorizados em US$600 milhões de milhões (trillion) a US$1000 milhões de milhões (ninguém realmente sabe), muitas vezes o Produto Planetário Bruto da Terra.
O poder hegemónico das finanças está desconectado da economia real, mas parasita-o. Ele não está no negócio de vender ou fabricar cordas, ou qualquer outra coisa. Ele transforma o mundo em capital, para alimentar o capital, para a transformação do capital. Ele já não pode coexistir com a vida humana.
Portanto, a virtuosa demonização da Wall Street, a sede simbólica e literal da classe que é a ameaça primária à existência humana, é um belo lugar para começar um movimento de massa. A relação 99% – 1% é uma vantagem encorajadora e um reflexo preciso da realidade.
"WALL STREET IS WAR STREET"
A ocupação da Freedom Plaza em Washington, DC, que começou em 6 de Outubro, deveria exibir o governo nacional como o super-poder serviçal do capital financeiro interno e internacional – e Barack Obama como o Serviçal-em-Chefe. O comício da United National Anti-War Coalition (UNAC) em 15 de Outubro no acampamento OWS que assinala o décimo aniversário da guerra estado-unidense ao Afeganistão proclama que "Wall Street is War Street".
E a conferência nacional de 5 de Novembro da Black Is Back Coalition for Social Justice, Peace, and Reparations, em Filadélfia, nos recordará que a guerra europeia contra o resto do mundo começada há mais de cinco séculos atrás ainda está a ser travada em benefício de uma classe predatória cujo endereço primário está exactamente junto ao Zuccotti Park.
Extraído de:
http://resistir.info/eua/w_street_05out11.html
.
Glen Ford
Em círculos veteranos de esquerda há conversas acerca da necessidade de "educar" politicamente aqueles teimosamente sem liderança, principalmente brancos jovens, que desde 17 de Setembro fizeram do Parque Zuccotti, distrito financeiro em Manhattan, o centro da esquerda estado-unidense.
Embora haja uma grande porção de tolos estilo hippie na composição de Zuccotti – a espécie de activismo que parece mais aroma do que substância – o núcleo é constituído claramente por pessoas sérias e determinadas a acabar com o domínio do "Um Por Cento". A fórmula 99% versus 1% é bastante poderosa, dirigindo a ira do povo contra a classe que conduz seus negócios opressivos na Wall Street: os capitalistas financeiros.
A equipe do Occupy Wall Street (OWS) identificou a besta no seu covil – o que é um grande feito nos Estados Unidos, país que é o mais politicamente atrasado e confuso no mundo industrial devido ao racismo endémico desde o seu nascimento – o que sempre prejudicou o crescimento de uma esquerda forte.
Os que acampam no Zuccotti Park estão anos-luz à frente dos falsos radicais e "progressistas" que, aterrorizados pelo Tea Party e os bufões republicanos candidatos à presidência, em breve retornarão ao aprisco obamista na sua eterna busca do mal menor.
Uma vez que tantas das "velhas cabeças" da esquerda há apenas uns poucos anos atrás colocaram-se ao serviço do candidato presidencial da Wall Street – um talentoso e atraente homem negro que se tornaria de longe o mal mais efectivo ao facilitar o desmantelamento do New Deal – pode ser melhor que mantenham as suas classes de educação política para si próprios.
Ao identificar o capital financeiro como o inimigo comum, os supostamente "apolíticos" ocupantes do parque estão sob certos aspectos mais avançados do que um bocado de sujeitos que se auto-denominam socialistas científicos mas não chegaram a enfrentar plenamente o que isso significa quando o capital financeiro alcança hegemonia política absoluta – uma realidade que é central para determinar como o imperialismo estado-unidense finalmente entrará em colapso.
COMO PIRANHAS
É uma classe [a do capital financeiro] que nada produz; que existe unicamente através do ludíbrio, da coerção de mercados e da destruição de tudo o que não possa ser monetizado; que activamente suprime e faz guerra contra o potencial produtivo humano, à escala mundial; e que se voltou agora, como piranhas, contra as estruturas de estado que ela própria ajudou a construir na Europa e na América do Norte.
O domínio político do capital financeiro é o jogo final. Nas etapas iniciais da Grande Depressão, o barão da banca Andrew Mellow pressionou o presidente Herbert Hoover a "liquidar o trabalho, liquidar as acções, liquidar os agricultores, liquidar o imobiliário" a fim de resolver a crise. Mellon não conseguiu que os seus desejos fossem atendidos porque a classe capitalista financeira ainda não exercia poder hegemónico na sociedade estado-unidense. Ela agora o exerce.
Com todos os outros sectores capitalistas totalmente subservientes à Wall Street – incluindo os meios de comunicação de massa – eles estão a financiarizar o Estado, procurando converter muitos dos seus componentes (Segurança Social, cuidados de saúde, educação pública e muito mais) em centros de lucro e descartando grande parte do resto. Isto é necessário, porque o capital financeiro já não pode preservar-se de qualquer outro modo.
No sector capitalista nada é deixado de pé para lhe resistir. Por essa razão, não há Hoover, muito menos um Roosevelt, para articular uma visão capitalista alternativa, um novo pacto, uma "reforma" acomodatícia. O capital financeiro precipita-se em frente, criando condições nas quais a sua própria destruição iminente pode ser apenas temporariamente impedida pela predação frenética da economia real e do próprio Estado.
Os democratas de Obama e os seus sósias republicanos, cativos da hegemonia, facilitam a pilhagem.
Viver na era da hegemonia capitalista financeira é diferente do tempo em que Vladimir Lenine disse "os capitalistas lhe venderão a corda para os enforcarem". Wall Street diariamente inventa e brinca com fogo com a sua própria forma de dinheiro: derivativos que são nocionalmente valorizados em US$600 milhões de milhões (trillion) a US$1000 milhões de milhões (ninguém realmente sabe), muitas vezes o Produto Planetário Bruto da Terra.
O poder hegemónico das finanças está desconectado da economia real, mas parasita-o. Ele não está no negócio de vender ou fabricar cordas, ou qualquer outra coisa. Ele transforma o mundo em capital, para alimentar o capital, para a transformação do capital. Ele já não pode coexistir com a vida humana.
Portanto, a virtuosa demonização da Wall Street, a sede simbólica e literal da classe que é a ameaça primária à existência humana, é um belo lugar para começar um movimento de massa. A relação 99% – 1% é uma vantagem encorajadora e um reflexo preciso da realidade.
"WALL STREET IS WAR STREET"
A ocupação da Freedom Plaza em Washington, DC, que começou em 6 de Outubro, deveria exibir o governo nacional como o super-poder serviçal do capital financeiro interno e internacional – e Barack Obama como o Serviçal-em-Chefe. O comício da United National Anti-War Coalition (UNAC) em 15 de Outubro no acampamento OWS que assinala o décimo aniversário da guerra estado-unidense ao Afeganistão proclama que "Wall Street is War Street".
E a conferência nacional de 5 de Novembro da Black Is Back Coalition for Social Justice, Peace, and Reparations, em Filadélfia, nos recordará que a guerra europeia contra o resto do mundo começada há mais de cinco séculos atrás ainda está a ser travada em benefício de uma classe predatória cujo endereço primário está exactamente junto ao Zuccotti Park.
Extraído de:
http://resistir.info/eua/w_street_05out11.html
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domingo, 16 de outubro de 2011
Por outra Política e Economia
Nas Praças luta-se por um outro mundo
Em fevereiro deste ano escrevi, sobre as mobilizações no Norte da África:
"Além do mais o rastro de pólvora pode se estender até o Ocidente. A luta do povo do Oriente Médio, se vitoriosa, pode servir de inspiração aos trabalhadores ocidentais que têm resistido às medidas de ajuste dos seus governos em meio à crise financeira." [1]
A ocupação de praças públicas é um movimento de protesto que teve origem no Egito e na Tunísia. E conforme o tempo nos mostrou foi um "rastro de pólvora" que se espalhou pelo mundo. O "Democracia Real Já", que ocupou praças da Espanha por várias semanas, é uma influência direta das Praças de Tahir e Tunis. O próprio movimento "Ocupe Wall Street" também sofreu influência das mesmas.
Nesses acampamentos está a luta por uma outra política, por uma democracia de verdade onde o povo de fato tenha vez e voz e de fato decida os rumos; e por uma outra economia onde as pessoas - e não os lucros - sejam a prioridade.
Se no Norte da África os manifestantes lutavam, e ainda lutam, contra governos autoritários, no Ocidente a democracia representativa se mostra um regime em benefício de minorias, ou como dizem os cartazes do "Ocupe Wall Street": dos 1%.
A democracia representativa ocidental, apresentada e celebrada como a democracia por excelência, não vacila em reprimir autoritariamente os descontentes como podemos constatar nas ruas do Velho Mundo. Nos próprios Estados Unidos, tido por muitos como a "maior democracia do mundo", país que se arroga o direito de "exportar democracia", centenas de pessoas estão tendo a sua liberdade de expressão detida e a sua privacidade invadida pelo governo. [2]
Os espanhóis do "Democracia Real Já" foram os primeiros a bradar ao mundo que a democracia representativa ocidental não era uma democracia de verdade. Em meio ao processo eleitoral a juventude tomou as praças do país, rejeitou as eleições municipais e apontou a mobilização social como o único caminho para se buscar uma democracia autêntica já que os "seus" representantes representam na verdade os 1%. [3] Muitos ao redor do mundo já compartilhavam do mesmo sentimento dos espanhóis mas se limitavam a se ausentar do processo eleitoral.
A História da construção da democracia moderna ampara o descontentamento daqueles que duvidam do caráter da sua representação. Pensada pelos ascendentes capitalistas para se inserir politicamente e legitimar o seu modelo de sociedade a democracia moderna não desejava a participação das massas. Estas, por sua vez, só conquistaram direitos políticos com muita luta e mesmo assim a sua inclusão se deu de forma controlada para evitar transformações sociais profundas. Tratei de forma mais detalhada desse processo no artigo "O desgaste da democracia representativa moderna". [4]
A crise financeira tirou o véu das instituições políticas do regime e mostrou quem os governos realmente representam. Marx dizia que o Estado capitalista era o "comitê gestor da classe burguesa". Inebriados pelo pacto social keynesiano do pós-guerra alguns setores de esquerda o criticaram duramente por isso. Mas os fatos, mais uma vez, mostraram que Marx tinha razão.
E a crise e a implementação do neoliberalismo, mais do que as redes sociais, é o que une a indignação social cujo rastro de pólvora foi aceso no Norte da África e se espalhou pelo mundo. São as condições concretas de vida, e não as redes sociais, os responsáveis por esses protestos. As redes sociais apenas auxiliam na organização mas sem um fato objetivo não haveria mobilização.
Os ventos do neoliberalismo, dizia o ocidente, havia levado prosperidade para o Egito e a Tunísia. Mas o povo irrompeu nas praças, e nas ruas, dizendo o contrário. [5]
No Ocidente os ventos do neoliberalismo se tornaram o grande tornado da crise do capitalismo. E diante da crise, os governos à serviço das classes dominantes só têm conseguido aprofundar o neoliberalismo. Para isso se tornam cada vez mais autoritários e surdos ao anseios da maioria do povo.
Os movimentos de sábado, dia 15 de outubro, foram convocados pelo "Democracia Real Já" e não pelo "Ocupe Wall Street" como mencionaram alguns. Mas é inegável que a luta deste último motivou muitos a sair para as ruas. Mais de 80 países atenderam ao chamado dos espanhóis.
Em Wall Street se questiona o poder econômico do capital financeiro. Mas se questiona também por que os 99% da população têm de pagar pela crise criada pelos 1%. É um recado claro aos políticos e as classes dominantes.
Esses questionamentos se espalharam pelos Estados Unidos e estão ganhando o mundo. São bandeiras claramente anticapitalistas e que não podem ser realizadas nos marcos do atual sistema sócio-econômico. O capitalismo começa a ser seriamente questionado ainda que de forma confusa.
Nas praças do mundo se luta por uma outra política e uma outra economia, algo que os arautos do status quo e os pessimistas de plantão achavam impensável há poucos anos. O beco sem saída do capital está obrigando as pessoas a se mobilizar e pensar em alternativas. Hoje a esperança reside nos acampamentos montados nas praças e nas ocupações realizadas nas cidades do mundo.
___________________________________________
[1] O Oriente Médio aterroriza o Ocidente (22/02/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/02/o-oriente-medio-aterroriza-o-ocidente.html
[2] Yahoo bloqueia e-mails de protestos nos EUA (21/09/2011):
http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia-pessoal/yahoo-bloqueia-e-mails-de-protestos-nos-eua-21092011-17.shl
[3] Em busca da democracia real (20/05/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/05/em-busca-da-democracia-real.html
[4] O desgaste da democracia representativa moderna (09/09/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/09/o-desgaste-da-democracia-representativa.html
[5] O que o Ocidente dizia do Norte da África? (29/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/01/o-que-o-ocidente-dizia-do-norte-da.html
.
Em fevereiro deste ano escrevi, sobre as mobilizações no Norte da África:
"Além do mais o rastro de pólvora pode se estender até o Ocidente. A luta do povo do Oriente Médio, se vitoriosa, pode servir de inspiração aos trabalhadores ocidentais que têm resistido às medidas de ajuste dos seus governos em meio à crise financeira." [1]
A ocupação de praças públicas é um movimento de protesto que teve origem no Egito e na Tunísia. E conforme o tempo nos mostrou foi um "rastro de pólvora" que se espalhou pelo mundo. O "Democracia Real Já", que ocupou praças da Espanha por várias semanas, é uma influência direta das Praças de Tahir e Tunis. O próprio movimento "Ocupe Wall Street" também sofreu influência das mesmas.
Nesses acampamentos está a luta por uma outra política, por uma democracia de verdade onde o povo de fato tenha vez e voz e de fato decida os rumos; e por uma outra economia onde as pessoas - e não os lucros - sejam a prioridade.
Se no Norte da África os manifestantes lutavam, e ainda lutam, contra governos autoritários, no Ocidente a democracia representativa se mostra um regime em benefício de minorias, ou como dizem os cartazes do "Ocupe Wall Street": dos 1%.
A democracia representativa ocidental, apresentada e celebrada como a democracia por excelência, não vacila em reprimir autoritariamente os descontentes como podemos constatar nas ruas do Velho Mundo. Nos próprios Estados Unidos, tido por muitos como a "maior democracia do mundo", país que se arroga o direito de "exportar democracia", centenas de pessoas estão tendo a sua liberdade de expressão detida e a sua privacidade invadida pelo governo. [2]
Os espanhóis do "Democracia Real Já" foram os primeiros a bradar ao mundo que a democracia representativa ocidental não era uma democracia de verdade. Em meio ao processo eleitoral a juventude tomou as praças do país, rejeitou as eleições municipais e apontou a mobilização social como o único caminho para se buscar uma democracia autêntica já que os "seus" representantes representam na verdade os 1%. [3] Muitos ao redor do mundo já compartilhavam do mesmo sentimento dos espanhóis mas se limitavam a se ausentar do processo eleitoral.
A História da construção da democracia moderna ampara o descontentamento daqueles que duvidam do caráter da sua representação. Pensada pelos ascendentes capitalistas para se inserir politicamente e legitimar o seu modelo de sociedade a democracia moderna não desejava a participação das massas. Estas, por sua vez, só conquistaram direitos políticos com muita luta e mesmo assim a sua inclusão se deu de forma controlada para evitar transformações sociais profundas. Tratei de forma mais detalhada desse processo no artigo "O desgaste da democracia representativa moderna". [4]
A crise financeira tirou o véu das instituições políticas do regime e mostrou quem os governos realmente representam. Marx dizia que o Estado capitalista era o "comitê gestor da classe burguesa". Inebriados pelo pacto social keynesiano do pós-guerra alguns setores de esquerda o criticaram duramente por isso. Mas os fatos, mais uma vez, mostraram que Marx tinha razão.
E a crise e a implementação do neoliberalismo, mais do que as redes sociais, é o que une a indignação social cujo rastro de pólvora foi aceso no Norte da África e se espalhou pelo mundo. São as condições concretas de vida, e não as redes sociais, os responsáveis por esses protestos. As redes sociais apenas auxiliam na organização mas sem um fato objetivo não haveria mobilização.
Os ventos do neoliberalismo, dizia o ocidente, havia levado prosperidade para o Egito e a Tunísia. Mas o povo irrompeu nas praças, e nas ruas, dizendo o contrário. [5]
No Ocidente os ventos do neoliberalismo se tornaram o grande tornado da crise do capitalismo. E diante da crise, os governos à serviço das classes dominantes só têm conseguido aprofundar o neoliberalismo. Para isso se tornam cada vez mais autoritários e surdos ao anseios da maioria do povo.
Os movimentos de sábado, dia 15 de outubro, foram convocados pelo "Democracia Real Já" e não pelo "Ocupe Wall Street" como mencionaram alguns. Mas é inegável que a luta deste último motivou muitos a sair para as ruas. Mais de 80 países atenderam ao chamado dos espanhóis.
Em Wall Street se questiona o poder econômico do capital financeiro. Mas se questiona também por que os 99% da população têm de pagar pela crise criada pelos 1%. É um recado claro aos políticos e as classes dominantes.
Esses questionamentos se espalharam pelos Estados Unidos e estão ganhando o mundo. São bandeiras claramente anticapitalistas e que não podem ser realizadas nos marcos do atual sistema sócio-econômico. O capitalismo começa a ser seriamente questionado ainda que de forma confusa.
Nas praças do mundo se luta por uma outra política e uma outra economia, algo que os arautos do status quo e os pessimistas de plantão achavam impensável há poucos anos. O beco sem saída do capital está obrigando as pessoas a se mobilizar e pensar em alternativas. Hoje a esperança reside nos acampamentos montados nas praças e nas ocupações realizadas nas cidades do mundo.
___________________________________________
[1] O Oriente Médio aterroriza o Ocidente (22/02/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/02/o-oriente-medio-aterroriza-o-ocidente.html
[2] Yahoo bloqueia e-mails de protestos nos EUA (21/09/2011):
http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia-pessoal/yahoo-bloqueia-e-mails-de-protestos-nos-eua-21092011-17.shl
[3] Em busca da democracia real (20/05/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/05/em-busca-da-democracia-real.html
[4] O desgaste da democracia representativa moderna (09/09/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/09/o-desgaste-da-democracia-representativa.html
[5] O que o Ocidente dizia do Norte da África? (29/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/01/o-que-o-ocidente-dizia-do-norte-da.html
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O presente de Tarso aos professores
Na semana do Dia do Professor, Tarso move ação contra piso salarial da categoria
Em mais uma demonstração de incoerência com o discurso de campanha, o governador Tarso Genro moveu, esta semana, junto ao Supremo Tribunal Federal, um agravo regimental contra o piso salarial dos professores. [1]
Com a medida o pagamento do piso nacional aos professores do Rio Grande do Sul fica adiado por pelo menos mais um ano e meio, mas há quem diga que pode ficar até para a próxima gestão.
A medida, similar a que adotou o trágico e triste Governo Yeda, entra em rota de colisão frontal com a promessa feita pelo petista durante a campanha eleitoral de que pagaria o piso.
No início do ano o governador chegou a entrar com pedido de retirada da ação movida por Yeda em 2008 o que gerou a expectativa em muitos de que o piso finalmente seria pago. Mas na sequência o que se viu foi muita enrolação e agora Tarso substitui a ação da tucana por uma própria.
Não menos incoerente é a postura da velha direita. Buscando capitalizar eleitoralmente em cima da brutal contradição do Governo Tarso, deputados dos partidos que já governaram o Estado e que apoiaram o Governo Yeda, ocuparam a tribuna da Assembléia Legislativa para tentar posar de defensores dos professores e da educação pública.
Esses partidos, que muitas vezes recebiam os professores com os cassetetes da Brigada Militar, não têm um pingo de moral pois são também responsáveis pelo sucateamento da educação pública e pelo achatamento dos salários dos professores.
Enquanto isso...
Na mesma semana em que atacou o piso dos professores o Governo Tarso buscou restabelecer os 155 cargos de confiança, em alguns casos com seus salários polpudos reajustados em até 100%, que haviam sido declarados extintos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em agosto. [2]
Mas a votação na Assembléia Legislativa acabou não ocorrendo por falta de quórum forçado por setores da velha direita.
De novo buscam capitalizar em cima de uma situação que eles próprios praticam quando estão no governo. Da mesma forma que o Governo Tarso arrocha os servidores e despeja benefícios para os amigos e as grandes empresas eles também o fazem. Ou quem foi que aprovou, por exemplo, os 140% de reajuste para Yeda e 80% para seus CCs?
_______________________________________________
[1] Ação tenta retardar pagamento do piso (13/10/2011):
http://wp.clicrbs.com.br/rosanedeoliveira/2011/10/13/acao-tenta-retardar-pagamento-do-piso/?topo=13,1,1,,,13
RS pede suspensão de pagamento do piso nacional para professores (06/10/2011):
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=191127
[2] Oposição adia votação de projetos que recriam CCs extintos pela Justiça (11/10/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/10/oposicao-adia-votacao-de-projetos-que-recriam-ccs-extintos-pela-justica/
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Em mais uma demonstração de incoerência com o discurso de campanha, o governador Tarso Genro moveu, esta semana, junto ao Supremo Tribunal Federal, um agravo regimental contra o piso salarial dos professores. [1]
Com a medida o pagamento do piso nacional aos professores do Rio Grande do Sul fica adiado por pelo menos mais um ano e meio, mas há quem diga que pode ficar até para a próxima gestão.
A medida, similar a que adotou o trágico e triste Governo Yeda, entra em rota de colisão frontal com a promessa feita pelo petista durante a campanha eleitoral de que pagaria o piso.
No início do ano o governador chegou a entrar com pedido de retirada da ação movida por Yeda em 2008 o que gerou a expectativa em muitos de que o piso finalmente seria pago. Mas na sequência o que se viu foi muita enrolação e agora Tarso substitui a ação da tucana por uma própria.
Não menos incoerente é a postura da velha direita. Buscando capitalizar eleitoralmente em cima da brutal contradição do Governo Tarso, deputados dos partidos que já governaram o Estado e que apoiaram o Governo Yeda, ocuparam a tribuna da Assembléia Legislativa para tentar posar de defensores dos professores e da educação pública.
Esses partidos, que muitas vezes recebiam os professores com os cassetetes da Brigada Militar, não têm um pingo de moral pois são também responsáveis pelo sucateamento da educação pública e pelo achatamento dos salários dos professores.
Enquanto isso...
Na mesma semana em que atacou o piso dos professores o Governo Tarso buscou restabelecer os 155 cargos de confiança, em alguns casos com seus salários polpudos reajustados em até 100%, que haviam sido declarados extintos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em agosto. [2]
Mas a votação na Assembléia Legislativa acabou não ocorrendo por falta de quórum forçado por setores da velha direita.
De novo buscam capitalizar em cima de uma situação que eles próprios praticam quando estão no governo. Da mesma forma que o Governo Tarso arrocha os servidores e despeja benefícios para os amigos e as grandes empresas eles também o fazem. Ou quem foi que aprovou, por exemplo, os 140% de reajuste para Yeda e 80% para seus CCs?
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[1] Ação tenta retardar pagamento do piso (13/10/2011):
http://wp.clicrbs.com.br/rosanedeoliveira/2011/10/13/acao-tenta-retardar-pagamento-do-piso/?topo=13,1,1,,,13
RS pede suspensão de pagamento do piso nacional para professores (06/10/2011):
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=191127
[2] Oposição adia votação de projetos que recriam CCs extintos pela Justiça (11/10/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/10/oposicao-adia-votacao-de-projetos-que-recriam-ccs-extintos-pela-justica/
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domingo, 9 de outubro de 2011
Wikileaks revela a verdadeira imparcialidade da mídia brasileira
RBS TV, Estadão e William Waack entre os amigos do imperialismo
Documentos vazados pelo Wikileaks evidenciaram aquilo que muitos já sabiam: que a mídia brasileira segue sendo submissa aos interesses do imperialismo estadunidense e amiga íntima dele.
Em um dos telegramas, de 2005, Patrick Dennis Duddy, então cônsul em São Paulo, relata uma visita de três dias do embaixador John Danilovich a Porto Alegre, onde reuniu-se com empresários, políticos e "teve um almoço 'off the record' com a direção editorial do grupo RBS, o maior grupo regional de comunicação da América Latina". [2]
"Nós temos tradicionamente tido acesso e relações excelentes com o grupo" [2] diz ainda o relato de Duddy. Tem razão o Grupo RBS quando afirma em seu comercial institucional que "Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê". Poderiam incluir imagens do almoço com o embaixador estadunidense em sua propaganda que aborda os bastidores da empresa.
No mesmo ano de 2005 o mesmo embaixador se reuniu com membros da comunidade judaica em São Paulo. Abraham Goldstein, presidente da B’nai Brith do Brasil, e Henry Sobel, rabino da maior sinagoga paulistana, estavam presentes no encontro.
De acordo com os documentos vazados pelo Wikileaks, Goldstein teria dito ao embaixador Danilovich que "o editor de O Estado de S.Paulo prometeu cobertura 'positiva' " aos interesses de Israel.
Entre os jornalistas que mantiveram encontros com membros da embaixada dos Estados Unidos estão o ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, que segundo os documentos, se reuniu quatro vezes com embaixadores estadunidenses. William Waack, um dos apresentadores do Jornal da Globo, também se reuniu com funcionários do governo estadunidense por pelo menos três vezes. Fernando Rodrigues, repórter de política da Folha, teria tido duas reuniões com funcionários gringos.
Nos encontros os jornalistas teriam colaborado em análises políticas e econômicas do Brasil além de formular matérias favoráveis aos interesses dos Estados Unidos. A presença de "membros da imprensa brasileira" resultou numa "cobertura positiva", celebra o embaixador Clifford Sobel. Ele se refere a visita do almirante Philip Cullom, em 2008, para tratar de manobras militares entre as marinhas dos EUA, Brasil e Argentina.
Os documentos revelados pelo Wikileaks tiraram, de vez, o véu da grande mídia brasileira. A sua autoproclamada "isenção" e "imparcialidade" sempre foi, na verdade, a parcialidade da defesa dos interesses do imperialismo e das classes dominantes.
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[1] Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê (28/11/2009):
http://www.youtube.com/watch?v=rYvWWyK7Y_I
[2] Wikileaks: Diplomatas dos EUA se encontraram com membros de peso da mídia brasileira (11/07/2011):
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/WIKILEAKS+DIPLOMATAS+DOS+EUA+SE+ENCONTRARAM+COM+MEMBROS+DE+PESO+DA+MIDIA+BRASILEIRA_13419.shtml
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"Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê"
Trecho do comercial institucional da RBS TV, afiliada da Rede Globo no RS [1]
Trecho do comercial institucional da RBS TV, afiliada da Rede Globo no RS [1]
Documentos vazados pelo Wikileaks evidenciaram aquilo que muitos já sabiam: que a mídia brasileira segue sendo submissa aos interesses do imperialismo estadunidense e amiga íntima dele.
Em um dos telegramas, de 2005, Patrick Dennis Duddy, então cônsul em São Paulo, relata uma visita de três dias do embaixador John Danilovich a Porto Alegre, onde reuniu-se com empresários, políticos e "teve um almoço 'off the record' com a direção editorial do grupo RBS, o maior grupo regional de comunicação da América Latina". [2]
"Nós temos tradicionamente tido acesso e relações excelentes com o grupo" [2] diz ainda o relato de Duddy. Tem razão o Grupo RBS quando afirma em seu comercial institucional que "Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê". Poderiam incluir imagens do almoço com o embaixador estadunidense em sua propaganda que aborda os bastidores da empresa.
No mesmo ano de 2005 o mesmo embaixador se reuniu com membros da comunidade judaica em São Paulo. Abraham Goldstein, presidente da B’nai Brith do Brasil, e Henry Sobel, rabino da maior sinagoga paulistana, estavam presentes no encontro.
De acordo com os documentos vazados pelo Wikileaks, Goldstein teria dito ao embaixador Danilovich que "o editor de O Estado de S.Paulo prometeu cobertura 'positiva' " aos interesses de Israel.
Entre os jornalistas que mantiveram encontros com membros da embaixada dos Estados Unidos estão o ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, que segundo os documentos, se reuniu quatro vezes com embaixadores estadunidenses. William Waack, um dos apresentadores do Jornal da Globo, também se reuniu com funcionários do governo estadunidense por pelo menos três vezes. Fernando Rodrigues, repórter de política da Folha, teria tido duas reuniões com funcionários gringos.
Nos encontros os jornalistas teriam colaborado em análises políticas e econômicas do Brasil além de formular matérias favoráveis aos interesses dos Estados Unidos. A presença de "membros da imprensa brasileira" resultou numa "cobertura positiva", celebra o embaixador Clifford Sobel. Ele se refere a visita do almirante Philip Cullom, em 2008, para tratar de manobras militares entre as marinhas dos EUA, Brasil e Argentina.
Os documentos revelados pelo Wikileaks tiraram, de vez, o véu da grande mídia brasileira. A sua autoproclamada "isenção" e "imparcialidade" sempre foi, na verdade, a parcialidade da defesa dos interesses do imperialismo e das classes dominantes.
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[1] Pra fazer a TV que você vê, a gente faz muita coisa que você não vê (28/11/2009):
http://www.youtube.com/watch?v=rYvWWyK7Y_I
[2] Wikileaks: Diplomatas dos EUA se encontraram com membros de peso da mídia brasileira (11/07/2011):
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/WIKILEAKS+DIPLOMATAS+DOS+EUA+SE+ENCONTRARAM+COM+MEMBROS+DE+PESO+DA+MIDIA+BRASILEIRA_13419.shtml
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domingo, 2 de outubro de 2011
PT de Santa Cruz apóia privatização da água
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O PT de Santa Cruz do Sul está apoiando a privatização da água nessa cidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul.
O fato levou um grupo de militantes do partido a organizar um abaixo assinado contra a decisão do diretório municipal da cidade endereçando-o ao diretório estadual que havia firmado resolução contrária a privatização da água.
Cabe salientar que tal posição foi emitida após a entrega da água na cidade de Uruguaiana, administrada pelo PSDB, onde os moradores viram o valor das tarifas aumentar em até 300% já na primeira conta, contrariando as promessas da Prefeitura de que as tarifas seriam reduzidas em até 14% com a privatização.
Os militantes que organizaram o abaixo-assinado apelam pelo respeito ao programa do partido e prometem acionar até o diretório nacional. Aí reside o perigo. O PT em nível nacional vem promovendo, desde o primeiro mandato de Lula, inúmeras privatizações, em especial da infra-estrutura. O PT gaúcho, por sua vez, só emitiu resolução contrária à privatização da água para parecer distinto dos tucanos devido ao fato ocorrido em Uruguaiana. Pois na prática o Governo Tarso vem promovendo uma série de ataques ao serviço público e entregando recursos públicos às grandes empresas privadas, inclusive multinacionais estrangeiras.
Todos aqueles com ideal de esquerda devem apoiar o manifesto dos militantes petistas. Estes, porém, se desejam cumprir de forma honesta com seus princípios contrários a mercantilização dos serviços públicos e dos bens naturais essenciais a vida, devem começar a pensar em organizar-se de forma distinta e buscar outras alternativas políticas.
Leia mais em:
Petistas criticam direção do partido em Santa Cruz que apóia privatização da água (02/10/2011):
http://rsurgente.opsblog.org/2011/10/02/petistas-criticam-direcao-do-partido-em-santa-cruz-que-apoia-privatizacao-da-agua/
Abaixo-assinado:
http://www.manifestolivre.com.br/ml/assinaturas.aspx?manifesto=contraaprivatiza%C3%A7%C3%A3o&page=0
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O PT de Santa Cruz do Sul está apoiando a privatização da água nessa cidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul.
O fato levou um grupo de militantes do partido a organizar um abaixo assinado contra a decisão do diretório municipal da cidade endereçando-o ao diretório estadual que havia firmado resolução contrária a privatização da água.
Cabe salientar que tal posição foi emitida após a entrega da água na cidade de Uruguaiana, administrada pelo PSDB, onde os moradores viram o valor das tarifas aumentar em até 300% já na primeira conta, contrariando as promessas da Prefeitura de que as tarifas seriam reduzidas em até 14% com a privatização.
Os militantes que organizaram o abaixo-assinado apelam pelo respeito ao programa do partido e prometem acionar até o diretório nacional. Aí reside o perigo. O PT em nível nacional vem promovendo, desde o primeiro mandato de Lula, inúmeras privatizações, em especial da infra-estrutura. O PT gaúcho, por sua vez, só emitiu resolução contrária à privatização da água para parecer distinto dos tucanos devido ao fato ocorrido em Uruguaiana. Pois na prática o Governo Tarso vem promovendo uma série de ataques ao serviço público e entregando recursos públicos às grandes empresas privadas, inclusive multinacionais estrangeiras.
Todos aqueles com ideal de esquerda devem apoiar o manifesto dos militantes petistas. Estes, porém, se desejam cumprir de forma honesta com seus princípios contrários a mercantilização dos serviços públicos e dos bens naturais essenciais a vida, devem começar a pensar em organizar-se de forma distinta e buscar outras alternativas políticas.
Leia mais em:
Petistas criticam direção do partido em Santa Cruz que apóia privatização da água (02/10/2011):
http://rsurgente.opsblog.org/2011/10/02/petistas-criticam-direcao-do-partido-em-santa-cruz-que-apoia-privatizacao-da-agua/
Abaixo-assinado:
http://www.manifestolivre.com.br/ml/assinaturas.aspx?manifesto=contraaprivatiza%C3%A7%C3%A3o&page=0
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Um capitalista supersincero
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Na última semana causou espanto e desconforto em muita gente a entrevista do operador de mercado, Alessio Rastani, concedida a BBC. Tudo porque ele expos de forma direta e supersincera a forma desumana como funciona o sistema capitalista onde os lucros são colocados acima das pessoas.
Nela Rastani diz que estava esperando pela crise econômica para faturar muito dinheiro:
"Sonho com esse momento há três anos. Vou confessar: sonho diariamente com uma nova recessão. Se você tem o plano certo, pode fazer muito dinheiro com isso."
E demonstrando completa indiferença pela sorte de milhões de pessoas pelo mundo afirmou categoricamente:
"Não ligamos muito para como vão consertar a economia. Nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso"
Haveriam outros, os que realmente mandam, lucrando com a crise:
"Os governos não controlam o mundo. O Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos"
Segundo o operador de mercado não haverá saída para o euro, o que será bom para os seus negócios:
"Estou confiante que esse plano não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro (os governos) puserem. O euro vai desabar"
As assertivas de Rastani gerou espanto na jornalista Martine Croxall, âncora do programa, e nos demais presentes no estúdio da BBC na ocasião:
"Agradecemos sua sinceridade, mas (a atitude dos mercados) não nos ajuda muito, não?"
No que ele rebate:
"Essa crise é como um câncer. Se esperarmos, vai ser tarde demais. O que digo para as pessoas é: preparem-se. Não pensem que o governo vai consertar. Quero ajudar as pessoas, elas precisam aprender a fazer dinheiro com isso. Primeiro, protegendo seus ativos. Em menos de 12 meses, ativos de milhões de pessoas vão desaparecer"
Se Croxall e seus colegas de estúdio compreendessem o funcionamento do sistema em que vivem não teriam se surpreendido com as declarações de Rastani. Ele apenas teve coragem de dizer o que os outros homens de negócios praticam mas não externalizam.
Afirmar, como fez a matéria da BBC, que as palavras de Rastani são "apenas a opinião individual de um operador", mostra que não aprenderam nada com o operador de mercado. É uma tentativa vã de apresentá-lo como uma ovelha negra isolada.
Quantas vezes assistimos "os mercados" exigirem e celebrarem a retirada de direitos da classe trabalhadora, a sua demissão, cortes nos salários, a privatização e cortes nos serviços públicos essenciais (medidas que reduzem o padrão de vida de milhões de pessoas) só porque vão aumentar os seus lucros com tais medidas? Ou os mercados estão preocupados com a sorte dos gregos, espanhóis e demais trabalhadores sacrificados para salvar os banqueiros e os grandes empresários em crise?
Fica claro, portanto, que não há nenhuma contradição entre as atitudes descritas acima e as palavras de Alessio Rastani. A engrenagem de funcionamento do sistema capitalista não permite colocar as pessoas acima dos lucros.
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'Nosso trabalho é ganhar dinheiro com crise', diz operador de mercados (27/09/2011):
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/09/110927_operador_recessao_pai.shtml
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Na última semana causou espanto e desconforto em muita gente a entrevista do operador de mercado, Alessio Rastani, concedida a BBC. Tudo porque ele expos de forma direta e supersincera a forma desumana como funciona o sistema capitalista onde os lucros são colocados acima das pessoas.
Nela Rastani diz que estava esperando pela crise econômica para faturar muito dinheiro:
"Sonho com esse momento há três anos. Vou confessar: sonho diariamente com uma nova recessão. Se você tem o plano certo, pode fazer muito dinheiro com isso."
E demonstrando completa indiferença pela sorte de milhões de pessoas pelo mundo afirmou categoricamente:
"Não ligamos muito para como vão consertar a economia. Nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso"
Haveriam outros, os que realmente mandam, lucrando com a crise:
"Os governos não controlam o mundo. O Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos"
Segundo o operador de mercado não haverá saída para o euro, o que será bom para os seus negócios:
"Estou confiante que esse plano não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro (os governos) puserem. O euro vai desabar"
As assertivas de Rastani gerou espanto na jornalista Martine Croxall, âncora do programa, e nos demais presentes no estúdio da BBC na ocasião:
"Agradecemos sua sinceridade, mas (a atitude dos mercados) não nos ajuda muito, não?"
No que ele rebate:
"Essa crise é como um câncer. Se esperarmos, vai ser tarde demais. O que digo para as pessoas é: preparem-se. Não pensem que o governo vai consertar. Quero ajudar as pessoas, elas precisam aprender a fazer dinheiro com isso. Primeiro, protegendo seus ativos. Em menos de 12 meses, ativos de milhões de pessoas vão desaparecer"
Se Croxall e seus colegas de estúdio compreendessem o funcionamento do sistema em que vivem não teriam se surpreendido com as declarações de Rastani. Ele apenas teve coragem de dizer o que os outros homens de negócios praticam mas não externalizam.
Afirmar, como fez a matéria da BBC, que as palavras de Rastani são "apenas a opinião individual de um operador", mostra que não aprenderam nada com o operador de mercado. É uma tentativa vã de apresentá-lo como uma ovelha negra isolada.
Quantas vezes assistimos "os mercados" exigirem e celebrarem a retirada de direitos da classe trabalhadora, a sua demissão, cortes nos salários, a privatização e cortes nos serviços públicos essenciais (medidas que reduzem o padrão de vida de milhões de pessoas) só porque vão aumentar os seus lucros com tais medidas? Ou os mercados estão preocupados com a sorte dos gregos, espanhóis e demais trabalhadores sacrificados para salvar os banqueiros e os grandes empresários em crise?
Fica claro, portanto, que não há nenhuma contradição entre as atitudes descritas acima e as palavras de Alessio Rastani. A engrenagem de funcionamento do sistema capitalista não permite colocar as pessoas acima dos lucros.
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'Nosso trabalho é ganhar dinheiro com crise', diz operador de mercados (27/09/2011):
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/09/110927_operador_recessao_pai.shtml
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