quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Produção da riqueza e vida humana

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"O controle da produção da riqueza é o controle da própria existência humana."

- Hilaire Belloc, citado pelo liberal Friedrick Hayek em "O caminho da Servidão", p.111:
http://www.ordemlivre.org/files/hayek-ocaminhodaservidao.pdf


Como se pode perceber a frase acima não é de nenhum crítico do capitalismo, porém, o seu conteúdo serve perfeitamente para que se reflita sobre a sociedade do mercado celebrada pelo próprio Hayek, onde poucos se apropriam da riqueza produzida por muitos e, além disso, por deterem o controle dos meios de produzir essa riqueza, têm o poder de decidir sobre a existência de milhões de pessoas.
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Petkovic, a Iugoslávia e a Iugonostalgia

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O camarada Runildo publicou em seu Blog o vídeo que está disponível no YouTube da entrevista do jogador Petkovic no programa de Ana Maria Braga.
http://zurdo-zurdo.blogspot.com/2010/02/petkovic-sai-em-defesa-do-socialismo.html

No programa após Ana Maria Braga apresentar o jogador do Flamengo ao telespectador e mostrar o mapa da terra natal do mesmo, ela faz uma pergunta insinuando que na ex-Iugoslávia a vida era difícil, no que Petkovic responde contrapondo de forma incisiva o comentário feito pela apresentadora. Vale a pena ver o vídeo:


http://www.youtube.com/watch?v=B80AsDP2IaM

Diante da cada vez maior insatisfação dos povos outrora sob jugo das burocracias com o capitalismo, alguns defensores do capitalismo justificam argumentando que esse sentimento deve-se ao fato das pessoas não terem sido preparadas para atuar em uma economia de mercado, resultando em "fracassados" que acabam por repudiar uma sociedade para a qual não estão preparados.

Porém tal assertativa é derrubada por dois fatos:
O primeiro é que as próprias empresas capitalistas que se instalam nesses locais afirmam que entre as vantagens encontradas há uma mão-de-obra qualificada.
Matéria da Revista Veja de 2006 mostrava que em volume de investimento estrangeiro o Leste Europeu ocupava a segunda colocação só ficando atrás da China. Um dos motivos alegados?
"Os regimes comunistas do Leste Europeu deixaram como herança boas universidades, com foco acadêmico em ciências exatas e na formação de técnicos para o setor industrial." [1]

"Mão-de-obra barata e qualificada faz do Leste Europeu um pequeno Vale do Silício (...) Entre 1995 e 2005, o volume de investimentos estrangeiros diretos para a região quase triplicou, chegando à marca de 27 bilhões de dólares por ano".[2] É a "Detroit do leste", entusiasma-se a Exame.[3]

O segundo ponto é que se tal premissa fosse verdadeira porque um "não fracassado" na economia de mercado como Petkovic não apresenta uma opinião hostil ao antigo regime iugoslavo?

Para instigar ainda mais a reflexão sobre o tema publico a reportagem sobre a "Iugonostalgia", originalmente publicada na americana Herald Tribune em 2008 e traduzida para o português:


Na ex-Iugoslávia, uma nostalgia pela era Tito
16 de Março de 2008

Dan Bilefsky

Em 25 de maio, Bostjan Troha e 50 amigos de várias partes da ex-Iugoslávia irão comemorar o 116º aniversário oficial do falecido ditador Josip Broz Tito com uma peregrinação em antiquados carros Fico da era iugoslava até o local de seu nascimento, na Croácia, e depois ao seu túmulo de mármore em Belgrado.

Para marcar a ocasião, Troha contratou um ator para interpretar Tito e dezenas de crianças, que vestirão boinas partidárias iugoslavas, acenarão bandeiras iugoslavas e aplaudirão com entusiasmo após os discursos do ator. Os farristas beberão doses de Slivovitz, a bebida sérvia nacional, e dançarão ao som de música folclórica iugoslava ao longo de uma rota de 580 quilômetros.

O grupo de peregrinos de Troha será modesto em comparação às 20 mil pessoas das seis repúblicas da ex-Iugoslávia -Bósnia e Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Montenegro, Sérvia e a República da Macedônia- que viajavam diariamente ao túmulo de Tito durante os tempos comunistas após sua morte em 1980.

Mas sociólogos daqui dizem que reflete uma tendência por todos os Bálcãs conhecida como “Iugonostalgia”, na qual jovens e velhos anseiam por um passado enquanto lutam com um legado de guerras sangrentas e dificuldades econômicas, e a dura realidade de viver em países pequenos que freqüentemente parecem esquecidos pelo mundo.

“Eu sinto saudade da Iugoslávia”, disse Troha, um empreendedor esloveno de 33 anos, em um depósito lotado com sua coleção de souvenires da Iugoslávia, que incluem retratos de Tito, máquinas de costura antigas, bonecas infantis sérvias e garrafas de 50 anos de Cockta, a Coca-Cola iugoslava.

“Nós não tínhamos nada, mas tínhamos tudo”, ele disse. “Vizinhos assavam os bolos uns dos outros; tínhamos um líder em quem confiávamos. Eu me lembro da minha mãe chorando quando Tito morreu. Eu só tinha 5 anos, mas sabia que o mundo estava prestes a mudar.”

Observadores culturais daqui dizem que a nostalgia pela Iugoslávia está se manifestando de formas diferentes.

Quase 5 mil jovens eslovenos fizeram uma peregrinação à Belgrado, a capital política e cultural da Iugoslávia, para celebrar o Ano Novo. O investimento além das fronteiras entre as seis repúblicas da ex-Iugoslávia nunca foi tão grande. O domínio de Internet .yu permanece popular para sites. Os croatas abandonaram antigas rivalidades étnicas para votar em canções sérvias durante o concurso de música Eurovision. O basquete, uma paixão unificadora na ex-Iugoslávia, ainda é jogado em um campeonato que inclui as principais equipes de toda a região.

Enquanto isso, a imagem de Tito é usada para vender de tudo, de computadores a cerveja.

Na cidade sérvia de Subotica, no norte, Blasko Gabric, um empresário, ficou tão perturbado quando a Iugoslávia finalmente deixou de existir em 4 de fevereiro de 2003 que decidiu construir a Iugolândia, um parque temático iugoslavo de 1,6 hectare, completo com um mini-mar Adriático e uma réplica do Monte Triglav, o pico mais alto da Iugoslávia.

Gabric disse que o número de visitantes à Iugolândia explodiu recentemente. “No que me diz respeito, eu ainda sou um cidadão da Iugoslávia”, ele disse. “Hoje nós temos democracia e nada em nossos bolsos.”

Aqui na Eslovênia, um próspero país de dois milhões de habitantes, a Iugonostalgia é ainda mais surpreendente, porque o país celebrará neste ano o 17º aniversário de sua decisão de se tornar a primeira república a se separar da Iugoslávia. Ela não experimentou as guerras brutais de seus vizinhos, sua economia é próspera, ela é membro da Otan e recentemente se tornou o primeiro ex-país comunista a assumir a presidência da União Européia.

Mas Troha, que em breve abrirá um Museu da Nostalgia para exibir sua coleção, diz que mesmo assim os eslovenos sentem falta de pertencer ao país maior, multicultural, de 23 milhões de habitantes, que todos conheciam.

A Iugonostalgia também pode ter aumentado à medida que Kosovo, a província separatista da Sérvia, se prepara para declarar sua independência no próximo mês, um passo que marcará o último ato no desmembramento da federação iugoslava.

Os críticos da Iugonostalgia -e há muitos- argumentam que é um sentimento perigoso e anacrônico de bebês chorões fora de moda, que anseiam pela rede de segurança social da era comunista e pelo culto da personalidade de Tito, ao mesmo tempo que ignoram a pobreza, o nacionalismo raivoso do falecido homem-forte sérvio Slobodan Milosevic, a hiperinflação dos anos 90, a repressão e a censura.

“Esta nostalgia me confunde”, disse Dimitrij Rupel, o ministro das Relações Exteriores da Eslovênia. “As pessoas dizem que não era tão ruim, que o socialismo era mais humano. Mas todos eram iguais na ex-Iugoslávia porque todos eram pobres. A Iugoslávia era uma ditadura.”

Tihomir Loza, um escritor bósnio, notou que “iugonostálgico” já foi o maior insulto que poderia ser usado contra alguém na Eslovênia, Bósnia e Croácia. Também era um rótulo pejorativo usado pelos direitistas para criticar os esquerdistas. “Se você inexplicavelmente se tornou verde e amigo dos gays; se você se tornou incapaz de odiar os eslovenos e achar que os muçulmanos são bacanas; e se passou a consumir cultura sérvia, você é -para resumir- um iugonostálgico.”

Mas para outros, ser iugonostálgico significa voltar a um tempo de coexistência multicultural antes do colapso da Iugoslávia, antes da autocracia de Milosevic e antes das guerras dos Bálcãs dos anos 90, nas quais morreram pelo menos 125 mil pessoas. “A Iugonostalgia expressa a dor de um membro amputado que não mais está lá”, disse Ales Debeljak, um proeminente crítico cultural esloveno.

Em Velenie, uma ex-cidade modelo socialista na Eslovênia ainda conhecida por alguns como “a Velenie de Tito”, uma estátua do ditador, com 10 metros de altura, domina a praça central. Olhando para a estátua recentemente, um historiador local, Vlado Vrbic, disse que os eslovenos estavam nostálgicos porque apesar de Tito manter um rígido controle doméstico, os iugoslavos desfrutavam de ensino e atendimento de saúde gratuitos, fronteiras abertas, um emprego vitalício, empréstimos sem juros para construção de casas, aposentadorias generosas e, acima de tudo, paz.

“O passaporte iugoslavo era o melhor no mundo e você podia viajar para qualquer lugar”, disse Vrbic, que aos 16 anos viajou de carona de Liubliana até a Índia. “Na ex-Iugoslávia, a aposentadoria era garantida, de forma que você não precisava economizar nada e o expediente encerrava às duas da tarde.”

Peter Lovsin, o vocalista do Pankrti, ou Bastardos, uma lendária banda punk da ex-Iugoslávia, concorda. Lovsin, que também fundou a revista pornô mais vendida da Iugoslávia, a “Private”, no final dos anos 80, argumentou que a Iugonostalgia deriva da mistura inebriante de preguiça e relativo liberalismo da ex-Iugoslávia. Lovsin, cuja letra “Camaradas, eu não acredito em vocês” se tornou um hino anticomunista subversivo no final dos anos 70, destacou que a banda nunca foi censurada.

“A Eslovênia atualmente é mais perigosa do que o Iraque, porque a Eslovênia é muito deprimente”, ele disse. “Na Iugoslávia, as pessoas se divertiam. Era um sistema para pessoas preguiçosas; independente de você ser bom ou ruim, ainda assim você recebia seu salário. Agora, tudo se resume a dinheiro e isto não é bom para as pessoas pequenas.”

Tais visões idealizadas do passado irritam historiadores como Jose Dezman, diretor do Museu Nacional de História Contemporânea em Liubliana, que argumenta que elas ignoram o papel de Tito na criação da confusão e da carnificina que se seguiu.

Dezman elogiou Tito, nascido de um pai croata e mãe eslovena, por romper com Stalin em 1948 e manter o país fora do bloco soviético. Para a geração mais jovem, ele disse, Tito se tornou uma figura romântica cujos Rolls-Royces, grandes charutos, quintas opulentas e rumores de casos com estrelas do cinema lhe deram um certo glamour populista.

Mas ele destacou que o sistema frágil construído por Tito, que tentava equilibrar as exigências concorrentes das seis repúblicas da Iugoslávia, não resistiu após ele. Depois de sua morte em 1980, os líderes das repúblicas iugoslavas substituíram o comunismo por um nacionalismo raivoso. Guerras se seguiram.

“Uma criança vítima de abuso tenta racionalizar o abuso sofrido e escapa da realidade desagradável romantizando o passado”, disse Denzman. “Mas ninguém está pedindo por uma reunificação da Iugoslávia. A Iugoslávia está morta.”

Fonte: International Herald Tribune, extraído do The New YorK Times:
http://www.nytimes.com/2008/01/27/world/europe/27iht-nostalgia.4.9533599.html?_r=2&scp=1&sq=On%20May%2025,%20Bostjan%20Troha%20and%2050%20friends%20from%20across%20the%20former%20Yugoslavia%20will%20celebrate%20the%20official%20116th%20birthday%20of%20the%20late%20dictator%20Josip%20Broz%20Tito%20with%20a%20pilgrimage%20in%20boxy%20Yugoslav-era%20Fico%20cars%20to%20Tito%27s%20Croatian%20birthplace%20and%20his%20marble%20tomb%20in%20Belgrade.&st=cse

http://www.nytimes.com/2008/01/27/world/europe/27iht-nostalgia.4.9533599.html?pagewanted=2&_r=2&sq=On%20May%2025,%20Bostjan%20Troha%20and%2050%20friends%20from%20across%20the%20former%20Yugoslavia%20will%20celebrate%20the%20official%20116th%20birthday%20of%20the%20late%20dictator%20Josip%20Broz%20Tito%20with%20a%20pilgrimage%20in%20boxy%20Yugoslav-era%20Fico%20cars%20to%20Tito&st=cse&%2339;s%20Croatian%20birthplace%20and%20his%20marble%20tomb%20in%20Belgrade.&scp=1
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[1] A Europa Oriental ganha cor com os bilhões dos investidores (25/01/2006):
http://veja.abril.com.br/250106/p_073.html

[2] A cortina de ferro vira pólo de negócios (19/04/2007):
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0891/negocios/m0126950.html

[3] A Detroit do leste (13/01/2006):
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0859/internacional/m0079883.html
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Natixis: "a leitura marxista da crise é mesmo a boa"

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O banco privado francês Natixis se utilizou do legado teórico de Karl Marx e chegou a seguinte conclusão: "a leitura marxista da crise é mesmo a boa".

O estudo divulgado pelo banco contém limitações e até equívocos, como responsabilizar os países emergentes pela crise, mas isso não anula o fato, que é importante, de que uma instituição privada não só reconhece os méritos do marxismo como o considera ferramenta válida na análise da sociedade atual.

O original encontra-se no site do Natixis:
http://cib.natixis.com/flushdoc.aspx?id=51136

Abaixo segue o estudo traduzido para o português, extraído do link:
http://resistir.info/crise/patrick_artus_06jan10.html


Banco privado publica "Uma leitura marxista da crise" (sic)

por Patrick Artus, responsável do banco Natixis

A nossa interpretação da crise é como se segue:

=> há um excesso mundial de capacidade de produção, devido essencialmente à globalização e ao investimento muito importante nos países emergentes;

=> o excesso de capacidade deveria normalmente fazer baixar a lucratividade das empresas; em reacção a esta evolução, as empresas tentaram reduzir os salários, de onde, em muitos países, o recuo da parte dos salários no PIB, que amplifica a insuficiência da procura em relação à capacidade; elas tentam também tornarem-se líderes na sua actividade para beneficiar de margens de oligopólio;

=> o excesso de capacidade de produção leva os Estados a conduzirem políticas não cooperativas visando acrescer a taxa nacional de utilização das capacidades; estímulo do crédito pelas políticas monetárias muito expansionistas (de onde as bolhas especulativas sobre os preços dos activos, o excesso de endividamento e as crises); sub-avaliação da taxa de câmbio nos países emergentes.

Trata-se efectivamente de uma leitura marxista (mas conforme aos factos) da crise: super-acumulação de capital (pela "euforia" dos empresários) de onde baixa tendencial da taxa de lucro; reacção das empresas a esta baixa da taxa de lucro pela compressão dos salários, do capital, a concentração e a obtenção de rendas, de onde sub-consumo; reacção que não pode se eficaz a longo prazo, dos Estados pela desenvolvimento do crédito e das actividades especulativas, como substitutos (paliativos) à insuficiência da produção; pelo recurso ao comércio exterior.

No arranque da crise: excesso mundial de capacidade de produção

O excesso mundial de capacidade de produção surge com a globalização:

=> os países emergentes têm taxas de investimento muito elevadas e um investimento em forte crescimento; isto é particularmente verdadeiro na China;

=> ao mesmo tempo, as taxas de investimento não foram reduzidas até à crise nos países da OCDE.

O mundo está portanto, desde o fim dos anos 1990, em situação de excesso de oferta de bens e de serviços, o que corresponde à alta da taxa de investimento mundial e explica a ausência de inflação.

Reacção das empresas ao excesso de capacidade: baixa dos salários, concentração

O excesso de capacidade deveria normalmente fazer baixar a lucratividade do capital das empresas, devido simultaneamente à abundância de capital e à perda do pricing power.
Para evitar esta evolução, as empresas:

=> comprimem os salários, o que explica a deformação bastante geral da repartição dos rendimentos em detrimento dos assalariados;

=> concentram-se, a fim de obter rendas de oligopólio (monopólio). Os grandes grupos concentram-se nas suas especialidades de base, de modo a tornarem-se líderes mundiais, e vendem as actividades que não correspondem a este core business.

Deste comportamento das empresas normalmente resultaria a fraqueza da procura das famílias, uma vez que os salários são fracos e as margens de lucro elevadas. Antes da crise, a procura das famílias é fraca apenas na China, no Japão e na Alemanha, devido à reacção dos Estados que vamos agora examinar e que evita esta fraqueza nos outros países.

A partir da crise, a travagem do endividamento faz cair a procura das famílias por toda a parte.

Reação dos Estados: estimulação do crédito, sub-avaliação das taxas de câmbio

Os Estados estão confrontados:

=> com a situação de excesso de capacidade de produção;

=> com a compressão dos salários executada pelas empresas.

Há portanto em simultâneo excesso de oferta de bens e serviço e insuficiência da procura de bens. Confrontados com esta situação, os Estados executam políticas não cooperativas de sustentação da procura, a fim de tentar evitar a sub-utilização das capacidades de produção e o desemprego.

Estas políticas tomam a forma:

=> antes da crise, políticas monetárias expansionistas nos países da OCDE visando estimular a procura interna pela estimulação do crédito. Isto conduziu à progressão muito forte do endividamento nos Estados Unidos , no Reino Unido, na zona euro fora da Alemanha, com taxas de juro baixas em relação às taxas de crescimento. A partir da crise, nos países da OCDE, a estimulação da procura é realizada a partir dos défices públicos;

=> nos países emergentes, o governos tentam corrigir a sub-utilização das capacidades estimulando as exportações pela sub-avaliação real das suas divisas. Há assim manutenção desta sub-avaliação real graças à acumulação de reservas de câmbio em dólares nos países emergentes, o que permite satisfatoriamente a estes países ganhar partes de mercado com a exportação.

Interpretamos portanto as políticas de sustentação do crédito nas políticas da OCDE e de sub-avaliação das taxas de câmbio nos países emergentes como políticas não cooperativas de resposta ao excesso de capacidade mundial de produção e de baixa dos salários pelas empresas, visando fortalecer a taxa de utilização das capacidades do país em detrimentos dos outros países.
Estas políticas interagem para gerar um enorme crescimento da liquidez mundial, que está na origem das crises que ela fez surgir:

=> bolhas (acções, imobiliário) que a seguir explodiram;

=> o excesso de endividamento que desencadeou em 2007-2008 a última crise começando a corrigir-se.

Síntese: a leitura marxista da crise é mesmo a boa

Pode-se portanto fazer uma leitura convincente da crise recente, conforme o esquema abaixo.
A "euforia" dos empresários (sobretudo dos países emergentes) conduz à super-acumulação de capital; esta implicaria a baixa tendencial da taxa de lucro se as empresas não reagirem comprimindo os salários e tentando obter rendas, de onde a situação de sub-consumo. Igualmente, os agentes económicos empenham-se em actividades especulativas instigadas pelo crédito, que são paliativos à insuficiência da produção e que desaguam sobre crises.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Falta um "I" no PIGS de um liberal

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Todo o mundo sabe que a sigla PIGS ou PIIGS é uma referência a cinco países europeus que enfrentam dificuldades econômicas e que podem dar calote. E quem são esses países? Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha.
Seja com um "I" ou dois "I"s o conjunto de países é esse, nenhum a mais, nenhum a menos.

Parece óbvio né? Porém no PIGS do liberal Rodrigo Constantino não existe a Irlanda.

Ele já escreveu dois artigos em que culpa o welfare state pela crise dos PIGS e nas duas oportunidades menciona a sigla, abre o parênteses, descreve o nome dos países que a compõem, e se "esquece" da Irlanda. [1]

É curioso que o liberal se esqueça agora de um país outrora tão lembrado e festejado pelo mesmo devido as suas reformas liberais.
http://blogdomonjn.blogspot.com/2010/02/crise-na-irlanda-e-o-silencio.html

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[1] Uma Tragédia Grega (30/12/2009):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/12/uma-tragedia-grega.html

A Cigarra Doente (12/02/2010):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/02/cigarra-doente.html
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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Arruda: entre tucanos e petistas!

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Como é sabido de todos este ano haverá eleições e os dois blocos que buscam se consolidar no revezamento do controle do aparelho do Estado brasileiro vão tentar nos convencer de que são antagônicos, quando tanto seus projetos como suas práticas políticas são similares.

Nisso o escândalo no Distrito Federal é emblemático.

Arruda tinha tudo para ser o vice na chapa com José Serra.

Afagos entre ambos não faltou durante esse tempo. Serra chegou a brincar dizendo que em 2010 poderia "se votar em um careca e levar dois":



http://www.youtube.com/watch?v=CRVBdRYgILg



http://www.youtube.com/watch?v=rWSsLXWk2ZU&feature=related


Por outro lado a relação de Arruda com o Governo Lula nunca foi conturbada:
"(...) não vejo nenhuma razão para ter desavenças com o governo federal", disse o governador "opositor" em entrevista à Revista Veja em julho do ano passado, quando fazia uma análise do Governo Lula.

Lula, por sua vez, no final do ano passado, comprovou que de fato Arruda não tinha mesmo do que se queixar dele:



http://www.youtube.com/watch?v=YWM9YMpwl7U

Mas não parou por aí. Mesmo após a prisão de Arruda, Lula seguiu demonstrando que o mesmo não tinha como se queixar do presidente, que "lamentou" a prisão do governador que "não era bom para o Brasil e para a política"[1] que "ninguém é sádico, ninguém está feliz"[2] com o que aconteceu com o desgovernador, ignorando assim as mobilizações populares que enfrentaram a covarde repressão da polícia do DF.

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[1] Lula achou lamentável pedido de prisão do governador Arruda, diz assessor (11/02/10 - 17h29):
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1486949-5601,00-LULA+LAMENTOU+PEDIDO+DE+PRISAO+DO+GOVERNADOR+ARRUDA+DIZ+ASSESSOR.html

[2] Lula “lamentou” prisão de Arruda (12/02/2010):
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2807377.xml&template=3898.dwt&edition=14099&section=1015
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Arruda e a Revista Veja

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As relações do ex-governador(?) Arruda com a Revista Veja mostram a podridão nos bastidores do jornalismo da mídia privada brasileira e o quanto essas relações espúrias afetam na qualidade da informação que recebe diariamente a sociedade.

Em 15 de junho de 2009 o governo do Distrito Federal fecha contrato com a Editora Abril para assinatura da Revista Veja, conforme comprova a segunda foto acima.

"Coincidentemente", no mês seguinte, Arruda é agraciado com uma entrevista amigável pela Revista Veja, cujo título da matéria consta de uma frase do próprio governador: "consegui dar a volta por cima", era a frase de encerramento de Arruda; "Ele deu a volta por cima", era o título de abertura dado por Veja à reportagem.

Em dezembro, quando a corrupção do governo do Distrito Federal já tinha vindo a público, a capa de Veja era desviativa, Arruda não era mencionado e a corrupção era tratada de forma generalizada, conforme atesta a terceira foto acima.

Essa é a "liberdade de imprensa" que as mídias de grande porte tanto praticam e defendem. Que esse fato não seja esquecido e que seja sempre lembrado quando se discutem alternativas ao atual modelo de mídia no país.

A íntegra da entrevista de Arruda à Veja:
http://veja.abril.com.br/150709/ele-deu-volta-cima-p-015.shtml
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Manifesto Comunista (Marx e Engels) animado

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http://www.youtube.com/watch?v=Xp4Owv2iY4I
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O cliente tem sempre razão?


Essa foi a pergunta da enquete do programa "Conversas Cruzadas" da TV COM da última quarta-feira (10/02) que debatia os 20 anos do Código de Defesa do Consumidor.

Os que deram razão para o cliente durante todo esse tempo agora resolveram questioná-la.
Os principais "revisionistas" dessa premissa na mesa de debates do programa eram o representante dos lojistas e uma advogada que já defendeu empresas de telefonia, conforme ela mesma relatou de forma orgulhosa no ar.

Esse questionamento surge exatamente em um momento em que serviços privados, como o de telefonia, ocupam o topo das paradas de (in)sucesso do Procon há vários anos.

"Curioso"!
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Desemprego é mais grave onde as leis trabalhistas são mais flexíveis

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Matéria do Correio Braziliense do dia 8 de fevereiro destaca aquilo que muita gente já sabia: leis trabalhistas flexíveis não garantem um mercado de trabalho com mais ofertas de vagas!

Na reportagem é demonstrado que, com a crise, o desemprego elevou-se mais drasticamente nos países com mais flexibilidade no seu mercado de trabalho, como são os casos de Espanha, Estados Unidos e Irlanda do que nos com mais regulação, como Alemanha e França.

No início da crise alguns empresários brasileiros chegaram a sugerir a flexibilização da legislação laboral no país alegando que assim poderiam criar novos postos de trabalho e garantir os atuais. Na época escrevi um artigo demonstrando a falácia de tais premissas. [*] Agora sou corroborado pelo Correio Braziliense.

A matéria do Correio Braziliense:
Desemprego se agrava ainda mais em países com leis trabalhistas flexíveis (08/02/2010 08:03):

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/02/08/economia,i=172044/DESEMPREGO+SE+AGRAVA+AINDA+MAIS+EM+PAISES+COM+LEIS+TRABALHISTAS+FLEXIVEIS.shtml

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[*] Artigo escrito em 6 de Março de 2009:

A crise e as leis trabalhistas
Jorge Nogueira

Os bilhões e bilhões jogados para os capitalistas à beira da falência levou muitos à acreditar que com a crise financeira às classes dominantes adotarão, espontâneamente, um modelo alternativo ao neoliberalismo. Porém, uma simples observação demonstra o contrário. Infelizmente!

As nacionalizações dos bancos privados em apuros têm sido acompanhadas da ressalva de que tão logo passe a tempestade eles serão privatizados novamente.
Por esse motivo alguns autores têm afirmado que a atual intervenção do Estado na economia na verdade trata-se de uma intervenção do mercado no Estado. É o mercado se utilizando dos recursos estatais de forma emergencial para salvar-se.

As classes dominantes no Brasil não fogem à lógica internacional e vislumbram na crise uma oportunidade para aprofundar o neoliberalismo. Assim, aproveitando-se da agonia de milhares de trabalhadores com as demissões no país, o empresariado se articula para mais uma vez alvejar a legislação trabalhista.

É erigido novamente o argumento de que a simples flexibilização de tais leis acarretaria em novos postos de trabalho e que os empregos atuais estariam mais seguros. Nada mais falacioso!

A eficácia de tal medida já foi testada em tempos de calmaria econômica. Muitos dos países que flexibilizaram a sua legislação tiveram aumento do desemprego e não o contrário. O próprio empresário influente, Dagoberto Lima Godoy, entusiasta defensor da medida, reconheceu que
"as "flexibilizações" postas em prática por diversos países não têm logrado resultados comprovados na luta contra o desemprego, que perdura elevado mesmo nos países onde mais avançaram as reformas nesse campo." [1]

"Mas agora seria um momento diferenciado, de crise", pode embarcar algum agoniado de forma inocente.

A este cidadão é preciso esclarecer que a onda de desemprego causada pela crise não tem sido menos maligna nos países de legislação flexível. A Espanha, por exemplo, é o país da União Européia onde mais cresceu o desemprego com a crise: 46,93% em apenas um ano. [2]
Em janeiro de 2009 a taxa de desocupados chegou a 14,8% no país que tem uma das leis trabalhistas mais flexíveis da Europa. [3]

Períodos de crise são muito delicados. É preciso estar atento ao que nos é proposto. Ainda mais quando parte dos que se beneficiam do sistema e desejam se manter como classe privilegiada.


[1] Godoy, Dagoberto Lima. "Reforma Trabalhista no Brasil: princípios, meios e fins" - São Paulo: LTr, 2005, p.26

[2] UOL:
http://economia.uol.com.br/ultnot/lusa/2009/01/08/ult3679u5629.jhtm

[3] G1:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1020337-5602,00-DESEMPREGO+CONTINUA+AUMENTANDO+NA+ZONA+DO+EURO+E+ALCANCA.html
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A crise na Irlanda e o silêncio neoliberal

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A Irlanda foi um dos países mais festejados e apontado como modelo pelos defensores do livre-mercado nos últimos anos:
"A Irlanda vem experimentando um choque liberal há anos, com redução de gastos públicos, abertura comercial e maior liberdade econômica. (...) a Irlanda é um ótimo exemplo das reformas defendidas pelos liberais. (...) Exatamente a receita liberal."
São as palavras do almofadinha liberal do sistema financeiro, Rodrigo Constantino, no ano de 2006.[1]
Na sequência do mesmo artigo Constantino ainda vai lamentar que "falta muito para o Brasil virar uma Irlanda".

"O caso da Irlanda vem bem a calhar então, pois se trata de um impressionante exemplo do sucesso das reformas liberais, que reduzem a intervenção estatal e aumentam a autonomia individual", escreveu ele em 4 de dezembro de 2007.[2]

No mesmo mês, Constantino, ao comentar o livro de Walter Laqueur que fala sobre a crise da civilização européia faz a seguinte ressalva:
"A parte econômica é justamente a que mereceu pouca atenção do autor. Os principais países da Europa possuem uma elevada dívida pública, um passivo previdenciário crescente e uma carga tributária que já absorve praticamente a metade do PIB. Uma rara exceção é a Irlanda, que fez inúmeras reformas liberais e apresenta um quadro bem mais confortável."[3]

Em março de 2008 criticando artigo do presidente do Ipea, Márcio Pochman, Constantino fará a seguinte afirmação:
"Podemos analisar os casos do Chile, Irlanda, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, todos eles são exemplos de sucesso das reformas liberais, que Pochman tanto condena. (...) Não foi a globalização que falhou: foi a sua falta!"[4]

Dois meses depois, analisando formas de desenvolvimento e bem-estar para o Brasil, ele não tem dúvida de qual a receita adequada e novamente cita a Irlanda:
"O Brasil está na rabeira do ranking de liberdade econômica do The Heritage Foundation, calculado junto com o Wall Street Journal. O país está situado depois do centésimo lugar no índice. Os países com maior grau de liberdade são os mais ricos também, como Cingapura, Irlanda, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá. O Fraser Institute, do Canadá, corrobora essa conclusão, colocando o Brasil no final do ranking de liberdade também."[5]

Note-se que na afirmação acima consta os Estados Unidos, cujo sistema financeiro era festejado por Constantino em 2007:
"Os americanos sabem melhor o quão importante é este setor no século XXI."
E era no modelo americano que deveríamos nos espelhar:
"O Brasil precisa se tornar um país com ambiente mais amigável aos negócios, com menos burocracia e impostos, com império das leis, com agências reguladoras independentes, com um Banco Central independente, com maior abertura comercial e com leis trabalhistas mais flexíveis."[6]

O tom da celebração muda quando a crise financeira bate à porta. Se o liberalismo era responsável pelos "bônus" agora não é pelos "ônus".

Sim, Constantino mudará de linha com relação aos Estados Unidos. O país que para ele sabia lidar com o sistema financeiro por "saber da importância" do mesmo, agora tem o seu governo e o seu Estado tidos como responsáveis pela crise devido ao seu "intervencionismo" (tsc!):
"Em momentos de crise grave como a atual, a busca por bodes expiatórios é muito comum. Os alvos de sempre acabam levando a culpa: os “especuladores” e o “livre mercado”. Mas a verdade é que podemos encontrar as impressões digitais do governo em todos os locais da cena do crime. (...) Parte das causas dessa crise financeira pode ser localizada nas medidas do Federal Reserve (Fed) em 1998."[7]

Sobrou até para o outrora "modelo" Banco Central americano. Constantino parece ter se esquecido completamente do artigo que escrevera há pouco mais de um ano e meio antes.

Ele se esqueceu da Irlanda também. O país foi afetado pela crise em 2008, e desde lá não foram mais feitas referências ao mesmo em seu Blog. Talvez agora, com o agravamento da situação, saia da cartola um artigo culpando o "intervencionismo" do governo, como sempre! Mas por enquanto nada! Só omissão!

No início de dezembro do ano passado o Financial Times já demonstrava preocupação com os níveis de endividamento da Grécia e da "austera" menina dos olhos Irlanda:
"Investidores consideram que Grécia e Irlanda apresentam mais risco de dar um calote em seus títulos que a China, Brasil e Polônia."[8]

Os dois países estão em situação similar, mas Constantino escreverá um artigo intitulado "Tragédia Grega" onde se esquece da outrora sempre lembrada Irlanda e não terá dúvidas da causa dos problemas financeiros pelos quais passam os países europeus:
"O modelo de "welfare state" (bem-estar social) europeu com uma moeda única está em xeque. Os países conhecidos como PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) encontram-se diante de uma crise sem precedentes."[9]

Os argumentos da turma do livre-mercado são como o sistema que defendem: oscilantes!
O próprio Constantino declarou voto no José Serra[10] depois de declarar que os "principais partidos estão cada vez mais parecidos" e aconselhar que o "povo precisa mostrar indignação diante de escândalos de corrupção. Precisa rejeitar veementemente candidatos ligados a esquemas comprovados ou mesmo suspeitos. (...) É preciso acabar com os dois pesos e duas medidas."[11]

Podem ser as influências. Afinal Ludwig von Mises, um dos autores preferidos de Constantino, colocou um sinal de igual entre o comunismo e o fascismo com uma mão, e com a outra fez uma dedicação de agradecimento ao fascismo, que para ele "viverá eternamente na história" pois "havia salvado a civilização européia" por ter mantido a sacrossanta "propriedade privada". [12]

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[1] A Irlanda de Bono (21/02/2006):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2006/02/irlanda-de-bono.html

[2] A Virada da Irlanda (04/12/2007):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/12/virada-da-irlanda.html

[3] A Crise da Europa (27/12/2007):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/12/crise-da-europa.html

[4] Direto do Sarcófago (21/03/2008):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2008/03/direto-do-sarcfago.html

[5] O Mercado e o Governo (21/05/2008):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2008/05/o-mercado-e-o-governo.html

[6] Diferenças Gritantes (30/01/2007):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/01/diferenas-gritantes.html

[7] De Quem é a Culpa? (22/09/2008):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2008/09/de-quem-culpa.html

[8] Emergentes viram "porto seguro" contra calote após Dubai, diz jornal (01/12/2009 - 07h59):
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u659943.shtml

[9] Uma Tragédia Grega (30/12/2009):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/12/uma-tragedia-grega.html

[10] Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia (18/12/2009):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/12/serra-ou-dilma-escolha-de-sofia.html

[11] O Câncer da Corrupção (28/01/2010):
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/01/o-cancer-da-corrupcao.html

[12] http://mises.org/liberal/ch1sec10.asp
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SP: atingidos pela enchente e pela polícia!

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Spray de pimenta! Cacetetes! Essa foi a resposta da dobradinha demotucana Kassab-Serra que enviou a Guarda Civil e a Polícia Militar para recepcionar os moradores atingidos pela enchente que exigiam providências do poder público em ato realizado ontem em frente à Prefeitura de São Paulo.

Vergonhoso!
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eles têm consciência de classe. E nós?

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Tenho dito há algum tempo que às vezes se aprende muito mais sobre o sistema com os divergentes, ou seja, com os próprios defensores do capitalismo do que com alguns pretensos críticos do mesmo, pois muitas vezes esses últimos tornam-se ventiladores de confusão e mais atrapalham do que ajudam.

A frase abaixo, que é colocada de forma direta, pode parecer de algum marxista ou anarquista. Mas não é, trata-se do liberal da Escola Austríaca, Ludwig von Mises:


"Nas disputas trabalhistas, as partes em confronto não são a direção da empresa e a mão-de-obra; são o empresário (ou o capital) e os assalariados."


- Ludwig von Mises. Ação Humana. Capítulo XXVI. p.982:
http://ordemlivre.org/download.php?file=mises-acaohumana.pdf

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Privatização dos presídios: o exemplo do Ceará

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Em 2005 a Justiça pediu o cancelamento da terceirização de três presídios do Ceará: Instituto Presídio Professor Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga; a Penitenciária Industrial Regional do Cariri (Pirc), em Juazeiro do Norte; e a Penitenciária Industrial Regional de Sobral (Pirs), todos administrados pela empresa privada Conap.

A Justiça questionava a contratação - sem licitação - de uma única empresa para administrar os três presídios, além dos valores recebidos pela empresa privada.

Os dados são estarrecedores: as três unidades da Conap, que abrigavam 1.500 presos, abocanhavam R$ 1,4 milhão (48%) enquanto que as 133 unidades estatais, que abrigavam 7.800 detentos e os presos mais perigosos, recebiam apenas R$ 1,6 milhões (52% do total das verbas destinadas).

O custo de um preso nas unidades públicas era de R$ 660 enquanto que na empresa privada era R$ 890. O Estado ainda custeava para as unidades da Conap os remédios e transporte dos presos além da infra-estrutura interna.

Os donos da Conap são Luiz Gastão Bittencourt, Manoel Grilo Botelho e José Manuel Cigarro. Botelho e Cigarro foram sócios da Humanitas Administração Prisional Privada, do Paraná, que foi contratada em 2001 pelo governo cearense, sem licitação, para cuidar de um presídio que foi terceirizado pelo Estado.

Bittencourt, por sua vez, foi sócio do deputado federal do PSDB Léo Alcântara na empresa Serval Vigilância Ltda. e na Praia Mansa Participações e Representações. Léo Alcântara é filho do ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara (2002-2006).

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Ceará discute "reestatizar" prisão (Folha de São Paulo, 09/05/2005):
http://www.prt7.mpt.gov.br/mpt_na_midia/2005/maio/09_05_05_FOLHA_presidios_reestatizacao.htm

PRESÍDIOS TERCEIRIZADOS: Investigada verba de cadeias (01/08/2007):
http://www.direito2.com.br/tjce/2007/ago/1/presidios-terceirizados-investigada-verba-de-cadeias
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sábado, 6 de fevereiro de 2010

A justiça com os presídios privatizados

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O Governo Yeda ajudado pela "oposição" petista e incentivado ardentemente pela mídia está dando início à privatização do sistema carcerário gaúcho. O modelo inspirador da governadora tucana é o do seu correligionário mineiro Aécio Neves, além de se exaltar modelos estrangeiros.

Em Minas Gerais o consórcio de empresas privadas receberá por detento. Nos Estados Unidos, onde há casas de detenção de menores que também recebem por interno, descobriu-se no ano passado que dois juízes estavam comprados por duas empresas privadas que exploram o setor.

Mark Ciavarella Jr. e Michael Conahan receberam US$ 2,6 milhões de propina para assegurar o lucro das empresas. O primeiro garantia a lotação das cadeia particulares, o segundo assegurava contratos para as mesmas.

Desde 2003, cinco mil adolescentes foram condenados a penas drásticas por motivos fúteis, em julgamentos que chegaram a durar segundos. Foi o caso, por exemplo, de Hillary Transue de 17 anos, que em 2007 foi condenada à três meses, em uma audiência de 90 segundos, por criar um site em que zombava do diretor-assistente da sua escola. Detalhes: ela nunca tinha tido problemas com a justiça e no próprio site informava que se tratava de uma brincadeira.

A população carcerária americana teve um boom a partir dos anos 80, "coincidentemente" quando se iniciou o processo de privatizações dos presídios. Até 2008 haviam 2.193.798 de presos, um aumento de 4 vezes em 20 anos, dos quais 1 milhão foram condenados por infração não violenta. O lucro das empresas também só aumentou: se em 1980 o Texas gastava US$ 13 por preso, hoje gasta US$ 45.[*]

Essas - e outras - verdades estão sendo omitidas da população gaúcha.


A matéria sobre os juízes corruptos:
Ruining Young Lives for Profit, NICOLE COLSON:
http://www.counterpunch.org/colson02272009.html

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[*] Privatização Dos Presídios: Problema Ou Solução? (Priscila Almeida Carvalho, 17/10/2008):
http://www.webartigos.com/articles/10227/1/Privatizacao-Dos-Presidios-Problema-Ou-Solucao/pagina1.html

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

As PPPs de presídios no Brasil

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O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado do Brasil a privatizar um presídio via PPPs. Os outros dois foram: Pernambuco e Minas Gerais.

Pernambuco

O grupo de empresas que abocanhou esse filão foi o Consórcio Reintegra Brasil que será responsável por um Centro Integrado de Ressocialização (CIR), em Itaquitinga, que terá 3.126 mil vagas para detentos.

O custo da obra está orçado em R$ 287 milhões. O Banco do Nordeste já concedeu R$ 230 milhões para o Consórcio Reintegra Brasil, ou seja, investimento privado com recursos públicos.[1]

Mais recursos públicos serão repassados ao administrador privado como informa o site do Governo do Estado de Pernambuco:
"Mas o custo para o Estado, que precisa remunerar o consórcio não apenas pela construção, como também pela manutenção e operação do complexo prisional, durante os 30 anos de contrato, será de R$ 3,9 bilhões." [2]

Minas Gerais

No Estado do governador tucano, Aécio Neves, o "felizardo" foi o Consórcio Gestores Prisionais Associados (GPA), que é formado por cinco empresas dos ramos de construção, segurança e serviços[3]: CCI – Construções S/A, Construtora Augusto Velloso S/A, Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços, N.F Motta Construções e Comércio e o Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP).[4]

Foi o primeiro projeto de PPP de presídio do país, que abrigará 3.040 detentos na cidade de Ribeirão das Neves.
Noticiando sobre a assinatura do contrato, o site das PPPs de Minas Gerais, em um surto de ufanismo, chega a afirmar que o "complexo" será "sem custos para o Estado".

Sete parágrafos depois revela-se que o "sem custos para o Estado" é de R$ 74,63 diários por vaga ocupada, o que dá R$ 2.238,90 por mês.[5] Com 3.040 vagas chega-se ao custo mensal de mais de R$ 6,8 milhões. Por ano chega-se a mais de R$ 81,6 milhões.
Como o custo do investimento é de R$ 190 milhões, significa que em menos de três anos o Consórcio já estará lucrando. No entanto a exploração da atividade prisional está prevista para 27 anos, podendo ser renovada por mais tempo.

Como nas velhas privatizações dos anos 90, nas novas jorram recursos públicos do Estado que se alegava "não ter mais capacidade de investimentos".


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[1] BNB apoia complexo prisional em Pernambuco - Sistema receberá R$ 230 milhões e vai abrigar 3.126 detentos (Edição Nº 41/2009)
http://www.bnb.gov.br/Content/Aplicacao/Imprensa/noticias_online/conteudo/noticia.asp?id=5413

[2] PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS - Estado terá mais fôlego para investir (05/06/2009 - 13:10)
http://www.sje.pe.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2141:parcerias-publico-privadas-estado-tera-mais-folego-para-investir-&catid=1:latest-news&Itemid=50

[3] Estados investem em presídios com parceria privada; modelo desperta polêmica (13/07/2009 - 08h00):
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/07/13/ult5772u4585.jhtm

[4, 5] Aécio Neves assina contrato para início da construção da primeira penitenciária do país por meio de PPP (17/06/2009 10:06):
http://www.ppp.mg.gov.br/noticias/ultimas-noticias/aecio-neves-assina-contrato-para-inicio-da-construcao-da-primeira-penitenciaria-do-pais-por-meio-de-ppp

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Yeda privatiza presídio, PT avaliza

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A governadora Yeda Crusius e o prefeito petista de Canoas, Jairo Jorge, assinaram ontem um protocolo de intenções que visa criar um presídio privado na cidade da grande Porto Alegre. O Complexo Penitenciário em Canoas faz parte do projeto do Governo do Estado de privatizar o sistema carcerário via "Parcerias-Público-Privadas".

No ato, realizado no Centro Administrativo do Estado, Jairo Jorge ressaltou que o seu partido e o de Yeda são "adversários" mas que estavam diante de uma "política pública" comum. O site da Prefeitura de Canoas não deixa dúvidas sobre essa afinidade:
"A convergência de idéias e o esforço feito pela Prefeitura de Canoas foi ressaltado pela governadora e pela secretária Geral de Governo, Ana Pellini. “Esse é um pacto de confiança entre Canoas e o Governo do Estado, assim como o Pronasci, que é um pacto federativo de resultados”, disse Yeda."[1]

O episódio é significativo já que estamos em ano eleitoral, onde os dois partidos (PT e PSDB), que têm uma "política pública comum", vão tentar se apresentar como antagônicos.

No ano passado o PT de Canoas reabilitou Cézar Busatto, ex-chefe da Casa Civil de Yeda, ao nomeá-lo para um cargo na prefeitura, meses depois dele ter se desmoralizado politicamente com a gravação divulgada pelo vice-governador Paulo Feijó. Devido ao mal estar gerado e pela conjuntura a nomeação de Busatto acabou revogada.

Obviamente não se deve jogar o fardo inteiramente nas costas do PT de Canoas. A relação do PT estadual com Busatto já vinha se dando pelo menos desde 2006 quando se aliaram a ele, a toda a direita gaúcha e ao empresariado local para apoiar o famigerado "Pacto Pelo Rio Grande" que previa uma série de medidas de ajuste neoliberal a serem aplicadas no Estado e que teve entre seus "cabeças" a empresa Pensant Consultores que se beneficiou da fraude no Detran.

Além do mais é preciso ressaltar que o instrumento utilizado por Yeda para privatizar o sistema carcerário gaúcho, as "Parcerias-Público-Privadas (PPPs)", foi aprovado pelo Governo Lula em 2004 e tem sido amplamente utilizado pelo mesmo na privatização da infra-estrutura do país.

Os contratos de PPPs preveêm que o Estado aporte no mínimo 70% dos recursos investidos na "parceria" e que remunere o percentual do lucro desejado pelo adminstrador privado. O presídio de Canoas custará R$ 160 milhões e o seu "Fundo Garantidor" será lastreado pelo Banrisul e pela CaixaRS.[2] O terreno para a construção do mesmo foi doado pela Prefeitura de Canoas.

Coincidentemente após anunciar o plano privatista Yeda aumentou significativamente o volume de investimentos no sistema prisional. Se no período 2007-2008 a tucana havia destinado apenas R$ 21,8 milhões para a área, para o período 2009-2010 foram anunciados R$ 245 milhões em investimentos. [3]


[1] Presídio em Canoas trará desenvolvimento, mais segurança e políticas sociais (04/01/2010 - 15:35):
http://www.canoas.rs.gov.br/Site/Noticias/Noticia.asp?notId=8533

[2] Parceria Público-Privada construirá complexo prisional em dois anos, prevê Yeda (04/02/10 - 18:13):
http://www.estado.rs.gov.br/direciona.php?key=Y2FwYT0xJmludD1ub3RpY2lhJm1lbnU9Jm5vdGlkPTgwMzE1

[3] Sistema prisional terá investimento de R$ 102 milhões neste ano (30/03/09 - 21:42):
http://www.estado.rs.gov.br/direciona.php?key=Y2FwYT0xJmludD1ub3RpY2lhJm5vdGlkPTc0MzYzJm1lbnU9MTMmc3VibWVudT0mdmc9JnZhYz0=