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Recentemente um vídeo de abuso sexual de soldados da Minustah no Haiti gerou espanto e indignação em muitas pessoas.
O fato gerou um relativo debate e ficou evidente que não se tratou de um caso isolado, que outras violações de cunho sexual ocorreram no país caribenho, além de outros tipos de abusos que atentaram contra a vida das pessoas terem sido praticados.
Agora o Wikileaks revela casos de abusos sexuais de soldados da ONU na Costa do Marfim, conforme atesta a matéria abaixo.
Fica cada vez mais evidente que os capacetes azuis não têm nada de "heróis" e que as supostas "Missões de Paz" da ONU não só não são nada pacíficas como ainda violam os direitos mais básicos dos povos que ficam sob a sua dominação.
19/09/2011 - 16:08 | Paulo Pastor Monteiro | São Paulo
Wikileaks: soldados da ONU ofereceram comida em troca de sexo na Costa do Marfim
Oito em cada 10 meninas da cidade de Toulepleu, na Costa do Marfim, entrevistadas por funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas), revelaram ter feito sexo em troca de comida com soldados do Benin ligados à missão de paz no país. A preocupante revelação aparece em um despacho de janeiro de 2010 divulgado pelo Wikileaks
Toulepelu é palco de conflitos étnicos há mais de dez anos. Segundo dados da Cruz Vermelha, a população na cidade teria diminuído de cerca de 40 mil habitantes para três mil após o início dos conflitos.
De acordo com o documento da diplomacia norte-americana, as menores faziam sexo com soldados da força de paz em troca de alimentação ou hospedagem e incentivam outras a fazer o mesmo. “Quando voltavam para suas aldeias, elas contavam sobre seus 'namorados' e incentivavam os pais a levarem suas filhas para receber os 'benefícios”.
Michel Bonnardeaux, porta-voz da ONU, em declaração dado ao The Huffington Post, confirmou que 16 soldados que atuavam na região de Toulepleu foram afastados após denúncias de abuso sexual. Bonnardeauz afirmou que há um problema de controle e que os comandantes das tropas não conseguiram “manter um ambiente que impedisse a exploração e o abuso sexual”
O documento trata dos repetidos casos de denúncias de exploração sexual e tráfico de pessoas envolvendo pessoas ligadas à ONU. De acordo com os números citados no despacho em 2008, foram feitas 13 denúncias e em 2009 o número teria diminuído para cinco casos.
Nesbitt relata que, em conversa com Maria Rocheteau, integrante do Comitê de Conduta e Disciplina da ONU, foi informado que a entidade reconhece a exploração sexual como um problema e que entre as medidas para combatê-la está a visita periódica aos locais onde estão as forças de paz.
No entanto, Rocheteau lamenta a existência de “lacunas graves” devido à falta de funcionários e que os poucos recursos financeiros prejudicam a adoção de medidas que poderiam diminuir ou acabar com o problema. Outro trecho do despacho alerta que o problema pode ser “mais extenso do que se imagina” .
A mensagem revela também a falta de acompanhamento para as meninas que engravidavam após as relações com os soldados.
Extraído de:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/WIKILEAKS+SOLDADOS+DA+ONU+OFERECERAM+COMIDA+EM+TROCA+DE+SEXO+NA+COSTA+DO+MARFIM_15322.shtml
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domingo, 25 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Viva o PMDB!
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"Viva o povo brasileiro, viva o PMDB, viva o Brasil!" [1]
Pérola proferida pela Presidente Dilma Rousseff em encontro realizado pelo PMDB na semana passada (15/09).
O maior partido de aluguel do país e que integra o governo, tendo Michel Temer como Vice-Presidente da nação, já teve três membros - de cinco - deixando o governo, sendo que dois por suspeitas de irregularidades.
O fato demonstra o contrário do mito produzido e embalado de que Dilma estaria promovendo uma "faxina" no seu governo. Além da manutenção da aliança com um dos partidos mais fisiológicos do país, Dilma avaliza as indicações de José Sarney - foi ele que indicou o novo Ministro do Turismo.
Viva o PMDB de Porto Alegre!
Dez dias antes da celebração da Presidente Dilma, o PMDB de Porto Alegre foi cortejado pelo PT local.
Os vereadores e respectivos presidentes das agremiações em nível local, Adeli Sell (PT) e Sebastião Melo (PMDB), almoçaram juntos no Chalé da Praça XV.
No encontro, como informa o próprio site do PT de Porto Alegre [2], Adelli defendeu o fim do que ele designou como "grenalização", fazendo uma analogia entre o maior clássico de futebol do Rio Grande do Sul, o Grenal, e as disputas históricas e polarizadas protagonizadas pelas duas siglas no Estado em tempos passados.
Assim uma futura aliança eleitoral não estaria descartada. E não seria nada improvável dado o grau de acomodação do PT na ordem e tendo em vista que Mendes Ribeiro Filho, do PMDB gaúcho, é Ministro da Agricultura de Dilma.
____________________________________
[1] Dilma elogia PMDB e agradece o apoio ao governo (15/09/2011):
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/09/15/dilma-elogia-pmdb-agradece-apoio-ao-governo-925363288.asp
Dilma: "Viva o PMDB; viva o povo brasileiro" (16/09/2011):
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/16/dilma-viva-o-pmdb-viva-o-povo-brasileiro
[2] PT e PMDB se comprometem com a boa política na cidade (05/09/2011):
http://ptpoa.com.br/txt.php?id_txt=3491&PHPSESSID=ed3829fef6138f3b6af6d1901b9974a9
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"Viva o povo brasileiro, viva o PMDB, viva o Brasil!" [1]
Pérola proferida pela Presidente Dilma Rousseff em encontro realizado pelo PMDB na semana passada (15/09).
O maior partido de aluguel do país e que integra o governo, tendo Michel Temer como Vice-Presidente da nação, já teve três membros - de cinco - deixando o governo, sendo que dois por suspeitas de irregularidades.
O fato demonstra o contrário do mito produzido e embalado de que Dilma estaria promovendo uma "faxina" no seu governo. Além da manutenção da aliança com um dos partidos mais fisiológicos do país, Dilma avaliza as indicações de José Sarney - foi ele que indicou o novo Ministro do Turismo.
Viva o PMDB de Porto Alegre!
Dez dias antes da celebração da Presidente Dilma, o PMDB de Porto Alegre foi cortejado pelo PT local.
Os vereadores e respectivos presidentes das agremiações em nível local, Adeli Sell (PT) e Sebastião Melo (PMDB), almoçaram juntos no Chalé da Praça XV.
No encontro, como informa o próprio site do PT de Porto Alegre [2], Adelli defendeu o fim do que ele designou como "grenalização", fazendo uma analogia entre o maior clássico de futebol do Rio Grande do Sul, o Grenal, e as disputas históricas e polarizadas protagonizadas pelas duas siglas no Estado em tempos passados.
Assim uma futura aliança eleitoral não estaria descartada. E não seria nada improvável dado o grau de acomodação do PT na ordem e tendo em vista que Mendes Ribeiro Filho, do PMDB gaúcho, é Ministro da Agricultura de Dilma.
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[1] Dilma elogia PMDB e agradece o apoio ao governo (15/09/2011):
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/09/15/dilma-elogia-pmdb-agradece-apoio-ao-governo-925363288.asp
Dilma: "Viva o PMDB; viva o povo brasileiro" (16/09/2011):
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/16/dilma-viva-o-pmdb-viva-o-povo-brasileiro
[2] PT e PMDB se comprometem com a boa política na cidade (05/09/2011):
http://ptpoa.com.br/txt.php?id_txt=3491&PHPSESSID=ed3829fef6138f3b6af6d1901b9974a9
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
PPA de Dilma apronfudaria privatizações
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Privatização de estradas, do petróleo e de partes do pré-sal. Ataques à Previdência Pública. Por outro lado, ajuda para internacionalizar as empresas brasileiras.
Estas seriam algumas medidas integrantes do Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 do Governo Dilma. Pelo menos é o que consta na reportagem do Valor de segunda-feira, 21 de setembro. [1]
De acordo com a matéria, seriam privatizadas, até 2015, 2.234 Km de rodovias federais, além da malha ferroviária. Só para se ter uma ideia, Fernando Henrique privatizou 854 Km de rodovias. [2] Ou seja, Dilma privatizaria mais do que o dobro de estradas que o tucano.
A Previdência Pública seria atacada mais uma vez. A intenção do governo seria regulamentar a Lei 1.992/07 que cria a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), privatizando a previdência.
Nem o petróleo e o pré-sal escapam da sanha privatista e entreguista do governo:
"O plano expõe a intenção da presidente Dilma Rousseff de fazer, nos próximos quatro anos, duas rodadas de licitações em áreas do pré-sal com o novo regime de partilha e sete leilões em bacias maduras e em campos marginais." [idem 1]
Para selar a dobradinha, ataques aos trabalhadores e benesses e entreguismo para as classes dominantes, o Governo Dilma prevê "a meta de internacionalizar 30 empresas do setor manufatureiro e de aumentar, de US$ 32,5 bilhões para US$ 68,4 bilhões, o valor exportado anualmente por companhias apoiadas pela Apex." [idem 1]
O PPA ficou tão a gosto do empresariado que a matéria do Valor afirma que "o PPA se tornou também o mais amplo guia para potenciais investidores no país." [idem 1] Seria mais adequado chamar esse PPA de "Plano Privatista".
Discurso e prática
O PPA de Dilma, ao se confirmar, engrossa a lista das privatizações do governo, cujas ocorrências foram insistentemente negadas durante a campanha eleitoral. E somar-se-iam com as privatizações dos aeroportos e a possível privatização dos Correios e de empresas de energia elétrica.
Apesar de tudo isso, ao abrir o PDF do PPA dísponível no site do Ministério do Planejamento, lê-se na página 5 que o mesmo foi elaborado "com base nos compromissos firmados no processo eleitoral".
É preciso que se diga também que o Governo Dilma não se diferencia do Governo Lula no entreguismo. Lula realizou privatizações e despejou benesses ao capital desde o seu primeiro mandato como atestam as privatizações dos bancos federalizados do Maranhão e do Ceará, a aprovação das privatistas PPPs e da Lei de Gestão das Florestas Ṕúblicas, além do ataque à Previdência Pública. No segundo mandato foi anunciada a privatização de 3260 Km de rodovias federais, além da entrega de ferrovias e hidrelétricas. [3] Tudo regado a muito dinheiro público do BNDES, como nos tempos de FHC.
E por falar no BNDES ele será convocado, mais uma vez, para a política subimperialista de "internacionalização" do capital verde-amarelo. Uma política elaborada por FHC, aprofundada por Lula e apresentada como exemplo de política externa progressista (tsc!). [4]
______________________________________________
[1] Até 2015, União quer licitar 2,2 mil km de rodovias e o pré-sal (21/09/2011):
http://www.valor.com.br/brasil/1012682/ate-2015-uniao-quer-licitar-22-mil-km-de-rodovias-e-o-pre-sal
[2] Enfim, Lula privatizou... (11/10/2007):
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79551-5855,00.html
[3] Lula: ruptura ou continuidade de FHC? (27/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/lula-ruptura-ou-continuidade-de-fhc.html
[4] A política externa de Lula foi progressista? (02/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/politica-externa-de-lula-foi.html
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Privatização de estradas, do petróleo e de partes do pré-sal. Ataques à Previdência Pública. Por outro lado, ajuda para internacionalizar as empresas brasileiras.
Estas seriam algumas medidas integrantes do Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 do Governo Dilma. Pelo menos é o que consta na reportagem do Valor de segunda-feira, 21 de setembro. [1]
De acordo com a matéria, seriam privatizadas, até 2015, 2.234 Km de rodovias federais, além da malha ferroviária. Só para se ter uma ideia, Fernando Henrique privatizou 854 Km de rodovias. [2] Ou seja, Dilma privatizaria mais do que o dobro de estradas que o tucano.
A Previdência Pública seria atacada mais uma vez. A intenção do governo seria regulamentar a Lei 1.992/07 que cria a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), privatizando a previdência.
Nem o petróleo e o pré-sal escapam da sanha privatista e entreguista do governo:
"O plano expõe a intenção da presidente Dilma Rousseff de fazer, nos próximos quatro anos, duas rodadas de licitações em áreas do pré-sal com o novo regime de partilha e sete leilões em bacias maduras e em campos marginais." [idem 1]
Para selar a dobradinha, ataques aos trabalhadores e benesses e entreguismo para as classes dominantes, o Governo Dilma prevê "a meta de internacionalizar 30 empresas do setor manufatureiro e de aumentar, de US$ 32,5 bilhões para US$ 68,4 bilhões, o valor exportado anualmente por companhias apoiadas pela Apex." [idem 1]
O PPA ficou tão a gosto do empresariado que a matéria do Valor afirma que "o PPA se tornou também o mais amplo guia para potenciais investidores no país." [idem 1] Seria mais adequado chamar esse PPA de "Plano Privatista".
Discurso e prática
O PPA de Dilma, ao se confirmar, engrossa a lista das privatizações do governo, cujas ocorrências foram insistentemente negadas durante a campanha eleitoral. E somar-se-iam com as privatizações dos aeroportos e a possível privatização dos Correios e de empresas de energia elétrica.
Apesar de tudo isso, ao abrir o PDF do PPA dísponível no site do Ministério do Planejamento, lê-se na página 5 que o mesmo foi elaborado "com base nos compromissos firmados no processo eleitoral".
É preciso que se diga também que o Governo Dilma não se diferencia do Governo Lula no entreguismo. Lula realizou privatizações e despejou benesses ao capital desde o seu primeiro mandato como atestam as privatizações dos bancos federalizados do Maranhão e do Ceará, a aprovação das privatistas PPPs e da Lei de Gestão das Florestas Ṕúblicas, além do ataque à Previdência Pública. No segundo mandato foi anunciada a privatização de 3260 Km de rodovias federais, além da entrega de ferrovias e hidrelétricas. [3] Tudo regado a muito dinheiro público do BNDES, como nos tempos de FHC.
E por falar no BNDES ele será convocado, mais uma vez, para a política subimperialista de "internacionalização" do capital verde-amarelo. Uma política elaborada por FHC, aprofundada por Lula e apresentada como exemplo de política externa progressista (tsc!). [4]
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[1] Até 2015, União quer licitar 2,2 mil km de rodovias e o pré-sal (21/09/2011):
http://www.valor.com.br/brasil/1012682/ate-2015-uniao-quer-licitar-22-mil-km-de-rodovias-e-o-pre-sal
[2] Enfim, Lula privatizou... (11/10/2007):
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79551-5855,00.html
[3] Lula: ruptura ou continuidade de FHC? (27/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/lula-ruptura-ou-continuidade-de-fhc.html
[4] A política externa de Lula foi progressista? (02/11/2010):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/11/politica-externa-de-lula-foi.html
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terça-feira, 20 de setembro de 2011
Carta de Marx à Engels sobre a crise de 1857
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"Londres, 8 de dezembro de 1857
Caro Frederick,
(...) Com o jornal “Tribune (A Tribuna)”, tive, recentemente, uma satisfação.
No último 6 de novembro, escrevi, em um artigo no qual explanei a Lei Bancária Inglesa de 1844 (Lei sobre a Reforma do Banco da Inglaterra), que a farsa da suspensão (da vigência dessa lei) ocorreria, dentro de alguns dias, sendo certo, porém, que não se deveria fazer uma grande questão desse monetay panic (pânico monetário). O verdadeiro affaire (caso) seria o industrial crash (o colapso industrial) que se aproxima.
É lindo que os capitalistas - que tanto gritam contra o “droit au travail (direito ao trabalho)” – exijam, agora, subvenções públicas do Governo, por todos os lados, e que se faça valer, portanto, em Hamburgo, Berlim, Estocolmo, Copenhagen, mesmo na Inglaterra (na forma de suspensão da vigência de leis), o “droit au profit (direito ao lucro)”, à custa de todos."
Extraído de:
http://www.scientific-socialism.de/FundamentosCartasMarxEngels081257.htm
------------------------------------------------------
Abaixo segue a carta na íntegra. Os trechos traduzidos acima fazem parte dos dois parágrafos que estão em negrito.
Dear Frederick,
While I was upstairs busy writing my last letter to you, my wife down below was besieged by hungry wolves all of whom used the pretext of the ‘heavy times’ to dun her for money which she had not got. (Luckily £15 arrived from Germany a few days afterwards, thus enabling us to shift off the evil day for a week or a fortnight.) Well, in the above-mentioned circumstances I may have been a rather confused correspondent, but not too confused to recall my confusion that self-same evening, after posting the letter, and remark to my wife what a wry face you would pull at my bit about debtors receiving money on bills payable by themselves, etc. Ever since I have been keeping up her spirits, which have been much depressed by this petite guerre, with sundry scoundrels, by reflecting on how you would break it to me in the most gracious possible way. But I could hardly go so far as to expect that you would tone down the ridiculous blunder to a ‘slight mistake’. My best thanks for this grace, Sir.
But to return to the matter in hand. According to The Economist it is true that the chaps in Mincing Lane and Mark Lane had again been receiving loans on their produce, but this move ceased last Wednesday or thereabouts. Corn, in particular, even showed an upward tendency for a day or two, but (flour actually) then dropped 3/- per 280 lbs as a result of the French decrees permitting the free export of corn and flour, and significantly so yesterday as a result of the downbreak of corn prices in the Baltic. (Nota bene: In France, Bonaparte’s measure had no more than a transient effect; though prices rose a little there, the rise immediately resulted in increased supplies, which have still to find their way on to the French market.) A few corn merchants have failed here, but as yet only insignificant houses and then only operators upon grain for distant delivery. The big American shipments arrive in the spring; the French will bombard England with corn at any price as soon as pressure over there grows more serious. In my opinion — and always supposing that, in accordance with the old adage, there are several good autumns in succession — only now will the effects of the repeal of the Corn Laws begin to tell on landlords and farmers in England and the antiquated agricultural distress recur in no mean fashion. The satisfactory state of the home trade resulting from industrial prosperity, and the succession of bad autumns have combined to make the experiment of 1847-57 inoperative and turn repeal to a dead letter.
I've had a gratifying experience with the Tribune. On 6 November I wrote an exposé for them of the 1844 Bank Act, in which I said that the next few days would see the farce of suspension, but that not too much should be made of this monetary panic, the real affaire being the impending industrial crash. The Tribune published this as a leader 3 days later. The New-York Times (which has entered into a feudal relationship with the London Times) replied to the Tribune to the effect that, firstly, the Bank Act would not be suspended, extolled the Act after the manner of the money-article writers of Printing House Square, and declared the talk of an ‘industrial crash’ in England to be ‘simply absurd’. This was on the 24th. The following day the N.Y.T. received a telegram from the Atlantic with the news that the Bank Act had been suspended, and likewise news of ‘industrial distress’. It’s nice, by the by, to see Loyd-Overstone coming out with the true reason for his fanatical advocacy of the 1844 legislation — because it permitted the ‘hard calculators’ to squeeze 20-30% out of the commercial world.
Nice, too, that the capitalists, who so vociferously opposed the ‘droit au travail’ [right to work], are now everywhere demanding ‘public support’ from their governments and hence advocating the ‘droit au profit’ at public expense in Hamburg, Berlin, Stockholm, Copenhagen and even England (in the form of suspension of the Acts). Also, that the philistines of Hamburg should have refused to hand out any more alms to the capitalists.
The astonishing thing about the whole business is the affaire in France and the attitude adopted towards it by most of the English press. Just as, after the American collapse, John Bull was represented as the calm, self-possessed merchant vis-à-vis his brother Jonathan, so now Jacques Bonhomme vis-à-vis John Bull. The Paris correspondent of the London Economist comments most ingenuously:
*’there has been not the slightest disposition to have a panic, though circumstances certainly appeared to justify one, and though the French have heretofore been extremely ready to rush into panics on the smallest pretexts.'*
The panic now felt by the French bourgeoisie, despite their sanguine temperament, at the very notion of panic, is surely the best indication of what panic means in France on this occasion. The virtuous disposition of the Parisian bourgeois will, however, prove no more effective than the Hamburg association for discounting the panic. Last Sunday’s Observer relates how the dissemination of horrible rumours about the Crédit mobilier sent everyone rushing to the Bourse to rid themselves à tout prix of their shares. French capital, despite, the cosmopolitan nature therein descried by Mr Péreire, is still timid, niggardly and cautious in actual commerce as it has always been. Crooked dealing (which, to be sure, has in its turn become the sine qua non of respectable trade and industry) actually exists only in branches in which the State is the real employer, whether directly or indirectly. But there is no doubt that even an inherently — or, as Hegel would say, ‘in himself’ — bankrupt capitalist of the magnitude of the French government can make shift for rather longer than a private capitalist. The police measures against bullion exports, now pretty well in full vigor in France, and to an even greater extent the export, at which prices whatever, of the products of the corn, silk and wine harvests, etc., have put off for a week or two the drain of bullion from the Bank of France. Nevertheless, the drain will set in and even if, as in 1856 (October), it gets no further than the gutter, the catastrophe will be complete. Meanwhile French manufacturers are treating their workers as ruthlessly as though there had never been a revolution. This will do good. On the other hand Mr Bonaparte is using the bank as an entrepreneur for the construction of railways, now at a standstill. Doubtless the next step will be the issue of assignats as soon as the drain begins. If the fellow has the courage, and always providing he can pay the army properly, we may yet witness a pretty prologue.
Your information about conditions in Manchester is of the greatest interest to me, the newspapers having chosen to draw a veil over them.
I am working like mad all night and every night collating my economic studies so that I at least get the outlines clear before the déluge.
Salut.
Your
K. M.
How is your health? It’s a long time since you supplied a bulletin.
Since Lupus keeps a regular record of our crisis forecasts, tell him that last Saturday’s Economist maintains that, during the final months of 1853, throughout 1854, the autumn of 1855 and ‘The sudden changes of 1856’, Europe has never had more than a hair-breadth escape from the impending crash.
Extraído de:
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1857/letters/57_12_08.htm
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"Londres, 8 de dezembro de 1857
Caro Frederick,
(...) Com o jornal “Tribune (A Tribuna)”, tive, recentemente, uma satisfação.
No último 6 de novembro, escrevi, em um artigo no qual explanei a Lei Bancária Inglesa de 1844 (Lei sobre a Reforma do Banco da Inglaterra), que a farsa da suspensão (da vigência dessa lei) ocorreria, dentro de alguns dias, sendo certo, porém, que não se deveria fazer uma grande questão desse monetay panic (pânico monetário). O verdadeiro affaire (caso) seria o industrial crash (o colapso industrial) que se aproxima.
É lindo que os capitalistas - que tanto gritam contra o “droit au travail (direito ao trabalho)” – exijam, agora, subvenções públicas do Governo, por todos os lados, e que se faça valer, portanto, em Hamburgo, Berlim, Estocolmo, Copenhagen, mesmo na Inglaterra (na forma de suspensão da vigência de leis), o “droit au profit (direito ao lucro)”, à custa de todos."
Extraído de:
http://www.scientific-socialism.de/FundamentosCartasMarxEngels081257.htm
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Abaixo segue a carta na íntegra. Os trechos traduzidos acima fazem parte dos dois parágrafos que estão em negrito.
Marx To Engels
In Manchester
In Manchester
[London,] 8 December 1857
Dear Frederick,
While I was upstairs busy writing my last letter to you, my wife down below was besieged by hungry wolves all of whom used the pretext of the ‘heavy times’ to dun her for money which she had not got. (Luckily £15 arrived from Germany a few days afterwards, thus enabling us to shift off the evil day for a week or a fortnight.) Well, in the above-mentioned circumstances I may have been a rather confused correspondent, but not too confused to recall my confusion that self-same evening, after posting the letter, and remark to my wife what a wry face you would pull at my bit about debtors receiving money on bills payable by themselves, etc. Ever since I have been keeping up her spirits, which have been much depressed by this petite guerre, with sundry scoundrels, by reflecting on how you would break it to me in the most gracious possible way. But I could hardly go so far as to expect that you would tone down the ridiculous blunder to a ‘slight mistake’. My best thanks for this grace, Sir.
But to return to the matter in hand. According to The Economist it is true that the chaps in Mincing Lane and Mark Lane had again been receiving loans on their produce, but this move ceased last Wednesday or thereabouts. Corn, in particular, even showed an upward tendency for a day or two, but (flour actually) then dropped 3/- per 280 lbs as a result of the French decrees permitting the free export of corn and flour, and significantly so yesterday as a result of the downbreak of corn prices in the Baltic. (Nota bene: In France, Bonaparte’s measure had no more than a transient effect; though prices rose a little there, the rise immediately resulted in increased supplies, which have still to find their way on to the French market.) A few corn merchants have failed here, but as yet only insignificant houses and then only operators upon grain for distant delivery. The big American shipments arrive in the spring; the French will bombard England with corn at any price as soon as pressure over there grows more serious. In my opinion — and always supposing that, in accordance with the old adage, there are several good autumns in succession — only now will the effects of the repeal of the Corn Laws begin to tell on landlords and farmers in England and the antiquated agricultural distress recur in no mean fashion. The satisfactory state of the home trade resulting from industrial prosperity, and the succession of bad autumns have combined to make the experiment of 1847-57 inoperative and turn repeal to a dead letter.
I've had a gratifying experience with the Tribune. On 6 November I wrote an exposé for them of the 1844 Bank Act, in which I said that the next few days would see the farce of suspension, but that not too much should be made of this monetary panic, the real affaire being the impending industrial crash. The Tribune published this as a leader 3 days later. The New-York Times (which has entered into a feudal relationship with the London Times) replied to the Tribune to the effect that, firstly, the Bank Act would not be suspended, extolled the Act after the manner of the money-article writers of Printing House Square, and declared the talk of an ‘industrial crash’ in England to be ‘simply absurd’. This was on the 24th. The following day the N.Y.T. received a telegram from the Atlantic with the news that the Bank Act had been suspended, and likewise news of ‘industrial distress’. It’s nice, by the by, to see Loyd-Overstone coming out with the true reason for his fanatical advocacy of the 1844 legislation — because it permitted the ‘hard calculators’ to squeeze 20-30% out of the commercial world.
Nice, too, that the capitalists, who so vociferously opposed the ‘droit au travail’ [right to work], are now everywhere demanding ‘public support’ from their governments and hence advocating the ‘droit au profit’ at public expense in Hamburg, Berlin, Stockholm, Copenhagen and even England (in the form of suspension of the Acts). Also, that the philistines of Hamburg should have refused to hand out any more alms to the capitalists.
The astonishing thing about the whole business is the affaire in France and the attitude adopted towards it by most of the English press. Just as, after the American collapse, John Bull was represented as the calm, self-possessed merchant vis-à-vis his brother Jonathan, so now Jacques Bonhomme vis-à-vis John Bull. The Paris correspondent of the London Economist comments most ingenuously:
*’there has been not the slightest disposition to have a panic, though circumstances certainly appeared to justify one, and though the French have heretofore been extremely ready to rush into panics on the smallest pretexts.'*
The panic now felt by the French bourgeoisie, despite their sanguine temperament, at the very notion of panic, is surely the best indication of what panic means in France on this occasion. The virtuous disposition of the Parisian bourgeois will, however, prove no more effective than the Hamburg association for discounting the panic. Last Sunday’s Observer relates how the dissemination of horrible rumours about the Crédit mobilier sent everyone rushing to the Bourse to rid themselves à tout prix of their shares. French capital, despite, the cosmopolitan nature therein descried by Mr Péreire, is still timid, niggardly and cautious in actual commerce as it has always been. Crooked dealing (which, to be sure, has in its turn become the sine qua non of respectable trade and industry) actually exists only in branches in which the State is the real employer, whether directly or indirectly. But there is no doubt that even an inherently — or, as Hegel would say, ‘in himself’ — bankrupt capitalist of the magnitude of the French government can make shift for rather longer than a private capitalist. The police measures against bullion exports, now pretty well in full vigor in France, and to an even greater extent the export, at which prices whatever, of the products of the corn, silk and wine harvests, etc., have put off for a week or two the drain of bullion from the Bank of France. Nevertheless, the drain will set in and even if, as in 1856 (October), it gets no further than the gutter, the catastrophe will be complete. Meanwhile French manufacturers are treating their workers as ruthlessly as though there had never been a revolution. This will do good. On the other hand Mr Bonaparte is using the bank as an entrepreneur for the construction of railways, now at a standstill. Doubtless the next step will be the issue of assignats as soon as the drain begins. If the fellow has the courage, and always providing he can pay the army properly, we may yet witness a pretty prologue.
Your information about conditions in Manchester is of the greatest interest to me, the newspapers having chosen to draw a veil over them.
I am working like mad all night and every night collating my economic studies so that I at least get the outlines clear before the déluge.
Salut.
Your
K. M.
How is your health? It’s a long time since you supplied a bulletin.
Since Lupus keeps a regular record of our crisis forecasts, tell him that last Saturday’s Economist maintains that, during the final months of 1853, throughout 1854, the autumn of 1855 and ‘The sudden changes of 1856’, Europe has never had more than a hair-breadth escape from the impending crash.
Extraído de:
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1857/letters/57_12_08.htm
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
As crises e os homens de negócios
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"Quando reina o pânico, o que preocupa o homem de negócios não é a taxa a que pode empregar seus bilhetes de banco, nem a perda de 1 ou 2% que terá com a venda de seus títulos do tesouro ou de seus papéis de três por cento. Se está sob a influência do pânico, não lhe importa ganhar ou perder. Procura pôr-se a salvo, e o resto do mundo que se arranje."
- Samuel Gurney, banqueiro, fundador do Overend & Gurney - poderoso banco inglês no século XIX. Declaração dada à comissão, montada em 1848, pela Câmara dos Lordes para investigar as causas da crise financeira de 1847.
Citado por Karl Marx em O Capital - Livro 3, Cap. XXV (Crédito e Capital Fictício), p.478, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 1974.
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"Quando reina o pânico, o que preocupa o homem de negócios não é a taxa a que pode empregar seus bilhetes de banco, nem a perda de 1 ou 2% que terá com a venda de seus títulos do tesouro ou de seus papéis de três por cento. Se está sob a influência do pânico, não lhe importa ganhar ou perder. Procura pôr-se a salvo, e o resto do mundo que se arranje."
- Samuel Gurney, banqueiro, fundador do Overend & Gurney - poderoso banco inglês no século XIX. Declaração dada à comissão, montada em 1848, pela Câmara dos Lordes para investigar as causas da crise financeira de 1847.
Citado por Karl Marx em O Capital - Livro 3, Cap. XXV (Crédito e Capital Fictício), p.478, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 1974.
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domingo, 18 de setembro de 2011
EUA: mulher salva o filho e perde o emprego
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A estadunidense Claudia Rendon foi demitida do seu emprego por ter faltado este para doar um rim ao seu filho Alex Renson. A empresa na qual trabalhava, na Filadélfia, se limitou a argumentar que tinha amparo legal para demiti-la. [1]
O caso, aparentemente isolado, mostra como as classes dominantes estadunidenses vêm tratando a sua classe trabalhadora. Recentemente, como forma de defesa dos cortes nas áreas sociais - em especial na saúde -, os pobres foram chamados a aceitar a morte em pró do ajuste fiscal. [2]
Na auto-proclamada "terra da liberdade", que vive a apontar o dedo para as violações de direitos humanos em terras alheias, os direitos humanos básicos do emprego e da saúde, constantes na carta da ONU [3], simplesmente são espezinhados e com "amparo legal" ainda.
As classes dominantes estadunidenses, que escondem o 1° de maio de seus trabalhadores por terem suas mãos sujas de sangue dos seus operários [4], parecem se espelhar em um de seus heróis do passado. Em 1764, Benjamin Franklin enviou o seguinte recado à Fothergill, médico que atuava salvando a vida dos pobres:
"A metade das vidas que vocês salvam não é digna de ser salva, porque é inútil, enquanto a outra metade nem mereceria ser salva porque pérfida. (...)" [5]
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[1] Mulher é demitida por faltar ao trabalho para doar rim ao filho (13/09/2011):
http://br.noticias.yahoo.com/mulher-demitida-por-faltar-ao-trabalho-para-doar-rim-ao-filho.html
[2] Pela saúde financeira dos ricos, pobres são chamados a aceitar a morte nos EUA (31/07/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/07/pela-saude-dos-ricos-pobres-sao.html
[3] DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
[4] 1º de Maio: para não apagar a faísca de Chicago (1/05/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/05/1-de-maio-para-nao-apagar-faisca-de.html
[5] A "Contra-História do Liberalismo" (17/09/2009):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2009/09/contra-historia-do-liberalismo.html
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A estadunidense Claudia Rendon foi demitida do seu emprego por ter faltado este para doar um rim ao seu filho Alex Renson. A empresa na qual trabalhava, na Filadélfia, se limitou a argumentar que tinha amparo legal para demiti-la. [1]
O caso, aparentemente isolado, mostra como as classes dominantes estadunidenses vêm tratando a sua classe trabalhadora. Recentemente, como forma de defesa dos cortes nas áreas sociais - em especial na saúde -, os pobres foram chamados a aceitar a morte em pró do ajuste fiscal. [2]
Na auto-proclamada "terra da liberdade", que vive a apontar o dedo para as violações de direitos humanos em terras alheias, os direitos humanos básicos do emprego e da saúde, constantes na carta da ONU [3], simplesmente são espezinhados e com "amparo legal" ainda.
As classes dominantes estadunidenses, que escondem o 1° de maio de seus trabalhadores por terem suas mãos sujas de sangue dos seus operários [4], parecem se espelhar em um de seus heróis do passado. Em 1764, Benjamin Franklin enviou o seguinte recado à Fothergill, médico que atuava salvando a vida dos pobres:
"A metade das vidas que vocês salvam não é digna de ser salva, porque é inútil, enquanto a outra metade nem mereceria ser salva porque pérfida. (...)" [5]
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[1] Mulher é demitida por faltar ao trabalho para doar rim ao filho (13/09/2011):
http://br.noticias.yahoo.com/mulher-demitida-por-faltar-ao-trabalho-para-doar-rim-ao-filho.html
[2] Pela saúde financeira dos ricos, pobres são chamados a aceitar a morte nos EUA (31/07/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/07/pela-saude-dos-ricos-pobres-sao.html
[3] DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
[4] 1º de Maio: para não apagar a faísca de Chicago (1/05/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/05/1-de-maio-para-nao-apagar-faisca-de.html
[5] A "Contra-História do Liberalismo" (17/09/2009):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2009/09/contra-historia-do-liberalismo.html
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domingo, 11 de setembro de 2011
Porque estudar Marx hoje
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O aporte científico de Marx consiste, na verdade, em um enorme edifício teórico sobre o capitalismo que precisa ser estudado e compreendido em toda a sua profundidade. Nele aparecem descobertas e expostas as leis gerais do funcionamento, desenvolvimento e dos limites da economia capitalista, que demonstram que se trata de uma fase social transitória no interior do processo de desenvolvimento da sociedade humana. [1] Conhecer essas leis é o que permite adquirir uma sólida base para que cheguemos, com nosso esforço, a elaborar, também de maneira científica e não metafísica, respostas adequadas para as perguntas que nos interessam nos dias de hoje.
É a teoria do valor de Marx, em toda a sua amplitude (que engloba entre outras coisas a teoria do capital e da mais-valia, da exploração e do fetichismo, da desmaterialização da riqueza capitalista e, inclusive, a teoria da tendência decrescente da taxa de lucro), que nos permite entender e economia capitalista em suas determinações mais gerais.
A teoria marxista do valor permite-nos concluir, em primeiro lugar, que a contradição principal da atual fase capitalista é a que existe entre a produção e a apropriação da mais-valia, do excedente econômico em valor; que a atual expansão do capital especulativo e parasitário é a manifestação e o agravamento dessa contradição [2]; que essa fase capitalista sobrevive até hoje, e o fez até agora, por mais de duas décadas, sobre a base de uma intensificação sem precedentes da exploração do trabalho. Tal exploração ocorre por meio da mais-valia relativa e absoluta [3], da superexploração dos trabalhadores assalariados e não assalariados de todo o mundo, incluindo os dos países mais miseráveis do planeta.
Essa teoria, entendida em toda a sua profundidade, nos proporciona a convicção científica de que o capitalismo poderá sobreviver à destruição da sua fase atual especulativa, reformulando eventualmente seu funcionamento; mas só poderá fazê-lo destruindo o domínio do capital especulativo. Não há dúvida de que isso só será ou seria possível, ao contrário do que se pode imaginar, por meio de uma adicional elevação da exploração do trabalho, exploração essa que já se encontra em níveis exagerados. Tal situação implicará a intensificação e generalização da tragédia humana que já é manifesta em muitas partes do mundo contemporâneo. Pior que isso, a transição para uma eventual nova fase capitalista pressuporá períodos ou momentos ainda mais terríveis. [4]
Entendida adequadamente, a teoria do valor de Marx, leva-nos a concluir que a relativa comodidade em que se vive nos países mais ricos, mesmo uma parte de seus trabalhadores, não seria possível sem a pobreza e a miséria encontrada nos países periféricos. (...) Obviamente que isso não significa, de nenhuma maneira, pensar que os trabalhadores daqueles países são exploradores dos homólogos dos demais.
Finalmente, a teoria marxista permite entender que, ao mesmo tempo em que é possível uma nova etapa capitalista sob bases modificadas, justamente porque isso pressupõe um período ou momentos extremamente difíceis para a humanidade, abre-se a possibilidade da superação do próprio capitalismo.
Se estamos na vizinhança de uma nova fase ainda mais violenta e mais terrível do capitalismo ou nos albores de um novo mundo, isso dependerá de cada um de nós. Para Marx, a história é uma construção do ser humano, limitada apenas pelas amplas potencialidades de cada momento.
[*] Trechos extraídos do artigo escrito pelo autor em julho de 2007 para a "Apresentação" (p.11-14) do livro Contribuição à Crítica da Economia Política de Karl Marx (Expressão Popular, 2ª edição, São Paulo: 2008).
Reinaldo Antônio Carcanholo é Professor do Mestrado em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo.
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Notas (observações minhas)
[1] Uma das grandes contribuições de Marx foi demonstrar que a sociedade capitalista não apenas não era natural, que era uma construção humana e social como o fora outras sociedades, mas que ela própria tinha relações sociais específicas que transformavam e resignificavam relações sociais anteriores. O capital não poderia ser entendido como uma coisa, mas como uma relação social. Muitos autores buscavam, e alguns ainda buscam, justificar o capitalismo por características identificadas em sociedades humanas anteriores ao capitalismo. Marx demonstrou a falsidade de tal construção teórica pois tais características estiveram, e no capitalismo estão, envoltas na teia de relações sociais do seu respectivo período histórico e social. Se, para pegar um exemplo, o dinheiro já existia antes do capitalismo, é neste último, dentro de sua teia de relações sociais, que o dinheiro se transforma em capital, como demonstrou Marx. Portanto não há o menor sentido em insinuar que, pelo fato de existir dinheiro antes do capitalismo, a humanidade carregava em si própria o germe do capitalismo em seu DNA.
[2] Para Marx as crises capitalistas têm como origem a sua base produtiva envolta em sua teia de relações sociais e econômicas. Assim não existiria capitalismo sem crise financeira e as medidas tomadas para atenuar uma determinada crise criariam as condições para o estouro de novas crises.
Para tentar resolver o desnível entre a capacidade produtiva que gera demasiadas mercadorias de um lado e a queda da renda da classe trabalhadora de outro (que aprofundou-se a partir dos anos 70) foi acionado o capital especulativo e o crédito foi expandido. Observe-se que o capital especulativo foi chamado a resolver uma crise anterior. Logo, o crédito é um dos efeitos da atual crise capitalista, cujas origens são mais longínquas, e não o responsável por ela como imaginam alguns. E se as crises têm como origem a natureza da produção capitalista não será regulando o capitalismo que elas desaparecerão. Até porque olhando para o passado constata-se que o capitalismo regulado também enfrentou crises, e foi para tentar resolver a sua crise, que nos anos 70 ganhou terreno a desregulamentação do mesmo.
[3] Mais-valia: é a diferença entre a riqueza produzida pelo trabalhador e a apropriada por ele. Segundo Marx, é a base da exploração do trabalho no capitalismo.
Mais-valia absoluta: ligada ao aumento da jornada de trabalho. Pode ser percebida de forma mais explícita nos setores do comércio, como lojas, shoppings e supermercados (que nas últimas décadas passaram a funcionar em dias que antes estavam fechados, o que acarretou em aumento da jornada de trabalho); mas também verifica-se em outros setores da economia muitas vezes acobertado por medidas como o banco de horas.
Mais-valia relativa: ligada ao aumento da produtividade do trabalho. Munido de novas maquinarias o trabalhador aumenta a produtividade, gerando mais riquezas ao passo que reduz o custo de sua própria mão-de-obra. Assim, ainda que receba um prêmio por produtividade, o trabalhador, no processo final de produção da riqueza, seguirá se apropriando cada vez menos do seu produto final, intensificando a exploração do seu trabalho.
[4] Na Europa, e em vários países do mundo, as medidas dos governos diante da atual crise têm sido a de aprofundar o atual modelo de capitalismo, qual seja, o neoliberalismo, com o aumento das privatizações, das demissões, de cortes nas aposentadorias, nos salários e nos direitos dos trabalhadores. Parece haver uma impossibilidade estrutural das classes dominantes apresentar um modelo capitalista alternativo. Tratei desse assunto no seguinte artigo:
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/12/expansao-do-neoliberalismo-em-meio-sua.html
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Reinaldo A. Carcanholo. Vitória-ES, julho de 2007. [*]
O aporte científico de Marx consiste, na verdade, em um enorme edifício teórico sobre o capitalismo que precisa ser estudado e compreendido em toda a sua profundidade. Nele aparecem descobertas e expostas as leis gerais do funcionamento, desenvolvimento e dos limites da economia capitalista, que demonstram que se trata de uma fase social transitória no interior do processo de desenvolvimento da sociedade humana. [1] Conhecer essas leis é o que permite adquirir uma sólida base para que cheguemos, com nosso esforço, a elaborar, também de maneira científica e não metafísica, respostas adequadas para as perguntas que nos interessam nos dias de hoje.
É a teoria do valor de Marx, em toda a sua amplitude (que engloba entre outras coisas a teoria do capital e da mais-valia, da exploração e do fetichismo, da desmaterialização da riqueza capitalista e, inclusive, a teoria da tendência decrescente da taxa de lucro), que nos permite entender e economia capitalista em suas determinações mais gerais.
A teoria marxista do valor permite-nos concluir, em primeiro lugar, que a contradição principal da atual fase capitalista é a que existe entre a produção e a apropriação da mais-valia, do excedente econômico em valor; que a atual expansão do capital especulativo e parasitário é a manifestação e o agravamento dessa contradição [2]; que essa fase capitalista sobrevive até hoje, e o fez até agora, por mais de duas décadas, sobre a base de uma intensificação sem precedentes da exploração do trabalho. Tal exploração ocorre por meio da mais-valia relativa e absoluta [3], da superexploração dos trabalhadores assalariados e não assalariados de todo o mundo, incluindo os dos países mais miseráveis do planeta.
Essa teoria, entendida em toda a sua profundidade, nos proporciona a convicção científica de que o capitalismo poderá sobreviver à destruição da sua fase atual especulativa, reformulando eventualmente seu funcionamento; mas só poderá fazê-lo destruindo o domínio do capital especulativo. Não há dúvida de que isso só será ou seria possível, ao contrário do que se pode imaginar, por meio de uma adicional elevação da exploração do trabalho, exploração essa que já se encontra em níveis exagerados. Tal situação implicará a intensificação e generalização da tragédia humana que já é manifesta em muitas partes do mundo contemporâneo. Pior que isso, a transição para uma eventual nova fase capitalista pressuporá períodos ou momentos ainda mais terríveis. [4]
Entendida adequadamente, a teoria do valor de Marx, leva-nos a concluir que a relativa comodidade em que se vive nos países mais ricos, mesmo uma parte de seus trabalhadores, não seria possível sem a pobreza e a miséria encontrada nos países periféricos. (...) Obviamente que isso não significa, de nenhuma maneira, pensar que os trabalhadores daqueles países são exploradores dos homólogos dos demais.
Finalmente, a teoria marxista permite entender que, ao mesmo tempo em que é possível uma nova etapa capitalista sob bases modificadas, justamente porque isso pressupõe um período ou momentos extremamente difíceis para a humanidade, abre-se a possibilidade da superação do próprio capitalismo.
Se estamos na vizinhança de uma nova fase ainda mais violenta e mais terrível do capitalismo ou nos albores de um novo mundo, isso dependerá de cada um de nós. Para Marx, a história é uma construção do ser humano, limitada apenas pelas amplas potencialidades de cada momento.
[*] Trechos extraídos do artigo escrito pelo autor em julho de 2007 para a "Apresentação" (p.11-14) do livro Contribuição à Crítica da Economia Política de Karl Marx (Expressão Popular, 2ª edição, São Paulo: 2008).
Reinaldo Antônio Carcanholo é Professor do Mestrado em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo.
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Notas (observações minhas)
[1] Uma das grandes contribuições de Marx foi demonstrar que a sociedade capitalista não apenas não era natural, que era uma construção humana e social como o fora outras sociedades, mas que ela própria tinha relações sociais específicas que transformavam e resignificavam relações sociais anteriores. O capital não poderia ser entendido como uma coisa, mas como uma relação social. Muitos autores buscavam, e alguns ainda buscam, justificar o capitalismo por características identificadas em sociedades humanas anteriores ao capitalismo. Marx demonstrou a falsidade de tal construção teórica pois tais características estiveram, e no capitalismo estão, envoltas na teia de relações sociais do seu respectivo período histórico e social. Se, para pegar um exemplo, o dinheiro já existia antes do capitalismo, é neste último, dentro de sua teia de relações sociais, que o dinheiro se transforma em capital, como demonstrou Marx. Portanto não há o menor sentido em insinuar que, pelo fato de existir dinheiro antes do capitalismo, a humanidade carregava em si própria o germe do capitalismo em seu DNA.
[2] Para Marx as crises capitalistas têm como origem a sua base produtiva envolta em sua teia de relações sociais e econômicas. Assim não existiria capitalismo sem crise financeira e as medidas tomadas para atenuar uma determinada crise criariam as condições para o estouro de novas crises.
Para tentar resolver o desnível entre a capacidade produtiva que gera demasiadas mercadorias de um lado e a queda da renda da classe trabalhadora de outro (que aprofundou-se a partir dos anos 70) foi acionado o capital especulativo e o crédito foi expandido. Observe-se que o capital especulativo foi chamado a resolver uma crise anterior. Logo, o crédito é um dos efeitos da atual crise capitalista, cujas origens são mais longínquas, e não o responsável por ela como imaginam alguns. E se as crises têm como origem a natureza da produção capitalista não será regulando o capitalismo que elas desaparecerão. Até porque olhando para o passado constata-se que o capitalismo regulado também enfrentou crises, e foi para tentar resolver a sua crise, que nos anos 70 ganhou terreno a desregulamentação do mesmo.
[3] Mais-valia: é a diferença entre a riqueza produzida pelo trabalhador e a apropriada por ele. Segundo Marx, é a base da exploração do trabalho no capitalismo.
Mais-valia absoluta: ligada ao aumento da jornada de trabalho. Pode ser percebida de forma mais explícita nos setores do comércio, como lojas, shoppings e supermercados (que nas últimas décadas passaram a funcionar em dias que antes estavam fechados, o que acarretou em aumento da jornada de trabalho); mas também verifica-se em outros setores da economia muitas vezes acobertado por medidas como o banco de horas.
Mais-valia relativa: ligada ao aumento da produtividade do trabalho. Munido de novas maquinarias o trabalhador aumenta a produtividade, gerando mais riquezas ao passo que reduz o custo de sua própria mão-de-obra. Assim, ainda que receba um prêmio por produtividade, o trabalhador, no processo final de produção da riqueza, seguirá se apropriando cada vez menos do seu produto final, intensificando a exploração do seu trabalho.
[4] Na Europa, e em vários países do mundo, as medidas dos governos diante da atual crise têm sido a de aprofundar o atual modelo de capitalismo, qual seja, o neoliberalismo, com o aumento das privatizações, das demissões, de cortes nas aposentadorias, nos salários e nos direitos dos trabalhadores. Parece haver uma impossibilidade estrutural das classes dominantes apresentar um modelo capitalista alternativo. Tratei desse assunto no seguinte artigo:
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/12/expansao-do-neoliberalismo-em-meio-sua.html
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sábado, 10 de setembro de 2011
Em meio a vacilos do PT, Prefeito de Rio Grande homenageia Golbery
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O Prefeito Fábio Branco, com um major, inaugurando o busto em homenagem à Golbery. [*]
Reproduzo abaixo artigo do jornalista Luiz Cláudio Cunha abordando tanto a homenagem à Golbery do Couto e Silva, um dos principais mentores intelectuais da ditadura militar brasileira, organizada por políticos da cidade gaúcha de Rio Grande, quanto das vacilantes posições do PT sobre o tema.
Como se sabe, passados dois mandatos do Governo Lula e agora com Dilma os arquivos da ditadura seguem fechados.
Caso Golbery: o PT de Rio Grande responde
E Luiz Cláudio rebate o PT.
O PT da terra de Golbery levou exatamente 20 meses — ou um ano, oito meses e seis dias —- para manifestar sua indignação com a homenagem ao general que inventou a ditadura de 1964.
A ideia indecente brotou da cabeça do vereador Renato Albuquerque, do PMDB, que deve ignorar a linha genética de seu partido, diretamente ligada ao MDB velho de guerra gaúcho, o mais perseguido pela ditadura, com prisões, torturas e cassações. Albuquerque apresentou o seu PLV (projeto de lei de vereador) nº 93/2009, no final daquele ano, num texto que “dispõe sobre o recebimento, em doação do busto do general Golbery do Couto e Silva”.
A proposta foi votada e aprovada na sessão do 21 de dezembro de 2009 da Câmara Municipal, por seis votos a dois.
Os únicos votos contrários foram de Júlio Martins (PCdoB) e Luiz Francisco Spotorno (PT).
Cinco dos 13 vereadores estavam ausentes.
A inspirada decisão do Legislativo local virou a lei nº 6.835 pela mão cúmplice do prefeito Fábio Branco, também do PMDB bastardo que hoje releva o passado malfeitor do general que tramou o golpe contra o presidente João Goulart e legou ao país o SNI e sua tropa de arapongas.
A data da lei é outro primor de cinismo: 31 de dezembro de 2009, o último dia do ano, aquele dia especial em que ninguém presta atenção a nada, já que a cabeça de todos está voltada para o reveillon que se aproxima, com sua explosão de alegria e champanhe.
O 31 de dezembro, como todo sabem, é o dia preferido de políticos e governantes que, à socapa e à sorrelfa, contrabandeiam naquelas horas derradeiras as suas leis, projetos, portarias e decisões inconvenientes, envergonhadas, imorais e indefensáveis. Como é o caso de um busto para alguém com o perfil do general Golbery.
O assessor da bancada do PT de Rio Grande informa ao país, só agora, que o PT local está indignado, 20 meses após esta indesculpável derrapada moral.
Explica que os outros dois vereadores petistas — Alexandre Lindenmeyer e Cláudio Costa — só não votaram contra porque estavam ausentes da cidade, cumprindo missão oficial em Porto Alegre. E acrescenta: “A bancada do PT era e é totalmente contra qualquer tipo de homenagem ao Sr. Golbery”.
Não esclarece, no entanto, o que fizeram os dois indignados vereadores ausentes ao retornar da capital do Estado, em dezembro de 2009. O que fizeram o PT e seus três vereadores, de lá para cá, para denunciar ao país o crime de lesa-memória praticado na cidade natal de Golbery, com o aval do Legislativo local e o patrocínio do prefeito do PMDB?
É bom não esquecer que o PT só lembrou de sua santa ira agora, duas semanas após o constrangedor ato na praça principal de Rio Grande, lançando a pedra fundamental do busto imerecido ao inesquecível general.
Não havia povo na praça, como seria de se prever. Nem mesmo o comandante do quartel local, o 6º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), dignou-se a comparecer. Mandou um major representá-lo.
Para coroar este festival de afrontas à memória nacional, o jovem prefeito Fábio Branco, de 39 anos, explicou dias atrás porque não faria um juízo sobre a ditadura pensada e gerenciada pelo general Golbery: “Eu ainda não era nascido”, respondeu, com a candura de um jovem político — alienado e alienante — que veio ao mundo nos idos de 1972, quando o golpe de Golbery tinha ainda oito tenros anos e já descambara para o abismo do Governo Médici, o auge de tortura e terror da ditadura.
Diante dessa brilhante confissão, Rio Grande e o Brasil podem imaginar que o precoce prefeito Fábio Branco também não faz nenhum juízo apressado sobre a escravidão do Século 19 ou sobre o nazi-fascismo de meados do Século 20, que ele teve a sorte de não ver em vida. Ao contrário da ditadura, que ele agora homenageia — com o cúmplice silêncio do PMDB gaúcho e nacional e o tardio protesto do PT local.
Extraído de:
Caso Golbery: O PT de Rio Grande responde (09/09/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/09/caso-golbery-o-pt-de-rio-grande-responde/
Leia mais em:
Golbery: benfeitor em Rio Grande, malfeitor no Brasil (05/09/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/09/golbery-benfeitor-em-rio-grande-malfeitor-no-brasil/
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[*] Em Rio Grande, prefeitura faz homenagem a Golbery do Couto e Silva (30/08/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/08/em-rio-grande-prefeitura-faz-homenagem-a-golbery/
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O Prefeito Fábio Branco, com um major, inaugurando o busto em homenagem à Golbery. [*]
Reproduzo abaixo artigo do jornalista Luiz Cláudio Cunha abordando tanto a homenagem à Golbery do Couto e Silva, um dos principais mentores intelectuais da ditadura militar brasileira, organizada por políticos da cidade gaúcha de Rio Grande, quanto das vacilantes posições do PT sobre o tema.
Como se sabe, passados dois mandatos do Governo Lula e agora com Dilma os arquivos da ditadura seguem fechados.
Caso Golbery: o PT de Rio Grande responde
E Luiz Cláudio rebate o PT.
Luiz Cláudio Cunha, jornalista
O PT da terra de Golbery levou exatamente 20 meses — ou um ano, oito meses e seis dias —- para manifestar sua indignação com a homenagem ao general que inventou a ditadura de 1964.
A ideia indecente brotou da cabeça do vereador Renato Albuquerque, do PMDB, que deve ignorar a linha genética de seu partido, diretamente ligada ao MDB velho de guerra gaúcho, o mais perseguido pela ditadura, com prisões, torturas e cassações. Albuquerque apresentou o seu PLV (projeto de lei de vereador) nº 93/2009, no final daquele ano, num texto que “dispõe sobre o recebimento, em doação do busto do general Golbery do Couto e Silva”.
A proposta foi votada e aprovada na sessão do 21 de dezembro de 2009 da Câmara Municipal, por seis votos a dois.
Os únicos votos contrários foram de Júlio Martins (PCdoB) e Luiz Francisco Spotorno (PT).
Cinco dos 13 vereadores estavam ausentes.
A inspirada decisão do Legislativo local virou a lei nº 6.835 pela mão cúmplice do prefeito Fábio Branco, também do PMDB bastardo que hoje releva o passado malfeitor do general que tramou o golpe contra o presidente João Goulart e legou ao país o SNI e sua tropa de arapongas.
A data da lei é outro primor de cinismo: 31 de dezembro de 2009, o último dia do ano, aquele dia especial em que ninguém presta atenção a nada, já que a cabeça de todos está voltada para o reveillon que se aproxima, com sua explosão de alegria e champanhe.
O 31 de dezembro, como todo sabem, é o dia preferido de políticos e governantes que, à socapa e à sorrelfa, contrabandeiam naquelas horas derradeiras as suas leis, projetos, portarias e decisões inconvenientes, envergonhadas, imorais e indefensáveis. Como é o caso de um busto para alguém com o perfil do general Golbery.
O assessor da bancada do PT de Rio Grande informa ao país, só agora, que o PT local está indignado, 20 meses após esta indesculpável derrapada moral.
Explica que os outros dois vereadores petistas — Alexandre Lindenmeyer e Cláudio Costa — só não votaram contra porque estavam ausentes da cidade, cumprindo missão oficial em Porto Alegre. E acrescenta: “A bancada do PT era e é totalmente contra qualquer tipo de homenagem ao Sr. Golbery”.
Não esclarece, no entanto, o que fizeram os dois indignados vereadores ausentes ao retornar da capital do Estado, em dezembro de 2009. O que fizeram o PT e seus três vereadores, de lá para cá, para denunciar ao país o crime de lesa-memória praticado na cidade natal de Golbery, com o aval do Legislativo local e o patrocínio do prefeito do PMDB?
É bom não esquecer que o PT só lembrou de sua santa ira agora, duas semanas após o constrangedor ato na praça principal de Rio Grande, lançando a pedra fundamental do busto imerecido ao inesquecível general.
Não havia povo na praça, como seria de se prever. Nem mesmo o comandante do quartel local, o 6º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), dignou-se a comparecer. Mandou um major representá-lo.
Para coroar este festival de afrontas à memória nacional, o jovem prefeito Fábio Branco, de 39 anos, explicou dias atrás porque não faria um juízo sobre a ditadura pensada e gerenciada pelo general Golbery: “Eu ainda não era nascido”, respondeu, com a candura de um jovem político — alienado e alienante — que veio ao mundo nos idos de 1972, quando o golpe de Golbery tinha ainda oito tenros anos e já descambara para o abismo do Governo Médici, o auge de tortura e terror da ditadura.
Diante dessa brilhante confissão, Rio Grande e o Brasil podem imaginar que o precoce prefeito Fábio Branco também não faz nenhum juízo apressado sobre a escravidão do Século 19 ou sobre o nazi-fascismo de meados do Século 20, que ele teve a sorte de não ver em vida. Ao contrário da ditadura, que ele agora homenageia — com o cúmplice silêncio do PMDB gaúcho e nacional e o tardio protesto do PT local.
Extraído de:
Caso Golbery: O PT de Rio Grande responde (09/09/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/09/caso-golbery-o-pt-de-rio-grande-responde/
Leia mais em:
Golbery: benfeitor em Rio Grande, malfeitor no Brasil (05/09/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/09/golbery-benfeitor-em-rio-grande-malfeitor-no-brasil/
______________________________________
[*] Em Rio Grande, prefeitura faz homenagem a Golbery do Couto e Silva (30/08/2011):
http://sul21.com.br/jornal/2011/08/em-rio-grande-prefeitura-faz-homenagem-a-golbery/
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Soldados da ONU abusam de jovem haitiano
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Uruguaios da Minustah, tropas da ONU que ocupam o Haiti desde 2004, abusaram de um jovem haitiano, como constata-se no vídeo tornado público, por acaso [1], nesta semana:
http://www.youtube.com/watch?v=eQ26dg4htww
O abuso teria ocorrido no dia 20 de julho. [2] Tornou-se público, também, que várias haitianas teriam sido engravidadas por soldados uruguaios integrantes da Minustah. [3]
Um povo invadido e violado
O terrível episódio ocorrido com o jovem haitiano não foi um caso isolado. Os soldados das tropas da ONU são acusados de terem efetuado inúmeros abusos sexuais desde a sua chegada ao país caribenho. [4]
Mas as violações perpetradas pelas tropas de "paz" da ONU não se restringem ao sexo. Como escrevi em janeiro de 2010:
"Quanto ao suposto pacifismo da missão da ONU no país não passa de um rótulo falacioso. As tropas brasileiras têm colaborado com a polícia local na repressão das manifestações populares.
Foi assim em 22 de dezembro de 2006 quando várias pessoas foram assassinadas pelos capacetes azuis em protesto que pedia a volta do presidente Aristide.
Foi assim em 2008 quando pelo menos 5 pessoas foram assassinadas pelas tropas de "pacificação" em protesto contra a alta dos alimentos.
Foi assim no mesmo ano quando estudantes e sindicalistas, que iniciaram um protesto em defesa do aumento do parco salário mínimo local, foram duramente reprimidos pela Minustah. Pelo menos uma pessoa morreu.
Foi assim em 18 de junho de 2009 quando no enterro de um dirigente político as tropas da ONU dispararam covardemente contra a multidão que acompanhava o velório. Várias pessoas ficaram feridas e pelo menos uma morreu.
Não é por acaso que vários haitianos têm pedido a saída das tropas da ONU do seu país." [5]
Diante de todos esses fatos, a afirmação da porta-voz da ONU no Haiti, Eliane Nabaa, de que o incidente pode "impactar" nas relações da ONU com os haitianos, é tão obscena, cínica e repugnante quanto o abuso dos soldados uruguaios. [6]
Além do mais, sempre é bom lembrar que as tropas da ONU foram para o Haiti após um golpe de Estado efetuado diretamente pelos Estados Unidos e pela França que sequestraram o presidente Aristide, colocaram-no em um avião e o largaram na África do Sul. Na época, atolado no Iraque, os Estados Unidos solicitaram a ajuda da ONU que, de pronto, aceitou chefiar a "terceirização" da ocupação. E o Brasil, como todos sabem, é linha de frente dessa ocupação.
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[1] El video del abuso en Haití se divulgó de casualidad (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33040-El-video-del-abuso-en-Haiti-se-divulgo-de-casualidad
[2] Tras el escándalo, la Minustah debate su futuro (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33068-Tras-el-escandalo-la-Minustah-debate-su-futuro-
[3] Denuncian que marinos uruguayos tuvieron hijos con mujeres haitianas (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33098-Denuncian-que-marinos-uruguayos-tuvieron-hijos-con-mujeres-haitianas
[4] Minustah na mira internacional por abusos sexuais (07/09/2011):
http://www.youtube.com/watch?v=Kr3tryBctNQ
[5] Como o Brasil foi parar no Haiti? (15/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/como-o-brasil-foi-parar-no-haiti.html
[6] Denúncias de abuso sexual podem prejudicar missão no Haiti, diz ONU (05/09/2011):
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/denuncias-de-abuso-sexual-podem-prejudicar-missao-no-haiti-diz-onu.html
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Uruguaios da Minustah, tropas da ONU que ocupam o Haiti desde 2004, abusaram de um jovem haitiano, como constata-se no vídeo tornado público, por acaso [1], nesta semana:
http://www.youtube.com/watch?v=eQ26dg4htww
O abuso teria ocorrido no dia 20 de julho. [2] Tornou-se público, também, que várias haitianas teriam sido engravidadas por soldados uruguaios integrantes da Minustah. [3]
Um povo invadido e violado
O terrível episódio ocorrido com o jovem haitiano não foi um caso isolado. Os soldados das tropas da ONU são acusados de terem efetuado inúmeros abusos sexuais desde a sua chegada ao país caribenho. [4]
Mas as violações perpetradas pelas tropas de "paz" da ONU não se restringem ao sexo. Como escrevi em janeiro de 2010:
"Quanto ao suposto pacifismo da missão da ONU no país não passa de um rótulo falacioso. As tropas brasileiras têm colaborado com a polícia local na repressão das manifestações populares.
Foi assim em 22 de dezembro de 2006 quando várias pessoas foram assassinadas pelos capacetes azuis em protesto que pedia a volta do presidente Aristide.
Foi assim em 2008 quando pelo menos 5 pessoas foram assassinadas pelas tropas de "pacificação" em protesto contra a alta dos alimentos.
Foi assim no mesmo ano quando estudantes e sindicalistas, que iniciaram um protesto em defesa do aumento do parco salário mínimo local, foram duramente reprimidos pela Minustah. Pelo menos uma pessoa morreu.
Foi assim em 18 de junho de 2009 quando no enterro de um dirigente político as tropas da ONU dispararam covardemente contra a multidão que acompanhava o velório. Várias pessoas ficaram feridas e pelo menos uma morreu.
Não é por acaso que vários haitianos têm pedido a saída das tropas da ONU do seu país." [5]
Diante de todos esses fatos, a afirmação da porta-voz da ONU no Haiti, Eliane Nabaa, de que o incidente pode "impactar" nas relações da ONU com os haitianos, é tão obscena, cínica e repugnante quanto o abuso dos soldados uruguaios. [6]
Além do mais, sempre é bom lembrar que as tropas da ONU foram para o Haiti após um golpe de Estado efetuado diretamente pelos Estados Unidos e pela França que sequestraram o presidente Aristide, colocaram-no em um avião e o largaram na África do Sul. Na época, atolado no Iraque, os Estados Unidos solicitaram a ajuda da ONU que, de pronto, aceitou chefiar a "terceirização" da ocupação. E o Brasil, como todos sabem, é linha de frente dessa ocupação.
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[1] El video del abuso en Haití se divulgó de casualidad (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33040-El-video-del-abuso-en-Haiti-se-divulgo-de-casualidad
[2] Tras el escándalo, la Minustah debate su futuro (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33068-Tras-el-escandalo-la-Minustah-debate-su-futuro-
[3] Denuncian que marinos uruguayos tuvieron hijos con mujeres haitianas (07/09/2011):
http://america.infobae.com/notas/33098-Denuncian-que-marinos-uruguayos-tuvieron-hijos-con-mujeres-haitianas
[4] Minustah na mira internacional por abusos sexuais (07/09/2011):
http://www.youtube.com/watch?v=Kr3tryBctNQ
[5] Como o Brasil foi parar no Haiti? (15/01/2011):
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/01/como-o-brasil-foi-parar-no-haiti.html
[6] Denúncias de abuso sexual podem prejudicar missão no Haiti, diz ONU (05/09/2011):
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/denuncias-de-abuso-sexual-podem-prejudicar-missao-no-haiti-diz-onu.html
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terça-feira, 6 de setembro de 2011
O 11 de Setembro dez anos depois
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Dentro de dias celebrar-se-á o décimo aniversário do 11 de Setembro de 2001. De que forma resistiu o relatório oficial do governo americano ao longo da última década?
Não muito bem. O presidente, o vice-presidente e o principal advogado da Comissão do 11 Setembro escreveram livros distanciando-se parcialmente do relatório da Comissão. Dizem que a administração Bush pôs obstáculos ao seu trabalho, que lhes foi sonegada informação, que o presidente Bush se dispôs a testemunhar apenas na condição de ser acompanhado pelo vice-presidente Cheney e de nenhum dos dois estar sob juramento, que o Pentágono e os oficiais da Administração Federal da Aviação (FAA) mentiram à Comissão e que esta chegou a considerar indicar este falso testemunho para investigação por obstrução à justiça.
No seu livro, o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente Thomas Kean e Lee Hamilton, escreveram que a Comissão de Investigação do 11 de Setembro foi "feita para falhar". O advogado da comissão, John Farmer Jr. escreveu que o governo americano tomou "a decisão de não contar a verdade acerca do que aconteceu" e que as cassetes do Comando Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD) "contam uma história radicalmente diferente daquela que nos foi contada e tornada pública". Ken disse que: "Até hoje não sabemos porque é que a NORAD nos disse o que disse, estando tão longe da verdade"
A maioria das questões levantadas pelas famílias das vítimas ficou sem resposta. Testemunhas importantes não foram chamadas. A Comissão apenas ouviu aqueles que subscreviam a versão do governo. A Comissão foi uma operação politicamente controlada e não uma investigação baseada em provas e acontecimentos reais. Os seus membros eram ex-políticos. Nenhum especialista foi nomeado para a Comissão.
Outro membro da comissão, o senador Max Cleland, respondeu desta forma às restrições impostas à Comissão pela Casa Branca: "Se estas decisões se mantiverem, eu, enquanto membro da Comissão, não poderei olhar nenhum americano nos olhos, especialmente os familiares das vítimas, e afirmar que a comissão teve carta branca. Esta investigação está, de agora em diante, comprometida". Cleland preferiu demitir-se a ver a sua integridade igualmente comprometida.
Para ser claro, nem Cleland nem qualquer outro membro da comissão sugeriu que o 11 de Setembro fosse um golpe montado a partir do interior do governo e destinado a promover uma agenda belicista. Porém, nem o Congresso nem os media perguntaram, pelo menos não em voz alta, porque é que o presidente Bush não desejou apresentar-se à comissão sob juramento ou sem Cheney, porque é que o Pentágono e os oficiais da FAA mentiram à Comissão, ou, se não mentiram, porque é que a Comissão ficou com a impressão de que eles mentiram, ou ainda porque é que a Casa Branca resistiu durante tanto tempo à criação de uma qualquer Comissão de Investigação, mesmo que esta estivesse sob o seu controle.
Seria legítimo pensar que, se um grupo de árabes tivesse conseguido enganar não apenas a CIA e o FBI, mas todas as 16 agências de informação americanas e todas as agências de informação dos nossos aliados, incluindo a Mossad, o Conselho Nacional de Segurança, o Departamento de Estado, a NORAD, a segurança do aeroporto quatro vezes numa manhã, o controlo aéreo, etc, o Presidente, o Congresso e os media gostariam de saber como foi possível que um evento tão improvável se produzisse. Pelo contrário, a Casa Branca mostrou grande resistência a que tal fosse descoberto e tanto o Congresso como os media mostraram um interesse diminuto.
Durante a última década, numerosas associações apelando a que se diga a verdade sobre o 11 de Setembro foram organizadas. Temos os Arquitectos e Engenheiros pela verdade do 11/9, os Bombeiros, os Pilotos, os Professores, a Associação de Memória do Edifício 7 e o Grupo de Nova York, que inclui os familiares das vítimas. Estes grupos apelam a que seja feita uma verdadeira investigação.
David Ray Griffen escreveu 10 livros, fruto de uma cuidada pesquisa, documentando problemas do relatório governamental. Os cientistas notaram que o governo não tem explicação para o aço fundido. O Instituto Nacional de Normas e Tecnologia (NIST) foi forçado a admitir que o World Trade Center 7 (WTC) estava em queda livre durante parte do seu declínio e uma equipa de cientistas liderado por um professor de nano-química da Universidade de Copenhaga anunciou ter encontrado vestígios de nanomateriais intermoleculares meta-estáveis [nanothermites ou NIM] na poeira dos edifícios.
Larry Silverstein, locador dos edifícios do World Trade Center, disse, numa emissão da PBS, que a decisão de "derrubar" o edifício 7 tinha sido tomada nessa mesma tarde de 11 de Setembro. O chefe dos bombeiros disse que não foi feita nenhuma investigação forense à destruição dos edifícios e que a ausência de tal investigação constituía uma violação da lei.
Têm sido feitos alguns esforços no sentido de explicar algumas das provas que contradizem a versão oficial, mas a maioria dessas provas são simplesmente ignoradas. Resta que o cepticismo de diversos especialistas não parece ter tido qualquer efeito na posição do governo, para além da sugestão feita por um membro da administração Obama segundo a qual o governo deve infiltrar as organizações para a verdade sobre o 11 de Setembro no sentido de as descredibilizar.
A prática tem sido a de estigmatizar como "teóricos da conspiração" todos os especialistas que manifestem dúvidas em relação à versão oficial. Mas, evidentemente, a própria versão do governo é uma teoria da conspiração, que se torna ainda menos crível quando nos apercebemos da extensão dos erros de informação e segurança necessários à sua verificação. As falhas sugeridas são incrivelmente extensas; no entanto, ninguém foi ainda responsabilizado.
Além disso, o que têm a ganhar 1500 arquitectos e engenheiros em serem ridicularizados como "teóricos da conspiração"? Certamente nunca voltarão a executar nenhuma obra pública e seguramente perderam negócios devido à sua atitude "anti-americana". A concorrência deve ter ganho com as suas dúvidas anti-patrióticas. Com efeito, a minha recompensa por vos informar acerca do que é importante uma década depois será correio a dizer-me que eu odeio tanto a América que deveria mudar-me para Cuba.
Os cientistas têm ainda menos vantagens em exprimir as suas dúvidas, o que sem dúvida explica porque é que não são 1500. Muito poucos físicos têm carreiras independentes de contratos ou bolsas do Estado. Foi um professor de Física de uma Escola Secundária que forçou a NIST a abandonar a sua versão do desaparecimento do Edifício 7. O físico Stephen Jones, que foi o primeiro a anunciar ter encontrado vestígios de explosivos, viu a sua posição académica privilegiada (tenure) ser-lhe retirada pela Universidade de Brigham, sem dúvida por pressão governamental.
Podemos descartar todas as provas contrárias como coincidências e erros e concluir que só o governo compreendeu tudo bem, o mesmo governo que compreendeu mal tudo o resto.
Mas, na realidade, o governo não explicou absolutamente nada. O relatório da NIST é uma mera simulação daquilo que poderá ter levado à queda das torres no caso de as suposições programadas no seu computador estarem correctas. Mas a NIST não fornece qualquer evidência de que tais suposições estejam correctas.
O Edifício 7 não é mencionado no relatório da Comissão e muitos americanos desconhecem até hoje que três edifícios caíram no dia 11 de Setembro.
Deixem-me ser claro sobre o assunto. Eu não estou a dizer que um qualquer grupo neo-conservador operando secretamente no seio da administração Bush explodiu as torres com o intuito de fazer progredir a sua agenda para a guerra no Médio Oriente. Mesmo que haja provas de que algo está a ser encoberto, pode tratar-se do governo a encobrir a sua incompetência e não a sua cumplicidade. Mesmo que houvesse provas definitivas de cumplicidade governamental, é duvidoso que os americanos o aceitassem. Os arquitectos, engenheiros e cientistas vivem no seio de uma comunidade que se baseia em factos. Mas, para a maioria das pessoas, os factos não conseguem competir com as emoções.
O que quero sublinhar é o quão displicente o poder executivo, incluindo as agências de segurança, o Congresso, osmedia e largas camadas da nossa população, tem sido em relação à investigação do momento chave do nosso tempo.
Não há dúvida de que o 11 de Setembro é um acontecimento determinante. Levou a uma década de guerras em constante expansão, ao espezinhar da Constituição e a um estado policial. No passado dia 22 de Agosto, Justin Raimondo fez saber que ele e o seu sítio web Antiwar.com estavam sob vigilância da Unidade de Análise de Comunicações Electrónicas do FBI no sentido de determinar se o Antiwar.com é "uma ameaça à segurança nacional" a trabalhar "no interesse de uma potência estrangeira".
Francis A. Boyle, um professor internacionalmente conhecido e advogado especializado em direito internacional, fez saber que, quando recusou uma oferta conjunta da CIA e do FBI para violar o sigilo profissional e tornar-se uma fonte de informações dos seus clientes árabes americanos, foi colocado na lista de vigilância anti-terrorista.
Boyle tem sido um crítico da estratégia do governo americano no mundo muçulmano, mas Raimondo nunca levantou, nem permitiu que qualquer colaborador levantasse, qualquer dúvida no que diz respeito a uma cumplicidade do governo americano no 11 de Setembro. Raimondo limita-se a estar contra a guerra e isso chega ao FBI para concluir que ele precisa de ser vigiado como uma possível ameaça à segurança do estado.
A versão governamental dos acontecimentos de 11 de Setembro é o fundamento de guerras sem fim à vista, que estão a exaurir os recursos dos EUA e a destruir a sua reputação, e é, internamente, o fundamento de um estado policial que irá acabar por calar toda e qualquer oposição à guerra. Os americanos encontram-se reduzidos à versão do 11 de Setembro como ataque terrorista muçulmano porque é ela que justifica o massacre das populações civis em vários países muçulmanos, bem como, internamente, um estado policial apresentado como o único meio de nos proteger dos terroristas, que já se transformaram em "extremistas internos", tais como ambientalistas, grupos de defesa dos direitos dos animais e activistas anti-guerra.
Se hoje os Americanos não estão seguros, não é por causa dos terroristas ou dos extremistas internos, mas sim porque perderam as suas liberdades civis e não têm qualquer protecção contra um inexplicável poder governamental. Seria legítimo pensar que a forma como tudo isto começou seria digna de um debate público e de audiências no Congresso.
Extraído de:
http://resistir.info/11set/roberts_24ago11_p.html
O original encontra-se em:
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=26174
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Paul Craig Roberts, Secretário Auxiliar do Tesouro no Governo Reagan
Dentro de dias celebrar-se-á o décimo aniversário do 11 de Setembro de 2001. De que forma resistiu o relatório oficial do governo americano ao longo da última década?
Não muito bem. O presidente, o vice-presidente e o principal advogado da Comissão do 11 Setembro escreveram livros distanciando-se parcialmente do relatório da Comissão. Dizem que a administração Bush pôs obstáculos ao seu trabalho, que lhes foi sonegada informação, que o presidente Bush se dispôs a testemunhar apenas na condição de ser acompanhado pelo vice-presidente Cheney e de nenhum dos dois estar sob juramento, que o Pentágono e os oficiais da Administração Federal da Aviação (FAA) mentiram à Comissão e que esta chegou a considerar indicar este falso testemunho para investigação por obstrução à justiça.
No seu livro, o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente Thomas Kean e Lee Hamilton, escreveram que a Comissão de Investigação do 11 de Setembro foi "feita para falhar". O advogado da comissão, John Farmer Jr. escreveu que o governo americano tomou "a decisão de não contar a verdade acerca do que aconteceu" e que as cassetes do Comando Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD) "contam uma história radicalmente diferente daquela que nos foi contada e tornada pública". Ken disse que: "Até hoje não sabemos porque é que a NORAD nos disse o que disse, estando tão longe da verdade"
A maioria das questões levantadas pelas famílias das vítimas ficou sem resposta. Testemunhas importantes não foram chamadas. A Comissão apenas ouviu aqueles que subscreviam a versão do governo. A Comissão foi uma operação politicamente controlada e não uma investigação baseada em provas e acontecimentos reais. Os seus membros eram ex-políticos. Nenhum especialista foi nomeado para a Comissão.
Outro membro da comissão, o senador Max Cleland, respondeu desta forma às restrições impostas à Comissão pela Casa Branca: "Se estas decisões se mantiverem, eu, enquanto membro da Comissão, não poderei olhar nenhum americano nos olhos, especialmente os familiares das vítimas, e afirmar que a comissão teve carta branca. Esta investigação está, de agora em diante, comprometida". Cleland preferiu demitir-se a ver a sua integridade igualmente comprometida.
Para ser claro, nem Cleland nem qualquer outro membro da comissão sugeriu que o 11 de Setembro fosse um golpe montado a partir do interior do governo e destinado a promover uma agenda belicista. Porém, nem o Congresso nem os media perguntaram, pelo menos não em voz alta, porque é que o presidente Bush não desejou apresentar-se à comissão sob juramento ou sem Cheney, porque é que o Pentágono e os oficiais da FAA mentiram à Comissão, ou, se não mentiram, porque é que a Comissão ficou com a impressão de que eles mentiram, ou ainda porque é que a Casa Branca resistiu durante tanto tempo à criação de uma qualquer Comissão de Investigação, mesmo que esta estivesse sob o seu controle.
Seria legítimo pensar que, se um grupo de árabes tivesse conseguido enganar não apenas a CIA e o FBI, mas todas as 16 agências de informação americanas e todas as agências de informação dos nossos aliados, incluindo a Mossad, o Conselho Nacional de Segurança, o Departamento de Estado, a NORAD, a segurança do aeroporto quatro vezes numa manhã, o controlo aéreo, etc, o Presidente, o Congresso e os media gostariam de saber como foi possível que um evento tão improvável se produzisse. Pelo contrário, a Casa Branca mostrou grande resistência a que tal fosse descoberto e tanto o Congresso como os media mostraram um interesse diminuto.
Durante a última década, numerosas associações apelando a que se diga a verdade sobre o 11 de Setembro foram organizadas. Temos os Arquitectos e Engenheiros pela verdade do 11/9, os Bombeiros, os Pilotos, os Professores, a Associação de Memória do Edifício 7 e o Grupo de Nova York, que inclui os familiares das vítimas. Estes grupos apelam a que seja feita uma verdadeira investigação.
David Ray Griffen escreveu 10 livros, fruto de uma cuidada pesquisa, documentando problemas do relatório governamental. Os cientistas notaram que o governo não tem explicação para o aço fundido. O Instituto Nacional de Normas e Tecnologia (NIST) foi forçado a admitir que o World Trade Center 7 (WTC) estava em queda livre durante parte do seu declínio e uma equipa de cientistas liderado por um professor de nano-química da Universidade de Copenhaga anunciou ter encontrado vestígios de nanomateriais intermoleculares meta-estáveis [nanothermites ou NIM] na poeira dos edifícios.
Larry Silverstein, locador dos edifícios do World Trade Center, disse, numa emissão da PBS, que a decisão de "derrubar" o edifício 7 tinha sido tomada nessa mesma tarde de 11 de Setembro. O chefe dos bombeiros disse que não foi feita nenhuma investigação forense à destruição dos edifícios e que a ausência de tal investigação constituía uma violação da lei.
Têm sido feitos alguns esforços no sentido de explicar algumas das provas que contradizem a versão oficial, mas a maioria dessas provas são simplesmente ignoradas. Resta que o cepticismo de diversos especialistas não parece ter tido qualquer efeito na posição do governo, para além da sugestão feita por um membro da administração Obama segundo a qual o governo deve infiltrar as organizações para a verdade sobre o 11 de Setembro no sentido de as descredibilizar.
A prática tem sido a de estigmatizar como "teóricos da conspiração" todos os especialistas que manifestem dúvidas em relação à versão oficial. Mas, evidentemente, a própria versão do governo é uma teoria da conspiração, que se torna ainda menos crível quando nos apercebemos da extensão dos erros de informação e segurança necessários à sua verificação. As falhas sugeridas são incrivelmente extensas; no entanto, ninguém foi ainda responsabilizado.
Além disso, o que têm a ganhar 1500 arquitectos e engenheiros em serem ridicularizados como "teóricos da conspiração"? Certamente nunca voltarão a executar nenhuma obra pública e seguramente perderam negócios devido à sua atitude "anti-americana". A concorrência deve ter ganho com as suas dúvidas anti-patrióticas. Com efeito, a minha recompensa por vos informar acerca do que é importante uma década depois será correio a dizer-me que eu odeio tanto a América que deveria mudar-me para Cuba.
Os cientistas têm ainda menos vantagens em exprimir as suas dúvidas, o que sem dúvida explica porque é que não são 1500. Muito poucos físicos têm carreiras independentes de contratos ou bolsas do Estado. Foi um professor de Física de uma Escola Secundária que forçou a NIST a abandonar a sua versão do desaparecimento do Edifício 7. O físico Stephen Jones, que foi o primeiro a anunciar ter encontrado vestígios de explosivos, viu a sua posição académica privilegiada (tenure) ser-lhe retirada pela Universidade de Brigham, sem dúvida por pressão governamental.
Podemos descartar todas as provas contrárias como coincidências e erros e concluir que só o governo compreendeu tudo bem, o mesmo governo que compreendeu mal tudo o resto.
Mas, na realidade, o governo não explicou absolutamente nada. O relatório da NIST é uma mera simulação daquilo que poderá ter levado à queda das torres no caso de as suposições programadas no seu computador estarem correctas. Mas a NIST não fornece qualquer evidência de que tais suposições estejam correctas.
O Edifício 7 não é mencionado no relatório da Comissão e muitos americanos desconhecem até hoje que três edifícios caíram no dia 11 de Setembro.
Deixem-me ser claro sobre o assunto. Eu não estou a dizer que um qualquer grupo neo-conservador operando secretamente no seio da administração Bush explodiu as torres com o intuito de fazer progredir a sua agenda para a guerra no Médio Oriente. Mesmo que haja provas de que algo está a ser encoberto, pode tratar-se do governo a encobrir a sua incompetência e não a sua cumplicidade. Mesmo que houvesse provas definitivas de cumplicidade governamental, é duvidoso que os americanos o aceitassem. Os arquitectos, engenheiros e cientistas vivem no seio de uma comunidade que se baseia em factos. Mas, para a maioria das pessoas, os factos não conseguem competir com as emoções.
O que quero sublinhar é o quão displicente o poder executivo, incluindo as agências de segurança, o Congresso, osmedia e largas camadas da nossa população, tem sido em relação à investigação do momento chave do nosso tempo.
Não há dúvida de que o 11 de Setembro é um acontecimento determinante. Levou a uma década de guerras em constante expansão, ao espezinhar da Constituição e a um estado policial. No passado dia 22 de Agosto, Justin Raimondo fez saber que ele e o seu sítio web Antiwar.com estavam sob vigilância da Unidade de Análise de Comunicações Electrónicas do FBI no sentido de determinar se o Antiwar.com é "uma ameaça à segurança nacional" a trabalhar "no interesse de uma potência estrangeira".
Francis A. Boyle, um professor internacionalmente conhecido e advogado especializado em direito internacional, fez saber que, quando recusou uma oferta conjunta da CIA e do FBI para violar o sigilo profissional e tornar-se uma fonte de informações dos seus clientes árabes americanos, foi colocado na lista de vigilância anti-terrorista.
Boyle tem sido um crítico da estratégia do governo americano no mundo muçulmano, mas Raimondo nunca levantou, nem permitiu que qualquer colaborador levantasse, qualquer dúvida no que diz respeito a uma cumplicidade do governo americano no 11 de Setembro. Raimondo limita-se a estar contra a guerra e isso chega ao FBI para concluir que ele precisa de ser vigiado como uma possível ameaça à segurança do estado.
A versão governamental dos acontecimentos de 11 de Setembro é o fundamento de guerras sem fim à vista, que estão a exaurir os recursos dos EUA e a destruir a sua reputação, e é, internamente, o fundamento de um estado policial que irá acabar por calar toda e qualquer oposição à guerra. Os americanos encontram-se reduzidos à versão do 11 de Setembro como ataque terrorista muçulmano porque é ela que justifica o massacre das populações civis em vários países muçulmanos, bem como, internamente, um estado policial apresentado como o único meio de nos proteger dos terroristas, que já se transformaram em "extremistas internos", tais como ambientalistas, grupos de defesa dos direitos dos animais e activistas anti-guerra.
Se hoje os Americanos não estão seguros, não é por causa dos terroristas ou dos extremistas internos, mas sim porque perderam as suas liberdades civis e não têm qualquer protecção contra um inexplicável poder governamental. Seria legítimo pensar que a forma como tudo isto começou seria digna de um debate público e de audiências no Congresso.
Extraído de:
http://resistir.info/11set/roberts_24ago11_p.html
O original encontra-se em:
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=26174
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domingo, 4 de setembro de 2011
Portas abertas para a privatização dos Correios
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O Governo Dilma conseguiu esta semana a aprovação do Congresso Nacional da MP-532/11 e do Decreto 7.483/11 que abrem as portas para a privatização dos Correios.
Para encobrir o caráter privatista da medida o governo e a base aliada falam em "modernização". No entanto tal eufemismo não resiste a leitura do decreto. No § 4° do art. 4°, fica claro que as portas para a privatização da estatal estão mais do que abertas, estão escancaradas:
"A ECT poderá, obedecida a regulamentação do Poder Executivo, firmar parcerias comerciais que agreguem valor à sua marca e proporcionem maior eficiência de sua infraestrutura, especialmente de sua rede de atendimento." [1]
Ainda, de acordo com o Decreto 7.483/11, os Correios ficam submetidos à Lei 6.404, que é a das Sociedades Anônimas.
Os próprios tucanos admitem que as mudanças do governo pavimentam o caminho para a privatização da estatal:
"Os artigos só se justificam para uma empresa com conselho de administração, privada, ou mesmo uma pública de capital aberto, como a Petrobras" (...) "É um passo para privatização." [2]
As palavras acima foram proferidas pelo deputado federal Duarte Nogueira do PSDB de São Paulo. Embora corneteie a "incoerência do PT" que "prega uma coisa e faz outra" ele declarou, obviamente, ser favorável à medida. [idem 2]
Com a aprovação da MP-532/11 e do Decreto 7.483 se aprofunda o caráter privatista do governo petista em âmbito nacional - que vem desde o primeiro Governo Lula - e a contradição do discurso "anti-privatização" feito por Dilma na campanha eleitoral e por Paulo Bernardo em março desse ano quando negou a privatização dos Correios diante dos servidores do mesmo. [3]
___________________________________
[1] DECRETO Nº 7.483, DE 16 DE MAIO DE 2011.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7483.htm
[2] MP abre caminho para privatização dos Correios, diz PSDB (29/04/2011):
http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/mp+abre+caminho+para+privatizacao+dos+correios+diz+psdb/n1300119181030.html
Governo abre caminho para privatização dos Correios, diz PSDB (29/04/2011):
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20brasil,governo-abre-caminho-para-privatizacao-dos-correios-diz-psdb,64868,0.htm
[3] “Privatização dos Correios está fora de questão”, garante Bernardo (21/03/2011):
http://www.mc.gov.br/noticias-do-site/23282-privatizacao-dos-correios-esta-fora-de-questao-garante-bernardo
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O Governo Dilma conseguiu esta semana a aprovação do Congresso Nacional da MP-532/11 e do Decreto 7.483/11 que abrem as portas para a privatização dos Correios.
Para encobrir o caráter privatista da medida o governo e a base aliada falam em "modernização". No entanto tal eufemismo não resiste a leitura do decreto. No § 4° do art. 4°, fica claro que as portas para a privatização da estatal estão mais do que abertas, estão escancaradas:
"A ECT poderá, obedecida a regulamentação do Poder Executivo, firmar parcerias comerciais que agreguem valor à sua marca e proporcionem maior eficiência de sua infraestrutura, especialmente de sua rede de atendimento." [1]
Ainda, de acordo com o Decreto 7.483/11, os Correios ficam submetidos à Lei 6.404, que é a das Sociedades Anônimas.
Os próprios tucanos admitem que as mudanças do governo pavimentam o caminho para a privatização da estatal:
"Os artigos só se justificam para uma empresa com conselho de administração, privada, ou mesmo uma pública de capital aberto, como a Petrobras" (...) "É um passo para privatização." [2]
As palavras acima foram proferidas pelo deputado federal Duarte Nogueira do PSDB de São Paulo. Embora corneteie a "incoerência do PT" que "prega uma coisa e faz outra" ele declarou, obviamente, ser favorável à medida. [idem 2]
Com a aprovação da MP-532/11 e do Decreto 7.483 se aprofunda o caráter privatista do governo petista em âmbito nacional - que vem desde o primeiro Governo Lula - e a contradição do discurso "anti-privatização" feito por Dilma na campanha eleitoral e por Paulo Bernardo em março desse ano quando negou a privatização dos Correios diante dos servidores do mesmo. [3]
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[1] DECRETO Nº 7.483, DE 16 DE MAIO DE 2011.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7483.htm
[2] MP abre caminho para privatização dos Correios, diz PSDB (29/04/2011):
http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/mp+abre+caminho+para+privatizacao+dos+correios+diz+psdb/n1300119181030.html
Governo abre caminho para privatização dos Correios, diz PSDB (29/04/2011):
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20brasil,governo-abre-caminho-para-privatizacao-dos-correios-diz-psdb,64868,0.htm
[3] “Privatização dos Correios está fora de questão”, garante Bernardo (21/03/2011):
http://www.mc.gov.br/noticias-do-site/23282-privatizacao-dos-correios-esta-fora-de-questao-garante-bernardo
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